domingo, 30 de setembro de 2012

DERROTA COM FUTURO

4 Nations: Celebração da vitória All-Black,
iPhone desenho com dedo no Adobe Ideia
Em teoria e de acordo com o valor das duas equipas expresso no seu posicionamento no ranking da IRB, a Argentina perderia em casa e em jogo com a Nova Zelândia por vinte pontos de diferença.

Não foi assim, perdeu pela diferença de 39 pontos, sofrendo sete ensaios – mesmo marcando dois – e aparentemente os argentinos não terão nada para se vangloriar.

Não penso assim.

Paradoxalmente e apesar do peso do resultado, acho que os Pumas mostraram capacidades que ainda não lhes tinha voltado a ver depois da disputa do 3º e 4º lugares que lhes vi em Paris para o Mundial de 2007.

Por razões que se compreendem – necessidade de se mostrar à altura do desafio – a Argentina apresentou-se anteriormente em campo com elevadas preocupações defensivas, procurando garantir que perderia por diferença reduzida e, assim, mostrar que pertencia ao grupo por direito. Nesses jogos o uso da bola não era o mais importante, a conquista de terreno para garantir espaço de recuperação nas costas sobrepunha-se a qualquer romantismo de ataque longo. Desta estratégia terá feito parte também a necessidade de adaptação ao elevado ritmo e nível de contacto –  mesmo colisões como se começam a designar…- que estes jogos exigem.

Mas ao mesmo tempo, sei-o de boa fonte, o campus argentino estava preocupado e trabalhava arduamente a procura da melhor utilização da bola – o objectivo do jogo é marcar mais pontos que o adversário e como não há no rugby – como diz o meu irmão Luis – golos na própria baliza, é preciso avançar no terreno, conquistar a bola e transportá-la até à área de ensaio. E foi isso que os Pumas mostraram, neste jogo contra os notáveis All-Blacks, que sabiam fazer e que estavam dispostos a fazer. E por isso jogaram as bolas de que dispuseram. Com uma muito apreciável qualidade, diga-se.

Falta ainda uma maior assertividade no apoio? Falta. Falta uma maior capacidade de leitura e compreensão da situação com a adequada adaptação à acção do portador da bola? Falta. Falta a capacidade de linhas de corrida complementares que permitam criar dúvidas à defesa, obrigando-a a diminuir os seus índices de agressividade? Falta. Falta a capacidade de lançar contra-ataques que garantam a continuidade da posse, conquista de terreno e jogar em superioridade numérica? Falta. Mas já faltou muito mais nos jogos anteriores do que faltou neste.

A defesa como base estratégica de uma equipa – e os argentinos sabem-no – pode permitir resultados aproximados mas dificilmente garantirá vitórias. Limita-se ao perder por poucos… Procurando ganhar um dos jogos, os Pumas tinham que se testar na capacidade de utilizar a bola. E conseguiram movimentos interessantes e desequilibradores a que terá faltado uma maior resiliência na continuidade do jogo. Mas o jogo era contra os All-Blacks…

…E os All-Blacks são só a melhor equipa do mundo. As suas capacidades – donde ressalta, pela muito elevada cultura táctica individual conseguida desde os tempos da sua formação, a enorme capacidade de compreensão e adaptação às situações com que se confrontam durante o jogo: seja qual for o número da camisola o gesto escolhido para solucionar a situação é o adequado. Um gozo de ver.

Mas a Austrália não vale o mesmo e, ao contrário do que parece ser a voz corrente, esta prestação argentina, porque motivadora na demonstração de capacidade, vai ajudar ao resultado do próximo jogo. Que não se deve perder.    

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O RUBICÃO

Começa amanhã a nova época competitiva portuguesa e inicia-se, assim e pela primeira vez, o ciclo olímpico da variante de Sevens no qual o rugby português pretende marcar presença.

Para Portugal é uma época muito exigente pela importância do que está em jogo: o caminho para as proximidades da elite com a qualificação para disputa do Mundial de XV em Inglaterra em 2015; o comportamento da selecção de Sevens no World Series onde, enquanto selecção residente, disputará todo o circuito com o objectivo de manter o actual estatuto para que a visão da presença nos Jogos do Rio de Janeiro em 2016 não se esfume de imediato.

Estas duas frentes vão com certeza implicar uma maior especialização de jogadores e irão introduzir novos hábitos – os jogadores de Sevens, pelo próprio calendário internacional, não poderão jogar muitas vezes pelos seus clubes nos campeonatos internos – que representarão um outro tipo de desafio para o sistema do rugby português. Uma nova fórmula de campeonato pretende responder a essas exigências, libertando, mais do que datas, “espaços” para que a selecção nacional de XV possa utilizar convenientemente a “janela” de Novembro – as vitórias serão essenciais quer para garantir os níveis de confiança necessários quer os pontos que precisamos para subir no ranking e ocupar uma posição mais assertiva que nos garanta confrontos com adversários mais categorizados – e ainda uma boa participação nos indispensáveis jogos de preparação para um bom primeiro passo no “6 Nações B” cujos resultados a partir de agora contam para o acesso ao Mundial de Inglaterra.

Não há participação de bom nível internacional sem uma competitividade interna que dê aos jogadores hábitos e ritmos adequados. Um bom aproveitamento desta nova fórmula de campeonato pode proporcionar, neste quadro de crescimento das competições e responsabilidades internacionais, um muito aceitável nível competitivo, proporcionando mais oportunidades a jogadores para demonstrarem as suas qualidades e agarrarem as possibilidades de carreira que se podem assim abrir. Se imediatamente a “armada luso-francesa” pode colmatar as dificuldades dos Lobos, o desenvolvimento do rugby português necessita – cada vez mais – de jogadores formados em Portugal mesmo se – e daqui não virá mal ao mundo, pelo contrário – a sua carreira mais elavada se fizer no estrangeiro. Mas a sua ligação ao rugby nacional, mais directa e de contacto mais fácil do que aquela que existe hoje com os nossos compatriotas que aprenderam as bases noutras andanças, irá permitir mais facilmente que a modalidade se desenvolva – e se forme – em articulação com as metodologias mais avançadas de que serão conhecedores e transportadores. E embora sendo verdade, como diz Miguel Portela, que há uma enorme diferença entre treinar como os melhores ou treinar com os melhores, a nossa responsabilidade interna é a de proporcionar treinar como os melhores. E se assim fosse, já não seria mau…

A época que agora começa é decisiva para o posicionamento do rugby português no quadro internacional: ou junto dos melhores ou a ver a banda passar. E não haverá repetição de oportunidades que, cito o treinador australiano Alan Jones, são como as setas: se atiradas, não voltam mais.

Que seja uma boa e divertida época rugbística!

OS NOSSOS EM FRANÇA

Bardy e Marques, jogadores que fazem parte do núcleo da selecção nacional portuguesa,  referenciados no Midol.

Bardy, o cão de guarda, Midi Olympique 21SET2012


O Jogador da Semana, Samuel Marques, Midi Olympique, 24SET2012

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