segunda-feira, 24 de julho de 2017

MUITO PARA ALTERAR

Houve uma melhoria substancial na prestação competitiva da 4ª etapa do Grand Prix Series em relação às demonstrações competitivas das anteriores etapas.

Sendo a razão principal a maior coesão da equipa - não houve estreias e já havia, portanto, algum enraizamento - que provocou uma importante alteração de atitude, quer frente aos adversários quer de uns para com os outros com uma maior entreajuda colectiva. Mas houve também - e disso são os melhores resultados consequência - alterações na forma de jogar.

Ao contrário das outras etapas, nesta etapa de Exeter os jogadores portugueses sempre que tinham a bola “atacavam” a defesa, obrigando o defensor a preocupar-se, mais do que tudo, com o seu próprio corredor e a gastar depois mais energia - o deslize tem que ser feito a maior velocidade - quando precisava de desmultiplicar a sua defesa. Com esta forma de jogar, para além do cumprimento dos princípios e da geometria do jogo, há muito maiores hipóteses de explorar, em tempo útil, possíveis erros defensivos porque, jogando em cima, as hipóteses de romper a linha defensiva são maiores e mais difíceis de recuperar - os intervalos são mais difíceis de fechar e o espaço de penetração é superior. E ainda, ao contestar mais a defesa, possíveis erros nos movimentos dos adversários tendem a aparecer também em maior número.

Por outro lado e no que diz respeito à defesa, os jogadores portugueses mostraram bem a nítida preocupação de derrubar o portador da bola, procurando colocá-lo o mais rapidamente possível no chão - isto é, placando o portador da bola uma vez que só existe placagem se portador da bola e placador forem ao chão. Esta diferença provocou a possibilidade de mais recuperações de bolas mas, acima de tudo, permitiu que defesa colectiva se reorganizasse sem recuar demasiado, permitindo assim que a pressão sobre os atacantes fosse mais constante e, eventualmente, mais eficaz.


No entanto e apesar das melhorias e do 4º lugar conseguido, ainda há muito para fazer, para construir e para desenvolver e que não se compadece com a forma como a participação portuguesa foi preparada. De facto tivemos, em Exeter e comparativamente - como mostram os gráficos - com os adversários que obtiveram 50% de vitórias nos 6 jogos, a pior percentagem de quota de pontos marcados na relação da totalidade de pontos - 40% contra 49% da Espanha e 47% da Alemanha - e a pior diferença de pontos marcados/sofridos (-40 pontos que nos colocaram na 10ª posição entre os presentes no torneio inglês) de todos os 4º lugares do GPS dos anos de 2016 e 2017. O que demonstra, nas dificuldades da eficácia ofensiva e defensiva - marcamos ensaios a menos (porque usamos mal a bola ou porque não conquistámos as suficientes) e sofremos ensaios a mais (porque cometemos erros de coordenação da linha ou porque lemos mal os movimentos) - a distância a que nos encontramos do acesso a Mundiais e Jogos Olímpicos. Situação que apenas se resolve com determinação e visão estratégica dos dirigentes federativos e clubistas.


É aliás uma pena que os jogadores não sejam treinados/ensinados o suficiente nas questões técnico/tácticas individuais de maneira a que sejam suficientemente eficazes perante as situações que enfrentam. Fábio Conceição, por exemplo, mostra todas as condições para ser um caso sério no Sevens mundial mas a quem falta ainda um conjunto de ferramentas para poder ser um adversário temido e não ser trabalhado/ensinado é um desperdício desportivo que não é aceitável - os jogadores devem ter o direito de ser ajudados a atingir o máximo das suas capacidades. E as dele são elevadas.

Como também se percebe só de olhar, os Sevens exigem uma cada vez maior capacidade física que não é possível atingir apenas com os treinos. O que torna essencial a realização de torneios antes do GPS para garantir, para além da necessária coesão, consistência e experiência, a condição física que possibilite a constância de resultados e se assim não for por forma a garantir as classificações pretendidas.

Porque, de outra maneira e se assim não for, ficaremos sujeitos aos altos e baixos de uma sorte e de um azar. Dependendo mais dos outros do que de nós próprios.

Arquivo do blogue

Quem sou

Seguidores