quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

ESCRITA DAS LEIS E APLICAÇÃO PRÁTICA

O toque na bola de Anscombe antes de Watson é visível. E a pressão de cima para baixo

A World Rugby já se tinha metido onde não devia no Mundial de 2015 ao vir a terreiro acusar o árbitro sul-africano Craig Joubert de ter proporcionado a vitória da Austrália sobre a Escócia ao conceder um penalidade no final do jogo quando deveria, dizem, ter mandado efectuar uma formação-ordenada. A polémica, pese o facto de não poder haver nenhuma anulação do facto com reposição do momento, foi grande na altura com divisão de opiniões...

... mas a World Rugby não aprendeu nada, isto é, que, se não pode modificar a situação criada, não deve comentar excepto se for para, oficialmente, clarificar uma lei mal interpretada. E voltou a fazê-lo, não clarificando nada, ajudando à confusão e retirando confiança ao sistema árbitro/vídeo-árbitro.

O vídeo-árbitro do Inglaterra-Gales, o neozelandês Glenn Newman, perguntado pelo árbitro, o francês Jerome Garcés, considerou que não houve ensaio do defesa galês, Gareth Anscombe e atribuiu o toque-de-meta ao ponta inglês, Anthony Watson. Alain Rolland, "chefe" dos árbitros da World Rugby veio dizer, em vez de estar calado como o bem senso lhe exigia, que a decisão tinha sido errada e que houve ensaio de Gales porque "de acordo com a lei 21.1 b" o ensaio deveria ter sido marcado porque "o jogador galês fez toque-no-chão."

No entanto a lei 21.1 b que Rolland cita define que, estando a bola no chão da área de ensaio, "um ensaio é marcado quando um jogador pressiona de cima para baixo a bola que está no solo.". Não tenho qualquer dúvida que Anscombe tocou primeiro na bola que Watson. Mas não faço a mais pequena ideia se fez pressão na bola de cima para baixo como refere (obriga) o texto da lei. Ou seja e voltamos ao de sempre: o que está escrito não conta! O que conta é o entendimento que o costume tem sobre o assunto e o costume entende que tocar na bola que está no solo é suficiente para considerar a marcação do ensaio.

Muito bem.

Se assim é, porque não aproveitou a World Rugby a recentíssima - entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2018 - alteração do livro das Leis do Jogo para trocar a tal pressão de cima para baixo por um elementar tocar? Porque é que não alinham a escrita das leis com a sua aplicação prática para que toda a gente, seja qual for o seu banho cultural no barril da modalidade, possa entender e praticar adequadamente o jogo?


Anscombe já tocou na bola e Watson ainda não chegou lá. Mas houve pressão de cima para baixo?
Com esta discrepância entre o escrito e o dito deveria ser feito - a FPR pode fazê-lo - um pedido de esclarecimento à World Rugby para que um rulling decida se é de pressão de cima para baixo ou de tocar que se trata. Para que em toda a parte tenhamos todos a mesma clareza sobre o jogo. E os nossos árbitros internacionais saibam, sem margem para dúvidas, como interpretar estas situações.

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