sexta-feira, 15 de maio de 2015

SEVENS: DOIS EM UM


Grupos para a última etapa do SWS 2015
A missão da equipa de Sevens de Portugal na última etapa do Sevens World Series que se realiza no próximo fim-de-semana em Twickenham, Londres, é fácil de definir: garantir os pontos suficientes para que a classificação final seja melhor do que a do Japão. Ponto.
Acontecendo assim, o principal objectivo português da época de Sevens - manutenção, como equipa residente, no SWS da próxima época - será cumprido.
No entanto - e provavelmente por causa da entrada da variante nos Jogos Olímpicos - a apetência pelo acesso ao lugar de residente são cada vez maiores e, mais tarde ou mais cedo, haverá alterações na forma que poderão levar até ao aumento anual do número de relegação de equipas. O que significa que a competitividade do SWS irá aumentar e atingirá níveis que nos obrigará à reorganização da nossa forma de participação - as alterações e adaptações, como os acordos com os clubes ou compensações financeiras ultimamente realizadas, não serão suficientes e será necessário novo salto que permita atingir os patamares competitivos da, pelo menos, metade inferior dos adversários.
Para se perceber do que falo conto uma estória. Num curso sobre Sevens da então IRB fui nomeado líder de um grupo do qual fazia parte o treinador russo da equipa de Sevens que, agora, se qualificou como residente para a próxima época do SWS. O tema era o de preparação, programação, calendarização e logística de uma equipa para um grande torneio - a primeira intervenção pertenceu ao russo que fez uma enorme lista de exigências que obrigavam a enorme suporte financeiro. Interrompi-o e disse-lhe: um momento, primeiro temos que saber de que orçamento dispomos, disse. E tive como resposta: não quero saber, será o que fôr preciso - quero é ser apurado para os Jogos Olímpicos! 
E este é um dos adversário directos que teremos quer na próxima época, quer no apuramento para o Rio 2016...
Mas se a manutenção é o objectivo principal da nossa participação na etapa de Londres, podemos procurar ir mais longe e transformar esta última etapa numa vantagem futura. Uma espécie de dois em um.
No Grupo D em que Portugal se encontra tem como adversário, para além da África do Sul e dos Estados Unidos, a França, principal adversário do apuramento para os Jogos na disputa do "Europeu" das 3 etapas do Grand Prix Series. 
Uma vitória sobre a França - que embora concordante sobre o abuso da participação das equipas britânicas mas que se recusa a levantar a voz porque não quer disputar o apuramento numa única etapa, para mais em Lisboa, casa dos seus principais adversários, argumentam... - constituiria uma vantagem para Portugal  e um problema para os franceses que nunca mais apareceriam com a confiança suficiente nos jogos que disputássemos no Europeu. 
O facto de Portugal ter de defrontar a França no Grupo de Londres é uma oportunidade a não rejeitar: uma vitória que, para além de, provavelmente e no mínimo, permitir, no crucial primeiro jogo do segundo dia, defrontar o adversário pior classificado do Grupo A, permitirá ainda criar uma vantagem psicológica sobre os franceses que poderá ajudar na difícil procura do difícil caminho para o Rio. 
Não tendo tido uma prestação desportiva de bom nível na etapa de Glasgow - apenas a vitória com a Rússia que pode ter um papel idêntico ao que uma vitória sobre a França poderá produzir -  a selecção de Sevens de Portugal tem que encontrar de novo a atitude que permitiu explorar as suas capacidades que proporcionaram o empate com a Nova Zelândia e a vitória sobre a Austrália. E um apuramento para a Cup, para além de nos libertar definitivamente de qualquer problema de manutenção da SWS, seria uma óptima demonstração das nossas intenções e possibilidades de participar nos Jogos Olímpicos. 
A palavra pertence agora, lançados que estão os dados, aos jogadores. À vitória! 

quinta-feira, 14 de maio de 2015

BOAS PERSPECTIVAS

Portugal-Fiji, WRU20Trophy

O jogo contra Fiji, que terminou com a derrota portuguesa por 34-19, pode ser considerado como uma oportunidade perdida? Talvez, especialmente para espectadores menos conhecedores.
Mas este jogo foi mais do que a oportunidade perdida que o desenrolar do jogo nos deixou como amargo de boca.
A equipa portuguesa jogou bem, conseguiu, por diversas vezes, equilibrar o jogo contra uma equipa que está treinada num nível superior - o último mês foi passado na Austrália a competir e a treinar - e em alguns momentos chegou até a parecer superiorizar-se ao adversário. E digo parecer porque, naturalmente, não ultrapassava as aparências. E porquê? Pela simples razão de que o tremendo esforço do combate a que os jogadores portugueses foram sujeitos - intensidade, colisões e velocidade de circulação da bola a que não estão habituados - retiraram discernimento para a melhor decisão nos momentos críticos e retiraram capacidade física para a melhor eficácia de gestos e movimentos. Como acontece a quem, para tentar, ultrapassa os limites das suas capacidades.
A selecção portuguesa não conseguiu - por óbvios motivos resultantes do mais baixo nível de hábitos competitivos - equilibrar a demonstração de capacidades com a excelente atitude competitiva que demonstrou. Por um lado porque os fijianos utilizaram uma defesa colectiva agressiva, dura e bem organizada, por outro porque a velocidade e intensidade do jogo - fora dos nossos hábitos, repete-se - exigia um outro nível de capacidade de resposta, levando a pequenos erros não provocados, pequenos atrasos, pequenos adiantamentos, pequenas hesitações de centímetros que fazem a diferença. E como me lembrei da palestra de balneário do treinador Tony D'Amato, interpretado por Al Pacino, no "Any Given Sunday" e dos centímetros que fazem a diferença entre perder e ganhar...
E pode ficar-se satisfeito com a equipa mesmo perdendo? Pode se nos lembrarmos, como afirmava John Wooden - provavelmente o melhor treinador americano de sempre - que: "Pode-se ganhar, perdendo. Pode-se perder, ganhando". E Portugal, apesar da derrota pode sair a ganhar se a equipa - treinadores e jogadores - souberem tirar as lições devidas desta derrota. Se aprender com os erros é uma necessidade da experiência da vida, aprender com os erros é, no desporto, a forma de desenvolvimento no percurso da melhoria e do êxito, procurando não fazer mais, mas fazer melhor.
Para já uma realidade louvável: o XV Sub-20 de Portugal fez um jogo baseado no ataque, abandonando, embora sem a esquecer, a defesa como método. De facto só é possível obter resultados no nível internacional se houver propósito na utilização da bola de forma a provocar os desequilíbrios necessários para conseguir marcar pontos. Ou seja, se para ganhar é preciso saber defender, a procura da vitória está na marcação de pontos, no chegar à área de ensaio. E Portugal mostrou-se muito assertivo nesta matéria.
Tanto trabalho para nada? poderão interrogar-se os jogadores de quem ouvi apreciações muito correctas no final do jogo sobre o que tinha acontecido - porque olhei para o adversário e tirei os olhos da bola, porque me pareceu que havia espaço e decidi longe de mais, porque devia ter fechado os braços mas a porrada foi enorme, porque fui egoísta quando devia ter passado a bola...Não, o trabalho foi suficiente para solidificar critérios, abrir caminhos de confiança, garantir certezas do caminho a percorrer. Ou seja, foi trabalho para preparar melhor e mais eficaz futuro. 
A formação ordenada - com o peso de um homem a menos - começou por correr mal mas terminou da melhor maneira numa demonstração, como um dos pilares reconheceu no final do jogo, de que a importância da técnica é superior ao peso e altura. O que significa que o programa Força 8 se traduz numa evidente acumulação de vantagens. E que dizer da eficácia dos alinhamentos, aspecto que tem sido considerado como desvantagem portuguesa? E se aqui há bons motivos para confiar, outros aspectos precisam de melhoria: o jogo ao pé demasiado de alívio e muito pouco a-propósito - o jogo ao pé tem de se transformar numa arma atacante muito mais vezes do que como imediato recurso de "salvação"; o jogo de passes dos três-quartos tem que ser realizado muito mais próximo da linha de vantagem em vez de, por falta de confiança, se fazer a tal distância que só beneficia a defesa; o jogo no chão tem que ser rápido e de opções imediatas - muitas delas previamente estabelecidas - para que os desequilíbrios conseguidos tenham continuidade e permitam a manutenção da vantagem. E há aspectos da cultura competitiva também a melhorar:  a contabilidade de pontos é uma exigência do alto rendimento e o desperdício de pontos de grande probabilidade - por mais que seja agradável para quem vê - é um erro. Que diminui a vontade de quem persegue e aumenta a confiança de quem lidera.
De facto o jogo com Fiji era, desde o início desproporcionado - basta relembrar a rapidez e eficácia de passe que demonstraram para perceber que vivem num estádio superior - que a notável atitude dos jogadores portugueses permitiu aproximar e até, em alguns momentos, aparentar ultrapassar. Mas a sua capacidade de multiplicação defensiva impediu que os movimentos da equipa nacional tivessem melhor sorte. Não foi portanto a incompetência que nos impediu a vitória que alguns acharam deitada fora ou, como afirma o treinador fijiano por mau jogo de Fiji. Tudo não passou da realidade dos factos: nós impedimos o que podemos e limitámos a equipa fijiana - "obrigando-os" a chutar aos postes e para fora a garantir território - e eles não nos deixaram fazer mais. Ou seja: eles ganharam e nós perdemos por razões objectivas e visíveis.
O jogo com o Uruguai no próximo sábado irá mostrar - estou certo - que a experiência vivida contra Fiji se transformará na aprendizagem necessária à melhoria da eficácia. Bom jogo!                               

Nota pessoal
Nesta equipa de Portugal Sub-20 jogou Volodymyr Grykh, cidadão português, originário da Ucrânia, residente, com a família, há anos em Portugal - fez cá a "4ª classe" (4º ano escolar). Chegou ao rugby através do programa "Desperta no Desporto", realizado pelo Governo Civil de Lisboa - era então Governador António Galamba - e que teve em Rafael Lucas Pereira o seu principal lançador e dinamizador. A sua estreia na selecção nacional representa uma demonstração inequívoca da capacidade de integração social e de acesso à igualdade de oportunidades pelo Desporto e deve constituir exemplo quer para outros, quer ainda para que sejam aliviadas as formalidades de naturalização para jovens que, embora originários de outros países, têm já uma vida, através da escola, adaptada às condições portuguesas. A naturalização do Volodymyr não foi fácil, teve entraves burocráticos enormes e chegou a perigosas situações - como quase obrigado a retornar à Ucrânia para, de imediato, se encontrar no meio da guerra. Felizmente, com o trabalho de muita gente, que tudo se conseguiu resolver em tempo útil. Assinei, com Rafael Lucas Pereira, o seu papel de naturalização e estou muito satisfeito por isso - e vê-lo como internacional do rugby português foi uma grande alegria. Que seja a primeira de muitas!

terça-feira, 12 de maio de 2015

WORLD RUGBY U20 TROPHY


Rui Costa com Portugal Sub-20

Começa hoje, terça-feira, em Lisboa e com Grupos diferentes no Estádio Universitário e no Jamor, o World Rugby U20 Trophy, o Mundial B sub-20, com a presença das equipas representativas de Fiji, Uruguai, Geórgia, Canadá, Tonga, Namíbia, Honk-Kong e, naturalmente, Portugal naquela que é, com certeza, a prova rugbística mais importante que alguma vez se realizou por cá.
A sua realização pela Federação Portuguesa de Rugby tem como objectivo principal proporcionar aos futuros internacionais absolutos - os jovens sub-20 - a experiência necessária à competição internacional. E essa experiência servirá de teste para se perceber onde estamos e de que tipo de desenvolvimento necessitamos para a evolução sustentada da posição internacional.
Claro que as dificuldades para os jogadores portugueses serão muitas. O salto é grande e os hábitos competitivos internos estão longe de proporcionar as ferramentas necessárias para resolver todos os problemas com que se irão defrontar - mas é isto, estas dificuldades, que tornarão a experiência num válido domínio que permitirá enquadrar a transformação.
De facto, jogar ao nível das competições internas - seniores, sub-23 ou mesmo sub-18 - está longe de proporcionar as competências que as competições internacionais de bom nível exigem. Proporcionar estes confrontos à próxima vaga de internacionais absolutos é permitir o conhecimento do seu nível e da distância a percorrer para atingir o pretendido patamar.
Para primeiro jogo, Portugal defronta Fiji que se apresenta com uma preparação de bom nível com jogos feitos na Austrália e que tem por objectivo retornar ao Grupo A. Os jogadores portugueses, pelo contrário, ficaram-se pela preparação caseira e não fizeram qualquer jogo internacional após o torneio, ainda sub-19, em que se apuraram. O que torna as coisas mais difíceis.
Mas sendo esta a realidade - o país não mostra suficiente capacidade desportiva para elevar o nível do seu sistema - só resta aos treinadores e responsáveis encontrar os "cadinhos" que possam acelerar a formação, o desenvolvimento e a preparação. Que, embora não sendo muitos, existem - basta, para começar todo o processo de renovação e mudança, que se perceba que a competição desportiva não pode viver de forma dependente da actividade física ou das formas de lazer desportivo. Como diria "o outro", a cada um o seu galho, no diferente papel e diferentes destinos que cabe a cada uma das formas comummente e confusamente designadas por desporto.
A equipa está bem treinada - João Pedro Varela, Luís Pissarra e Nuno Damasceno, com a coordenação de Henrique Garcia e a "ajuda" de Henrique Rocha com a "sua" Força Oito - têm feito um bom trabalho que terá reflexos na qualidade da prestação da selecção. E - assim espero - a sua tentativa de levar os jogadores a ultrapassar o mero conceito defensivo para um estádio mais avançado de utilização da bola puderá constituir o elemento transformador fundamental para desenvolver, desde que apoiados num sistema adequado, uma capacidade sustentável de competição internacional. Mostrem os jogadores que a confiança que se percebe da sua vontade competitiva é uma realidade que lhes permite o risco adequado na exploração dos espaços e intervalos e novas portas se podem abrir para o desenvolvimento estratégico das potencialidades e ultrapassagem das lacunas reconhecíveis.
Mas não se espere - não se exija! - resultados excepcionais a esta equipa que tem óbvias qualidades mas não tem, por razões óbvias, as capacidades que permitam ultrapassar as melhores equipas presentes. Existem lacunas resultantes da competição nacional e da distância  a que nos encontramos dos hábitos internacionais. Aquilo que se pode pedir não é mais - como frisou o futebolista internacional Rui Costa que visitou ontem os seleccionados portugueses - do que a clara demonstração de que tudo fizeram para tentar ganhar os jogos em que participam. Ou seja, honrar a camisola de Portugal que vestem: por si, pelos seus companheiros de equipa, pelas suas famílias, pelos seus amigos.
E se a ansiedade, o receio de perder, o medo de ganhar dominarão cada um até à hora de entrada em campo, o cantar do hino em conjunto, qual grupo de guerreiros prontos ao combate, libertará as tensões e permitirá que o melhor de cada um apareça nos momentos exactos para que a atitude se junte às capacidades permitindo, como expressou o escritor escocês Walter Scott, atingir o êxito que desejámos. 

domingo, 10 de maio de 2015

A HOMENAGEM

Forever England by Shane Record, 2015


A Englands Rugby Comission encomendou ao pintor Shane Record o retrato dos internacionais ingleses que lutaram na I Guerra Mundial num quadro de 300x270 cm que tem por título Forever England, escolhido pelo pintor que o retirou do poema 'The Soldier' de Rupert Brooke e será pendurado em local proeminente do West Stand de Twickenham.
O quadro, a óleo, retrata a equipa inglesa de 1914 e lembra os seis internacionais que morreram na guerra pelo fundo cinzento onde o símbolo da rosa é colocado. Como era usado na época e os Barbarians mantêm como tradição, cada jogador tem as meias com as cores do seu clube.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

SEVENS: UM FINAL À ALTURA DOS PERGAMINHOS

O facto de o Sevens se ter tornado modalidade olímpica com primeira presença nos Jogos do Rio 2016 transformou competitivamente nesta época o já tradicional Sevens World Series. E embora só os quatro primeiros qualificados tenham acesso directo ao Rio 2016, todas as outras equipas estão com os olhos postos nas qualificações regionais que qualificarão seis equipas restando um lugar a ser disputado numa repescagem mundial. E o SWS serve, naturalmente, de preparação para o objectivo de cada uma das equipas.
Pese o facto de Portugal não sonhar com qualquer dos quatro primeiros lugares da SWS faz, no entanto, parte do grupo de equipas que pretendem qualificar-se no apuramento regional ou, na pior das hipóteses, conseguir o apuramento através do torneio final de repescagem para o qual se qualificarão quatro equipas europeias.
Dito isto assim, tudo é compreensível e parece um processo sem qualquer tipo de dúvidas. Mas, no caso europeu e pelo facto de existir, em termos olímpicos, a Grã-Bretanha que engloba as equipas da Inglaterra, Escócia e Gales, as coisas não são nem fáceis, nem tão claras.
A Rugby Europe organiza o Grand Prix Series com três torneios - Moscovo, Lyon e Exeter - e, com o argumento de se tratar de um "Europeu", pretende - porque considera que é um direito inquestionável - que as equipas da Inglaterra, Escócia e Gales aí participem. O que parece correctíssimo.
E assim seria não fosse o facto de tudo levar a crer que a Inglaterra - muito graças à derrota imposta por Portugal à Austrália em Tóquio - se classificará num dos quatro primeiros lugares do SWS, classificando assim e conforme estabelecido anteriormente, a Grã-Bretanha.
Ora tendo a Rugby Europe considerado que o "Europeu" apuraria o primeiro classificado para o Rio 2016 - o caldo entorna-se aqui - a Inglaterra, a Escócia e Gales vão ter interferência directa numa classificação para a qual não contam por já estarem apuradas através da Grã-Bretanha. E há mais: o Rugby World é taxativo no seu documento sobre o Sistema de Qualificação - Jogos da XXXI Olimpíada - Rio 2016, escrevendo que os países já apurados não poderão participar nos torneios de qualificação regionais.     
Lê-se e pensa-se: claro como água! os três países britânicos, apurada que esteja a Grã-Bretanha, não podem jogar os três torneios europeus de apuramento para os Jogos do Rio e assim já não haverá qualquer hipótese de interferência - um qualquer país, Portugal incluído, poderia ser afastado dos lugares de acesso aos Jogos por uma equipa que não conta para o campeonato e que, como se diz por cá popularmente, não deveria rachar lenha. O que, a acontecer, traduzirá um atentado aos princípios e ética competitiva desportiva que têm por base a igualdade de oportunidades.
No entanto e contrariando o que deveria defender, a Rugby Europe mantém a sua posição sustentada no designado "Europeu" de que os três torneios fazem parte - e apenas pretende dar cumprimento aos ditâmes da World Rugby ao não permitir a participação das equipas britânicas, num propositadamente inventado - é a minha convicção - Torneio Europeu de Repescagem que se realiza em Julho. Portugal não se mostra - e bem! - conformado e mantém a sua discordância, dando conta da sua posição às diferentes instâncias internacionais a exigir a reposição dos parametros ajustados aos valores desportivos.
Havia forma de resolver o problema? Claro! bastaria que não se misturasse - por causa da particularidade Grã-Bretanha - o "Europeu" com o apuramento olímpico, fazendo torneios diferentes para apuramentos diferentes. Mas assim, como pretendem, o campeão europeu, arguentarão, pode não ir aos Jogos Olímpicos... pode e da forma que a Rugby Europe propõe, também. 
Entrementes ao sete de Portugal outras prioridades imediatas se colocam. Entrando para as duas últimas etapas do SWS, Glasgow e Londres, na 14ª posição e com mais 8 pontos do que o Japão que ocupa a 15ª e despromovível posição, Portugal tem que garantir os pontos capazes - o que exige, no mínimo, a vitória no primeiro jogo do segundo dia de competição - para o colocarem a recato da descida. E este, antes de qualquer preocupação do apuramento olímpico, é a missão imediata exigível aos jogadores e treinadores portugueses: garantir a presença na próxima época no Sevens World Series.
A uma equipa que já conseguiu, esta época, empatar com a Nova Zelândia - equipa com mais títulos conquistados na variante - e vencer a Austrália - equipa candidata a um dos quatro lugares de garantem o apuramento directo para o Rio 2016 - não se pode permitir qualquer receio por ter que ultrapassar este difícil final. Esses resultados demonstraram que o sete português tem condições para ombrear com os melhores e garantir os resultados necessários, pesem embora as dificuldades sistémicas que o desporto português não profissional apresenta e que têm, naturalmente, reflexos nesta equipa, na sua preparação e na sua expressão competitiva.
Sem quatro jogadores habituais - Diogo Mateus, Carl Murray, José Maria Vareta e Duarte Moreira - a selecção portuguesa contará com Pedro Bettencourt e José Lima, ambos a jogar em França, a que se junta ainda o experiente Gonçalo Foro e o jovem Tiago Fernandes, recente vice-campeão europeu de sevens em Sub-19.
Sem tarefa fácil aos jogadores portugueses exige-se que joguem de acordo com os pergaminhos de que gozam e que, com cabeça fria mas acções quentes, sejam capazes ter a atitude - essa pequenina coisa que provoca uma enorme diferença, como disse Winston Churchill* - capaz de aproveitar as oportunidades que o seu jogo de passes permite criar. E para isso será necessário a disponibilidade mental que permita o apoio permanente com convergência imediata sobre o portador da bola para que, ao invés da passagem pelo chão, seja possível a continuidade do movimento pelo jogo de passes. Se a estas capacidades de que já deram provas em mais do que uma ocasião - mas, diga-se, a que tem faltado a constância que permita a sustentabilidade de resultados - juntarem a necessária capacidade defensiva norteada pela resiliência individual de só ceder depois de colocar o adversário no chão, o sete de Portugal sairá destas duas últimas etapas em posição de retorno na próxima época. Que é o que esperámos!

* Passam hoje, 8 de Maio, 70 anos sobre a vitória dos Aliados que terminou com a barbárie assassina do nazismo alemão. Lembrar Winston Churchill é uma pequena justiça a todos aqueles que se bateram pela Liberdade.


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