segunda-feira, 25 de setembro de 2017

SEM ÁRBITROS NÃO HÁ JOGOS DESPORTIVOS

Desde miúdo que percebi a importância dos árbitros nos jogos desportivos. Nas nossas futeboladas de cinco-contra-cinco depressa percebemos que nomeando um árbitro ganhávamos tempo de jogo e, portanto, de divertimento. Porque, quando não havia árbitro, o tempo consumido em discussões para concordar com o ser ou não falta representava, no final, um enorme espaço de paragem no futebol que nos entusiasmava.

De facto o árbitro é fundamental.

Não só para que não haja desperdícios no tempo útil como também para garantir igualdade de tratamento e equidade de interpretações. E quanto mais o jogo se aproxima do Desporto de Rendimento, mais o árbitro é necessário.

E quanto melhores forem os árbitros, melhor será a prestação competitiva dos jogadores e das equipas. O que significa que na estrutura federativa cabe aos árbitros um papel tão importante como aos jogadores na componente de formação, retenção e captação e um desinvestimento em qualquer destas três áreas da arbitragem constitui um problema sério e real para o rugby.

No aspecto da captação e sabendo-se - como se sabe das coisas da vida - que é a qualidade que atrai a quantidade - e não o contrário - é necessário saber criar as condições para que a arbitragem possa ter qualidade. O que se consegue, mantendo um ambiente saudável e cooperativo.

Parece que não é isso que se passa no nosso espaço federativo. Devido a dívidas - com muitos árbitros a não verem o reembolso das suas despesas de deslocação - e, principalmente, a conversas de surdos de que o recente documento federativo se mostra como exemplo, a arbitragem do rugby português está decidida a fazer valer os seus pontos de vista. O que significa que não haverá árbitros para a grande maioria dos jogos.

E sem árbitros qualificados - isto é, se for seguida a velha regra de procurar alguém que arbitre de acordo com as duas equipas adversária - a fiabilidade das provas competitivas ficará em causa. 

A falta de árbitros nos jogos dos campeonatos federativos é grave e colocará em causa a competição e os seus resultados.

Ou seja, o rugby português, mesmo que se usem efeitos propangadísticos seja de que natureza forem, está numa crise grave que pode criar fissuras difíceis de ultrapassar.

A fórmula de ultrapassagem da situação é simples e conhecida: diálogo sério, cooperação e ouvidos e mentes abertas ao dizer dos outros.

A concha é o pior dos conselheiros e a ideia de que o poder pode mais é a pior das posturas.

domingo, 24 de setembro de 2017

ERRO DE PALMATÓRIA!

As recentes alterações das Leis do Jogo - Leis Experimentais 2017 - têm como objectivo simplificar o jogo, diminuir a confusão de jogadores e espectadores e aumentar a continuidade da utilização da bola. Iniciadas a partir de 1 de Agosto passado ainda não existem dados suficientes de julgamento mas, por aquilo que se tem visto nos jogos dos diversos campeonatos europeus - no hemisfério sul só entram em vigor a partir de 1 de janeiro do próximo ano - tudo tem corrido sem queixas ou atrapalhações de maior.
Um das alterações diz respeito - um pouco à semelhança do que já aconteceu, embora com pouca duração, quando se experimentou o inicio de fora de jogo mal a placagem estivesse consumada - à formação do ruck após placagem. Naturalmente que, sem placagem, continua a existir a velha regra de um-contra-um em contacto e com a bola no chão e no meio deles.
A nova lei experimental que vem substituir a anterior sobre o ruck - Lei 16 -  reza assim: 
Um ruck começa quando pelo menos um jogador está em pé e sobre a bola a qual se encontra no chão (placado, placador). Neste momento criam-se as linhas de fora de jogo.  Um jogador de pé pode tentar, com as suas mãos, apanhar a bola desde que o faça imediatamente. Com a chegada de um jogador opositor deixa de se poder usar as mãos. 
De acordo com a normal interpretação - Lei 11.2 Jogador colocado em jogo por acção de um companheiro de equipa - os jogadores que se encontrem em fora-de-jogo após a criação das respectivas linhas e que, paralelas às linhas de ensaio, passam pelo último pé quer do jogador placado, quer do placador, só têm uma possibilidade (Lei 11.2(a)) de deixar de estar em fora-de-jogo: regressarem, sem qualquer tentativa de interferência, obstrução ou avanço sobre a bola ou adversários, ao lado do seu campo e para trás da linha de fora-de-jogo (Lei 16.5); aí chegados podem então participar, de novo e plenamente, nas acções do jogo. E isto é assim porque como define a Lei 16: Quando tem lugar um ruck, o jogo geral termina. O que significa que quando está formado um ruck são as leis deste domínio que comandam a acção, definindo que um jogador deve recuar para trás da linha que passa pelo último pé dos companheiros integrados no ruck, podendo então e através da porta juntar-se-lhe, ligando-se, ou manter-se ao largo. De qualquer outra forma estará fora-de-jogo e sujeito a penalizar a sua equipa com um pontapé de penalidade.
O chefe dos árbitros, Allain Rolland, a explicar as novas Leis
Tudo parecia estar a andar bem. Houve documentos explicativos, árbitros mais conhecedores a demonstrar e foram feitas as decomposições necessárias para que se pudessem perceber as situações críticas que determinam a existência ou não de faltas.
Neste caminho em que tudo parecia percebido e que estava a começar a permitir aos treinadores descobrir e experimentar tácticas adequadas à nova exploração das situações, surgiu - num programa da responsabilidade da World Rugby e emitido muito recentemente pela Sport TV - um filme sobre a placagem e as linhas de fora-de-jogo - que, acrescentando coisas àquelas que se podem ler nos documentos oficiais, veio lançar uma enorme confusão e destruir o trabalho anterior de clarificação. Porque, para além da oficialização World Rugby, tinha como explicador o “chefe mundial” dos árbitros, o irlandês Alain Rolland. Ou seja, uma autoridade inquestionável…
…que, no entanto, cometeu um erro de palmatória!
Nesse filme que pode ser encontrado no Youtube (ver aqui a partir dos 7:32 minutos) o árbitro Allain Rolland ao pretender explicar as acções permitidas e proibidas da nova lei do ruck, ignora a determinação de que, a partir do início de um ruck - Lei 16 repete-se - deixa de se considerar haver jogo geral e resolve puxar da Lei 11.3 - Jogador reposto em-jogo por acção de um adversário para declarar que os jogadores em fora-de-jogo (os jogadores de azul na foto) serão postos em jogo se o adversário portador da bola a passar, pontapear ou correr 5 metros com ela.  
Ou seja: um disparate! Porque, para além do erro metodológico apresentado, não faria qualquer sentido alterar uma lei para garantir a impossibilidade de repetição do comportamento dos italianos - não criar contacto no ruck e, assim, impedir a criação de linhas de fora-de-jogo - no último 6 Nações para permitir o mesmo ou pior - com a interpretação de Rolland qualquer treinador indicaria aos seus jogadores que não se retirassem da posição de fora-de-jogo para esperar uma acção do adversário que os pusesse em jogo e assim lhes desse vantagem de intervenção.
A única coisa desta pedaço da intervenção - que se não for imediatamente anulada pela World Rugby irá criar enormes confusões - é o entendimento que faz sobre a cobertura da bola, obrigando ao avanço de um pé para lá da bola o que garante uma posição mais estável para suportar o embate de qualquer adversário que venha ao contacto e que, julgo, permitirá melhor quer a árbitros, quer a jogadores, uma noção mais exacta do momento de início do ruck. Mas a exigência de voltar a recuar o pé para apanhar a bola não passa de outro disparate - ignorando até o 1º princípio fundamental do jogo de Avançar Sempre!. Este vídeo veio opor à clareza pretendida desta fase do jogo uma enorme confusão - como irão os árbitros por esse mundo fora proceder? Cada um à sua maneira? 
No final de tudo isto o que espanta é a saída certificada de um vídeo com este erro de palmatória. 
Que organização é esta?

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

APRENDER NAS DERROTAS

Que se aprende mais com as derrotas é um conceito muito espalhado no meio desportivo. Que, se contextualizado, tem a sua razão de ser - ninguém acha que, para aprender, o melhor é perder... - mas considera-se que a euforia da vitória nem sempre permite analisar convenientemente as fraquezas da equipa. 
Este conceito permite, pelo menos, perceber que, apesar da derrota, existe sempre uma busca de futuro. E que a vida desportiva se baseia numa constante de oportunidades que devem ser aproveitadas - com o necessário treino de melhoria e adaptação.
Sob este ponto de vista, a recente derrota com o Japão deixou-nos factores de aprendizagem que nos devem permitir ampliar conceitos e gestos técnicos ou mesmo modificar hábitos desajustados.
O maior problema da equipa Sub 20 de Portugal esteve na formação-ordenada onde se percebeu não existir a coordenação e domínio técnicos necessários para transformar os oito jogadores numa unidade síncrona e capaz de equilíbrio na disputa da bola. Como parece óbvio, houve uma enorme ignorância - ou mesmo irresponsabilidade - ao não considerar a necessidade de garantir as condições de treino específico de uma componente de jogo complexa, dura e especial - é muito, muito difícil atacar atrás de uma formação-ordenada batida. E o jogo, tratando de marcar ensaios, exige que se garanta a possibilidade de avançar no terreno. 
A lição que daqui se retira é evidente: não é possível menosprezar componentes do jogo e o seu treino específico tem que se considerado sempre que o resultado - como acontece no Desporto - seja o elemento essencial a atingir.
Por outro lado e num ambiente terrível de água e lama, o jogo ao pé teve uma importância decisiva no percurso do jogo - conquistar terreno, afastando-o da área defensiva de ensaio para garantir a cobertura de erros naturais naquele estado de tempo e terreno. E os jogadores portugueses mostraram a sua deficiência neste aspecto quer técnica, quer táctica - deficiências que se notam nos diferentes escalões etários portugueses e que exigirão formas diferentes e mais exigentes de ensino e treino.
Tecnicamente os pontapés não têm a profundidade que deveriam ter - são curtos. E também não têm a direcção necessária, parecendo não resistir á atracção posicional dos defensores - cada pontapé deve criar um problema aos receptores, retirando-os da sua zona de conforto e não facilitando-lhes a vida ao dar-lhes tempo e espaço. Por lado ainda, a altura dos pontapés não era a mais adequada ao tempo necessário á chegada dos perseguidores - e sempre que os japoneses foram pressionados mostraram enormes dificuldades na resolução das situações. E esta incapacidade técnica criou uma incapacidade táctica que facilitou - e porventura entregou - a vitória ao Japão.
 Mas o maior erro táctico - porque se mostrou incapaz de interferir na estratégia - mostrou-se na opção dos pontapés que não tiraram partido nem dos pontos fortes da equipa nem das condições climatéricas. De facto a equipa portuguesa mostrou-se com grande qualidade de conquista nos alinhamentos - foi um dos seus pontos fortes. Nas condições climatéricas que existiam, o objectivo deveria ser - aumentando assim a pressão - o de colocar o jogo o mais próximo possível da linha de ensaio adversário. A conjugação destes dois pontos - aumentar a pressão e vantagem nos alinhamentos - deveria ter conduzido à opção de chutar as bolas para fora, criando um problema de complicada solução para os jogadores japoneses. Nesta situação a entrega do lançamento seria irrelevante e as vantagens valeriam o risco. Ficará a experiência.
As raparigas de Portugal Sub18 a comemorar a vitória sobre os USA
Noutro campo, as raparigas Sub-18 de Portugal foram reconhecidas pela Rugby Europe como "confirmação de um sólido talento" pelo resultado conseguido - 4º lugar - no Women's U18 Sevens European Championship enfatizando a vitória sobre os Estados Unidos - finalista da época anterior - por 7-0. De facto as jogadoras portuguesas, treinadas pelo João Catulo, foram notáveis - principalmente se tivermos em conta o nível do nosso desporto feminino quando comparado com o de outros países adversários. E destes jogos também se podem tirar algumas ilações. A primeira e mais visível será a necessidade de grande melhoria no jogo-ao-pé e a segunda diz respeito à capacidade de passe. 
De facto, não tendo as nossas representantes femininas grande velocidade de deslocamento - basta verificar as marcas dos nossos recordes de velocidade com os outros países adversários - é absolutamente necessário garantir a velocidade e eficácia dos gestos técnicos para poder estabelecer os desequilíbrios necessários. Assim sendo, o passe - rapidez do movimento e da velocidade da bola bem como a direcção e correcta recepção - é factor fundamental para a melhoria competitiva portuguesa (esta situação de melhoria do passe aplica-se a todas as categorias de ambos os géneros).

No caso das raparigas estão lá as características necessárias de atitude, coesão e solidariedade colectivas ou capacidade de luta. Agora é treinar o que deve ser treinado e melhorar as condições competitivas internas...

domingo, 17 de setembro de 2017

57-0 COM 8 ENSAIOS!!!

Porque são os All-Blacks a melhor equipa de rugby do mundo?
Porque têm uma superior cultura do jogo! Sabem, colectivamente, reconhecer as oportunidades e tomar, colectiva e individualmente, as decisões adequadas à situação e são capazes de recorrer, sem atrasos, à ferramenta que melhor soluciona o problema que enfrentam.
Cultura táctica e domínio técnico são as qualidades-chave - aprendidas desde o início da sua formação - que permitem aos neozelandeses desequilibrar qualquer jogo e tirar o máximo partido de erros ou falhas - provocados ou não - do adversário. Altura em que, qual matilha, se lançam sobre a presa mostrando o "instinto de predador" necessário à conquista desportiva.

Nesta "barrela" imposta aos sul-africanos, os All-Blacks ultrapassaram, mais uma vez, as médias de 2010-16 em jogos do 1º escalão reunidas pela The Economist, com 11 rupturas, 550 metros percorridos, perdendo apenas um lançamento nos seus 14 alinhamento, conquistando 5 ao adversário e não perdendo qualquer introdução própria nas 7 formações-ordenadas mas conquistando 4 aos sul-africanos. Demonstrando uma óptima capacidade defensiva de 82% com 102 placagens efectivas, os neozelandeses não sofreram quaisquer pontos - e os sul-africanos apenas se podem queixar de um falhanço brutal do seu chutador no início do jogo... porque quanto ao resto - bolas perdidas ou passes errados - teve na pressão neozelandesa a principal responsável para o que a capacidade física e o nível técnico sul-africano não tiveram solução.
O que é espantoso nestes All-Blacks é a sua preocupação constante e contínua de superação - deles próprios, da sua equipa e do adversário. Nunca abrandam e têm no rolo compressor a melhor imagem da sua acção. Facto que os torna muito difícil de derrotar.
Os seus princípios são simples, são os de sempre: atacar sempre, apoio, continuidade e pressão. E chegam lá considerando que a posse da bola tem um claro objectivo - marcar ensaios! - e um propósito permanente - ultrapassar a linha de vantagem para garantir a superioridade numérica e o aumento do espaço livre de defensores. O que, para além da necessária cultura táctica , exige um desenvolvido treino de passar e receber a bola. Coisa que procuram desde a iniciação 
Dadas as características dos jogadores portugueses há anos que me interrogo do porquê de não recorrermos aos conceitos neozelandeses da iniciação/formação para os adaptarmos ao ensino dos nossos jogadores, deixando de lado a actual escola francesa - que apenas deve voltar à nossa atenção quando houver claro retorno ao french flair - e as formas inglesas que se destinam a jogadores com outro perfil morfológico senão cultural. Procurar imitar os neozelandeses na técnica de passe e recepção, na leitura do jogo ou nas relações colectivas independentemente dos sectores de organização da equipa a que pertencem, poderia fornecer trunfos às equipas portuguesas nas suas disputas com adversários do nível com o qual nos pretendemos confrontar.
Ou seja e como diz Eddie Jones, transformar desvantagens em vantagens.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

FALTA DE RESPEITO E ÓBVIA INCOMPETÊNCIA

RESPEITO é um valor do Desporto, difundido entre adversários e companheiros em cada acção técnico-táctica de confronto ou superação e que faz parte dos valores citados pela World Rugby no seu principal livro sobre o jogo.
Mas RESPEITO foi o que não houve na sequência da decisão tomada ao dar por terminado o jogo da final entre Portugal e o Japão. Não houve RESPEITO pelos jogadores, treinadores e restantes envolvidos directamente no jogo.
E houve falta de RESPEITO, não por o jogomter sido dado por concluído mas porque não foram tomadas as devidas cautelas numa situação climática agreste mas mais do que previsível em tempo útil - no dia 29 de Agosto, dia do Portugal-Uruguai, choveram 23mm de água em Montevideo, no dia da final choveram 24mm... E falta de RESPEITO por negligência, ou seja: ninguém da organização quis saber ou se preocupou com a possibilidade das condições climáticas darem mais cabo do campo do que em tempo seco e continuaram com a marcação seguida de 4 jogos - em Portugal, em 2015, os jogos da última jornada do Trophy foram distribuídos pelo Estádio Universitário e pelo Jamor, não fosse o diabo tecê-las. Em Montevideo o diabo teceu-as... ou seja, a Organização falhou! Porque, incompetente, não previu.
Para maior espanto de tudo isto surgem as declarações do Presidente da World Rugby, Bill Beaumont, que depois de elogiar a vitória do Japão diz que "Trata-se de pouca sorte de Portugal, que jogou muito bem para se qualificar para a final, mas a segurança dos jogadores é prioritária e dadas as circunstâncias a decisão de terminar o jogo foi a mais correcta." para iniciar os agradecimentos à Organização uruguaia. Sobre os erros organizativos verificáveis na última jornada, nada! Sobre a necessidade do estabelecimento de novas regras para evitar um acesso ao mundial U20 Championship sem a totalidade dos jogos cumpridos, moita!
De facto, não estando em causa a decisão de terminar o jogo antes do seu fim regulamentar - se fosse responsável pelo Torneio e perante a visível situação teria ficado pela 1ª parte - mas sim a possibilidade, sem qualquer estranheza, de uma equipa desportiva poder aceder a uma classificação competitivamente superior com violação óbvia do princípio da equidade que rege as competições desportivas. E isto é inadmissível!
Se podemos concordar com o facto de que as condições logísticas dificultavam o reinício ou repetição do jogo no dia seguinte, existem outras soluções que seria obrigação da World Rugby considerar. Como sejam:
1 - se fosse entendido que o jogo deveria ser disputado por jogadores nas mesmas condições etárias que estiveram em vigor neste U20 Trophy 2017: a) Realização do jogo até 31 de Dezembro de 2017 e sob a responsabilidade técnica e económica da World Rugby em:
i) local a designar - campo neutro - a distância equivalente de fusos horários e horas de voo;
ou
ii) local a sortear entre Portugal e Japão.
2 - se fosse considerado que o jogo deveria ser disputado com jogadores que tivessem condições etárias para disputar os campeonatos sub-20 do próximo ano:
a) realização de jogo - com o mesmo tipo de responsabilidades da World Rugby para a equipa que fosse derrotada - de qualificação de acesso no mesmo local mas 5 dias antes do início do U20 Championship 2018 - a equipa qualificada ficaria a disputar o torneio enquanto que a derrotada voltaria a casa.
Como nada disto é complicado, caberia a Beaumont uma palavra de reflexão, não se deixando enrolar nos movimentos da sorte como justificação de um resultado que tem óbvias e importantes consequências. Para que a tristeza dos jogadores portugueses tivesse, pelo menos, a compensação de saberem que a sua situação teria obrigado a alterações para um futuro próximo. Assim... foram apenas e anti-desportivamente prejudicados.
E que organização é esta - para mais elogiada - que coloca o jogo a horas tais que a falta de iluminação capaz não permitiria - fosse qual fosse a forma - o desempate de uma final eventualmente empatada? Apostaram tudo no prognóstico?
Mas, neste imbróglio em que a selecção portuguesa de U20 se viu metida, uma pergunta me assalta desde que percebi a surpresa que a decisão provocou: então os dirigentes não leram o livro do torneio? Não sabiam que era assim? E se sabiam, não tentaram nada junto do Director de Torneio para diminuir os jogos no campo da final? E que o jogo começasse mais cedo?...
... falta de respeito e óbvia incompetência!

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

NÃO PERDER, MOSTRAR QUALIDADES...MAS PERDER

Num campo que mais parecia a preparação para uma batalha da Guerra dos Tronos do que um espaço de competição desportiva, Portugal ficou em segundo lugar - que representa o 14º lugar mundial - no World Rugby U20 Trophy 2017. E o que parece uma proeza de vulto é, afinal e por irresponsabilidades, uma oportunidade perdida. Oportunidade de uma vida para a maioria dos jogadores que, por categoria etária, a não vão poder repetir.
Chovia a cântaros, havia lama e água por tudo quando eram lados de meia-dúzia de ilhotas de cor esverdeada e nada estava próprio para realizar uma final possível de ver por toda a parte que se quisesse aproximar de um computador e sintonizar o streaming da World Rugby - com tempo assim, de chuvada a potes, que raio de ideia terá tido a organização para realizar quatro jogos num mesmo terreno? Deixá-lo impraticável?! 
Foi o que aconteceu… e o jogo que se viu foi o de trinta jovens jogadores a tentarem dignificar um momento para o qual se tinham batido durante uma época. Mas de jogo, de rugby, quase nada. E o pior…
…o pior é que o jogo foi dado e bem por terminado - decisão do Director do Torneio a que o árbitro teve de dar cumprimento - face às péssimas condições que o terreno apresentava e que punham em causa a segurança física dos jogadores - já pensaram o que poderia acontecer a um jogador enfiado numa poça de lama e água sob o peso de uma molhada de companheiros e adversários? Já aconteceu e então não houve passagem pelo hospital… 
Jogo terminado antes do tempo - 27’ da 2ª parte com 14-3 favorável aos japoneses— sem se saber qual poderia ser o resultado final. E, assim, com o Japão qualificado para estar presente no Mundial Sub 20 do próximo ano e os portugueses a terem que percorrer de novo o mesmo caminho da qualificação. Não é justo, é devastador… mas é a vida! 
Os jogadores portugueses, seniores sub-20 anos, mostraram-se capazes e representam uma garantia de futuro - desde que haja as responsabilidades necessárias para executar a preparação adequada ao nível de rendimento que estes torneios implicam. Pode até dizer-se que quando se tratou do torneio europeu uma visão mais economicista se poderia justificar - pouco dinheiro, poucas ilusões, pouca preparação - uma vez que não era muito provável que a equipa portuguesa pudesse chegar a qualquer lado. Mas derrotaram a Holanda, a Roménia e a Espanha e, vencendo o torneio, qualificaram-se como representantes europeus para este Mundial B que apuraria o novo 12º contentor para o Mundial do próximo ano. Com esta provas dadas - provas evidentes de categoria - a porca deveria ter torcido o rabo. Por responsabilidade e respeito deveriam ter sido feitos os esforços necessários para garantir a preparação capaz que permitisse que Portugal pudesse disputar o acesso à prova mundial do próximo ano. No entanto nada de positivo foi feito e, na senda de outros desleixos, foi deitada fora mais uma oportunidade de afirmação internacional. 
Porque Portugal, mesmo assim e contando apenas com o esforço, atitude e competência dos seus jogadores e as capacidades e conhecimentos do seu treinador-principal, Luís Pissarra, e do seu adjunto, António Aguilar, mostrou que poderia ter ganho o torneio, qualificando-se para o Mundial do próximo ano! E dentro do campo todos se mostravam crentes - via-se no empenho que punham - na possibilidade de virar o resultado. Mas uma injustiça nunca vem só...
O campo estava impraticável e não era possível jogar um rugby que não dependesse do acidente. Mas mesmo assim os jogadores portugueses, para além de uma notável atitude lutadora - que aliás foi seu apanágio durante todo o torneio - mostraram capacidades técnicas apreciáveis. Foram esplêndidos nos alinhamentos (quem diria?), estiveram bem no ataque à linha defensiva faltando apenas o apoio - o que se consegue com tempo de treino e competição - em linhas de convergência para criar as rupturas que levam aos ensaios - mas com aquele terreno e sem os hábitos, como seriam possíveis? 
Onde as falhas mais se notaram foi no jogo-ao-pé e nas formações ordenadas. Jogo-ao-pé - pecha de sempre do rugby português - que encontrou sempre as mãos de um adversário quando - mais ainda nas condições existentes - deveria ter encontrado espaços livres que atrasassem a resposta adversária - os japoneses tiveram enormes dificuldades sempre que a pressão chegava em tempo. Formações ordenadas que, sufocantes, retiraram a possibilidade de lutar pela vitória - o ensaio que fez a diferença foi de penalidade sobre uma formação-ordenada... E assim aconteceu porque o bloco dos avançados portugueses não mostrou o domínio técnico suficiente para se opor neste tipo de combate. E a pergunta surge com a naturalidade que a sua resposta não atinge: porque não houve possibilidade de treino específico para este importante sector do jogo? Porque não foi acautelado, tratando-se de uma participação internacional deste elevado nível?
E se tivesse havido o cumprimento das responsabilidades para uma preparação adequada quem sabe qual o resultado desta final?
Estar colocado entre as vinte melhores equipas mundiais é estar inserido no Desporto de Alto Rendimento que tem regras próprias de organização, preparação e treino. E que não são as mesmas dos grupos de bons rapazes que usam os jogos para se divertirem e terminar, conjuntamente, a beber uma cervejas. O mundo Alto Rendimento é outro e tem outras exigências.

E uma de duas: ou se pretende estar na sua esfera, cumprindo as regras desportivas e organizacionais que permitem aspirar a resultados exigentes e de categoria internacional sem deixar escapar as oportunidades ou, escolhe-se outra forma de vida e não se pensa mais nisso! Acabando o faz-de-conta!
... ... ...
Tudo somado só um final: parabéns à selecção de Portugal Sub-20 e ao seu corpo técnico. Foram formidáveis - suplantaram de forma notável um desrespeito para terem agora que suplantar um outro - na demonstração de que há um futuro possível para o Rugby português. Desde que surja a mudança que o alinhe pelas exigências do Desporto de Alto Rendimento. 

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

NA FINAL DO WRU20 TROPHY...APESAR DE TUDO

A comemoração dos Sub 20 de Portugal
Contando por vitórias - mesmo se sofridas - os três jogos contra Uruguai, Hong-Kong e Fiji - a selecção de Portugal Sub20 qualificou-se para a final do World Rugby U20 Trophy 2017 que jogará em Montevideo, contra o Japão, no próximo domingo.
O jogo decisivo, contra Fiji, começou muito bem para Portugal - vantagem de 13-0 ao intervalo - impondo-se em algumas provas de força e tirando bom partido da tendência fijiana para plcagens altas que provicaram 2 amarelos e, assim, uma vantagem de dois jogadores nos últimos 10 minutos da 1ª parte. Infelizmente esta vantagem numérica não teve a exploração pontual devida - apenas 3 pontos no final do período - principalmente por erro táctico no abuso das concentrações com o convencimento que a força pura faria a diferença. E esqueceram-se do espaço.
Jogando em concentrações sobre concentrações, sobre concentrações, esqueceram-se do recurso a uma continuidade mais dinâmica: concentração/concentração/ao largo. Nestes casos de suoerioridade numérica evidente a estratégia deve incidir em obrigar a defesa a cobrir o espaço lateral com um menor número de jogadores, deixando maiores intervalos para explorar. E foi pena que os jogadores portugueses se tivessem entusiasmado com a primeira forma e esquecessem a segunda, até porque - como se viu no primeiro ensaio de Vassalo - as linhas-atrasadas portuguesas têm jogadores capazes de explorar eficazmente os espaços entre defensores.
Com uma enorme atitude de combate, os jogadores portugueses, pesem as suas deficiências resultantes - repete-se - da baixa competitividade interna e da falta de preparação adequada, conseguiram manter-se à superfície - mesmo com o aumento da moral fijiana no início da 2ª parte por erro de comunicação entre jogadores portuguese - e fechar o jogo a dez minutos do fim - que pena não ter havido reacção de apoio à excelente penetração de Abecassis mas, muito provavelmente o débito do oxigénio disponível já se fazia sentir - com um pontapé de penalidade.
Num eterno defeito do rugby português - o jogo no chão faltoso - houve (mais) uma falta que permitiria a penalidade para o empate - resultado que garantiria a ida do Uruguai à final - mas os deuses usaram o poste para dar merecimento ao resultado final favorável à equipa de Portugal.
Durante esse período final a coesão da equipa mostrou-se mais evoluída e foi evidente a confiança demonstrada. Aoenas faltou, para tornar eficaz a posse da bola e as penetrações tentadas uma maior caoacidade de jogar "dentro-da-defesa" com libertação dos braços do portador e linhas de corrida convergentes do apoio para garantir a continuidade do movimento em situação de vantagem. Seja como for, a qualificação no topo do Grupo B ficou garantida - o importante no Desporto Rendimento - e a presença na final é uma realidade.
Realidade - é bom que o não esqueçamos - que, no mínimo, nos trará a responsabilidade da 14ª posição mundial da categoria. Realidade que devemos agradecer aos jogadores e ao seu corpo técnico comandado por Luís Pissarra coadjuvado por António Aguilar que conseguiram, com os seus métodos e conhecimentos, transformar uma muito difícil e desestruturada situação num colectivo vencedor. É a eles - a estes jogadores e técnicos - que se deve o notável percurso desta selecção de Sub-20.
Agora, na final, o Japão num jogo muito difícil quer pela pressão psicológica acrescida quer pela capacidade japonesa - nas mesmas três vitórias obteve 70% dos pontos de jogo e 16 ensaios marcados contra 51% e 6 ensaios de Portugal. Se for verdade que "as finais não se jogam, ganham-se!", marcar primeiro e comandar o marcador, obrigando o adversário a "correr atrás do prejuízo", pode ser o factor decisivo - principalmente numa categoria limitada pela idade - para definir o vencedor. Marquemos então primeiro.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

EM EQUIPA QUE GANHA...

No mundo do Desporto há um hábito de recorrer a frases que, pretendendo definir uma regra de utilização permanente com sólidas bases de conhecimento científico mesmo se empírico mas que, no fundo, não passam de crenças ou mitos sem qualquer validade. Uma delas que se ouve a cada momento - e que justificam certezas da bancada - é a de que "em equipa que ganha não se mexe!". Frase que, não tendo na devida conta formas de vitória diferentes, características adversárias distintas ou as diferentes capacidades dos jogadores, se mostra como uma muleta para quem não sabe para mais. Como se para uma mesma estratégia só houvesse uma única e exclusiva táctica...
O treinador da equipa de Portugal Sub20, Luis Pissarra, ignorou o mito e, à equipa vencedora do Uruguai - seja por razões de poupança física, por adaptação ao tipo de adversário ou para colmatar deficiências detectadas - alterou, mexendo, 5 posições. Ou seja, 1/3 da equipa - e venceu Hong-Kong por 31-24 com três ensaios, um deles de penalidade
Obviamente que estas mudanças - tratando-se da prova de que se trata e que pode abrir a única porta de acesso ao Championship da categoria - não foram feitas, estou certo, por uma daquelas razões habituais aos espaços escolares de que todos devem jogar. No Desporto de Rendimento a regra é simples: jogam aqueles que dão as melhores garantias para constituirem a equipa mais forte e mais adequada aos objectivos do jogo que vão disputar.
Pela falta de preparação adequada, Pissarra tinha uma vantagem (se é que pode haver vantagem numa má preparação...): a coesão necessária à boa eficácia colectiva estava no grupo de 26 e não no grupo restrito de 15 - o que permitiu um maior "à vontade" nas alterações. 
Mas o facto é este: não cumprindo o mítico preceito, Pissarra apresentou uma equipa diferente que foi capaz de se impor a um adversário também diferente. "Horses for courses" - a cada um a sua corrida - usam os britânicos para justificar alterações ou mudanças no colectivo adequadas às necessidades. 
Correu tudo pelo melhor? Nem por isso. Algumas sim, outras não.
Num jogo de grande domínio das suas fases fundamentais - as melhoras na formação-ordenada foram evidentes como o demonstrou a conquista de um ensaio-de-penalidade - os jogadores portugueses cometeram o erro de contar com a omoleta feita sem que os ovos estivessem partidos, tornando assim uma vitória que devia ser clara - 18-3 aos 47' - num periclitante final com 25-24 aos 66'. O que resulta dos maus hábitos da fraca competição interna. Por um lado porque o nível competitivo do principal campeonato é muito baixo e, portanto, de intensidade pouco exigente o que dificulta o hábito de imposição de um mesmo ritmo e da máxima exploração das dificuldades adversárias e, por outro, estamos desabituados - salvo um ou outro jogo que não faz regra - das tentativas de recuperação de um resultado aparentemente perdido. E, sabe-se, à medida que o cansaço aumenta, o hábito impõe-se. E os jogadores portugueses acomodaram-se... e acabaram por deixar passar ao lado um necessário 4º ensaio que equilibraria o ponto de bónus concedido ao Uruguai.
Houve momentos interessantes e de boa qualidade no jogo mas em defesa foram cometidos erros por falta de cometimento ou de articulação confiante com companheiros - subir rápido e adaptar (o princípio da scramble defense) é uma necessidade cada vez maior nos jogos internacionais, levando a responsabilidade do deslizamento para a defesa de cobertura - um dos ensaios de Hong-Kong resultou de uma desarticulação entre os dois primeiros defensores da linha: nenhum subiu e ambos sairam a deslizar e, com os ombros trocados, viram o adversário passar pelo interior...
Quanto à arbitragem e para além de algumas ignorâncias (o árbitro do 1º jogo com o Uruguai era muito fraquinho...) reparei que a colocação dos árbitros nas paragens de jogo está definida - porque vi diversas repetições - para verificarem o fora-de-jogo dos defensores. O que seria bom se não impedissem o passe na linha. Como aconteceu mais do que uma vez, nomeadamente a Portugal que teve que atrasar ou adiantar o tempo para garantir o ataque eficaz à linha de vantagem.
Na próxima 4ª feira o adversário será Fiji em jogo que exigirá muito combate, apoio mútuo, concentração e cabeça fria. Por aquilo que se viu - e se conhece da sua cultura - os fijianos opõem-se mal no maul e, defensivamente, desarticulam, com a pressa da subida de um ou outro, a linha defensiva. Dois campos a explorar porque temos jogadores para isso, quer no bloco de avançados quer no excelente trio de meio-campo. E temos também características que permitem um bom uso de bolas recuperadas, quer no meio do campo quer através do três-de-trás para o que basta a confiança necessária ao correr dos riscos que um jogo desta natureza exige.
Bom jogo e avancem para a final!

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