terça-feira, 30 de julho de 2019

MAIS NOTAS PARA O MUNDIAL

Os prognósticos para os jogos do Rugby Championship do passado fim‑de‑semana saíram completamente furados. O que é bom!
E é bom porque nos chama a atenção para o facto de se tratar de jogos desportivos onde os algoritmos baseados no passado de cada equipa não determinam os vencedores. Porque existem outros factores, como a coesão por exemplo, com peso importante na construção da eficácia. Ou seja — e desde que haja equilíbrio competitivo com pertença das duas equipas adversárias ao mesmo plano de capacidades — não há vencedores antecipados! O que só favorece o interesse pela competição. 
Aumentando também as expectativas: quem ganhará o Championship? AllBlacks ou África do Sul? Que hipóteses terão no Mundial?
O resultado mais surpreendente foi, num jogo muito interessante e que mostrou, como se verá, aspectos tácticos que dominarão o Mundial, o empate em Wellington com a África do Sul a marcar no último momento da partida. 
Apesar de novo resultado muito próximo, mas sempre derrota, a Argentina, mesmo com um nível mais elevado de coesão colectiva por ter disputado, como Jaguares, o Super XV, mostra ainda muitas deficiências para poder considerar-se como potencial candidata ao Mundial. E com muito trabalho ainda pela frente.
O jogo entre os AllBlacks e a África do Sul foi determinado por dois princípios estabelecidos por Graham Henry, treinador e campeão mundial em 2011, e que definem que “o rugby é isto: ganhar a corrida pela linha de vantagem” e que “a posse da bola deve valer um ensaio”.
O primeiro aspecto foi demonstrado pela velocidade de subida da defesa sul-africana que criou uma enorme pressão sobre os atacantes neozelandeses que, por isso, cometeram — na preocupação de cumprimento do segundo princípio — diversos erros de manuseamento ao não conseguirem, por falha na adaptação ao tempo adequado de apoio, manter a continuidade do movimento. Muitas vezes por falharem um outro princípio do mesmo autor:”É melhor chegar atrasado do que adiantado. No primeiro caso ainda se pode ser útil, no segundo não!”
Houve portanto falta de eficácia neozelandesa demonstrável quer no baixo sucesso, 67%, dos pontapés aos postes, quer no facto de, tendo 57% de posse de bola — na 2ª parte, com evidente melhoria, teve 67% — não ter conseguido mais do que 51 ultrapassagens da linha de vantagem. O que é curto, representando apenas e sem contar com as bolas provenientes de pontapés recebidos, 38% de eficácia nas bolas utilizáveis e que apenas se traduziu pela marcação de 1 ensaio.
Vimos portanto uma permanente preocupação de atingir a linha-de-vantagem — com vantagem para a defesa sul-africana — uma também permanente preocupação de encadear o movimento principalmente por parte dos AllBlacks mas ainda incapazes da correcta adaptação ao tempo e espaço reduzidos pela necessidade de jogar na cara da defesa e ainda, como ferramenta táctica importante, o recurso ao pontapé longo.
Este recurso, obrigatório para colocar o três-de-trás adversário longe da sua linha de três-quartos e assim garantir possibilidades de criação de superioridades numéricas atacantes, tem ainda a vantagem de dificultar tremendamente o contra-ataque porque o tempo de voo da bola dá margem suficiente para uma boa transformação do ataque em defesa, obrigando, muitas vezes, o adversário a se limitar a entregar a bola pelo jogo-ao-pé, perdendo assim o menor terreno possível. 
Em termos defensivos ambas as equipas se mostraram muito capazes e bem organizadas e com preferência pelo recurso — obrigatório pela superioridade numérica atacante a que o recuo do três-de-trás obriga — á scramble* defense — defesa adaptativa em movimento — que tem por objectivo cortar linhas de passe e encaminhar o portador para as mãos de um defensor — muitas vezes o formação que tem a obrigação, semelhante à do sweeper nos Sevens, de fazer uma cobertura deslizante da sua linha de defesa. A afinação deste processo, diversas vezes em perseguição e dependendo muito da disponibilidade mental dos jogadores e da resiliência da sua atitude, exige uma constante adaptação aos movimentos do portador da bola e do seu apoio e irá obrigar, também aos atacantes, a adaptações permanentes e diversas quer no jogo entre-linhas, quer mesmo no jogo depois da defesa. O que coloca na articulação e adaptação colectivas a chave destes momentos que serão decisivos nos jogos entre equipas equilibradas. E no Mundial vamos ver muitos destes movimentos... que se basearão num princípio estratégico aplicável: a necessidade de adaptação a condições em mudança no terreno.
No outro jogo, os australianos mostraram querer voltar ao seu velho sistema de ataque com os três-quartos “em linha”. Situação que lhes vai ainda exigir bastante trabalho uma vez que os tipos actuais de defesa obrigam a diferentes adaptações deste sistema para garantir a sua eficácia. Embora ainda algo distantes da melhor eficácia, a proposta viu-se...
O que parece ressaltar destes jogos é que, sabendo-se que a defesa segura resultados, será preciso marcar para garantir vitórias. Daí que seja necessário que as equipas sejam capazes de adaptar o seu ataque às formas defensivas altamente pressionantes que encontrarão nos seus adversários — adaptação, que não sendo fácil, dará aos espectadores maiores motivos de interesse.
* Scramble — palavra-ordem da aviação britânica na II Grande Guerra para colocar com a máxima rapidez os aviões no ar, organizando as esquadrilhas já em voo, e assim evitar a destruição dos bombardeamentos alemães

sexta-feira, 26 de julho de 2019

2.ª JORNADA NO RUGBY CHAMPIONSHIP


Na segunda jornada deste “meio” Rugby Championship — só tem metade das habituais jornadas devido à proximidade do Mundial — o favoritismo, quer do “XVcontraXV” quer do “RugbyVision”, vai para as equipas que jogam em casa. De acordo com o RugbyVision as probabilidades de vitória dos AllBlacks  situam-se nos 90,8% e a dos australianos nos 79%.

A importância que é dada pelos responsáveis ao primeiro jogo — Nova Zelândia/África do Sul — mostra-se quer no facto de os jogadores sul-africanos se terem, o que não é habitual, deslocado no início da semana para as necessárias adaptações climáticas e horárias, quer no facto de haver alterações na constituição das equipas — 13 diferentes jogadores em relação ao jogo do último fim‑de‑semana para os africanos e regresso dos jogadores “Crusaders”, com a novidade de Beauden Barrett jogar a defesa com a entrada do abertura Richie Mo’unga, à equipa dos AllBlacks. E percebe-se a razão das preocupações uma vez que o resultado final vai deixar marcas em ambas as equipas que têm o objectivo de conquistar o próximo Mundial.

No jogo da Austrália existe a exigência dos adeptos de uma vitória sem margem para dúvidas sobre os argentinos que têm a vantagem dos hábitos competitivos dos Jaguares.

terça-feira, 23 de julho de 2019

NUM TEM-TE-NÃO-CAIAS TALVEZ HONGKONG

Classificando-se em 4º lugar na etapa de Moscovo e vencendo a segunda etapa de Lodz, a Alemanha é — pasme-se! — a nova campeã europeia de Sevens.


Nas suas duas participações no Sevens Grand Prix a selecção portuguesa, com dois sétimos lugares não foi propriamente brilhante. Fazendo jogos aceitáveis,  quedou-se no total de 12 jogos por 4 vitórias e 8 derrotas com uma Quota de Pontos Marcados de 43%. Melhor fez, com um 4º lugar no Olimpic Qualifier.

Com quatro objectivos para a época que agora terminou,
- Classificação até ao 12º lugar no Torneio de Hong Kong da Sevens World Series;
- Classificação até ao 9º lugar no Torneio de Moscovo do Rugby Europe Sevens Grand Prix para participar no Men Sevens Olimpic Qualifier;
- Classificação nos três primeiros lugares do  Men Sevens Olimpic Qualifier para apuramento para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 (1º lugar) ou para apuramento da Repescagem Olímpica (2º e 3º lugares);
- Classificação nos três primeiros lugares, depois de retiradas as equipas “residentes” do Sevens World Series, no Rugby Europe Sevens Grand Prix para acesso ao Qualifier de Hong Kong com o objectivo de acesso ao Sevens World Series,
a selecção portuguesa de Sevens conseguiu atingir dois — o segundo e o quarto.

Vale-nos assim a classificação — se se mantiver o número de três equipas europeias — para o Qualifier de Hong Kong, única forma de atingir o World Series Sevens que, se assim for,  deve ser o grande objectivo da variante para a próxima época.


segunda-feira, 22 de julho de 2019

O PONTO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO

O sabor amargo de um ponto de diferença marca o nosso final da noite de domingo. Durante boa parte do jogo a esperança de vitória final esteve connosco mas falhou-nos a prova decisiva da força directa.

Podíamos ter ganho? Podíamos!

Mas neste nível o desperdício, por menor que seja, pode fazer a diferença final. Porque neste nível os pormenores contam: nas formações-ordenadas, nos pontapés aos postes, nos passes desacertados, na espera pela bola no conforto da recepção parada, no atraso de um apoio convergente, na demora da recirculação da bola dando o tempo de reorganização ao adversário. Ou também na continuidade da sequência preparada sem a preocupação de adaptação ao que havia na frente. Tudo isto impediu Portugal de expressar as suas maiores capacidades no jogo de movimento, marcando os pontos que permitiriam a vitória. Mas, atenção! Esta equipa é formada por jogadores com menos de 20 anos e que se encontram ainda numa fase competitiva, embora avançada, de formação. E, para mais, têm hábitos dos campeonatos internos de muito baixa intensidade e onde, por não existirem estatísticas capazes, as equipas não sabem bem o grau de exigência a que se obrigam em comparação com a exigência que deveriam atingir. Tudo isto, em alturas decisivas do Alto Rendimento, tem peso e provoca erros e incapacidades de leitura e interpretação. Pior! no jogo mais colectivo que se conhece, o peso da organização e coesão da equipa perde-se quando as exigências ultrapassam os hábitos.

Mas não se devem recriminar os jogadores que fizeram, viu-se!, o melhor que podiam e sabiam. Tiveram falhas, tiveram. Cometeram erros, cometeram. Mas ultrapassaram as expectativas que lhes podiam ser colocadas. Jogaram o que puderam, procuraram a vitória até ao minuto final e mostraram uma atitude de grande dignidade. Podem, num direito que lhes pertence, manter a cabeça levantada e uma boa memória do campeonato conseguido.

Em dois ou três pontos tácticos e técnicos os japoneses mostraram-se superiores: no jogo no chão e no controlo da bola, na demonstração de uma maior capacidade técnica do seu cinco-da-frente que, assim e logo desde o impacto, garantia uma boa vantagem na conquista da bola e de terreno a que juntavam a acção unida dos seus oito elementos cuja preocupação, ao contrário dos jogadores portugueses, era sempre comum. Aliás as dificuldades sentidas nas formações-ordenadas pela equipa portuguesa foram uma permanente dor de cabeça a que se juntaram demasiadas faltas. Outro ponto dos japoneses que lhes garantiu a vantagem foi a capacidade de organização de mauls-dinâmicos com as consequências que se viram.

Mas a selecção portuguesa dos Sub-20, esteve quase lá.

Aparentemente o jogo fugiu-nos em cima do final e assim é mais doloroso, porque a culpa parece evidente. Mas não há qualquer culpa e houve competência japonesa que não desistiu de procurar a vitória usando e insistindo nos seus pontos fortes. O que significa coesão e confiança.

Enfim, um ponto de diferença que faz a tristeza do nosso agradecimento. Porque esta equipa portuguesa, pesem os erros de aflições, merece o nosso agradecimento pelo tipo de jogo que nos mostrou. E até pela clara demonstração que nos deixa sobre a distância a que se encontam os aspectos técnicos, tácticos e estratégicos do jogo a que nos habituamos internamente e que devem obrigar a pensar nos processos de como desenvolver a construção da qualidade do jogo português. Bem lido este jogo pode ser precioso na necessária aproximação ao mundo internacional que nos permite e de que necessitamos. Os exemplos estão lá, basta querer lê-los.

sábado, 20 de julho de 2019

VITÓRIAS DOS FAVORITOS

Embora com valores muito diferentes dos prognósticos, venceram os favoritos: África do Sul e Nova Zelândia. E se a África do Sul se acabou por impôr sem margem para dúvidas, a “experimental” equipa neozelandesa teve que se opor à equipa argentina que, pela sua participação no Super Rugby enquanto Jaguares, mostrou-se já, ao criar dificuldades prometedoras aos seus adversários, suficientemente coesa para poder fazer figura no Mundial do Japão — a França que se cuide...

A verticalidade do jogo, a preocupação de atingir a linha de vantagem tão rápido quanto possível, a conquista de território pelo jogo-ao-pé e a adaptação defensiva em movimento e entre linhas - a “scramble defense” — parecem ser, para já, marcas do que iremos ver no Mundial. Mas os All-Blacks, embora com muitos jogadores menos experientes, mostraram, apesar de faltar ainda o acerto do hábito colectivo, as capacidades técnicas e tácticas que os caracterizam e que os colocam sempre num patamar superior, fazendo deles permanentes favoritos das competições que disputam.

APERITIVO DO MUNDIAL

 Há tempos e à pergunta de “como será jogado o Mundial? Que novas tácticas surgirão?”, a resposta  do especialista (de que não recordo o nome) foi simples:”vejam o Rugby Championship que logo perceberão.”.

Começando amanhã esta edição do Rugby Championship tem, para além da sua normal qualidade do jogo, este aliciante de um pré-mundial. África do Sul, Austrália, Argentina e Nova Zelândia são as equipas que, no Mundial do Japão, se oporão às equipas do Norte que, desta vez, se apresentam, pela posição no ranking da World Rugby, como adversárias de respeito. Mas se a Argentina, com a participação no Super Rugby com os Jaguares, já se apresenta com uma maior capacidade colectiva, as restantes equipas sulistas têm também a possibilidade de fazer uma preparação para o Mundial muito competitiva, experimentando jogadores, testando opções ou desenvolvendo sinergias colectivas.

Os favoritos desta 1ª jornada, de acordo com as posições das equipas nos rankings da World Rugby (oficial) e da Rugby Vision da autoria do neozelandês Niven Winchester, economista do MIT, são a África do Sul que de acordo com os prognósticos vencerá (a Rugby Vision atribui-lhe uma possibilidade de vitória de 72,6%) por uma diferença entre 8 a 10 pontos de jogo e a Nova Zelândia (a Rugby Vision atribui-lhe uma possibilidade de vitória de 90,8%) vencerá por uma diferença entre 20 a 25 pontos de jogo de diferença

De certo, com transmissão na Sport Tv, um bom aperitivo...

sexta-feira, 19 de julho de 2019

EM LODZ A OLHAR HONG KONG

Nesta 2.ª etapa do Rugby Europe Sevens Grand Prix a disputar em Lodz, na Polónia, estão em causa, somando as pontuações dos dois torneios, diversas qualificações para além do título de Campeão da Europa: os dois ou três primeiros classificados finais (ainda não está definido o número final que será definido em Agosto) para além das cinco equipas que disputam o Sevens World Series, terão acesso ao Qualifier para o Mundial de Sevens; os três primeiros qualificados finais, retirando as cinco equipas que disputam o SWS, terão acesso à Qualificação de Hong Kong onde o primeiro classificado entrará para o grupo dos “residentes” do SWS; o primeiro classificado final, retirando as cinco equipas que disputam o SWS, será convidado a disputar os torneio de Paris e Londres. Enfim, muitos interesses em jogo a dominarem as expectativas...

A selecção portuguesa tem como adversários, este sábado e no Grupo A, a Espanha (10:00), a França (12:45) e a Roménia (15:52).

A tarefa que se coloca à equipa portuguesa não é fácil. Principalmente na procura do 1º lugar dos não “residentes” para o qual a diferença de 6 pontos para a Alemanha a nada ajuda. Mas a classificação para o acesso ao Qualifier de Hong Kong — que deve ser o objectivo principal desta prestação competitiva — é perfeitamente possível.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

NA FINAL DO U20 TROPHY 2019

Na FINAL!
(Foto World Rugby)
Pela segunda vez consecutiva — e contra o mesmo Japão — os U20 portugueses jogam, no próximo domingo pelas 23:00 horas locais, a final do World Rugby U20 Trophy 2019.

O percurso tem sido notável com vitórias, assentes num total de 20 ensaios, sobre Hong Kong (59-27 com 8 ensaios), Canadá (49-21 com 6 ensaios) e Tonga (40-3 com 6 ensaios). A importância destas vitórias, embora sendo um Mundial B, está no facto de se tratarem de equipas representativas de países que se encontram classificados nos 25 primeiros lugares do ranking da World Rugby —  Tonga em 13º, Canadá em 21º, Hong Kong em 24º e Portugal em 22º. O que tem significado evidente.

Cumprindo o conceito de Graham Henry (que, segundo Juan Inhoff, revolucionou a percepção do rugby argentino) de que “a posse da bola deve valer um ensaio”, a maior qualidade da selecção portuguesa esteve na sua capacidade de marcar ensaios com os jogadores a serem capazes de medir e correr riscos sem perder a coesão da equipa, esse factor essencial do sucesso colectivo. Verdadeiramente e como se impõe no Desporto, um grupo transformado num TEAM (Together, Everyone Achieves More).

A verticalização do seu jogo, mesmo quando recorria ao jogo de passes para ataque envolvente através da segunda linha de ataque, foi uma constante que, impedindo o deslizamento, abriu “buracos” na defesa tonguense que se mostraram como importantes factores de desequilíbrios defensivos. A esta capacidade de integrar a ideia de que a eficácia do jogo de passes se produz quando se joga próximo da linha defensiva, juntaram os jogadores uma importante noção de convergência, proporcionando o apoio que garante a continuidade do movimento. E essa noção da continuidade do movimento foi bem clara na preocupação dos jogadores em manterem a bola jogável — bola viva — antes de chegarem ao chão. E que bonitos que foram alguns passes-em-carga (off-loads) feitos com gestos típicos do andebol.

A selecção portuguesa de U20, num jogo fluído e tão eficaz que faz esquecer algumas desconcentrações que custarão caro contra equipas mais coesas, já cumpriu um notável papel: demonstrar à comunidade rugbística portuguesa —  jogadores e treinadores incluídos — que há um jogo ganhador adaptável ao perfil dos rugbistas portugueses. O que nos obriga a uma cuidadosa análise do processo seguido pelo Luís Pissarra e sua equipa técnica.

Esperemos até domingo com a esperança que — sem as irregularidades de 2017 — Portugal possa sair vencedor. Nos três jogos realizados, ambas as equipas conseguiram um 100% de vitórias com pontos de bónus, realizando a totalidade de pontos com 68% dos pontos somados por ensaios marcados para Portugal (6 ensaios para um total 51pontos sofridos) e 73% para o Japão (13 ensaios para um total de 89 pontos sofridos), conseguindo uma Quota de Pontos Marcados na totalidade dos pontos marcados e sofridos de, respectivamente, 74% e 63%. O que quererá dizer que não se podendo contar com facilidades, a vitória é possível. E vive na nossa esperança. Porque a equipa sabe como marcar ensaios e também como defender numa permanente abnegação colectiva. Que a sorte vos sorria portugueses U20.

[Com esta muito boa prestação competitiva, devíamos começar a enviar mensagens para a equipa portuguesa, mostrando aos seus jogadores que, apesar de longe, estão próximos no nosso coração. E que não estão sozinhos na crença de que a vitória é possível.]

terça-feira, 16 de julho de 2019

GRÃ-BRETANHA GARANTE LUGAR NOS JOGOS OLÍMPICOS

A Grã-Betanha, medalha de prata nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, será, pela vitória da Inglaterra no Torneio Europeu de Qualificação Olímpica, o representante da Europa nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020. A França e a Irlanda foram as equipas apuradas para a prova de repescagem que se disputará em Junho do próximo ano. Tudo normal, portanto.

Tudo normal excepto a violação dos princípios desportivos cometida pela Rugby Europe nas regras que definiu para acesso ao Torneio de Qualificação Olímpica de sua responsabilidade. O Desporto de Rendimento, com as suas dimensões de resultado e superação sempre presentes, exige o máximo de equilíbrio possível entre os competidores. Por isso existem as diversas categorias com o objectivo de garantir que as equipas presentes em cada uma das competições estão, do ponto de vista de capacidades competitivas, tão próximas quanto possível umas das outras. Proporcionando assim competições sem vencedores antecipados ou derrotados permanentes. Havendo sempre a possibilidade de troca entre a pior equipa da divisão superior e a melhor da divisão imediatamente inferior.
Tabela final da classificação da Qualificação Olímpica europeia
Mas aderindo ao populismo da moda e, repete-se, violando os princípios elementares que definem o Deporto de Rendimento, a Rugby Europe decidiu que só se apurariam nove equipas das doze que constituem a sua I Divisão (Rugby Europe Sevens Grand Prix), juntando duas equipas — Lituânia e Ucrânia —  da II Divisão (Rugby Europe Sevens Trophy) e uma terceira — Hungria — da III Divisão (Rugby Europe Sevens Conference). Ou seja: qualificaram-se equipas sem o valor desportivo de outras que ficaram de fora como a Polónia e a Roménia, estabelecendo-se um óbvio desequilíbrio — a Lituânia marcou 9 ensaios (metade do conseguido pela Rússia que se qualificou em 9º lugar), a Ucrânia marcou 7 e a Hungria 3... O que faz logo do sorteio uma situação de desigualdade!

A selecção de Portugal, apesar do fraco primeiro dia, tirou o melhor partido destes desequilíbrios e, vencendo por 47-0 a Hungria, conseguiu, apesar das duas derrotas contra a Itália (!) e a França, classificar-se como melhor 3º lugar e apurar-se para os quartos-de-final da Cup. Aí, num belo jogo, conseguiu, ao vencer a Espanha — que fez um World Series de boa qualidade — atingir a meia-final e garantir, no mínimo, a disputa do 3º/4º lugar para apuramento para a Repescagem Olímpica.


Com um jogo mais verticalizado do que habitualmente mas continuando a circular a bola muito longe da linha de vantagem — o que permite um fácil “deslizar” defensivo com a consequente eliminação da superioridade numérica anteriormente conseguida — o sevens português, com o seu 4º lugar na classificação final, mostra-se preparado para conseguir a qualificação necessária na próxima etapa do europeu Grand Prix Series 
— embora tendo que, imperativamente, ultrapassar os 6 pontos de diferença de classificação para a Alemanha — para ser convidado para os Sevens de Londres e Paris da próxima época. E se assim for, classificando-se simultaneamente para Hong Kong, o primeiro objectivo de encontrar condições para retornar ao World Series ficará atingido

sábado, 6 de julho de 2019

J.A.G.U.A.R - UM CAMINHO PARA A INTEGRAÇÃO


O Desporto — na área designada de Rendimento onde a superação e o resultado são os indicadores de desempenho — é, pelos princípios e valores que o definem, um espaço de excelência do mérito. Porque, ao procurar objectivamente o melhor resultado, o Desporto Rendimento ignora as diferenças sociais, culturais, étnicas ou religiosas para se centrar nas capacidades e talento adequados a cada modalidade, tornando-se, assim, num espaço de inclusão e integração. Sendo este um dos valores sociais do Desporto, a sua aplicação fica, muitas vezes, reduzida ao curto espaço da envolvente próxima dos clubes, não conseguindo assim potencializar todas as vantagens sociais e desportivas da abertura de portas ao mérito.

A Escolinha de Rugby da Galiza da Santa Casa da Misericórdia de Cascais e que nasceu em 2006, tem por Missão, sempre pela mão atenta e tenacidade da sua alma mater, Maria Gaivão, incentivar a prática do Rugby junto das crianças e dos jovens que vivem no Bairro da Galiza. Mas resolveu ir mais longe e alargar as suas fronteiras, proporcionando uma maior integração social aos seus rugbistas.

E se melhor o pensou, melhor o fez ao estabelecer uma parceria com a equipa de rugby do St. Julians School (St. Julians Rugby Club), colégio onde estudam alunos vindos de diversas e diferentes áreas da região de Lisboa. Esta parceria desportiva entre os dois clubes e que adoptou o nome de Jaguar — Julian’s And Galiza’s United At Rugby — proporciona uma verdadeira integração ao relacionar, através de uma base de gosto comum e num ambiente competitivo, jogadores oriundos de bases sociais muito diferentes.

Os resultados são suficientemente interessantes para motivarem o interesse da Rugby World que, através do vídeo que reproduzimos, o dá a conhecer ao Mundo como exemplo do objectivo procurado de proporcionar o Rugby a todos. Proporcionando, simultaneamente, a inclusão que o mérito desportivo permite.

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