sábado, 31 de dezembro de 2016

BOM ANO, BOM RUGBY


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

BOM NATAL


sábado, 17 de dezembro de 2016

QUEM VAI GANHAR?

As duas melhores equipas portuguesas desde que começou a designação de Divisão de Honra (2005/2006), CDUL (2 títulos) e GD Direito (6 títulos) defrontam-se hoje, com alguma expectativa, na 9ª Jornada do campeonato desta época. Quem vai ganhar?
Se houvesse estatísticas  - como acontece por exemplo na vizinha Espanha - do que acontece no campeonato e pelo qual se pudesse analisar a capacidade das equipas e dos jogadores de uma forma mais objectiva e alargada, seria interessante prever as hipóteses de um resultado final. Assim, com apenas recurso à tabela classificativa e aos poucos dados que lá se encontram, não será possível grande coisa mas…
O CDUL joga em casa. O que é uma vantagem mas à qual não é possível atribuir uma valia em pontos principalmente porque o desequilíbrio entre equipas que disputam o campeonato é grande e haveria distorção dos resultados finais a obter. Por outro lado, tratando-se de clubes da mesma cidade mas de uma modalidade que, por não arrastar multidões, não estabelece rivalidades que, para além da pressão que o equilíbrio entre adversários possa criar dentro do campo de jogo, façam pesar enormemente o factor casa. Mas sempre é casa e haverá um maior à-vontade dos cdulistas - o que pode valer em seu favor.
% quota de pontos: relação dos pontos marcados 
sobre o somatório de pontos marcados e sofridos 
de uma mesma equipa

Qualquer das duas equipas já defrontou três adversários pertencentes ao núcleo mais forte do campeonato, tendo o GD Direito marcado 89 pontos de jogo com uma quota parcial de 72% da relação de pontos com esses três adversários e o CDUL apresenta, para a mesma qualidade de adversários, uma quota parcial de 61% correspondentes a 69 pontos de jogo. Aliás o GD Direito conta todos os seus jogos por vitórias garantindo assim uma vantagem de 14% sobre o CDUL que já tem uma derrota, embora fora, contra o GDS Cascais. Por outro lado o GD Direito apresenta-se como o melhor marcador de ensaios com uma média ligeiramente superior a 9 por cada jogo - 12 ensaios contra os adversários principais - enquanto que o CDUL apenas marcou 25 - 6 ensaios pra a mesma categoria de adversários -  para uma média de 3,6 ensaios por jogo. No aspecto defensivo, ambos os clubes têm praticamente os mesmos pontos sofridos - 62 e 61 - com uma média de 9 pontos e 1 ensaio sofridos em média por jogo, representam as duas melhores defesas de todo o campeonato. Na oposição aos adversários principais sofreram os mesmos 4 ensaios mostrando capacidades idênticas.
Por outro lado a maior quota da percentagem de pontos marcados sobre a totalidade de pontos marcados e sofridos pertence ao GD Direito - 423 pontos totais - com 87% contra 77% do CDUL  - 200 pontos totais - que, sendo uma vantagem equivalente ao número de vitórias pelos jogos efectuados, mostra também que a vantagem pontual do GD Direito foi, para cada jogo, sempre superior à do CDUL.
Visto apenas assim, o favoritismo cai, naturalmente, para o GD Direito até porque tem uma média de 65 pontos e 10 ensaios marcados fora contra uma média do CDUL de 33 pontos e 5 ensaios marcados em casa.
No entanto o plano do confronto pode e deve colocar-se noutro campo: da capacidade técnica e coesão de cada equipa. De um ponto de vista da coesão - o factor mais importante da eficácia de uma equipa - e embora nada se saiba da constituição das equipas para a definir - não há o bom hábito de comunicação antecipada (o CDUL publicou no seu site os 23 convocados mas apenas por ordem alfabética) da constituição das equipas - não parece que qualquer das equipas - porque ambas têm novos treinadores com as implicações de uma necessária adaptação a novos métodos e conceitos - esteja com um nível elevado de coesão mesmo que se possa presumir que qualquer delas irá jogar com jogadores que têm tempo competitivo conjunto. E do que se tem visto, a coesão colectiva não sendo alta, terá naturais reflexos - a defesa depende muito da coesão do colectivo - na capacidade defensiva de cada uma das equipas.
Sendo assim o jogo tenderá a decidir-se, porque nenhuma equipa se deverá impor decididamente à outra, pela capacidade técnica que ditará as leis da tendência do jogo. E aí as duas charneiras de médios terão, quer em ataque, quer em defesa, a sua palavra a dizer: a mais capaz, a mais eficaz, aquela que tacticamente for mais inteligente e que melhor saiba colocar a sua equipa a explorar as deficiências adversárias, nomeadamente lançando a pressão defensiva, levará a sua equipa à vitória. E a estratégia do jogo ao pé terá um peso elevado no seu resultado final.
Se houvesse estatísticas acessíveis das equipas e dos jogadores, seria possível fazer o “lançamento do jogo” - como agora se diz - de uma forma mais elaborada, mais articulada e mais interessante e seria possível que a comunicação social desportiva desse a este jogo a importância que ele tem para a modalidade, chamando a atenção de outro público que não o habitual apoiante de ambos os clubes. Assim… ver-se-á o que dará, lembrando sempre a máxima de sabedoria de João Pinto: prognósticos só no fim.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

UM FOSSO CADA VEZ MAIOR?

É possível medir o grau de competitividade de um campeonato de uma forma objectiva e comparável com outros campeonatos da mesma modalidade. 
Partindo do princípio que um campeonato altamente competitivo e de equilíbrio dominante terminaria como teria começado - todos os clubes com o mesmo número de pontos - e que um campeonato não competitivo teria um vencedor com o máximo número de pontos e um último classificado com nenhum ponto e com os restantes clubes com pontuação equitativamente distribuída entre uma e outra, é possível estabelecer um algoritmo - cujo autor prático é Vasco Coucello - que permite a atribuição de um valor que estabelece o nível da competição em causa. Valor esse que, quando comparado com outros analisados pelo mesmo método, nos permite também determinar o grau qualitativo da amostra em causa. Os valores atribuídos aos campeonatos significam, de acordo com as experiências contabilizadas, tão mais competitividade quanto mais se aproximem ou mesmo ultrapassem o valor 50.  
Para a análise do nível competitivo do Rugby português foi aplicado o algoritmo às pontuações - retirados os pontos de bónus - dos campeonatos da Divisão de Honra desde a época de 2005/2006 até à época passada recente. O resultado desta última época, como se pode ver no gráfico presente, foi comparado com os campeonatos de Espanha, França, Inglaterra e o popularmente designado como campeonato "celta" (PRO12).

Como se vê, o que se percepciona do baixo grau de competitividade da Divisão de Honra traduz-se numericamente na realidade. O campeonato é, competitivamente, muito fraco! Com um problema pior: tem vindo a baixar o seu nível, baixando praticamente para metade do índice desde 2012/13 até hoje - o que representa a natural consequência do baixo nível competitivo que, qual pescadinha-de-rabo-na-boca, tenderá a manter a embalagem negativa de degradação competitiva se nada for feito no sentido de o evitar.
Repare-se na diferença - de 12,4 para 36,5 - entre o principal campeonato português e o principal campeonato espanhol na última época. Campeonato português que, na sua melhor expressão de 2006/2007 (época antes do Campeonato do Mundo) e com o índice de 33,9, não consegue atingir o actual valor do índice espanhol... Ou seja: pela continuação deste andar o Rugby português verá aumentar o fosso para os seus adversários próximos. perdendo competitividade internacional e aumentando assim as dificuldades de acesso às principais provas internacionais, caindo no esquecimento internacional da Rugby Europe até à Rugby World.
Como curiosidade desta análise, para além da visível "enorme dificuldade de recuperar do esforço Mundial", pode verificar-se ser o TOP14 que apresenta o melhor índice competitivo dos campeonatos europeus analisados e comparados. O que, aliás, se mostra concordante com o facto da Rugby Vision, na sua análise do campeonato francês, atribuir uma vantagem de 8 pontos de jogo (a mundialmente mais elevada) ao factor casa - o que é, naturalmente, significado do equilíbrio competitivo que os números demonstram. Aos campeonatos das Ilhas Britânicas é apenas, pela mesma Rugby Vision, atribuída uma vantagem caseira de 5 pontos.
Sabendo-se da importância do grau de competitividade dos campeonatos para preparar e habituar os jogadores para os níveis mais elevados da competição internacional - objectivo principal da competição interna - como intensidade, ritmo, diminuição de espaços, precisão gestual ou leitura e tomada de decisão mais rápidas, dificilmente se deixará de relacionar estes valores com a queda de divisão que aconteceu ao rugby português - e a saída do Sevens World Series também não será alheia a esta falta de competitividade.
E o futuro - olhando para outro gráfico que se apresenta e que reflecte a situação da actual Divisão de Honra ao cabo de 7 jornadas - não parece mostrar-se capaz de inverter a tendência de melhoria do indíce de competitividade. Repare-se no número negativo apresentado pelos quatro últimos classificados em termos de diferença de pontos de jogo marcados e sofridos. Ou na incapacidade de conseguir pontos de bónus defensivos. Ou, ainda, o baixo número de ensaios marcados pelos 4 últimos classificados - média menor que 1 por jogo disputado. Deficiências que demonstram quer o baixo índice de habilidades técnicas quer da coesão colectiva de cada equipa.
(como nota à margem note-se o baixíssimo número de ensaios marcados pelo CDUL -16!- clube que forneceu o maior número de jogadores para os jogos internacionais da janela de Novembro)
Os dados existem e as preocupações também. A solução para garantir um índice de competitividade da principal prova interna também parece óbvia: diminuir o número de equipas que o disputam. Possibilitando duas maiores valias em simultâneo: uma melhor adaptação de jogadores às exigências do rendimento desportivo pelo óbvio aumento competitivo e, outra, possibilitando - pelo novo equilíbrio encontrado - um campeonato secundário também mais competitivo por um lado e, por outro, com maior capacidade de desenvolvimento técnico-táctico.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

OBJECTIVIDADE: JOGAR BEM AS OPORTUNIDADES

Excelente jogo este no irlandês Kingspan Stadium de Belfast entre o Ulster - uma das regiões do rugby irlandês - e o Clermont - uma das melhores equipas francesas - na 3ª jornada da Taça dos Campeões Europeus em Rugby. Com nove ensaios o jogo foi sempre espectacular e a vitória - que podia ter sido para qualquer uma das equipas - esteve em dúvida até ao final.

Curioso é verificar que o Ulster, ganhando com 5 ensaios, tem nos outros elementos estatísticos resultados inferiores, desde a possa da bola, passando pelas ultrapassagens de defensores ou Linha de Vantagem, até ao número de metros de transporte de bola. Ou seja: o Clermont perde o jogo mas domina em praticamente todos os aspectos. Porque perde então?
A razão principal é a de sempre: o mais importante para conseguir traduzir a posse da bola em pontos  é a eficácia da sua utilização e não o domínio da sua posse. Isto é, é a capacidade de aproveitamento das oportunidades que importa. O que implica a mesma capacidade de compreensão do que são os movimentos defensivos alargada ao maior número possível de jogadores da equipa - e essencialmente aos que constituem o losango de ataque.
E onde é que os franceses desperdiçaram o seu maior domínio? Pelo que vi, penso que dois aspectos foram dominantes na incapacidade de traduzir o domínio em pontos: um, as linhas de corrida demasiado abertas das suas linhas atrasadas - hoje, ao contrário daquilo que foi uma escola em França, os três-quartos franceses mostram grandes dificuldades em "entrar no passe" - permitindo a acção efectiva da defesa deslizante; dois, a incapacidade de jogo de passe dos avançados dentro da defesa adversário, preferindo a permanente colisão e deixando que a defesa irlandesa - e a defesa irlandesa é, por norma, de uma grande solidariedade e generosidade colectiva - os levasse ao chão e parasse o movimento ou mesmo garantisse mauls para ganhar a introdução da formação ordenada.
O Rugby Vision, o site de Niven Winchester de que já aqui dei nota, prognosticou uma vitória do Ulster com 61,1% de hipóteses e por 4 pontos, falhando apenas por 3 pontos. Para a 4ª jornada, sendo o jogo em França, o Rugby Vision prognostica a vitória do Clermont com 66,2% de hipóteses e por 6 pontos. 


domingo, 4 de dezembro de 2016

TREZE VITÓRIAS DE ENFIADA



A Inglaterra venceu como se previa e na sua 13ª vitória consecutiva e venceu, apesar dos excelentes 20 minutos iniciais dos australianos, de forma convincente, conseguindo uma margem de 16 pontos de diferença. Com 4 ensaios contra 2 dos australianos a Inglaterra teve menos tempo posse de bola -  49% contra 51% - contribuindo também para a evidência de que, muito mais importante do que a posse é a eficácia da sua utilização. O que atira com o enlevo do elevado número de fases para a qualidade das defesas e para a ineficácia ofensiva. Como aliás parecem demonstrar as estatísticas quer de um muito próximo número de rupturas das linhas defensivas - 10 para ingleses e 9 para os australianos - quer também a vantagem de metros percorridos no transporte de bola - 436 contra 427. Mas, aparentemente, o número de fases das sequências australianas terá sido maior... O que poderá demonstrar o principal erro táctico australianos: demasiado agarrados ao conceito da circulação da bola - e foram algumas vezes brilhantes a que faltou a sorte do sincronismo final - não recorreram ao jogo-ao-pé para desequilibrar a defesa inglesa. Que, assim, foi ganhando cada vez maior confiança para acabar a dominar todos os aspectos do jogo incluindo uma boa resistência às tentativas australianas como mostra a diferença nas penalidades concedidas - 7 para os ingleses contra 10 realizadas pelos australianos. 
Terminada a janela de Novembro e com a ida para férias dos jogadores do hemisfério sul, fica-nos aqui no Norte e para além dos jogos entre clubes das taças europeias, a atenção às preparações - que jogadores? como construirão a coesão de cada equipa? que hipóteses terão? - para o 6 Nações que começará no início de Fevereiro próximo e onde a Inglaterra e a Irlanda se apresentam como primeiros candidatos num Torneio que promete - o Norte está a modificar a forma de jogar... Como curiosidades maiores também estará o nível de domínio da Geórgia - a mais do que nunca pretendente a um lugar no torneio maior - no European Championship e, claro está, o comportamento de Portugal no European Trophy.

Pró memoria no quarto ensaio inglês: no 4º ensaio inglês realizado através de uma intercepção de Jonathan Joseph o mais fácil é atribuir as culpas do sucedido ao australiano David Pocock. Não considero assim! Na relação passador/receptor o papel mais dificil pertence sempre ao jogador que transporta a bola - o único que, no campo, pode ser placado ou agarrado - que tem que tomar a decisão adequada à situação da sua própria posição no terreno e ao movimento de companheiros e adversários. O que exige, em simultâneo, capacidades de leitura e domínio da técnica de diversas formas de passe para adequar o movimento da bola à situação encontrada. E, no caso, Pocock fez o que pensou melhor colocar a bola o mais próximo possível do canal exterior onde havia menos jogadores e, portanto, mais espaço para permitir as manobras dos seus companheiros. E nisso não foi ajudado pelos companheiros nomeadamente por Folau - o pretendido receptor - que, em vez de "entrar no passe" fugiu dele através de uma linha de corrida aberta e a distanciar-se do companheiro portador, abrindo assim o espaço para Joseph poder tentar a conseguida intercepção sem colocar a sua linha colectiva de defesa em risco. É um facto demonstrado à evidência: na maior parte dos casos de erro de passe a responsabilidade pertence ao receptor que, por não ter qualquer problema que o perturbe no melhor posicionamento, tem a obrigação de prestar o melhor apoio ao companheiro, facilitando-lhe a exigência técnica e a possibilidade de garantir o avanço para cumprir o princípio de que só se deve entregar a bola a um companheiro que esteja em melhor condição de avançar do que nós próprios.

sábado, 3 de dezembro de 2016

INGLATERRA-AUSTRÁLIA



A Inglaterra é a equipa - embora sem ter defrontado os AllBlacks - a contar por vitórias todos os 12 jogos disputados em 2016 tendo uma quota de pontos marcados sobre a soma dos pontos de jogo de 61% e com uma média de ensaios por jogo de 3,1 para um total de 37 ensaios marcados.
A Austrália, no mesmo período de tempo, realizou 14 jogos marcou os mesmos 37 ensaios com uma média de 2,6 por jogo mas perdeu 8 jogos - 3 contra a própria Inglaterra e outros 3 contra os AllBlacks - realizando uma taxa de sucesso de apenas 43% e contando com uma quota de 45% de pontos marcados no total de pontos de jogo.
Com estes dados o favorito do jogo deste sábado é, naturalmente, a Inglaterra.
Mas se juntarmos mais dois factores - a Irlanda terminou com o sonho do Grand Slam australiano, retirando-lhes o "mais" que podia fazer a diferença neste jogo e, o segundo factor, não se pode ignorar que os australianos estão no final da época e que o cansaço já começa a pregar as suas partidas - a Inglaterra mostra-se mais favorita ainda. E os valores do ranking da World Rugby dizem que a diferença de pontos será, no final do jogo, de 12 favoráveis aos ingleses do australiano Eddie Jones - a previsão da Rugby Vision é de uma vitória inglesa por 8 pontos de diferença.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

UM AVISO

Portugal ganhou o jogo! Vá lá, o 25º do ranking da World Rugby derrotou, em casa, o 36º, apropriando-se de uma quota de 55% dos pontos marcados, para conseguir uma diferença de 4 pontos de jogo. 
Num jogo de pouca qualidade onde houve, de parte a parte, uma enorme lentidão de processos, a selecção portuguesa ficou longe do que lhe deve ser exigido e viu chegar o final do jogo com profundo alívio, não fosse algum tupi tecê-las ou haver mais amarelos - foram 3 nos últimos dez minutos - à medida que o folêgo desaparecia.
O Brasil é uma equipa simpática, naturalmente melhor do que foi em 2013 no primeiro jogo disputado com Portugal (resultado de 68-0), mas ingénua, a cometer muitos erros - superioridades numéricas deitadas fora por incapacidade técnica dos intervenientes - e com visível falta de experiência. E perante isto a equipa portuguesa deveria ter mostrado uma outra capacidade - sei que algumas lesões, castigos e essa coisa extraordinária de indisponibilidades - ser jogador internacional não é somar selecções quando apetece, é um compromisso e se não há hoje disponibilidade, haverá sempre indisponibilidade -  não terão, porventura, permitido a apresentação da equipa pretendida mas a diferença entre o rugby de Portugal e o rugby do Brasil deveria ter sido demonstrada pela diferença no resultado. E não foi!
A selecção portuguesa (de acordo com as notas que tirei) teve 101 bolas disponíveis tendo desperdiçado em pontapés directamente entregues aos adversários 36% delas e ultrapassado a Linha de Vantagem em apenas 21% das vezes. E destas, apenas conseguiu criar rupturas na defesa adversária por 4 vezes para marcar, feitas todas as contas, os mesmos 2 ensaios conseguidos pela equipa brasileira. Ou seja, os problemas mostrados nos jogos anteriores continuam a retirar eficácia à utilização da bola: pouca capacidade de penetração por linhas de corrida demasiado paralelas e com início pouco profundo para ganhar velocidade; jogar distante da Linha de Vantagem;atraso na reciclagem da bola nas quebras no solo; jogo ao pé sem propósito e sem colocar qualquer problema ao adversário; apoio normalmente atrasado por falta de sintonia colectiva; erros em situações favoráveis.
Naturalmente que a composição da equipa - com seis caras diferentes e ainda com alterações de posição ou recurso a apostas de menor valia - não garantia a necessária coesão colectiva que pudesse impôr-se aos adversários brasileiros. E assim, vivendo apenas da técnica de cada um mas sem conseguir, pela falta de coesão síncrona, somar mais do que o todo, a selecção nacional, pondo-se a jeito, deixou-se aproximar - como o resultado demonstrou - da valia da equipa brasileira.
O reconhecimento destas incapacidades e das suas causas é, para o objectivo de garantir uma presença internacional - decisiva para o desenvolvimento da modalidade em Portugal - necessidade e responsabilidade da comunidade rugbística portuguesa. E a melhoria da capacidade dos jogadores portugueses e assim das selecções nacionais passa por um elemento evidente: uma disputa equilibrada do campeonato nacional da divisão de nível mais elevado. O que significa que é necessário, quanto antes, proceder à diminuição do número de equipas na Divisão de Honra portuguesa para aumentar a competitividade da prova e, assim, possibilitar aos jogadores hábitos competitivos que se aproximem da competição internacional em que o rugby português procura estar inserido.
Ganhar o jogo, manter a série vitoriosa dos três jogos é bom porque, como nota Martin Johnson:"Quando se está a ganhar cria-se uma energia bem divertida e toda a gente quer estar no grupo". Mas este jogo e o seu modo constituem um aviso sério que não pode ser negligenciado.

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