sábado, 31 de outubro de 2020

PREVISÃO DOS RESULTADOS DOS JOGOS INTERNACIONAIS DE 31 DE OUTUBRO DE 2020


As previsões dos resultados internacionais deste sábado do final de Outubro, tendo em conta os pontos do ranking da World Rugby, dão a vitória à Nova Zelândia, pela 18ª vez consecutiva, na já tradicional Bledisloe Cup, dando, por outro lado, a vitória neste 6 Nações que a pandemia arrastou para esta altura do ano, à Inglaterra. 

No entanto no 6 Nações está tudo em aberto. A Irlanda, vencendo em Paris e mesmo que a Inglaterra vença com ponto de bónus, deverá ter a diferença de pontos marcados e sofridos a seu favor, vencendo assim o Torneio.

Mas os Franceses mantêm também expectativas na vitória final mas podem necessitar de um ponto de bónus para, nesta complexa contagem final de pontos, se colocarem à frente da Inglaterra.

Ou seja: vitória da Irlanda, vitória no Torneio; derrota da Irlanda, vitória da Inglaterra sem ponto de bónus e vitória da França sem ponto de bónus mas por três ou mais pontos do que a diferença d resultado conseguida dos ingleses, vitória francesa no Torneio; se...se...logo se verá.

Mas certo é que o jogo a não perder, para além do sempre imperdível Austrália-Nova Zelândia e da mais que provável lição de bem jogar, é o França-Irlanda que carrega todas as esperanças da vitória final. E como se realiza já com o resultado dos ingleses conhecido e, portanto, com qualquer das equipas a saber do que precisa, o combate será sem tréguas e a emoção será a rodos.

Quanto a Gales, as previsões apontam para a sua obrigação de momento, terminar no 4º lugar depois de um Grand Slam no Torneio de 2019. Sortes...


segunda-feira, 26 de outubro de 2020

EQUILÍBRIO POR ONDE ANDAS?

O factor fundamental que define uma competição desportiva estabelece-se no equilíbrio entre os seus participantes - é para garantir isso que no Desporto existem Divisões e Rankings. Para que cada concorrente compita com outros que lhe estão próximos em termos de rendimento e, portanto, que seja possível que o ganhar e perder seja resultado desse rendimento demonstrado dentro do campo e não uma evidência exterior à inexistência de uma disputa competitiva.
Infelizmente o actual, como aliás outros anteriores, campeonato da Divisão de Honra - para além dos males da pandemia que o tem afectado e que neste aspecto, do equilíbrio, não é ouvida nem achada - não mostra essa necessária qualidade de equilíbrio competitivo produtor de interesse e desenvolvimento.
 

O elevado número de pontos sofridos, resultando em enormes diferenças negativas entre pontos marcados e sofridos, por 5 das equipas, diz bem das enormes dificuldades defensivas demonstradas e, portanto, da incapacidade evidente de resposta competitiva.  


Neste quadro demonstrativo da Capacidade Competitiva pode verificar-se, como já demonstrado por diversas vezes e noutras ocasiões, que o número ideal de equipas, para que se garanta o equilíbrio competitivo exigível, é de 6 e que o limite - já sem o equilíbrio que possibilite que a grande parte dos resultados sejam tidos como inesperados - se situa em 8 equipas. Os números, ao longo das épocas, existem e devem ser tomados em consideração quanto da tomada de decisões. Os interesses, que de pouco deveriam contar no domínio desportivo, não devem, não podem, ser os factores determinantes. Na área do Desporto Rendimento como é esta, são os factores desportivos - qualidade demonstrada pelos resultados obtidos - que contam e que devem ser objectivamente utilizados.  
    

Como se pode ver no quadro acima representado, apenas 2 jogos tiveram como diferença de resultado 7 ou menos pontos e 10 dos jogos - entre os 16 já realizados - tiveram resultados finais com diferenças superiores a 30 pontos, mostrando claramente o desequilíbrio competitivo verificado nesta Divisão de Honra. 
Está visto: ou se equilibra, possibilitando a incógnita da vitória na grande maioria dos jogos a disputar, ou a disputa deste tipo de competições não trará qualquer vantagem - bem pelo contrário - ao desenvolvimento do Rugby português nem o aproximará dos seus competidores internacionais. Este campeonato da Divisão de Honra - onde a aplicação do conhecido rácio S80/S20 da desigualdade de rendimento, demonstraria que os 20% de clubes melhor qualificados teriam 32 vezes mais pontos que os 20% piores classificados - tem ainda um outro quadro esclarecedor, o da comparação entre a percentagem de jogos de resultados esperados (81%) e de resultados inesperados (19%), isto é, que poderiam constituir uma surpresa.

Bem sei que se pode dizer que a pandemia, nomeadamente ao levar à organização regional das séries, poderá ter ajudado ao aumento dos desequilíbrios mas, acredite-se no que se quiser, os factos são estes desde há muito tempo: campeonato equilibrado é o disputado por 6 equipas e o limite de um campeonato capaz está em 8. Podendo até dizer-se que 7 equipas podem constituir um campeonato em que as surpresas de resultados podem acontecer em número significativo, retirando a certeza do prognóstico do último lugar.... E se for essa a base da construção da classificação final quem ganha é o Rugby português que levará as equipas, os jogadores e os treinadores a progredirem e, assim, a prestarem um melhor serviço público - fazendo jus ao estatuto de Utilidade Pública Desportiva que a modalidade tem -  porque melhores resultados internacionais serão conseguidos. O que, a acontecer, proporcionará melhores patrocínios e maiores atenções, permitindo que mais clubes - que objectivamente dependem dos resultados conseguidos ao mais alto nível - consigam atingir, através da cooperação na competição que devem, em tempos diferentes, manter, caracterizando uma plataforma de desenvolvimento. Ganhando o Rugby português e todos aqueles que gostam - os adeptos - de ver um Rugby bem jogado. 

sábado, 24 de outubro de 2020

À FALTA DE MELHOR...


 




Como não há dados no site federativo deixo estes para que possam ajudar às contas que se começam a ter de fazer. E uma nota: a não publicação de resultados e dados de classificação é, numa altura em que alguns empates classificativos podem acontecer, uma falta de respeito pela competição da Divisão de Honra e mesmo pelos clubes - a qualificação para disputar o próximo grupo de 6 equipas define a qualidade da época, não é um mero passeio ou divertimento. 
Outro assunto:
A Geórgia foi jogar contra a Escócia em Murrayfield e levou um banho ao sofrer 8 ensaios e marcando apenas 1, para um resultado final de 48-7 quando as previsões, pela posição no ranking da World Rugby e jogando em casa do adversário, apontavam para uma vitória escocesa por 22 pontos de diferença. Os 41 pontos de diferença do resultado final apontam para uma muito mau resultado.   
Ficou claro: ainda falta muito, apesar dos jogadores que já jogam em França e Inglaterra, para que a Geórgia possa competir de igual com o primeiro nível europeu - resta-lhe a esperança da igualdade competitiva com a Itália... 






quinta-feira, 22 de outubro de 2020

DE NOVO NIGEL OWENS A QUE SE SOMA O PROCESSO DE DECISÃO


Nesta difícil decisão de Nigel Owen nos últimos minutos da final da Taça dos Campeões Europeus entre os ingleses do Exeter e os franceses do Racing 92 o que mais espanta é a capacidade do árbitro galês de eliminar hipóteses para tomar a decisão correcta. 

A situação é suficientemente complexa e a primeira eliminação de hipóteses diz respeito à Lei 21.16: "Se o jogador que transporta a bola é agarrado na área-de-ensaio de tal modo que lhe é completamente impossível fazer um toque-no-chão ou jogar a bola, a bola é considerada injogável. O jogo recomeçará com uma formação-ordenada a cinco metros, numa linha passando pelo ponto onde a bola ficou injogável e a introdução da bola será feita pela equipa que se encontra na área-de-ensaio adversário."

Se esta Lei 21.16 fosse considerada - como se precipita variadas vezes - haveria formação-ordenada a 5 metros da linha-de-ensaio e com introdução favorável ao Racing 92. Ou seja a equipa francesa continuaria próxima da linha-de-ensaio adversária e manteria a pressão territorial que a poderia levar à vitória.

Porque não considerou Owen esta hipótese? Porque se começou por perguntar: onde está o jogador que transporta a bola? dentro ou fora da área-de-ensaio? Resposta no milésimo possível: fora, foi placado fora e portanto não é, por si só, caso para considerar a bola injogável. Seguiu-se de imediato outra pergunta: que situação de jogo é esta? Ruck ou pós-placagem? Resposta imediata: Ruck não é por que a Lei 15.1 determina que um ruck só pode "ter lugar" dentro do terreno-de-jogo que exclui as áreas-de-ensaio e então será uma situação de pós-placagem. E há linhas-de-fora-de-jogo? Há! Porque há jogadores de pé e que estarão (ou estiveram) sobre a bola que serão, do lado atacante, marcadas pela parte do corpo mais recuada do último jogador desta equipa e, do lado do defensor, pela linha-de-ensaio. Nova pergunta: Onde está a bola? Dentro ou fora da área-de-ensaio? No chão ou sem contacto com o chão? Está disponível para a continuidade do jogo? Os jogadores que disputam a bola estão de pé e em posição de em-jogo?

E num repente têm que surgir as respostas: a bola está a ser agarrada junto ao peito por um jogador do Racing 92 que se encontra deitado no chão e fora da área-de-ensaio e há um jogador, do Exeter, que, de pé e em posição de em-jogo - os seus pés estão dentro e em cima da linha-de-ensaio - pretende dar continuidade ao jogo. O que não lhe é permitido pelo jogador adversário que se mantém no chão e agarrado à bola. Decisão: falta do jogador do Racing 92. Consequência; Pontapé de penalidade favorável à equipa do Exeter.

E assim o Racing 92 deitou fora - seja por precipitação ou já por incapacidade física de análise - uma excelente oportunidade de passar para a frente do marcador e, possivelmente, tornar-se campeão da Europa. O que teria sido eventualmente possível não fosse o controlo da experiência e conhecimento das Leis de Jogo demonstradas por Owen.     

Mas o mais espantoso e demonstrativo da categoria de Nigel Owen é que estas considerações que constituem o processo da tomada de decisão, foram realizadas no final de um jogo de alta intensidade numa demonstração que, sendo essencial para se atingir um elevado nível na arbitragem conhecer muito bem as Leis do Jogo e saber dos domínios estratégicos, tácticos e técnicos que formatam o jogo, é também preciso uma condição física de elevado nível que permita manter o estado de espírito necessário á fria análise dos factos de acordo com o conjunto de leis que cada momento do jogo impõe considerar para possibilitar a decisão final adequada à realidade da situação. De facto Nigel Owens foi brilhante na demonstração que nos fez do processo da tomada de decisão arbitral.   

Mostrando-nos mais: não é nada fácil, na complexidade do intricado das suas Leis, arbitrar um jogo de Rugby... que exige um constante domínio emocional que estabeleça o tom que possibilitará um relacionamento respeitoso entre todas as partes envolvidas.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

AS EXPLICAÇÕES DE NIGEL OWENS


Tendo apitado a final da Taça dos Campeões entre os ingleses do Exeter e os franceses do Racing 92, o galês Nigel Owen, o árbitro, teve que tomar difíceis decisões nos últimos minutos de jogo. Eis as explicações da sua visão: 

Sou humano e cometo erros. Não estou aqui a tentar justificar algumas decisões. Algumas poderiam ter sido melhores, outras deveriam ter sido tomadas e não foram. Espero que este testemunho ajude aqueles que não entendem como os árbitros agem nestes grandes momentos, como às vezes temos que fazer. "

Sobre a penalidade, muito criticada, favorável, aos 75 minutos e com um resultado de 27-28, ao Exeter e quando o Racing estava a palmos do ensaio, Owens diz: "O jogador do Racing 92 que tentou chegar ao ensaio não conseguiu marcar. A bola estava antes da linha e o jogador acabou de costas com a bola em cima de si. Pedi ao jogadores para não usarem mais as mãos, para não jogarem a bola ilegalmente. Estava a dirigir-me aos jogadores que estavam no chão, que deviam largar a bola. Não aos jogadores em pé. Não era um ruck. Para mim, era apenas uma situação de placagem. Se houvesse um ruck formado, então Hidalgo-Clyne não poderia ter usado as mãos para agarrar a bola. Mas como não houve um ruck formado, as suas ações foram completamente legais. Ele estava de pé e tinha o direito de jogar aquela bola. Naquela situação", continua Owens na sua explicação, "a entrada de lado não é falta porque a linha de fora-de-jogo (para os defensores) passa a ser a linha de ensaio e não mais a linha que passa pelos pés do último jogador. Ele (Hidalgo-Clyne) estava em jogo porque estava atrás da linha de ensaio e tinha um pé sobre a linha. Assim sendo, tinha todo o direito de jogar aquela bola e foi o que fez. Ele estava em jogo e o jogador do Racing (Claassen) foi penalizado por prender a bola, estando no chão. Portanto, estou convencido de que tomei esta decisão corretamente, estou 100% convencido."

 

Sobre a decisão de terminar o jogo sem autorizar que o Racing realizasse o pontapé de recomeço que se julgava teriam direito, Owen clarificou: "Quando a base para pontapear aos postes chegou, pedi para recomeçarem a contagem do tempo. Por uma qualquer razão técnica não conseguirem pôr o cronometro a funcionar imediatamente. Por isso, quando o jogador chutou, o relógio do estádio marcava 79 minutos e 57 segundos. Se este tempo fosse o correcto o Racing tinha direito a realizar o pontapé-de-recomeço porque, para o jogo ser dado por terminado, o tempo deve estar no vermelho antes do jogador chutar na bola. Nesse preciso momento, necessitei de clarificar a situação, para saber se o tempo do relógio do estádio estava correcto e perguntei ao TMO. Percebeu-se então que quando a penalidade foi executada pelo chutador do Exeter, os oitenta minutos já tinham sido ultrapassados em cerca de quinze segundos. O tempo-de-jogo tinha terminado. No fim de contas e mais uma vez a decisão tinha sido correcta. É o que importa.”


E numa explicação do método: "Quando arbitrámos, julgamos o impacto que todas as pequenas faltas podem ter na continuidade do jogo. De acordo com a análise, deixamos jogar, damos uma vantagem ou apitamos. Procuramos um ponto de equilíbrio para o bem do jogo. Se esse equilíbrio estiver correto, devemos ter um bom jogo de rugby e o resultado não é afetado pelas nossas decisões. No sábado, o equilíbrio foi provavelmente atingido, pois tivemos certamente a melhor final europeia da história. E é isso que devemos lembrar-nos." 


Pronto, está explicado o porquê de Nigel Owens ser considerado o melhor árbitro mundial de Rugby: conhece as Leis do Jogo como ninguém e conhece muito bem o jogo, as suas estratégias, as suas tácticas e as suas técnicas que, no seu conjunto, são a base fundamental para que a tomada de decisões corresponda à realidade do jogo. 


Nota: declarações de Nigel Owen retiradas, em tradução livre, do texto de Leo Faure publicado em Rugbyrama  


terça-feira, 20 de outubro de 2020

RUGBY EUROPE ADIA JOGOS

Face à situação de crescimento da pandemia que atravessam os países da Europa, a Rugby Europe decidiu suspender as suas competições internacionais que estavam previstas até ao final de Novembro 2020. Assim os jogos referentes ao Women XV Senior Championship, à última jornada do 2020 Men Rugby Europe Championship - que inclui o Espanha-Portugal que estava marcado para 15 de Novembro próximo - o playoff de acesso da Rugby Europe Championship e a primeira jornada do Men XV Senior Trophy 20202/2021, foram todos adiados.

Segundo o Presidente da Rugby Europe, Octavian Morariu, a decisão da suspensão deve-se ao facto de, tratando-se na sua maioria de jogadores e dirigentes  “amadores” e para além da defesa prioritária da sua saúde, não poderem ser sujeitas quer a infecções quer a períodos de quarentena que lhes trariam maiores problemas à sua vida quotidiana.

Não estão, para já, previstas novas datas para a realização dos jogos esperando-se pela evolução da situação.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

ALGUMAS ESTATÍSTICAS DA 1ª VOLTA DA DIVISÃO DE HONRA

Médias das acções de jogo em cada grupo e média geral por grupo

 As estatísticas do final da 1ª volta - embora lembrando que o Grupo B, por efeitos da pandemia, tem apenas um jogo - da Divisão de Honra das acções de Formações-ordenadas (FO), Alinhamentos (AL), Penalidades (PEN) e Ensaios tem no número de 27 penalidades em média por jogo o factor de maior preocupação uma vez que demonstra uma falta generalizada de disciplina - com maior incidência no jogo no chão. 

De facto os jogadores não têm mostrado a melhor adaptação às actuais exigências legais. O que, para ser ultrapassado, obriga a trabalho específico por parte dos treinadores para que, para além da diminuição das paragens, possam aumentar número de fases de cada sequência, aumentando assim o tempo contínuo de jogo e provocando o necessário aumento de intensidade dos jogos. 

Por outro lado também seria bom que o número de formações-ordenadas fosse mais reduzido - embora neste sector e face às necessárias medidas securitárias se perceba o menor treino havido - para aumentar também a continuidade do jogo. Veremos como correrá o restante campeonato...

terça-feira, 13 de outubro de 2020

DAS MODAS...

 

As modas têm disto: chegam sorrateiras, alastram-se e, sem se dar por ela, ocupam o espaço, impõem-se e retiram-nos o espírito crítico.

Duas modas, que nada trazem de interessante ou de inventiva, estão a espalhar-se pelo rugby português nos alinhamentos e nas marcas que os árbitros estão a fazer no chão do terreno-de-jogo. E que não devem continuar.

Nos alinhamentos, a equipa que tem direito ao lançamento da bola reúne-se à distância de praticamente 10 metros da linha de lançamento e discute a decisão da jogada. A decisão da jogada?! Parece que já não há códigos - no meu tempo de jogador era o que tínhamos e assim continuámos enquanto treinador. A decidir da jogada? pergunto de novo. Qual quê! A jogada vem sabida e conhecida de casa... o resto é adaptação ao momento.

Comecemos pelo princípio. O Código do Jogo estabelece a Integridade como valor fundamental do jogo e que resulta da honestidade e fair-play. E nos seus Princípios de Jogo estabelece que o objectivo de marcar o máximo de pontos possíveis de jogo deve ser feito de acordo com o cumprimento das Leis do Jogo e do seu espírito desportivo. E diz ainda o Código que, para que os Princípios e Valores do Rugby sejam cumpríveis, a responsabilidade envolve treinadores, capitães de equipa, jogadores e árbitros. Ou seja: todos no mesmo barco a garantir o Respeito, Disciplina, Solidariedade e Integridade para que a Paixão valha a pena.

Então e este acto de reunir para combinar a táctica é assim uma violação tão grave? Neste caso é! E por diversos motivos: constitui uma violação voluntária da lei, pretende induzir indevidamente o adversário em erro para garantir uma conquista fácil e diminui objectivamente o tempo-útil de jogo.

Viola as regras porque viola claramente a Lei 18.12 que estabelece que “as equipas devem formar o alinhamento sem demora. Consequência: Pontapé Livre”. E a habilidade utilizada tem como objectivo impossibilitar a regra do espelho, provocando erros de posicionamento e diminuindo assim a capacidade de disputa da bola pelo adversário. Assim: o adversário, cumprindo a Lei, vai-se colocando na sua devida posição e de acordo com a análise que fez da equipa lançadora; esta, no entanto, só avança para os seus lugares quando já detectou o posicionamento dos saltadores adversários - os lutadores pela posse da bola - e posiciona-se de forma desfasada, tirando partido de uma ilegalidade; para poder disputar a bola o adversário tem que se reordenar na fila do alinhamento e a equipa lançadora, lançando a bola de imediato e num sincronismo que não demonstra nenhuma capacidade especial mas que apanha o adversário ainda em mudanças, conquista a bola com toda a facilidade. Ficando portanto ferido o princípio deste desporto colectivo de combate da conquista com disputa. E ferido fica também o espírito desportivo que define a modalidade.

Mas ao atrasar a sua colocação no alinhamento, a equipa que o executa contribui ainda para a diminuição do tempo da bola em jogo - o tempo-útil de jogo - e que se contabiliza em tempo perdido. Tempo que multiplicado pela média de 25 alinhamentos que aconteceram nos 6 primeiros jogos deste campeonato da Divisão de Honra pode atingir um tempo de não-jogo muito elevado e corresponder a uma paragem demasiado elevada da continuidade do jogo. Numa preocupação com o mesmo sentido e numa recente entrevista, o treinador da Inglaterra, Eddie Jones, recomenda que esta prática da “reunião” antes do alinhamento seja eliminada.

Mas se os adversários responderem tacticamente de forma adequada - atrasando também a sua entrada para garantir a regra do espelho (cada um se posiciona lado-a-lado do seu pré-determinado adversário directo) de número e de posição - o tempo perdido de jogo aumentará substancialmente. Contribuindo mais ainda para reduzir, num mesmo tempo de jogo, o tempo-útil do jogo para números preocupantes. Existe, no entanto, uma fácil maneira de o evitar: aplicar a lei.

Conclusão: @s senhor@s árbitr@s - a quem compete garantir a boa aplicação das Leis do Jogo - têm de pôr cobro a este abuso utilizando as Leis do Jogo que estão à sua disposição. As Leis existem com princípios e objectivos que devem ser respeitados para manter a identidade do jogo. E o jogo não pode viver de habilidades com a conivência de treinadores e jogadores. Tão pouco d@s árbitr@s!

A outra moda, obviamente também ela importada do estrangeiro, é a da preocupação dos árbitros em definir uma marca no chão raspando com a bota de pitões no relvado, seja ele natural ou artificial. Para que é que serve este estrago produzido na relva? Para localizar o sítio da formação-ordenada, dirão. Ora, ora...

A formação-ordenada não precisa de que seja colocada um raspão de relva, pretensamente precisa, para que seja realizada de acordo com as Leis de Jogo que apenas referem que “o árbitro deve assinalar com o pé, a marca que indica a linha-média-da formação ordenada que é paralela às linhas de ensaio”. E para a assinalar não é necessário deixar as feridas na relva do arrasto dos pitões. Para a marca necessária basta que se estique a perna e se aponte com o pé e todos os implicados perceberão a localização da linha-de-introdução.Vamos lá senhor@s árbitr@s, acabar com este estrago desnecessário... Deixando de nos preocupar - e para isso vale a autonomia federativa que temos - com instruções sem senso que alguém sentado a uma secretária* de poder administrativo resolveu entender impôr. Vá lá saber-se com que utilidade...

* “Uma secretária é um sítio muito perigoso para analisar o mundo.”, John Le Carré, escritor

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

DE DESEQUÍLIBRIO EM DESÍQUILIBRIO ATÉ...


Não ficou completa a 2ª jornada da fase de Grupos da Divisão de Honra por uma louvável e responsável decisão motivada pela existência do caso de um jogador do Rugby Clube de Montemor infectado pelo Covid-19. Embora um adiamento seja sempre desagradável, principalmente para os jogadores, neste caso especial a não realização do jogo só veio demonstrar a responsabilidade que o Rugby tem e mostra-se como evidência do seu compromisso de que a saúde está acima de qualquer interesse desportivo. Situação concordante aliás com o que expressam os seus valores e regulamentos.
Como se pode ver no quadro superior - onde as equipas não estão separadas por Grupos mas sim como se estivessem a competir todas-contra-todas - o equilíbrio desta Divisão de Honra não tem sido - como já se saberia iria acontecer - a nota dominante. Basta ver as colunas de pontos-de-jogo e de ensaios marcados... E não vale a pena utilizar o argumento de que é a jogar com os melhores que se aprende. Não é! Essa falácia escamoteia a realidade: numa competição deequilibrada, os melhores baixam a sua capacidade competitiva e os mais fracos limitam-se a ter a prova das suas fragilidades. Ninguém ganha ou progride...
Neste segundo gráfico pode ver-se a diferença de pontos-de-jogo nos jogos realizados e que demonstram a enorme diferença de capacidades competitivas entre as equipas desta Divisão de Honra. Quatro dos sete jogos já realizados terminaram com diferenças pontuais superiores a 30 pontos - com direito a pontos de bónus - a que se acrescenta um quinto com uma diferença superior a 15 pontos. Apenas dois jogos se mostraram suficientemente equilíbrados para permitir pontos de bónus defensivos aos derrotados.
Portanto esta forma competitiva será tudo menos isso - os números vêm mostrando que a divisão superior tem como limite o máximo de 7 equipas - e este modelo, mesmo que se considere a pandemia como seu principal responsável, não serve para colocar os jogadores ao nível das necessidades dos jogos internacionais. E é essa a principal responsabilidade da competiçao da principal divisão que deve, por isso, juntar apenas os clubes com condições de equilibrar cada um dos jogos. Porque ninguém se interessa por competições sem equilíbrio e de vencedores antecipados e o Rugby, neste desinteresse, perde na sua globalidade. 
Perceber que são os resultados internacionais que definem a imagem - o tempo perdido na 3ª divisão europeia deixou visíveis marcas - é absolutamente necessário para o desenvolvimento do Rugby português. Só assim se aumentará a adesão e a atractividade. A que se acrescenta patrocínios e apoios. É bom que se perceba: é o interesse competitivo da divisão principal e a qualidade dos resultados internacionais que cria a atractividade do nosso Rugby. E que permitirá, por isso, o alargamento da sua prática.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

CUIDADOS LAPALICIANOS

“The reality is that Covid only comes in if someone brings it in, so it’s what ytou do away from the facility that’s important and we’re constantly reminding the players of that. Because as we’ve seen, any little mishap can lead to a big problem”, Rob Baxter, Director of Rugby, Exeter Chiefs, finalista da Champions Cup 2019/2020

Esta é a verdade do Senhor de La Palice: se os jogadores estão testados e deram todos negativo, o vírus só pode ser transmitido se vier de fora, através de  um dos membros das equipas - jogadores, treinadores, administrativos, pessoal médico - que tenha sido posteriormente contagiado. Portanto são os contactos exteriores à equipa que devem ser vigiados.

Numa equipa profissional a construção da bolha que isole jogadores e restantes membros da equipa depois de realizados os testes é relativamente fácil. Em equipas amadoras como as dos nosso Rugby a situação é diversa e de muito maior risco uma vez que os elementos da equipa têm a sua vida própria, o que implica, muitas vezes, contactos com desconhecidos, incluindo assintomáticos o, repito, inimigo público nº1 de todos nós. 

Para que o campeonato da Divisão de Honra possa continuar, todo o cuidado é pouco. E a responsabilidade está do lado dos intervenientes e das direcções dos clubes que devem cuidar, criando as melhores condições sanitárias possíveis, o melhor que puderem dos membros das suas equipas. Inclusivé não permitindo contactos desnecessários - quem não está testado é um contacto de risco!

Cuidem-se!


 

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