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terça-feira, 10 de março de 2020
ESPANHA-PORTUGAL SEM ESPECTADORES
De acordo com as decisões do Governo espanhol a Federação Espanhola de Rugby informou que o jogo Espanha-Portugal da 5.ª jornada do Rugby Europe Championship a realizar no próximo domingo, dia 15, será disputado “à porta fechada”, portanto sem espectadores.
UMA BOA PRESTAÇÃO A MOSTRAR O QUE FALTA
Apesar da derrota, Portugal conseguiu um resultado melhor — diferença de 15 pontos em vez dos previstos 23 — do que o historial das duas equipas determinaria. E podia ter sido bem melhor se... não houvesse o falhanço de dois pontapés de penalidade convertíveis ou a entrega de dois pontos por falta punível com ensaio de penalidade. Não falando já no abatimento psicológico que jogar com 14 provocou na equipa e que aumentou o número de falhas, com estes oito pontos fora do marcador teríamos até chegado ao ponto de bónus defensivo.
Este jogo teve vantagem de colocar os jogadores portugueses perante um nível de jogo do patamar internacional que é aquele que conta para quem se pretende apurar para o Mundial de 2023. E, feito o desafio, os jogadores e técnicos terão agora de analisar e perceber onde estão os pontos fracos que permitem as rupturas e de como os colmatar. Tendo a certeza de um facto: a competitividade interna está muito longe do nível de exigências da competitividade internacional onde pretendemos estar. O que significa que é necessário ampliar condições e tempos de trabalho comum para garantir a coesão colectiva quer em termos de entendimento do jogo quer em termos de mútua ajuda em todas as fases do processo de jogo.
E existem áreas que têm que ser especificamente trabalhadas em espaços e tempos próprios. Se na formação-ordenada o desacerto, embora existindo erros técnicos no posicionamento corporal que têm que ser corrigidos, pode dever-se, porque o peso era equilibrado, às alterações que se têm verificado — o cinco-da-frente inicial somava 80' de jogo de média por jogador num total de 400' possíveis — e que não possibilitam a coesão necessária da unidade.
Também os alinhamentos precisam de uma outra sincronização. E de uma melhor escolha, não de acordo com a cábula do manual, mas de acordo com o adversários e os seus pontos fortes. Jogar lá para trás porquê se não tivemos meia-hora de treino comum que o permita?
Mas a selecção nacional aproveitou bem a oportunidade e mostrou, nos primeiros três-quartos do jogo, que tem capacidades de progressão e que não é um completo disparate pensar-se na qualificação para o Mundial de 2023. Mas vai precisar de muitas horas de treinos conjuntos bem como de muitos jogos para poder atingir um patamar de fiabilidade e confiança que permita encarar optimisticamente cada competição. Para conseguirmos progredir é preciso que a comunidade rugbística portuguesa considere que é necessário unir esforços pela selecção principal do rugby português, garantindo que todas as acções servem os objectivos e interesses da selecção nacional, o nosso! e não o interesse de cada qual.
Faltando um jogo para terminar e independentemente de se tratar de uma disputa pelo 2º lugar da classificação geral do 6 Nações B, European Championship, o objectivo principal está garantido: no próximo ano estaremos a disputar este mesmo grupo!
A World Rugby continua a considerar que Portugal perdeu pontos de ranking (-0,18) nesta derrota com a Geórgia pelo simples facto de não ter considerado que o jogo se realizou em campo neutro não havendo a vantagem de 3 pontos de ranking para a equipa da casa. Considerando o Jean Bouin como campo neutro e não caseiro, a diferença de pontos de ranking é superior a 10 pontos com a consequente inexistência de pontos de ranking a ganhar ou perder pela vitória natural do considerado "mais forte".
Este jogo teve vantagem de colocar os jogadores portugueses perante um nível de jogo do patamar internacional que é aquele que conta para quem se pretende apurar para o Mundial de 2023. E, feito o desafio, os jogadores e técnicos terão agora de analisar e perceber onde estão os pontos fracos que permitem as rupturas e de como os colmatar. Tendo a certeza de um facto: a competitividade interna está muito longe do nível de exigências da competitividade internacional onde pretendemos estar. O que significa que é necessário ampliar condições e tempos de trabalho comum para garantir a coesão colectiva quer em termos de entendimento do jogo quer em termos de mútua ajuda em todas as fases do processo de jogo.
E existem áreas que têm que ser especificamente trabalhadas em espaços e tempos próprios. Se na formação-ordenada o desacerto, embora existindo erros técnicos no posicionamento corporal que têm que ser corrigidos, pode dever-se, porque o peso era equilibrado, às alterações que se têm verificado — o cinco-da-frente inicial somava 80' de jogo de média por jogador num total de 400' possíveis — e que não possibilitam a coesão necessária da unidade.
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Uso do jogo-ao-pé estrategicamente errado |
Mas o problema do conhecimento do jogo-ao-pé quer estratégico quer táctico continua pelas horas da morte — no primeiro segundo do jogo uma má decisão tomada de cábula sem análise da visão do campo — pontapé curto para ultrapassar a barreira defensiva próxima e ignorando o espaço profundo — permitiu a posse territorial dos georgianos até conseguirem o primeiro ensaio. E hoje em dia o mau jogo-ao-pé não perdoa. O que significa serem necessárias sessões teóricas e práticas para a compreensão e boa leitura das situações, fornecendo aos jogadores um conjunto de ferramentas que podem utilizar: qual é a minha distância normal de pontapé? de onde vem o pontapé adversário? que terrenos deixa livres? como estão a subir os adversários? quem fica lá atrás? tenho apoio ou os meus companheiro estão a recuar? E o pontapé-curto — que em muitos dos casos dá mais vantagem aos defensores do que aos atacantes — não é, muitas das vezes, a melhor das soluções. Não é fácil o domínio do processo do jogo-ao-pé e não será por acaso que diversas equipas têm já treinadores específicos para esta área.
Outras das dificuldades com que as selecções portuguesas se confrontam é na defesa contra o maul dinâmico — essa coisa que a nossa gíria de campo se designa, porque terrivelmente eficaz, por "fucking-rucking-maul". E aqui podemos ter a certeza que os nossos jogadores não ganharão os hábitos necessários na competição interna. Porque não existem capacidades para verdadeiros testes de força e de adaptação que possibilitam o treino exigível. O que significa que os internacionais portugueses necessitam de muitas sessões práticas para ganharem o tempo exacto de resposta e a sincronia de movimentos bem como a percepção de deslocamento do adversário. Coisa só possível entre eles, estando juntos. Hoje, como se vê em cada jogo — e Portugal já utilizou, e bem!, essa arma — o recurso ao "maul dinâmico" é uma constante nos alinhamentos próximos da área-de-ensaio. E equipa que não tenha uma organização defensiva eficaz estará sempre fragilizada e a entregar pontos ao adversário.Também os alinhamentos precisam de uma outra sincronização. E de uma melhor escolha, não de acordo com a cábula do manual, mas de acordo com o adversários e os seus pontos fortes. Jogar lá para trás porquê se não tivemos meia-hora de treino comum que o permita?
Mas a selecção nacional aproveitou bem a oportunidade e mostrou, nos primeiros três-quartos do jogo, que tem capacidades de progressão e que não é um completo disparate pensar-se na qualificação para o Mundial de 2023. Mas vai precisar de muitas horas de treinos conjuntos bem como de muitos jogos para poder atingir um patamar de fiabilidade e confiança que permita encarar optimisticamente cada competição. Para conseguirmos progredir é preciso que a comunidade rugbística portuguesa considere que é necessário unir esforços pela selecção principal do rugby português, garantindo que todas as acções servem os objectivos e interesses da selecção nacional, o nosso! e não o interesse de cada qual.
Faltando um jogo para terminar e independentemente de se tratar de uma disputa pelo 2º lugar da classificação geral do 6 Nações B, European Championship, o objectivo principal está garantido: no próximo ano estaremos a disputar este mesmo grupo!
A World Rugby continua a considerar que Portugal perdeu pontos de ranking (-0,18) nesta derrota com a Geórgia pelo simples facto de não ter considerado que o jogo se realizou em campo neutro não havendo a vantagem de 3 pontos de ranking para a equipa da casa. Considerando o Jean Bouin como campo neutro e não caseiro, a diferença de pontos de ranking é superior a 10 pontos com a consequente inexistência de pontos de ranking a ganhar ou perder pela vitória natural do considerado "mais forte".
sexta-feira, 6 de março de 2020
MAIS DO QUE UM JOGO: UMA OPORTUNIDADE
Em Paris, feita casa portuguesa a lembrar ter sido a maior cidade de portugueses, o XV de Portugal joga amanhã e para a 4ª jornada do 6 Nações B— Rugby Europe Championship — contra a Geórgia, adversário muito poderoso e com grande experiência internacional quer porque participou nos últimos cinco Mundiais, quer porque os seus jogadores têm hábitos competitivos de bom nível.
Não será um jogo fácil para Portugal mas os seus jogadores — como aliás bem expressou Patrice Lagisquet — vão ter uma óptima oportunidade de se testarem e ficarem com melhor noção do patamar onde se encontra com vista ao cumprimento do objectivo da presença no Mundial de 2023.
O historial entre as duas equipas, que se defrontaram por 21 vezes com 15 derrotas, 2 empates e 4 vitórias, dá, como se pode ver na tabela superior, uma vantagem final de 23 pontos para os georgianos. Mas a situação, apesar de mostrar a óbvia diferença de patamares, tem uma vantagem.
Embora a Rugby World na sua página de análise dos prováveis resultados e suas implicações no ranking escreva que Portugal perderá pontos e poderá ser ultrapassado pela Rússia (se esta vencer o seu jogo contra a Roménia) e por Hong-Kong se a derrota for superior a 15 pontos de jogo, mas como não conheço nenhuma alteração há regra que estabelece que quando o intervalo entre pontos do ranking for superior a 10 pontos — como o é no caso e por o jogo ser em campo neutro — Portugal, se derrotado não perderá pontos e se vencedor ganhará, no mínimo, 2 pontos de ranking. O que permite, pelo menos, encarar o jogo com a tranquilidade de que nada de grave pode acontecer… não perderemos pontos nem posição.
Não será um jogo fácil para Portugal mas os seus jogadores — como aliás bem expressou Patrice Lagisquet — vão ter uma óptima oportunidade de se testarem e ficarem com melhor noção do patamar onde se encontra com vista ao cumprimento do objectivo da presença no Mundial de 2023.
O historial entre as duas equipas, que se defrontaram por 21 vezes com 15 derrotas, 2 empates e 4 vitórias, dá, como se pode ver na tabela superior, uma vantagem final de 23 pontos para os georgianos. Mas a situação, apesar de mostrar a óbvia diferença de patamares, tem uma vantagem.
Embora a Rugby World na sua página de análise dos prováveis resultados e suas implicações no ranking escreva que Portugal perderá pontos e poderá ser ultrapassado pela Rússia (se esta vencer o seu jogo contra a Roménia) e por Hong-Kong se a derrota for superior a 15 pontos de jogo, mas como não conheço nenhuma alteração há regra que estabelece que quando o intervalo entre pontos do ranking for superior a 10 pontos — como o é no caso e por o jogo ser em campo neutro — Portugal, se derrotado não perderá pontos e se vencedor ganhará, no mínimo, 2 pontos de ranking. O que permite, pelo menos, encarar o jogo com a tranquilidade de que nada de grave pode acontecer… não perderemos pontos nem posição.
A equipa portuguesa não vai, portanto, fazer o papel de "coitadinha" de tão pressionada pelo que pode perder mas sim a de uma digna competidora — basta olhar para a comparação dos Índices de Compactividade para se perceber que não existe nenhum desequilíbrio físico acentuado. Pode, isso sim, pesar a diferença de hábitos competitivos e aqui com vantagem para a Geórgia.
Veja-se que a diferença entre os dois blocos de avançados é de apenas 12 quilos — o que significará que a vantagem nas formações-ordenadas dependerá da qualidade técnica quer da postura corporal posicional, quer de tempo de impulso — supõe-se que, depois do "desastre" na Rússia, tenha havido a correcções necessárias e que a formação-ordenada portuguesa — agora numa 1ªLinha de 363 kilos — com um Geoffrey Moise, pilar do Pau e habituado ao TOP14, com um Mike Tadjer, também ele no TOP14, conhecedor e consolidados como poucos e ainda com o Diogo Hasse Ferreira que, quando entrou na Rússia, deixou a sua marca de qualidade — seja agora capaz de criar problemas aos seus adversários directos, garantindo a necessária plataforma atacante portuguesa.
Curiosamente a Geórgia apresenta-se com uma equipa mais velha do que aquela que jogou contra a Bélgica — são 3 a média de anos que os separam dos portugueses — e os dois médios e centros são uns experimentados jogadores de mais de 30 anos (os dois médios que nos espantaram no Mundial estão desta vez no banco). O que significa que estão a colocar algum cuidado neste encontro.
E como sabem que, como acentua Shaun Edwards, as equipas de alto nível raras vezes atacam do seu meio-terreno, será esta experiência que procuram para pôr em prática uma estratégia de conquista de território, obrigando os portugueses a recuar para o seu campo, encostando-os às cordas e procurando fazer o seu jogo — que é rápido, de bons passes e com apoio eficaz — sem a importunação dos contra-ataques portugueses. Provavelmente vai ser assim: muito jogo ao pé a criar, pela rápida subida dos perseguidores, problemas ao três-de-trás português que, avisado, terá em campo as oponentes necessárias e onde o médio-de-formação irá ter um papel decisivo. Lembremos que quem sobe assim algum espaço livre há-de deixar...e se o nosso jogo-ao-pé for utilizado com inteligência...quem sabe.
No fundo é isto: que a equipa portuguesa, independentemente do resultado, mostre em campo a sua consistência e capacidade evolutiva para dar crédito ao objectivo Mundial 2023. Bom jogo!
terça-feira, 25 de fevereiro de 2020
DESPERDÍCIO DE UMA VITÓRIA
Duas evidências ressaltaram do jogo Rússia-Portugal desta 3.ª jornada do RE Championship: que a Rússia, como ficou demonstrado no jogo, é uma equipa perfeitamente acessível e, por isso, derrotável; que e ao contrário do que pretendíamos o velho dito de “o que torto nasce, tarde ou nunca se endireita” tem a verdade da experiência secular. E Portugal começou o jogo muito mal...
... tão mal que os sons dos hinos ainda não tinham desaparecido dos ouvidos e já sofríamos um ensaio para começar o jogo com o handicap negativo de 7-0.
Por mera falta de experiência, dirão os que pensam que a equipa é muito jovem; por falta de cultura táctica individual e colectiva, isto é, de conhecimento do jogo, direi. O pontapé-de-saída pertenceu à Rússia que, sem qualquer disfarce se preparou para o fazer sobre a sua direita. E fê-lo comprido lançado um rápido grupo de perseguidores. Um jogador português estava, visivelmente colocado, para receber a bola e tinha, de ambos os lados, companheiros. Que, ignorando, pelo facto da bola não poder ser passada para a frente, que os jogadores posicionados à frente da bola estão fora-do-jogo, não recuaram com a velocidade devida para, colocados então em jogo, poderem servir de apoio, criando dúvidas ao perseguidor adversário. Nada tendo feito nesse sentido e tendo-se, primeiro a que o companheiro desenrascasse a situação, depois limitado a tentar cobrir o companheiro placado, não foram base de qualquer plataforma e o grupo de jogadores portugueses, recuperando lentamente posições, viu-se varrido pelo grupo adversário lançado e, por isso, com muito superior quantidade de movimento. Com 10 jogadores na perseguição, o meio-campo russo estava desguarnecido e qualquer pontapé seria um problema para uma equipa que defenderia em clara inferioridade numérica. Mas assim, dando avanço, se começou a perder o jogo...
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Os jogadores próximos mantiveram-se fora-do-jogo. Resultado: começar a perder 7-0 |
Safos num primeiro momento, tivemos uma segunda oportunidade de defesa numa formação-ordenada a 5 metros e aí foi maior o desastre. Com apenas menos 1 quilo do que o bloco de avançados adversário e com uma 1.ª linha de peso equilibrado mas com um Indice de compacticidade superior, deixámo-nos arrastar de forma inaceitável. Provavelmente porque nos faltou concentração e atitude e, até e porventura, um líder de avançados capaz. Fazendo do pack português uma bola de trapos, os russos empurraram um desligado grupo até à área de ensaio, começando desde logo e sem grande combate, a reunir a vantagem material e psicológica que lhes permitiu construir a vitória. Vitória que, ao começar num erro, diminuiu as dúvidas e a pressão de uns e aumentou as de outros. As nossas.
A formação-ordenada foi, inicialmente, um desastre, sem coesão, desarticulada, incapaz mesmo, até à entrada de Hasse Ferreira — jogador que considero o Homem do Jogo porque a sua entrada equilibrou a formação e permitiu que Portugal jogasse. Sem formação-ordenada capaz de equilibrar a adversária não se deixando recuar não há nem ataque nem defesa que resistam — a formação-ordenada, juntando oito jogadores em menos de uma vintena de metros quadrados de terreno, é uma excelente plataforma de ataque porque liberta espaço, de defesa porque, se não ceder, a equipa pode atingir rapidamente a linha de vantagem. Mas se ceder, as hipóteses de ruptura são, como foram, enormes...
Outro dos problemas da selecção portuguesa, para além da dificuldade de leitura do posicionamento adversário e da decisão atacante ou das desnecessárias e inúmeras faltas cometidas — provavelmente resultantes quer do modo interno de jogo por catálogo ou da pouca preocupação com as formas regulamentares do jogo-no-chão — é a ineficácia, quando não incapacidade, do jogo-ao-pé que se mostra pouco incisivo, pouco esclarecido e feito muitas vezes mais com o espírito de alívio do que com a intenção de explorar espaços deixados livres pelos adversários. Sem um consequente jogo-ao-pé não é possível estabelecer a alternância de fases para criar os desequilíbrios que perturbam defensores, criando-lhes dúvidas e retirando-lhes capacidade de pressão ao encurtar a linha defensiva. Tão pouco é possível conquistar terreno sem o brutal esforço de desgaste de sequências intermináveis de fases de jogo. E o rugby é um jogo de conquista territorial!
Contra equipas como a Rússia, Roménia ou Alemanha que se sentem mais confiantes na colisão do que na manobra e que atacam mal em passes a partir do interior do seu meio-campo, um jogo-ao-pé criterioso e objectivamente atacante ou conquistador é decisivo para os impedir de ocuparem o nosso meio-campo. E durante a primeira-parte foi isso que os russos tiveram: ocuparam o meio-campo português, desgastando a nossa defesa, provocando faltas e somando no marcador.
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O desperdício por má leitura e as possibilidades de exploração do movimento |
A nossa má leitura para explorar situações de desequilíbrio adversário está exemplificada num pontapé-diagonal dado com o resultado em 19-13 favorável aos russos aos 67’ de jogo. O árbitro tinha dado a vantagem a Portugal e portanto a decisão a tomar podia ser de risco elevado porque, se sem resultados práticos, voltar-se-ia ao anterior ponto da falta (como se voltou e que permitiu rápida reposição da bola em jogo pelo capitão Appleton, manobrando para o segundo ensaio português). Como se pode ver nas fotos, a defesa adversária colocara dois defensores recuados a defender um possível pontapé e tinha deixado bastante espaço livre na zona da linha-de-vantagem. A decisão foi, por jogo de cardápio, um desperdício: apressado pontapé em diagonal que, naturalmente foi facilmente capturado pelo defensor russo. No entanto a situação exigia e possibilitava uma outra decisão: ataque ao ombro interior dos defensores em movimento com dobra do companheiro mais próximo, apoio interior e duas possibilidades, interior ou exterior, de passe. Uma articulação de movimentos que e com o pouco risco que se apresentava, deveria ser tentada e, provavelmente, com superior possibilidade de obter os pontos que definiriam a vitória final. Se não resultasse, haveria sempre a garantia da penalidade para aproximar o resultado.
Mas — como se esta falta de visão não bastasse — havia que acrescentar a despreocupação... como se não houvesse diferença entre uma brincadeira e um jogo competitivo de natureza internacional.
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Não havia jogadores russos na área -de-ensaio |
Aos jogadores portugueses das linhas atrasadas faltará alguma experiência mas falta também a noção clara da contextualização dos jogos internacionais deste nível. O diabo está nos pormenores, diz-se. E no desporto de alto-rendimento são os pormenores que fazem a diferença. Como o facto de, no 2.º ensaio português não haver a mínima das preocupações para facilitar o pontapé de conversão. E como teria sido simples fazer o toque-de-meta dez a quinze metros mais próximo dos postes. Não havia um único adversário dentro da área-de-ensaio nem na proximidade do marcador... E talvez a conversão tivesse entrado e o jogo fosse ganho.
O jogo perdeu-se pelos erros cometidos e por falta da atitude adequada que garantisse a eficácia das acções dentro do terreno-de-jogo. Nomeadamente porque demoramos tempo de mais nos reagrupamentos, normalmente por má técnica da posição do corpo no momento do contacto com mais preocupação de chegar ao chão e menos na disponibilidade da bola. Não basta dizer que se querer ganhar, é preciso agir de acordo com essa vontade, utilizando a eficácia dos gestos adequados.
Mal habituados numa competição interna que permite demasiada indisciplina técnica, táctica ou regulamentar, exige-se para garantir a desejada e necessária progressão que permita atingir os objectivos pretendidos que exista a necessária reflexão que eleve os graus de exigência competitiva em todos os jogos que estes jogadores internacionais disputem internamente.
Os jogadores portugueses têm que crescer depressa e não viverem mais na confortável posição desculpabilizante da sua juventude — o francês Ntamack tem apenas 20 anos e não se nota essa juventude em campo... Crescer rápido significa transformar as potencialidades visíveis em capacidades de expressão eficaz, tornando as hipóteses, realidades. O que se consegue com responsabilidade, atitude e trabalho.
sábado, 22 de fevereiro de 2020
O QUE MAL COMEÇA, BEM TERMINA!
Apesar das 11 derrotas sofridas em 17 jogos por Portugal no seu confronto com a Rússia — que esta época já perdeu em casa com a Espanha por 31-12 e, fora, com a Bélgica por 38-12, tendo marcado sempre primeiro — o actual histórico de ambas as equipas dita, para este jogo em Kalininegrado a contar para a 3.ª jornada do Championship Europeu, apenas a vantagem de 1 ponto de jogo para os russos. Ou seja e para um jogo que tem nos valores de 3 e 5 de pontos de jogo a sua pontuação mínima, a diferença de 1 ponto só pode significar que não existe qualquer prevista superioridade seja de quem for. O que significa um jogo sem favoritos e que, portanto, Portugal tem, mesmo jogando fora, condições para sair vencedor — vejam-se as diferenças dos valores recentes de Sucesso e da Quota dos Pontos de Jogo.
Principalmente se souber tirar partido da pressão que pende sobre os seus adversários que vivem no pesadelo de terem que ganhar o jogo. É um facto: a Rússia, para não correr o risco de ir jogar, fora de casa, o play-off do sobe-ou-desce, tem que vencer Portugal! E Portugal pode tirar partido desse facto se os seus jogadores souberem controlar o jogo e impor o resultado, aumentando a pressão ao obrigar os russos a perseguir o prejuízo. Sabendo isso, os russos não estarão muito tranquilos.
E os jogadores portugueses, ultrapassada que esteja a primeira intranquilidade, podem tirar partido disso...
A intranquilidade e desgaste de uma viagem tem que ser ultrapassada na cabeça de cada um, encontrando as defesas próprias para garantir as capacidades para o combate que se avizinha.
O erro que provocou o prejuízo e desgate dos jogadores diz respeito à Federação Russa acolitada pela Rugby Europe que sabendo, ambas e perfeitamente, o trajecto pretendido pelos portugueses – acesso a Kalininegrado via Moscovo uma vez que não existem voos directos — indicaram sempre os “vistos electrónicos” como únicos necessários. Chegados ao aeroporto os membros da comitiva portuguesa foram impedidos de iniciar a viagem com os funcionários de serviço do SEF da fronteira aeroportuária portuguesa a informar que não estavam autorizados a embarcar uma vez que o seu visto não permitiria aterrar em Moscovo. Ou seja e ao que parece o “visto electrónico” recomendado só serviria de acesso a Kalininegrado se não tocassem em solo russo...
Enfim uma amálgama de imprecisões russas com documentos da Rugby Europe a segui-las e os jogadores portugueses a terem que apanhar diferentes aviões que os colocassem na Polónia para seguirem de autocarro até à cidade do enclave russo onde se disputa o jogo. Multiplicando as horas de viagem de uma já de si longa viagem. E com gente, naturalmente, a esfregar as mãos...
... confiante que, assim, o algoritmo de análise do passado das equipas dará um valor diferente e mais favorável.
A equipa portuguesa não tem que se preocupar demasiado com o “poder” do adversário porque não há, como se pode ver pelo gráfico do Índice de Compacticidade, grande diferença de poderes físicos. Existe um razoável equilíbrio do índice quer do índice geral — com excepção do nível físico dos centros — quer do peso dos packs ou da 1.ª linha onde a técnica determinará a vantagem.
Por outro lado também se sabe que a perigosidade da equipa russa está na área vermelha dos 22 metros portugueses onde a sua capacidade de uso da força e poder de colisão — refira-se de novo os centros — pode criar problemas. O que implica uma estratégia de afastamento com parte em jogo-ao-pé que prepare uma ou outra alternância — lendo bem
a possível exploração de espaços — de ataque em movimento continuado. Mas sabe-se também que a defesa russa tem dificuldades em defrontar atacantes em movimento e capazes de verticalizar o jogo — que os jogadores portugueses sejam, como a espaços já o demonstraram, de o realizar, ampliando a pressão que já pesará na equipa russa e as possibilidades de vitória serão ampliadas. Portanto, ocupação territorial e jogo de movimento serão as chaves do possível sucesso.
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I. Compacticidade = distribuição do peso pela altura |
Por outro lado também se sabe que a perigosidade da equipa russa está na área vermelha dos 22 metros portugueses onde a sua capacidade de uso da força e poder de colisão — refira-se de novo os centros — pode criar problemas. O que implica uma estratégia de afastamento com parte em jogo-ao-pé que prepare uma ou outra alternância — lendo bem
a possível exploração de espaços — de ataque em movimento continuado. Mas sabe-se também que a defesa russa tem dificuldades em defrontar atacantes em movimento e capazes de verticalizar o jogo — que os jogadores portugueses sejam, como a espaços já o demonstraram, de o realizar, ampliando a pressão que já pesará na equipa russa e as possibilidades de vitória serão ampliadas. Portanto, ocupação territorial e jogo de movimento serão as chaves do possível sucesso.
O jogo, independentemente do resultado final, ficará marcado pela envolvente que o precede e os factos estabelecem que a aparência do envolvimento da questão não dá boa imagem à Federação russa nem iliba uma também aparente negligência da pouco cuidadosa Rugby Europe.
Vamos lá então a virar o velho “o que torto nasce, tarde ou nunca se endireita” num novo “o que mal começa, bem termina!”. Ganhem então!
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020
AS VITÓRIAS E A EXIGÊNCIA DE PERSPECTIVA
Com a vitória conseguida nas Caldas da Rainha sobre a Roménia por 22-11, Portugal atingiu o 20ª lugar no Ranking da World Rugby — lugar que não atingia desde Setembro 2009 — e mantém, apesar da vitória da Bélgica sobre a Rússia, todas as condições para garantir a manutenção nesta principal divisão da Rugby Europa. Com as óbvias vantagens, desportivas e financeiras, que daí podem advir para o desenvolvimento do rugby nacional.
Foi uma excelente vitória com 3 ensaios, 2 de Dany Antunes (de novo "Homem do Jogo" escolhido por um júri— também o irlandês CJ Stander foi nomeado as mesmas duas vezes consecutivas — constituído por Luis Canongia, António Aguilar e por mim) e outro, num "maul dinâmico" demolidor, por Tadjer Barbosa, a que se juntaram duas Transformações e uma Penalidade também de Dany Antunes num total de 17 pontos de jogo.
E a diferença podia ter sido superior — não atingimos o 4º ensaio e, assim, o ponto de bónus por alguns erros elementares dos nossos jogadores que não corresponderam a boas construções conseguidas pela equipa. Por duas vezes, após quebra da linha defensiva e numa excelente resolução de um 2x1 por Rodrigo Mata, o passe, apesar do caminho aberto para a área de ensaio, tornou-se impossível porque o seu companheiro (também do Belenenses), Duarte Azevedo, se posicionou, em ambas as vezes, à frente da linha da bola numa distração injustificável para um internacional. Um terceiro ensaio podia ter sido conseguido se o capitão Appleton, antes de chegar ao chão, tem utilizado um off-load para o exterior e servido Danny Antunes que tinha corredor aberto sem adversários próximos. Outro ainda podia ter acontecido se um pontapé do recém-entrado Pedro Lucas tem sido melhor controlado quer na execução quer na captação de Manuel Cardoso Pinto, isto é, se os dois têm sido mais colectivos e jogado na compreensão mútua.
A defesa portuguesa, sector onde se acentua a mais objectiva melhoria da equipa, mostrou-se muito capaz, conseguindo segurar a inviolabilidade da sua área de ensaio com corajosas e conjuntas intervenções que impediram, nos 8 minutos finais que o árbitro considerou corresponderam a paragens durante os 40 minutos dia segunda-parte, que os romenos chegassem ao ponto-de-bónus defensivo e assim se retirassem sem pontos de classificação. O que é sempre bom numa classificação que pode ter nos pontos-de-bónus uma importância decisiva.
Se na defesa a equipa portuguesa mostrou qualidade e os seus jogadores mostraram boa compreensão do sistema — é muito bom ver as linhas-de-corrida agressivas e a encurtar o espaço de acção adversário por parte da 3ª linha — nomeadamente com compensações muito bem interligadas. Já no ataque mostraram insuficiências e incompreensões que muito terão a ver com os hábitos internos e que urge trabalho alargado de correcção.
De um ponto de vista estratégico o rugby rege-se pelos Princípios Fundamentais de Avançar Sempre! Apoio, Continuidade e Pressão, a que gosto de juntar outros quatro que designo por sub-princípios: Adaptação, Variedade, Comunicação e Velocidade. Já de um ponto de vista táctico, mais livre e inventivo para garantir o cumprimento dos anteriores, a Adaptabilidade constitui o factor-chave necessário à eficácia. O que significa que, no domínio táctico, existem diversas soluções a adotar e a que os jogadores têm que saber adaptar-se. Não há portanto soluções únicas e os jogadores têm que aprender a encontrar a melhor resposta a cada momento que enfrentam. E é esta capacidade que falta à equipa portuguesa que se mostra muitas vezes incapaz de encontrar soluções colectivas - o apoio nem sempre é feito no tempo devido e a continuidade do movimento morre no chão. Ou seja, se tecnicamente já existe uma razoável capacidade, aos jogadores portugueses falta cultura táctica. Isto é: sabendo como fazer falta resposta eficaz ao que fazer? e quando fazer? É, portanto, na tomada de decisão que nem tudo vai bem. Decisão que tem que envolver algum risco controlado e não se limitar ao conforto de fazer a normalidade — as linhas-de-corrida não têm que ser sempre para fora e devem ser alternadas com corridas na direção dentro para fixar a defesa ou ampliar intervalos. O costume não é aqui bem vindo e a variedade é fundamental para colocar problemas ao adversário.
E o jogo-ao-pé, certeiro e assertivo na colocação em espaços vazios, é decisivo. E, por mera falta de treino específico e conhecimento claro das capacidades de cada um, o jogo-ao-pé da equipa portuguesa, com a possível excepção de João Freudenthal, é mau e, em vez de arma atacante, torna-se, porque se joga no mero alívio, uma vantagem para o adversário. E uma equipa para se impor ao nível internacional tem que mostrar um jogo-ao-pé capaz. Outro ponto de melhoria necessária diz respeito à disciplina, principalmente no jogo no chão e que está a entregar, sem custos, bola e território demasiadas vezes ao adversário. Aprender a jogar sem faltas é também trabalho constante a fazer nos clubes...
Os romenos foram aquilo que se esperava, maus manobradores com a esperança que a colisão lhes resolva todos os problemas. E só são perigosos, como sempre, muito próximo da área-de-22 do adversário. O que significa que não se deve jogar contra eles da mesma forma que se joga contra outros, devendo a noção de conquista territorial estar mais vezes presente para garantir a presença da equipa no meio-campo adversário. Contra equipas como a romena, fracas de manobra e fortes no choque, chutar para fora, tão dentro da área-de-22 quanto possível, mesmo se entregando a bola ao adversário, pode ser a mais eficaz táctica. Porque os obriga a jogar de longe ou a chutar para permitirem contra-ataques sobre uma equipa desagregada pelo movimento de subida.
Variedade de ataque à linha com ataque aos ombros interiores — de que serve o grupo de avançados de ataque se os ângulos de corrida não vão em direcção à bola para prender ou ampliar? — com linhas-de-corrida convergentes, passes heterodoxos, velocidade de ataque à linha, dobras, verticalização do jogo para permitir envolvências eficazes, são as soluções exigíveis para a continuidade do movimento. De que serve, por desfoco, desleixo ou maus hábitos, não haver resposta imediata à criatividade de um companheiro? É, no fundo, a possibilidade de recorrer, em movimento adaptativo, a estas decisões suportadas na técnica que possibilitam — independentemente do peso e da altura (da compacticidade, diria) — atacar e ultrapassar a linha de vantagem, criando desequilíbrios e explorando o sucesso conseguido. E os jogadores portugueses que pretendem ter uma carreira internacional, têm que dominar estes aspectos estratégicos, tácticos e técnicos. Porque precisam de responder ao o quê? como? e quando? e assim contribuir para uma equipa mais coesa, afinada colectivamente em cada momento e mais eficaz, fazendo de cada bola (re)conquistada uma arma atacante capaz de criar problemas complexos ao adversário.
Foram duas importantes vitórias que colocam o rugby português no espaço desportivo europeu onde deve estar mas, para que o caminho seja qualificado e de contínuo progresso, não podemos sentar-nos à sombra dos feitos e precisamos atingir um patamar desportivo superior que permita ajustar o modelo colectivo de movimento à obtenção dos melhores resultados. Consistentemente.
O que exige, neste mundo do Alto Rendimento, uma permanente colaboração da comunidade rugbistíca num claro desenvolvimento competitivo da modalidade. Modalidade colectiva por excelência, o Rugby não se faz dos eus mas do nós: dos clubes, dos directores, dos agentes, dos treinadores e dos jogadores. De uma perspectiva comum de aposta nos bons resultados.
Nos restantes resultados do Grupo, a vitória da Bélgica sobre a Rússia foi surpreendente — ainda por cima quando, aos 30', os russos venciam por 12-0 com a marcação de 2 ensaios (acabaram a sofrer 5...). Com a vitória sobre a Espanha, a Geórgia elevou, ultrapassando a Itália no ranking da World Rugby, o nível da sua candidatura ao 6 Nações — podendo ter encontrado um aliado de peso na África do Sul que, como as suas equipas regionais, pretende jogar na Europa.
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Quadro da Rugby Europe |
sábado, 8 de fevereiro de 2020
MOVIMENTO, COESÃO E INTELIGÊNCIA
A Roménia é favorita, por 4 pontos de diferença, para o jogo desta tarde nas Caldas da Rainha e contra Portugal a contar para o Rugby Europe Championship. É isto pelo menos o que diz a história competitiva das duas equipas devendo no entanto lembrar-se que os adversários da Roménia na época passada eram de qualidade superior aos adversários de Portugal. O que significa que a diferença real pode ser maior
Mas pode não ser assim. Tendo tido adversários comuns nos últimos jogos — Brasil, Chile e Bélgica — os resultados são também favoráveis aos romenos com uma eficácia de sucesso de 100% contra 67% dos portugueses e com uma superior quota de pontos marcados de 65% contra 52% dos portugueses. Resultados que são coerentes com a diferença de 4 pontos que a análise algorítmica propõe.
Como curiosidade acrescente-se que nos três jogos anteriores desta época Portugal marcou sempre 23 pontos de jogo e que, ganhando Portugal ultrapassará HongKong e ficará posicionado no 21º lugar do Ranking. Perdendo, a equipa portuguesa retornará à posição anterior à vitória sobre a Bélgica — 24º lugar — e caso perca por mais de 15 pontos de jogo será ainda ultrapassado pela Holanda que vai tendo uma fácil conquista de pontos de ranking no quadro da III divisão onde se encontra.
Dada a experiência romena — o XV inicial da selecção portuguesa atinge apenas o somatório de 146 internacionalizações (209 para os XXIII) o que mostra a sua falta de experiência internacional — Portugal terá que jogar com um sistema que proporcione a criação de problemas aos adversários, impondo-se sobre os fracos romenos. E dos seus problemas recorrentes é a dificuldade de saírem do seu meio-campo por outro meio que não o jogo-ao-pé — o que pode dar boas hipóteses de desequilibrar o jogo e tirar partido disso mesmo usando um jogo-ao-pé de qualidade estratégica e apostado na recuperação. Quer directa, quer indirecta através da conquista de alinhamentos. Será que teremos capacidades para isso?
Há, como mostra o quadro abaixo, um razoável equilíbrio no designado Índice de Compacticidade (IC) que representa a distribuição do peso pela altura de cada jogador e que mostra a sua teórica capacidade de resistir ou de se impor nas colisões. Portugal tem, aliás uma 1.ª linha com um superior IC e os avançados portugueses, com uma média de IC de 562 ficam apenas a uma ligeira distância de 2 pontos dos romenos (564). E se aqui nada teremos a recear, basta que a coesão colectiva se estabeleça no ponto focal de ocupação do terreno-de-jogo adversário, preparando as armas adequadas para jogar nas recuperações de bola.
As maiores diferenças individuais na capacidade de choque encontram-se na relação entre os Nº8 e os número 12 (o adversário directo do capitão Appleton) o que pode indiciar uma procura romena de uso de saída das formações-ordenadas e a procura de penetrações centrais para reduzir a largura da defesa. No entanto e dado a proximidade aparente da capacidade física e como nos mostra a experiência, o jogo será difícil mas não é necessariamente uma causa perdida à partida — basta que os portugueses possam contrariar o sistema romeno — igual ao de sempre e muito espantaria se surpreendesse — e que consigam pôr em campo o seu jogo de movimento, subindo, quando sem bola, muito rapidamente a sua linha de defesa — as linhas atrasadas romenas têm mostrado sempre grandes dificuldades de manobra e circulação da bola quando pressionadas, limitando-se ao choque. E se continuarem com dificuldades para sair do seu meio-campo, se os portugueses conseguirem impedi-los de chegar ás zonas propícias ao maul, o resultado final poderá surpreender.
O seleccionador português, Patrice Lagisquet, mostra-se avisado quando diz que a vitória sobre a Bélgica ainda não garante a desejada manutenção — nunca se sabe que qualidade de equipas se apresentarão contra os belgas logo que os extremos da classificação se comecem a arrumar. Então
porque não aproveitar já este jogo em casa para surpreender e ficar a coberto de qualquer displicência?
O maior interesse dos outros jogos do grupo, para além da importância para os interesses portugueses que a Rússia se imponha frente à Bélgica, reside no Espanha-Geórgia que se disputa no domingo e que poderá, caso a Geórgia vença e a Itália, como se espera, perca contra a França, levar os georgianos a ultrapassar italianos na tabela da World Rugby e demonstrar de forma prática o direito reivindicativo que lhes assiste na possibilidade de acesso ao escalão superior por eventual troca em disputa por play-off. Ou, pura e simplesmente, aceder ao Torneio para acompanhar a possível sétima equipa — a África do Sul — que se mostra muito interessada e tem, segundo o Sportsmail, negociações avançadas, pretendendo, em 2024, acompanhar as suas equipas provinciais na Europa.
Um fim‑de‑semana rugbístico em cheio com jogos cheios de interesse.
domingo, 2 de fevereiro de 2020
GANHAR COMO PASSO NECESSÁRIO. FALTA O ACOMPANHAMENTO
A equipa portuguesa, apesar das dificuldades sentidas pelos anos de jogos fáceis da III divisão, fez o que lhe competia e venceu o jogo que, com grande probabilidade, permitirá a Portugal manter-se neste nível do Seis Nações B.
Entrando bem e demonstrando de imediato uma superioridade da continuidade de circulação da bola, Portugal chegou à vantagem de 14-0 com dois ensaios de belo efeito — ataque vertical à linha de defesa adversária, perfuração, apoio e continuidade do jogo de passes com adaptação das linhas e ângulos de corrida às fraquezas da organização adversária. No fundo, o recurso às melhores capacidades dos jogadores portugueses que têm no rugby-de-movimento o seu modelo de eficácia.
Com o conforto da vantagem a provocar alguma desfocagem, a equipa portuguesa deixou que os belgas tomassem o domínio do jogo e chegassem a um 17-17 que não perspectivava nada de bom. Felizmente para o rugby português a equipa belga não mostrou mais do que aparentes capacidades, ficando-se pelo poder colectivo dos mauls — marcando assim os dois ensaios — uma vez que os seus três-quartos, apenas capazes do elementar, não conseguiam criar problemas à defesa portuguesa que lhe permitissem a continuação da ocupação do meio-campo português. E como a defesa portuguesa se mostrou bem organizada e capaz da pressão necessária para limitar as opções adversárias os belgas deixaram de ser ameaça.
A necessidade de trabalhar as fases ordenadas — formações e alinhamentos — bem como trabalhar a resistência aos mauls ficou evidente no jogo. E esta necessidade vai — porque essas fases nos campeonatos nacionais estão longe de atingir os níveis competitivos dos jogos internacionais desta competição — obrigar a um trabalho muito efectivo dos seleccionados e, também, à melhor escolha de jogadores capazes para as posições do cinco-da-frente num equilíbrio necessário entre técnica e capacidades físicas. Porque sem um mínimo domínio destas fases não é possível o desenvolvimento necessário para realizar o sonho de 2023.
Entre os jogadores portugueses que se destacaram — o capitão Appleton sempre atento à exploração dos intervalos (o primeiro ensaio nasce de uma sua notável quebra de linha), Thibault Freitas ou Rebelo de Andrade, o prémio de “Homem do Jogo” foi atribuído — fiz parte do júri com Ricardo Nunes e António Henriques — a Danny Antunes, um excelente pontapeador aos postes (13 pontos conseguidos) e um jogador sempre disponível e atento para tomar iniciativas: quando o árbitro marcou “ensaio de penalidade” favorável aos belgas, Danny pegou na bola e, aproveitando-se do facto de já não haver pontapé de transformação, correu para o centro do terreno preparando-se para chutar a bola para um meio-campo onde não havia qualquer jogador belga e assim chegar ao ensaio. Valeu aos belgas o facto de o árbitro precisar ainda de mostrar um cartão amarelo a Wallis Carvalho...
Com esta vitória Portugal subiu — ultrapassando a Namíbia e o Canadá — dois lugares no ranking da World Rugby. O que sendo bom, não exclui a organização necessária para fornecer as informações correctas e elementares dos jogadores que formam a equipa. Hoje em dia para se pretender estar a este nível da competição internacional é exigido uma capacidade de comunicação rápida e correcta e de acordo com as necessidades dos mais diversos meios de comunicação social — de outro modo perderemos, com os prejuízos óbvios que daí resultam, a possibilidade de pertença ao meio. E perdida essa confiança, deixaremos de contar... e este fim‑de‑semana, por erros elementares e falta de rigor, estivemos longe de mostrar a capacidade organizativa da comunicação necessária para sermos olhados como confiáveis. Para garantir a aceitação no mundo desportivo a que queremos pertencer não basta um terreno-de-jogo bem tratado e com as dimensões correctas, balneários capazes ou banda musical para os hinos ou polícia para mostrar segurança de espectadores e intervenientes, é preciso
garantir que a imagem não nos maltrata, não deixando que a lateral do campo se pareça com um passeio público e, mais ainda, garantindo rigor na comunicação com terceiros e para terceiros. Antes
e depois do jogo e no sentido de garantir uma imagem de credibilidade.
O Desporto de Alto Rendimento é, hoje em dia, e para além de uma exigente ética desportiva, um mundo complexo de relacionamento de resultados desportivos e da sua competente comunicação. E
quem não respeitar as regras é colocado à margem... num mais que provável acabou-se.
Entrando bem e demonstrando de imediato uma superioridade da continuidade de circulação da bola, Portugal chegou à vantagem de 14-0 com dois ensaios de belo efeito — ataque vertical à linha de defesa adversária, perfuração, apoio e continuidade do jogo de passes com adaptação das linhas e ângulos de corrida às fraquezas da organização adversária. No fundo, o recurso às melhores capacidades dos jogadores portugueses que têm no rugby-de-movimento o seu modelo de eficácia.
Com o conforto da vantagem a provocar alguma desfocagem, a equipa portuguesa deixou que os belgas tomassem o domínio do jogo e chegassem a um 17-17 que não perspectivava nada de bom. Felizmente para o rugby português a equipa belga não mostrou mais do que aparentes capacidades, ficando-se pelo poder colectivo dos mauls — marcando assim os dois ensaios — uma vez que os seus três-quartos, apenas capazes do elementar, não conseguiam criar problemas à defesa portuguesa que lhe permitissem a continuação da ocupação do meio-campo português. E como a defesa portuguesa se mostrou bem organizada e capaz da pressão necessária para limitar as opções adversárias os belgas deixaram de ser ameaça.
A necessidade de trabalhar as fases ordenadas — formações e alinhamentos — bem como trabalhar a resistência aos mauls ficou evidente no jogo. E esta necessidade vai — porque essas fases nos campeonatos nacionais estão longe de atingir os níveis competitivos dos jogos internacionais desta competição — obrigar a um trabalho muito efectivo dos seleccionados e, também, à melhor escolha de jogadores capazes para as posições do cinco-da-frente num equilíbrio necessário entre técnica e capacidades físicas. Porque sem um mínimo domínio destas fases não é possível o desenvolvimento necessário para realizar o sonho de 2023.
Entre os jogadores portugueses que se destacaram — o capitão Appleton sempre atento à exploração dos intervalos (o primeiro ensaio nasce de uma sua notável quebra de linha), Thibault Freitas ou Rebelo de Andrade, o prémio de “Homem do Jogo” foi atribuído — fiz parte do júri com Ricardo Nunes e António Henriques — a Danny Antunes, um excelente pontapeador aos postes (13 pontos conseguidos) e um jogador sempre disponível e atento para tomar iniciativas: quando o árbitro marcou “ensaio de penalidade” favorável aos belgas, Danny pegou na bola e, aproveitando-se do facto de já não haver pontapé de transformação, correu para o centro do terreno preparando-se para chutar a bola para um meio-campo onde não havia qualquer jogador belga e assim chegar ao ensaio. Valeu aos belgas o facto de o árbitro precisar ainda de mostrar um cartão amarelo a Wallis Carvalho...
Com esta vitória Portugal subiu — ultrapassando a Namíbia e o Canadá — dois lugares no ranking da World Rugby. O que sendo bom, não exclui a organização necessária para fornecer as informações correctas e elementares dos jogadores que formam a equipa. Hoje em dia para se pretender estar a este nível da competição internacional é exigido uma capacidade de comunicação rápida e correcta e de acordo com as necessidades dos mais diversos meios de comunicação social — de outro modo perderemos, com os prejuízos óbvios que daí resultam, a possibilidade de pertença ao meio. E perdida essa confiança, deixaremos de contar... e este fim‑de‑semana, por erros elementares e falta de rigor, estivemos longe de mostrar a capacidade organizativa da comunicação necessária para sermos olhados como confiáveis. Para garantir a aceitação no mundo desportivo a que queremos pertencer não basta um terreno-de-jogo bem tratado e com as dimensões correctas, balneários capazes ou banda musical para os hinos ou polícia para mostrar segurança de espectadores e intervenientes, é preciso
garantir que a imagem não nos maltrata, não deixando que a lateral do campo se pareça com um passeio público e, mais ainda, garantindo rigor na comunicação com terceiros e para terceiros. Antes
e depois do jogo e no sentido de garantir uma imagem de credibilidade.
O Desporto de Alto Rendimento é, hoje em dia, e para além de uma exigente ética desportiva, um mundo complexo de relacionamento de resultados desportivos e da sua competente comunicação. E
quem não respeitar as regras é colocado à margem... num mais que provável acabou-se.
sexta-feira, 31 de janeiro de 2020
PORTUGAL-BÉLGICA: O JOGO QUE IMPORTA
De acordo com o posicionamento no ranking mundial actual das duas equipas, Portugal tem o favoritismo e o resultado previsto seria uma vitória por uma diferença de 17 pontos de jogo. No entanto a actual situação não é real porque Portugal, conquistou os seus pontos de ranking na III divisão europeia — 86% de Taxa de Sucesso (6V, 1D) e com 81% de Quota de Pontos Marcados — enquanto que a Bélgica, a jogar a European Championship, defrontou adversários bem mais poderosos — 17% apenas de Taxa de Sucesso (1V, 6D) e com 25% de Quota de Pontos Marcados.
Apesar disso o histórico dos jogos entre ambos — acentuando que no último jogo realizado em 2017 e que contava para o “sobe-e-desce” (play-off) europeu e realizado em Bruxelas, Portugal perdeu e, por isso, se manteve na III Divisão — é muito favorável a Portugal como se pode verificar pelo gráfico abaixo. O que pelo menos ajuda a diminuir a pressão...
A Bélgica, recheada de jogadores a actuarem em França, não será um adversário fácil — lembre-se a sua vitória contra a Espanha num vergonhoso jogo que acabou com um castigo de perda de 20 pontos de classificação para os espanhóis — num primeiro jogo de abertura do Championship e enquanto os jogadores portugueses não têm ainda os hábitos da intensidade dos jogos internacionais deste nível.
O tipo de jogo que Portugal sabe fazer causa sempre enormes problemas aos defensores belgas, pouco habituados aos deslocamentos que o movimento e manobras ofensivas provocam. O que significa que, nesta estreia de Lagisquet ao comando, a equipa portuguesa tem que mostrar a coragem necessária — independentemente da pressão que pesa sobre ela — para realizar um jogo de risco, atacando e surpreendendo a defesa adversária com combinações eficazes e continuidade de jogo.
O que importa — no final e façam-se as análises que se fizerem — é que Portugal ganhe o jogo — o mais importante desta época, dir-se-á — e garanta, desde logo e com uma elevada probabilidade, a permanência na European Championship e que não tenha que disputar qualquer play-off de manutenção. O rugby português precisa de voltar ao permanente convívio competitivo com estenúcleo do Seis Nações B e que está cada vez mais próximo de se tornar numa ante-câmara de entrada
para o prestigiado Seis Nações.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
TEMPO DE TRANSFORMAÇÃO
Como é que se sai de duas derrotas contra selecções universitárias - mesmo que sejam as francesa e inglesa - e se vai ganhar á Roménia? É possível a transformação?
Em primeiro lugar, se pretendemos a transformação temos que acreditar que ela é possível. E para que o seja, são necessários dados que permitam a transformação. E quais são? Antes do mais os jogos realizados e a sua análise: que erros foram cometidos, porque o foram e como evitá-los, como não os repetir. Perceber assim porque estivemos abaixo do nível devido nos alinhamentos, porque tivemos comportamentos erráticos na formação ordenada ou, ainda, porque fomos pouco eficazes na utilização das bolas conquistadas, é a chave para transformar a equipa no prazo desta semana. E chega?
Não, claro que não. Mas pode transformar a atitude, o espírito colectivo e a forma de jogar. E principalmente mostrar o caminho, mostrando o que não se pode fazer, para aqueles que irão formar o XV de Portugal no próximo sábado. E que não serão todos os mesmos que foram derrotados. No próximo sábado, irão juntar-se a alguns dos jogadores que jogam o nosso campeonato, os jogadores portugueses que jogam em França e em Inglaterra, habituados, como é óbvio esperar, a um outro ritmo e com uma atitude diferente na forma de encarar os jogos. O que, aumentando a confiança e motivando a procura em troca da espera, poderá fazer toda a diferença.
O que, aliás, terá que fazer toda a diferença se queremos garantir o apuramento para o Mundial de 2015: vencer todos os jogos em casa é essencial para uma oportunidade de apuramento directo. O que significa que teremos de saber impôr as nossas capacidades, os nossos pontos fortes. Impondo mais, muito mais, do que esperando que a sorte dos deuses nos sorria.
De França, com o excelente Bardy à cabeça, chegam jogadores habituados ao grande combate que é o jogo de rugby. Jogadores tacticamente conhecedores da vantagem da conquista de centímetros de terreno, do jogar em cima da linha de vantagem. O que pode transformar tudo e garantir uma equipa diferente, mais eficaz, mais conquistadora e, por fim, ganhadora.
Os romenos não são pera doce. Fisicamente bem constituídos estão a procurar jogar um rugby diferente do choque, do combate directo. O que significa que saíram da zona de conforto que a sua cultura rugbística produziu quase desde sempre. Situação que pode ser uma arma a explorar se conseguirmos exercer a pressão desejável, retirando-lhes confiança, minando-lhes a crença e obrigando-os a recorrer a esteriotipados planos B ou C que já não reconhecem. Mas que estão lá, no seu genes rugbístico, como casa segura de recurso. Embora ineficaz.
A chave está na nossa mão. Na nossa atitude. Na forma como nos apresentarmos para o combate. De sermos um todo de antes quebrar que torcer. Os romenos serão adversários difíceis mas não imbatíveis.
Em primeiro lugar, se pretendemos a transformação temos que acreditar que ela é possível. E para que o seja, são necessários dados que permitam a transformação. E quais são? Antes do mais os jogos realizados e a sua análise: que erros foram cometidos, porque o foram e como evitá-los, como não os repetir. Perceber assim porque estivemos abaixo do nível devido nos alinhamentos, porque tivemos comportamentos erráticos na formação ordenada ou, ainda, porque fomos pouco eficazes na utilização das bolas conquistadas, é a chave para transformar a equipa no prazo desta semana. E chega?
Não, claro que não. Mas pode transformar a atitude, o espírito colectivo e a forma de jogar. E principalmente mostrar o caminho, mostrando o que não se pode fazer, para aqueles que irão formar o XV de Portugal no próximo sábado. E que não serão todos os mesmos que foram derrotados. No próximo sábado, irão juntar-se a alguns dos jogadores que jogam o nosso campeonato, os jogadores portugueses que jogam em França e em Inglaterra, habituados, como é óbvio esperar, a um outro ritmo e com uma atitude diferente na forma de encarar os jogos. O que, aumentando a confiança e motivando a procura em troca da espera, poderá fazer toda a diferença.
O que, aliás, terá que fazer toda a diferença se queremos garantir o apuramento para o Mundial de 2015: vencer todos os jogos em casa é essencial para uma oportunidade de apuramento directo. O que significa que teremos de saber impôr as nossas capacidades, os nossos pontos fortes. Impondo mais, muito mais, do que esperando que a sorte dos deuses nos sorria.
De França, com o excelente Bardy à cabeça, chegam jogadores habituados ao grande combate que é o jogo de rugby. Jogadores tacticamente conhecedores da vantagem da conquista de centímetros de terreno, do jogar em cima da linha de vantagem. O que pode transformar tudo e garantir uma equipa diferente, mais eficaz, mais conquistadora e, por fim, ganhadora.
Os romenos não são pera doce. Fisicamente bem constituídos estão a procurar jogar um rugby diferente do choque, do combate directo. O que significa que saíram da zona de conforto que a sua cultura rugbística produziu quase desde sempre. Situação que pode ser uma arma a explorar se conseguirmos exercer a pressão desejável, retirando-lhes confiança, minando-lhes a crença e obrigando-os a recorrer a esteriotipados planos B ou C que já não reconhecem. Mas que estão lá, no seu genes rugbístico, como casa segura de recurso. Embora ineficaz.
A chave está na nossa mão. Na nossa atitude. Na forma como nos apresentarmos para o combate. De sermos um todo de antes quebrar que torcer. Os romenos serão adversários difíceis mas não imbatíveis.
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