quarta-feira, 30 de maio de 2012

HISTÓRIA DO RUGBY TAMBÉM EM PORTUGAL

Um livro de um português para portugueses, assim traçou o autor e editor, João Fragoso Mendes, o objectivo do livro - Rugby, das origens gregas e romanas à introdução em Portugal - que hoje lançou. Assessível a não iniciados e com informação quanto baste para que se possa perceber o carácter de uma modalidade que se reivindica e se pretende mostrar como especial, portanto.


Livro sobre as origens do rugby, é livro essencial da biblioteca rugbística. Não é fácil, nesta modalidade complexa, ser um grande jogador sem conhecer a história do jogo; ainda mais difícil é ser-se dirigente qualificado sem conhecer a história, o desenvolvimento, as causas das transformações e retirar daí as perspectivas para o que poderá passar-se na modalidade, aproveitando para aprender com os eventuais erros cometidos; mas pior, muito mais difícil e quase impossível é ser-se bom treinador sem conhecer a história do seu jogo - a que acresce o ter que conhecer-se a história evolutiva e transformadora da Táctica e das Leis do Jogo.


Para um país que não pertence à esfera de influência cultural do rugby, trata-se de um livro de leitura obrigatória para a sua comunidade rugbística nacional e para aqueles que, profissionalmente, têm que lidar com a modalidade.

Um livro a ler. Obrigatoriamente.

domingo, 27 de maio de 2012

CDUL BI-CAMPEÃO DE SUB-21

Ao vencer o GDDireito em Monsanto, o CDUL conquistou, pela segunda vez consecutiva, o título de campeão nacional de sub-21. O que é bom - para além de exigente exemplo para a finalíssima dos séniores do próximo sábado - e demonstra garantias de sustentabilidade para o futuro do clube.

Parabéns aos jogadores, aos treinadores e aos responsáveis do clube junto da equipa. E um abraço especial para o Lourenço Thomaz, presidente do clube, que assim pode guardar nova recompensa para o seu continuado e difícil trabalho.



Gostei da equipa num jogo de enquadramento competitivo difícil - ao GDDireito bastaria um empate... Os jogadores tiveram uma boa atitude, foram capazes de correr riscos, de procurar expressar um rugby de movimento e de se mostrar integrados no contexto colectivo para a tomada de decisões. O que só mostra a qualidade do trabalho dos treinadores.

Também gostei de alguns jogadores que mostraram ter qualidades para, a curto prazo, virem a integrar o quinze sénior. E também aqui se percebe o trabalho dos treinadores que souberam ensinar, desenvolvendo qualidades e ajudando assim a preparar o futuro do clube. E, mais do que títulos (claro que as vitórias sabem muito bem!), é esta capacidade, no último patamar da escala de formação do clube, que releva ao manter elevadas as oportunidades de sustentabilidade competitiva do quinze principal do clube com máximo recurso à prata da casa. Parabéns!

sábado, 26 de maio de 2012

JOGO COLECTIVO, JOGO DE EQUIPA


«Le rugby, c'est avant tout un sport collectif, et sans esprit d'équipe, il n'y a pas de jeu possible. En rugby, il faut toujours avoir présent à l'esprit que tout seul, on n'est rien: on existe avec les autres. On ne peut pas jouer pour soi, on ne peut pas se reposer uniquement sur des exploits individuels: il faut penser à jouer avec ceux qui vous entourent.»*
Frank Williams, construtor, F1 Williams, antigo médio-de-abertura, in L'Equipe



"É preciso pensar jogar com aqueles que estão à nossa volta". É disto que trata o rugby: jogo colectivo, espírito de equipa, o todo superior à soma das partes. E a equipa como importância maior. Sempre!

É por esta cultura que formata a estrutura e o mundo do rugby que não vemos os marcadores de ensaios ou de pontos a mascararem-se de saltimbancos para chamar as atenções sobre si. No rugby, quem marca, sabe, reconhece, que os seus companheiros tiveram o trabalho de sapa que lhe proporcionou o momento. Por isso a celebração é também colectiva, de sorrisos cúmplices.

É por tudo isto que o rugby é um jogo especial.
 
* "O rugby é, antes de mais, um desporto colectivo, e sem espírito de equipa não há jogo possível. No rugby é preciso ter sempre presente que sózinhos, não somos nada: nós existimos porque há outros. Não podemos jogar para nós próprios, não podemos ficar unicamente pelos feitos individuais: é preciso pensar jogar com aqueles que estão à nossa volta."

quarta-feira, 23 de maio de 2012

MENSAGEM DESAPARECIDAS

Por um qualquer erro eliminei a mensagem "A ESSÊNCIA DO RUGBY". Tentarei recuperá-la.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

ALARME NO SEVENS?

Não terá sido propriamente um grito de alarme, mas não deixou de ser um sinal sonoro. A chamar a atenção, claro.

Os dois fins-de-semana de Glasgow e Londres não foram propriamente brilhantes para o VII português que deu mostras de debilidades preocupantes numa altura em que se disputará - Algarve, Julho - a qualificação europeia para o Mundial 2013 a disputar em Moscovo. E se a localização nos dá a vantagem de tirar a Rússia da disputa dos previsíveis cinco lugares que estarão atribuídos para a qualificação das equipas europeias, as dificuldades serão evidentes.

Com Gales, Inglaterra e Rússia já apurados para a fase final, Portugal terá como adversários mais qualificados - e mais adaptados à variante - a Escócia, a França e a Espanha. E provavelmente ainda a Irlanda, a Itália, a Geórgia - todos presentes no Dubai 2009 - a Roménia, a Bélgica e todos os outros que começam a olhar para os Jogos Olímpicos de 2016 e de que saberemos a condição e as pretensões no Torneio Europeu já no início de Junho próximo.


Comparação com os nossos adversários mais fortes
A qualificação para o Mundial é fundamental para as pretensões portuguesas na variante. Integrada agora em permanência no World Series o VII português tem uma época inteira para se preparar - sem esquecer os resultados necessários à sua própria manutenção - para a prova maior. O que funcionará como rampa de lançamento para uma muito mais difícil qualificação olímpica - 24 equipas para o Mundial contra metade a disputar os Jogos.

Mas algo é preciso mudar para manter a esperança nas presenças.

Nestes últimos jogos da equipa portuguesa pareceram feitos para fazer voltar à baila uma velha dito: a diferença entre o rugby e a pesca é a placagem e quem não placa, deve dedicar-se à pesca... e não se pode jogar sevens sem placar.

O sevens é um jogo diferente. Claramente! Menos jogadores e mais campo para cada um com grande incidência em 1x1 a transformar-se em sprints por campo aberto. O que, quando mal percebido, tende para um individualismo descomprometido e, quantas vezes, inconsequente. Mas se a variante pretende manter-se no campo da mesma família, deve também manter um mesmo carácter identitário. Mesmo com menos jogadores e com mais espaço, o VII continua a ser um desporto colectivo onde o todo tem que ser sempre superior à soma das suas partes.

E se o carnaval entremeado de músicas para assentar as litradas de cerveja e garantir a distração das horas de quietude não me incomoda minimamente, já o estilo star system que parece implantar-se no circuito - e de que a simbologia da personalização individualizada das camisolas ou os gestos bizarros de criatividade kitsch (quando não desrespeitosos) com que se comemora a marcação de ensaios - não me agrada de forma alguma. Porque deslocam o jogo da dimensão desportiva para uma dimensão circense, individualizando e descolectivando o jogo e as equipas. Desfocando os jogadores do essencial espírito de equipa. E a sensação que o VII português deu, foi essa: a de se ter perdido enquanto equipa.

Durante dois fins-de-semana de fracos resultados, quer a organização colectiva defensiva, quer a defesa individual - a placagem - estiveram abaixo dos mínimos exigíveis. Na organização colectiva porque ela nunca ultrapassou o individual; na placagem porque nunca o foi. O que se viu: falta de atitude e de solidariedade naquilo que traduz um individualismo viciante e preocupante. E só nos jogos com equipas do nível inferior foi possível ver algumas ideias arrumadas - o jogo ao pé contra a defesa 7:0 e de que resultaram ensaios foi um dos momentos de boa demonstração das vantagens do jogo colectivo da equipa, mas souberam a pouco.

Há ainda tempo para preparar a mudança e emendar o que está mal - começando por introduzir a humildade necessária para o reconhecimento do verdadeiro posicionamento do VII português, das suas capacidades e necessidades e preparando-se para, reconhecendo as fraquezas preparar os pontos fortes. Processo que deve poder garantir a passagem de um VII de nível Shield com presenças pela Bowl para um VII Bowl com presenças na Plate. E, naturalmente, a qualificação para o Mundial de 2013.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O COLÉGIO MILITAR E O RUGBY

Por muito estranho que pareça - dada a qualidade do seu programa de formação desportiva - e com excepção de um curto período nos anos 80 por iniciativa do coronel Roberto Durão, nunca houve rugby no Colégio Militar. Mesmo assim muitos dos seus ex-alunos tornaram-se jogadores de rugby e bastantes foram internacionais em representação da selecção principal de Portugal de que, alguns ainda, foram capitães e seleccionadores/treinadores. Tantos o foram que, seguramente, não haverá instituição nacional de ensino que tenha, nesta matéria, contributo comparável. E terá sido assim porque, por um lado, a formação desportiva multidisciplinar recebida nos permitiu adaptar-nos muito rapidamente às exigências de um jogo novo e, por outro, porque a base da educação militar que aprendíamos estruturou uma fácil compreensão do jogo.

Faz todo o sentido que o Colégio Militar integre o rugby no programa de formação desportiva para os seus alunos. Como o está a fazer agora que transformou o velho pelado, onde treinávamos futebol para a conquista dos campeonatos escolares da Mocidade Portuguesa, em campo de relva artificial capaz de responder às exigências de segurança do rugby e criando assim condições excepcionais para a aprendizagem e prática da modalidade.
O rugby exige a aceitação de valores - coragem, solidariedade, lealdade, espírito de equipa, boa-educação, disciplina, abnegação, desportivismo, partilha, sacrifício - que o Colégio, tendo por base o lema UM POR TODOS, TODOS POR UM, transmite a quem o frequenta.
Sendo um desporto colectivo de combate organizado para a conquista de terreno - como gosto de o definir - o rugby tem relações estratégicas e tácticas com a batalha. Simplificando a complexidade de um jogo que exige avançar para marcar ensaios mas não permite passar a bola para frente, pode dizer-se que em cada jogo, em cada momento do jogo, os três sectores que formam a equipa - avançados, três-quartos e médios - têm missões significáveis em linguagem militar: o primeiro, avançados, a quem, como uma infantaria, cabe criar os desequilíbrios nas linhas adversárias que diminuam as suas capacidades operativas enquanto que aos segundos, três-quartos, caberá, como à cavalaria, a exploração do sucesso conseguido sob o comando táctico dos dois generais responsáveis pela estratégia global, o terceiro sector dos médio-de-formação e médio-de-abertura.

O que significa que o jogo exige um constante desenvolvimento das capacidades de tomada de decisão individuais e colectivas.

Com estas potencialidades pedagógicas a pergunta tem pertinência: porque é que o rugby não tem feito parte do curriculo escolar de uma escola que tem por base a educação militar?

Vá lá saber-se... Felizmente a realidade modificou-se e hoje o rugby inicia no Colégio Militar um percurso que se pretende sustentado e integrado em programas de formação desportiva multidisciplinar que tem sido a marca registada da Casa que nos educou.

O rugby português conhecerá em breve as vantagens deste passo.
(escrito a 29/ABR/2012)

quarta-feira, 2 de maio de 2012

UM JOGO DE ATAQUE

O rugby é um jogo de ataque! É aliás esta a beleza da sua expressão. 

Aproveitando esta paragem de duas semanas da fase final do campeonato principal devido aos jogos de sevens no World Series - os mesmos melhores jogadores não podem estar em dois lugares ao mesmo tempo... - deixo, como proposta de reflexão e melhoria do jogo, a releitura dos primeiros parágrafos - recomendando naturalmente a sua leitura integral - do livro  do neozelandês C. K. Saxton, O ABC do Râguebi, escrito em 1960, traduzido por Vasco Pinto de Magalhães, o "engenheiro", em 1971 e que foi reeditado em 2011 - 3ª edição - pela mão do seu filho João.

Diz assim:
O râguebi é um jogo de ataque e os seus praticantes só podem fazer do jogo um êxito pensando ou falando  acerca dele em termos de ataque. Nunca devem encarar um encontro com a ideia de que vão para o campo para defender uma das equipas mas antes meter na cabeça que vão para atacar a outra equipa. Por outras palavras, devem aprender a primeira lição do râguebi, dar o tom.
Em râguebi o objectivo é marcar ensaios. E estes não serão marcados por jogadores que vão para o campo com o fito de defender; são marcados apenas por homens pensando no jogo em termos de ataque e que transformam os seus pensamentos em acção.                                                                                          
Uma equipa que aprecia o êxito tem de treinar para atacar, atacar outra vez, atacar sempre.

O rugby é um jogo de ataque! E ganham-se os jogos com eficiência atacante - a que permite marcar ensaios ou provocar faltas que se traduzam em território ou pontos.

E não vale a pena dizer que isso era dantes, que agora é rugby é outro. Sendo, não é: mudaram o contexto - hoje há rugby feminino - o ambiente mas não o campo, a bola, a enorme maioria das Leis do Jogo, o número de jogadores, o objectivo. Mudou apenas a capacidade dos actores: treinam mais vezes e mais tempo, são eventualmente mais fortes e com superior capacidade física, são tecnicamente mais capazes e fazem um rugby mais contínuo, mais rápido, conseguindo defender melhor e com melhor organização. O que só significa que o ataque está mais difícil e tem que ser melhor preparado. Mas continua a ser o elemento vital do jogo.É para ver ultrapassar linhas de defesa e ver marcar ensaios que vamos aos estádios. Ou não?

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