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sábado, 6 de julho de 2019

J.A.G.U.A.R - UM CAMINHO PARA A INTEGRAÇÃO


O Desporto — na área designada de Rendimento onde a superação e o resultado são os indicadores de desempenho — é, pelos princípios e valores que o definem, um espaço de excelência do mérito. Porque, ao procurar objectivamente o melhor resultado, o Desporto Rendimento ignora as diferenças sociais, culturais, étnicas ou religiosas para se centrar nas capacidades e talento adequados a cada modalidade, tornando-se, assim, num espaço de inclusão e integração. Sendo este um dos valores sociais do Desporto, a sua aplicação fica, muitas vezes, reduzida ao curto espaço da envolvente próxima dos clubes, não conseguindo assim potencializar todas as vantagens sociais e desportivas da abertura de portas ao mérito.

A Escolinha de Rugby da Galiza da Santa Casa da Misericórdia de Cascais e que nasceu em 2006, tem por Missão, sempre pela mão atenta e tenacidade da sua alma mater, Maria Gaivão, incentivar a prática do Rugby junto das crianças e dos jovens que vivem no Bairro da Galiza. Mas resolveu ir mais longe e alargar as suas fronteiras, proporcionando uma maior integração social aos seus rugbistas.

E se melhor o pensou, melhor o fez ao estabelecer uma parceria com a equipa de rugby do St. Julians School (St. Julians Rugby Club), colégio onde estudam alunos vindos de diversas e diferentes áreas da região de Lisboa. Esta parceria desportiva entre os dois clubes e que adoptou o nome de Jaguar — Julian’s And Galiza’s United At Rugby — proporciona uma verdadeira integração ao relacionar, através de uma base de gosto comum e num ambiente competitivo, jogadores oriundos de bases sociais muito diferentes.

Os resultados são suficientemente interessantes para motivarem o interesse da Rugby World que, através do vídeo que reproduzimos, o dá a conhecer ao Mundo como exemplo do objectivo procurado de proporcionar o Rugby a todos. Proporcionando, simultaneamente, a inclusão que o mérito desportivo permite.

terça-feira, 5 de março de 2019

“RUGBY COM PARTILHA” EM VALE DE JUDEUS

Os voluntários do “Rugby Com Partilha” no Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus: Francisco Mendes Correia, Miguel Morgado, Manuel Cortes, João Paulo Bessa e António Abreu

Nunca imaginei que por ser treinador iria parar a uma prisão. Mas foi o que aconteceu.
Por convite do Manuel Cortes, fundador com António Abreu da Associação Rugby Com Partilha, fui dar um treino ao Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus.
Foi uma interessante experiência que leva a pensar nas metodologias a utilizar neste caso e que nos podem dar novas pistas para as situações habituais de treino.
Os reclusos são adultos e embora quase todos aqueles que participam nos treinos de rugby tenham algum conhecimento de uma ou outra modalidade desportiva, a grande maioria, senão mesmo a maioria, nunca tinha visto rugby. Portanto um treino para adultos sem referências anteriores da modalidade.
E com uma dificuldade acrescida: não têm acesso a jogos por via directa ou indirecta. O que impede o recurso à visualização de situações que possam permitir a imitação. A que se junta uma outra dificuldade maior: o pouco tempo de treino possível.
O quadro é este: adultos, sem referências da modalidade e sem a possibilidade de visualisar as acções globais que formatam o jogo. Então como transmitir os conceitos básicos que possam permitir, ultrapassando a falta de conhecimentos e experiência, praticar o jogo? Porque, seja qual for a situação, é a prática do jogo que interessa.
Se definirmos que o objectivo do jogo é a marcação de ensaios, ou seja, levar a bola até lá ao fundo e colocá-la dentro do castelo adversário, alguns princípios estratégicos e tácticos mostram-se intuitivos. E um dos jogadores, o Mauro, percebeu isso perfeitamente quando advertiu um companheiro: ”Tens que andar para a frente, senão está a jogar pela equipa adversária!”. Estava, numa clareza absoluta, expresso o primeiro princípio estratégico do jogo: Avançar sempre!
Alguns conceitos devem estar presentes em permanência em cada momento da aprendizagem, nomeadamente a simultaneidade dos parametros técnicos, tácticos, mentais e físicos. O que significa que a intensidade dos exercícios deve ser uma constante, partindo da apreensão do gesto a velocidades muito lentas para, compreendido, passar de imediato à execução em alta intensidade. E sempre com o conceito de “game sense” presente desenvolvendo outro princípio básico de velocidade no passe e na recepção. 
Assim amplia-se a fluidez dos gestos no cumprimento das exigências tácticas básicas sem esquecer, porque a sensação de melhoria constante e progressiva é essencial para a adesão ao projecto e sua continuidade. Aproveitando para implementar a noção da grande responsabilidade do receptor - que, apoiando e abrindo linhas de passe claras e tão fáceis quanto possíveis - no êxito e eficácia dos passes, possibilitando a continuidade do jogo numa clara preferência pela evasão sobre a colisão.
Nas condições possíveis deste programa de treino, o domínio da relação passe/recepção constitui o factor-chave para a manutenção da sua atractividade, interesse e continuidade.
A atracção deste desporto colectivo de combate, com as suas regras comportamentais e com a fisicalidade que exige, é, naturalmente — é evidente a verificação — bem recebida pelos reclusos que resolvem aderir ao programa. Que se mostram claramente abertos, num claro comportamento de esponjas, ao conhecimento e aprendizagem. O que coloca — para evitar qualquer tipo de desilusão — uma enorme exigência de conhecimentos de treino e domínio das técnicas gestuais a que se acrescenta a capacidade de comunicação nos voluntários participantes.
Nas condições do programa — pelo menos nas condições que conheço de Vale de Judeus — parece que o objectivo deve estar confinado ao jogo das variantes reduzidas do jogo: Sevens ou Tens. Quer pela maior facilidade de compreensão colectiva, quer por razões de segurança física dos intervenientes. No XV, para além de uma complexidade técnico-táctica superior, acresce as formações-ordenadas com disputa pela posse da bola que exigem recursos técnico-físicos que não são atingíveis num programa desta natureza. Ora essa impossibilidade colocará, pela falta de treino adequado, as primeiras-linhas em situação de risco da sua integridade física.
Nos Sevens ou Tens, para além de não ser comparável o risco inerente às formações-
ordenadas, tem ainda a vantagem de uma superior participação de movimentos com bola 
— isto é, possibiltam um maior contacto de cada jogador com a bola e portanto mais passes e recepções e mais decisões por jogador.
O programa é muito interessante e projecta para um domínio diferente do habitual onde — e para além dos aspectos sociais de abertura e inserção — é necessário reflectir sobre as metodologias de treino e adaptá-las a estas condições objectivas que diferem das correntemente conhecidas. O que pode significar a descoberta de novos processos. Isto é o programa serve ambos os lados: quem aprende e quem ensina.
Foi uma tarde muito interessante e recompensadora na adesão demonstrada pelos reclusos participantes e já fui desafiado para realizar uma outra sessão com a dominante da explicação do jogo, dos seus princípios e da sua geometria. Lá estarei.


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

ESCOLINHA DA GALIZA

Ontem estive no jantar em favor da Escolinha de Rugby da Galiza. Para além da recolha de fundos a que se destinava - e deve ter havido resultados aceitáveis pela solidariedade evidenciada - devem ser relevados dois aspectos que tornaram a cor da festa mais viva: o compromisso do Presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, da construção de um campo para o desenvolvimento do plano desportivo da Escolinha de Rugby da Galiza e a extensão à Damaia da Escolinha e dos seus princípios.

O compromisso do campo representa a garantia de que o projecto Escolinha tem melhores condições para continuar o notável trabalho que a incansável Maria Gaivão - sonho e vontade inabaláveis - tem vindo a realizar, conseguindo criar sinergias e envolvimentos onde pareceria impossível chegar. Das vontades que permitiram a Escolinha chegar onde já está - vai haver um salto, delicado mas corajoso, para o rugby de XV - espero a melhor atenção para o ponto crítico que os transportes representarão nesta nova fase de desenovlimento do projecto da ATL da Misericórdia de Cascais.

A extensão à Damaia constitui uma excelente novidade. O Desporto, onde apenas contam as cores das diferentes camisolas, onde o mérito e o talento tem óbvio reconhecimento e onde se aprende a transformar o erro em experiência com a derrota e a vitória a pertencerem à mesma moeda, tem características únicas de inserção social; o Rugby, em particular, com os valores que lhe são próprios - e que encabeçam o rótulo desta página - apresenta condições ideias para integrar e abrir horizontes.

Gostaria ainda que este exemplo de continuidade, desenvolvimento e clareza de objectivos que a Escolinha de Rugby da Galiza nos mostra, desse as forças necessárias e possibilitasse a mesma continuidade ao programa "Desperta no Desporto" [ver aqui] - apontado a jovens que habitam bairros problemáticos e com os mesmos objectivos de insersão social e abertura de horizontes - que foi lançado em Março de 2010 pelo Governo Civil de Lisboa e Câmara de Loures no âmbito do Contrato Local de Segurança (e que, então, era coordenado pelo Rafael Lucas Pereira e que tem a componente Rugby no seu espaço) e que não tem - a crise afecta tudo - passado os melhores dos dias...

À Maria Gaivão e a todos os seus colaboradores, um grande abraço. O Rugby é mais do que um jogo!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

MAIS FUTURO

Crédito: site da Escolinha de Rugby da Galiza
No domingo passado a Escolinha de Rugby da Galiza ocupou – "Por um dia a Escolinha tem um campo” - o relvado artificial do Jamor. Um sonho realizado! como me diria a notável e feliz Maria Gaivão.

Durante todo o dia a Escolinha recebeu no seu campo os seus amigos rugbistas para um excelente convívio onde se viu o talento que vai suportar o futuro. E que, mais uma vez veio demonstrar como pode o desporto – e neste caso particular o rugby que tem, pelas suas características próprias, capacidades excelentes neste campo – contribuir para a inclusão social e abertura de horizontes.

Com a diferença de cor a estar presente apenas nas diferentes camisolas dos jogadores e com a demonstração do mérito imediatamente visível nas capacidades expostas ao serviço das equipas que representam, o desporto tem óptimas características para que o olhar sobre o outro seja feito no reconhecimento das suas qualidades próprias e não através de preconceitos artificialmente introduzidos. O rugby, com as exigências de trabalho colectivo, de disciplina, de desafio directo, de lealdade e solidariedade, constitui um espaço onde essas características podem atingir patamares que fazem da inclusão social uma realidade cívica.

No dia anterior, sábado, fui assistir à assinatura dos protocolos do programa do Contrato Local de Segurança de Loures e atrás de mim estavam os novos atletas lançados pelo Desperta no Desporto -  judocas, esgrimistas e, nomeadamente e representando todos os outros, duas raparigas e dois rapazes que jogam rugby. O programa está a crescer e são óbvias as suas vantagens e qualidades. O agrado dos participantes e das suas famílias também. 

Um fim-de-semana em cheio, de encher o peito. O que significa boas-notícias na área do compromisso social. Para continuar, espero! Com crise ou sem crise. 

quinta-feira, 24 de março de 2011

DE PEQUENINO...


Como voluntários apanha-bolas no último jogo internacional Portugal-Ucrânia, os rugbistas da Quinta da Fonte, Sacavém e Camarate do programa "Desperta no Desporto" organizado pelo Governo Civil de Lisboa e que jogam já nas equipas do CDUL, acompanhados pelo mediador  (e já adepto apaixonado) Carlos Almeida, foram fotografados  - perspectivando o caminho do futuro? - com os internacionais portugueses João Correia (capitão da Selecção Nacional), Carl Murray, Pedro Silva, Jacques Le Roux e Joe Gardener.
Crédito fotográfico: António Lamas

quinta-feira, 17 de março de 2011

CAMINHOS DO FUTURO

O Abílio e o Welmer no CDUL através do programa "Desperta no Desporto"
Através do programa "Desperta no Desporto" da responsabilidade do Governo Civil de Lisboa e que inclui diversas modalidades desportivas em parceria com diversas instituições do Distrito de Lisboa, a SPORT.TV2 passa hoje pelas 22 horas o programa "Fonte de Inspiração" que pretende exemplificar e inspirar.

O Abílio e o Welmer são dois jovens da Quinta da Fonte, de etnias diferentes, que aderiram ao programa de rugby promovido pelo Contrato Local de Segurança de Loures. Hoje, fruto das parcerias estabelecidas são já jogadores do CDUL - como mostram os calções.

Para além de se tratar - sabe-se das potencialidades do Desporto nessa área - de uma excelente forma de integração social e oportunidade de abertura de horizontes, a própria modalidade Rugby ganhará, com a abertura do seu espaço a outros mundos, novas e, eventualmente insuspeitadas, capacidades de desenvolvimento.

O contributo de programas desta natureza - já se conhece a excelência da Galiza - pode garantir o futuro desportivo do Rugby numa dimensão competitiva cada vez mais exigente.

Como disse - e cito de novo - um dirigente do CDUL: "se o rugby não serve para isto, então não sei para que serve." . 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

DO BAIRRO AO CLUBE

Estive presente no primeiro treino "a sério" que o António e o Ailton fizeram nos sub-18 do CDUL. Miúdos residentes num bairro inserido nas designadas "Zonas Urbanas Sensíveis", ambos de Camarate, iniciaram a aproximação ao jogo no programa "Desperta no Desporto" da responsabilidade do Governo Civil de Lisboa e destinado a promover a inclusão social através do desporto e de que o rugby do CDUL é, com muitas outras instituições, parceiro. Não se deram mal - falei com eles no final do treino - e pese algumas dificuldades - não é fácil "saltar" de uma iniciação para um grupo já com anos de adaptação - mostravam-se francamente satisfeitos e manifestando clara vontade de continuar. Hoje mais três "iniciados" irão juntar aos sub-16. Estarão, quaisquer deles, bem entregues. Um dos directores do CDUL presente, o José Maria Caupers, deixou, numa frase lapidar, o sinal do interesse, do compromisso e da responsabilidade: "Se o rugby não serve para para isto, então não sei para que serve!".
Que se divirtam e que o rugby lhes abra as portas da oportunidade de inclusão. 

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