sábado, 28 de setembro de 2019

EXPECTATIVAS E INTERESSE


Neste domingo de manhã muito cedo para nós, portugueses, o Grupo D do Mundial entra em ebulição com jogos que vão ter influência na continuidade das equipas.

No Geórgia-Uruguai joga-se o provável afastamento do derrotado da hipótese de apuramento directo para o Mundial de França de 2023. Equipa que seja derrotada neste jogo dificilmente conseguirá o 3.º lugar classificativo.

Partindo do princípio que nenhuma das equipas conseguirá vencer Gales ou Austrália, a Geórgia tem dois jogos que lhe permitem pensar no apuramento — este e o de Fiji; o Uruguai tem apenas este; Fiji tem apenas o jogo com a Geórgia a 3 de Outubro para tentar o apuramento. Mas está tudo muito dependente da combinação de resultados entre as três equipas. Teoricamente será o Uruguai que terá as melhores hipóteses: se vencer a Geórgia juntará, no mínimo, mais 4 aos actuais 4 pontos para um total de 8 pontos que devem ser inatingíveis por qualquer dos outros adversários. A juntar a estas contas haverá ainda a possibilidade de resultados-surpresa que possam acontecer com os dois principais candidatos aos quartos-de-final. Uma enorme expectativa.

O Austrália-Gales que ninguém quer perder e onde estará em causa o 1.º lugar do Grupo. O vencedor, se não se deixar, como lhe compete, surpreender por qualquer das equipas do 2.º Nível defrontará, na primeira eliminatória,  o segundo classificado do designado “Grupo da Morte” — um de entre a Inglaterra, França e Argentina. O jogo está a criar boas expectativas uma vez que qualquer das equipas parece pretender impôr um modelo de jogo de movimento. Com alguns jogadores de categoria mundial, há ainda a curiosidade de saber como conseguirá o ataque australiano quebrar a bem organizada defesa galesa. A valer ser visto!

Nos restantes jogos até à próxima 2.ª feira, a França terá a oportunidade, contra os Estados Unidos,  de mostrar o que verdadeiramente estará a valer enquanto que a Escócia terá, depois do desastrado jogo contra a Irlanda, uma oportunidade, vencendo a Samoa, de aparecer no último jogo do Grupo A e contra o Japão, numa espécie de final, como candidata à passagem à fase de eliminatórias.

O JAPÃO DE NOVO


Jogar em casa representa uma vantagem? Representa sim e de tal maneira que quer os rankings da World Cup — com um aumento de 3 pontos para quem joga em casa — e da Rugby Vision — que aumenta 4 pontos para os visitados — atribuem ao factor casa uma evidente vantagem.
O Japão — na 9.ª posição e com 76,70 pontos transformados nuns caseiros 79,70 mas que não chegaram para colocar a diferença entre os dois adversários abaixo de 10 pontos, valor que estabelece o equilíbrio competitivo entre ambos — ao vencer, numa também surpreendente vitória, a Irlanda — 2.º classificado com 89,93 pontos — os nipónicos tiraram todo o partido do factor casa. E ganharam com toda a justiça.
O jogo foi francamente interessante e o Japão, com mais posse da bola (51%), mais metros conseguidos em transporte de bola (61%), mais ultrapassagens da Linha de Vantagem (57%) ou maior sucesso nas placagens (92%) e como reconheceram quer o capitão, Rory Best, quer o treinador principal, Joe Schmit, colocou problemas em campo para os quais os irlandeses não souberam encontrar soluções e responder com eficácia. Depois da inesperada vitória, no Mundial de 2015, sobre a África do Sul (34-32), o Japão, para além de abrir parte da porta de acesso aos quartos-de-final, introduz-se no clube dos grandes.
Nos restantes jogos os resultados estiveram dentro da normalidade e onde apenas ressaltam as dificuldades demonstradas pelos Estados Unidos de quem se esperaria uma oposição mais firme.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

URUGUAI SUPER-SURPRESA

Desta lista de previsões de resultados já se realizaram os jogos Rússia-Samoa (vitória dos samoanos por 34-9 que permitiu, sem trabalho algum, que Portugal subisse, com um segundo salto da mesma natureza, para a 20ª posição) e o Fiji-Uruguai que com a surpreendente — a primeira verdadeira surpresa deste Mundial —vitória dos sul-americanos e que os coloca na disputa do 3.º lugar do Grupo D e, consequentemente, com a possibilidade — situação naturalmente prejudicial para os desejos do rugby português — de qualificação directa para o Mundial de França 2023. E a análise das estatísticas do jogo aumenta ainda mais a surpresa. Como é que o Uruguai ganhou? Por adormecimento dos fijianos ou por assertividade dos Teros? Mas a marca da vitória num Mundial já ninguém lha tira.

O Uruguai superiorizou-se apenas na eficácia das transformações e das penalidades mesmo se as fez em maior número — 9 contra 7 — e venceu por três pontos de diferença. O que deu aos fijianos? E agora com as pretensões da Geórgia, do Uruguai (jogam entre eles a 30 de Setembro) e ainda com a résteazinha de esperança de Fiji, o Grupo B está ao rubro.
E mais uma vez ressalta à evidência que o melhor e mais eficaz uso da bola constitui o factor decisivo da construção das vitórias. De facto o Rugby é um jogo de qualidade e não de quantidade.

Dos jogos restantes o Argentina-Tonga e o Japão-Irlanda serão os mais interessantes. O segundo por se tratar da equipa da casa e pelo ambiente de um estádio cheio a torcer por uma vitória contra o nº2 mundial. 

 NOTA EM TEMPO
Vista a transmissão do jogo Fiji-Uruguai é possível perceber as razões da surprendente vitória dos Teros. Os investingadores do Gain Line Analytics afirmam que o Desempenho de uma equipa está directamente ligado com a Coesão dessa equipa considerando, como diz o fundador (e antigo jogador internacional de rugby) Ben Darwin, que as equipas desportivas devem ser vistas como uma rede de relações conexas. Ao mudar 12 jogadores o responsável figiano, para além de ignorar o factor da Coesão da sua equipa ainda acrescentou um pretensiosa menosprezo pelas qualidades técnicas e mentais bem como pela Coesão uruguaias. Como consta num post anedótico que corre nas redes sociais, ter-se-á limitado a “carregar” a equipa num próximo avião...


AINDA SEM SURPRESAS

COMPARAÇÃO DAS PREVISÕES E RESULTADOS FINAIS DA 
1.ªJORNADA DO MUNDIAL 2019 DO “XVCONTRAXV”

Em termos de vencedores os  resultados foram de acordo com o previsto embora a Argentina tivesse tido a possibilidade de criar uma surpresa vencendo a França que conseguiu a vitória pela mínima diferença de dois pontos com um pontapé-de-ressalto de Camille Lopez e com o falhanço de uma penalidade de Emiliano Boffelli aos 79’ que poderia voltar a colocar os argentinos na frente do resultado. Mas a França que, com uma equipa com bastantes jovens, começou muito bem fazendo jus ao conceito “se é bom tem idade suficiente” recebendo até elogios de Brian O’Driscoll a mostrar-se surpreendido com um “há anos que já não via a França a jogar assim” — levando a Argentina a um fraco 76% de eficácia na placagem — mas que a sua desleixada disciplina — 14 penalidades — quase borrava toda a pintura. Com o caminho aberto para os quartos-de-final, a vitória da França deixa à Argentina um dificílimo problema a resolver para não fazer as malas no final dos jogos de grupo: vencer a candidata Inglaterra.
A Nova Zelândia, num excelente jogo de combate permanente, venceu o arqui-rival África do Sul com uma demonstração de capacidade e qualidade do seu rugby e dos seus jogadores — provavelmente será a equipa com maior número de jogadores de classe mundial — que lhe permitiu fazer a diferença mesmo com menos domínio territorial e menor posse de bola. Mas com maior acerto na utilização e na capacidade defensiva traduzida em 82% de eficácia de placagens (contra 76% dos springboks). Aliás os AllBlacks têm a qualidade de serem a equipa que melhor faz e por mais vezes enquanto que a África do Sul em processo de adaptação a um jogo de mais movimento e menos colisão ainda regride para o seu clássico modelo-de-jogo sempre que sujeita a pressão como aquela que os AllBlacks lhe impuseram e que impediu Cheslin Kolbe (1,71m/78kg), ponta do Stade Toulousain desde 2017 e que, pelas suas notáveis capacidades atacantes, pode vir a ser uma das figuras notáveis deste Mundial, de ser convenientemente utilizado. E a exploração dos pontos fracos dos sul-africanos com recurso ao jogo-ao-pé ofensivo, fez o resto do domínio. De tal maneira que Rassie Eramus, treinador sul-africano, reconheceu no final do jogo: “A Nova Zelândia mereceu ganhar e são definitivamente os favoritos para ganhar a World Cup”.
O Irlanda-Escócia que deveria ser um jogo competitivo não mostrou mais do que uma sofrível Escócia que foi, ao contrário das outras equipas nesta primeira fase, incapaz de marcar um ensaio, deixando pela amostra a dúvida: será que os escoceses irão conseguir a qualificação para os quartos-de-final? Teremos a resposta a 13 de Outubro com o Japão-Escócia.
Embora com demasiadas “Warren Balls” na 2.ª parte — provavelmente para não mostrar mais a futuros adversários mas deixando claro que têm alternativas à amostra do seu jogo envolvente — Gales, contra a equipa, Geórgia, que o rugby português quer ver qualificada directamente (3.º lugar no Grupo) para o Mundial de França 2023, mostrou uma capacidade criativa de combinações interessantes que há muito não exibia. E mostrou também o retorno de Jonathan Davies que andava muito afastado do melhor jogador da última digressão dos British and Irish Lions. E uma nota parece dever retirar-se: Steven Jones, o treinador escolhido pelos jogadores mais conceituados para substituir o apostador Rob Howell, pode já estar a deixar a sua marca de um jogo mais desinibido e mais criador de espaços no jogo atacante galês.
A Inglaterra, a Itália e a Austrália tiveram as vitórias esperadas, todas sem grandes dificuldades.

sábado, 21 de setembro de 2019

JÁ HÁ JOGOS A SÉRIO



Abriu o Mundial com o Japão-Rússia que acabou naquilo que se esperava: vitória confortável dos japoneses a dar razão à ideia do treinador galês da Rússia, Lyn Jones, que, sobre a proximidade da equipa  ao Tiers One, reconheceu “não jogámos a níveis diferentes, jogámos um jogo diferente”. E embora o Japão se pretenda entre os Tiers One e Two, o rugby visto dos russos foi diferente: colisões, perímetro curto, jogo-ao-pé territorial sem outras soluções ofensivas — tiveram 52% de domínio territorial e 50% de posse da bola para 1 ensaio em 43 (47%) de ultrapassagens da Linha de Vantagem — mas a que se juntou a qualidade evidente da velocidade de deslocação de alguns e da capacidade pressionante de combate mas a que falta qualidade criativa para criar desequilíbrios  à defesa adversária. E foi tudo porque defensivamente — apenas 67% de sucesso nas placagens — tiveram erros primários nomeadamente na confusa decisão sobre a escolha do corredor da responsabilidade do ponta e/ou do defesa — e por esse caminho meio-aberto surgiram os ensaios japoneses... Aliás defenderam sempre da mesma maneira independentemente da situação do campo em que se encontravam — o que demonstra o tal jogo diferente com a mesma bola. E não fora o descuidado jogo-ao-pé do abertura japonês e outro galo teria cantado no marcador do sol nascente.
Os jogadores japoneses, pese a incapacidade inicial de lidar com a pressão da estreia num estádio repleto de elevadas expectativas, mostraram um rugby de nível superior ao do adversário. A sua capacidade de manter a continuidade do movimento através de um bom apoio e da capacidade de realizar passes-em-carga (off-loads) teve momentos de alta qualidade. Como ponto fraco notou-se o referido médio-de-abertura que não se mostrou, tecnica e tacticamente, capaz de alimentar as interessantes capacidades demonstradas pelos membros das linhas atrasadas. 
E se nos primeiros dez minutos, pelo acerto russo de exploração eficaz do desacerto japonês, nós portugueses ainda poderíamos sonhar com a possibilidade da Rússia se qualificar para o França 2023, retirando mais um concorrente, o sonho, com a chamada à realidade, morreu cedo: há uma enorme distância entre as oito/dez melhores equipas mundiais e as outras.

Hoje de manhã são visíveis por cá dois jogos de grande expectativa: França-Argentina e Nova Zelândia-África do Sul. No primeiro, que pertence ao Grupo C onde também se encontra a Inglaterra, joga-se muito provavelmente e num quase “ao-bota-fora” a passagem à fase das eliminatórias; no segundo joga-se a evitar encontrar nos 1/4 de final a Irlanda que se tem por vencedora do Grupo B. Alta competitividade em perspectiva, portanto.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

QUEM VAI GANHAR O MUNDIAL?

Com o Japão-Rússia em Tóquio e dentro de pouco mais de uma hora, começa o Mundial de Rugby de 2019. Quem ganhará?
Apostas não faltam e previsões também não mesmo quando os AllBlacks são considerados os principais candidatos à vitória final.
Diversos treinadores consideram o mesmo factor como decisivo para vencer o Mundial: cinco jogadores de categoria mundial na equipa. O The 1014 Rugby criou, acrescentando e através das pesquisas de Steven Prescott e Gareth Dinneen, um Modelo Vencedor da Rugby World Cup que podemos designar por 52-50-28-5,5-61%. Traduzindo mais claramente estas métricas definidas pelos autores do estudo, significa que as equipas, para estarem em condições elevadas de competitividade, tiveram que realizar 52 jogos-teste durante o ciclo de 4 anos entre Mundiais, que devem apresentar uma média de 50 internacionalizações por jogador, que terão uma média de idades, apelando a uma experiência consolidada, de 28 anos e que deverão ter também uma média de 5,5 anos de jogos internacionais com a equipa a atingir uma taxa de sucesso de 61% de vitórias nos jogos realizados. De acordo com os autores só enquadrada nestes valores é que uma equipa poderá ser Campeã Mundial.

O modelo do The 1014 Rugby, apresentado por Gareth Dinneen e Steven Prescott
e que define as métricas que o vencedor da Rugby World Cup 2019 terá que atingir
Pelos resultados obtidos nestes últimos quatro anos encaixam neste modelo 4 equipas: Nova Zelândia, Inglaterra, Irlanda e Gales. Embora os galeses, com o disparate das apostas de Rob Howley que foi obrigado a voltar para casa, possam ter criado maiores dificuldades para o seu objectivo mínimo que visa a presença nas meias-finais possam abrir assim uma porta a terceiros que não a França que, apesar das suas 6 presenças em meias-finais das quais 3 atingiram a final, não se tem mostrado actualmente suficientemente competitiva para ser colocada no lote dos favoritos. Verifica-se ainda que quer a África do Sul com 4 presenças em meias-finais das quais duas finais e um título de campeão, quer a bi-campeã mundial Austrália com 6 presenças nas meias-finais não atingem os parâmetros definidos por este estudo para serem consideradas como possíveis candidatas ao título final.
Curiosamente a previsão vai para apenas uma equipa do Hemisfério Sul e três do Hemisfério Norte contrariando o Ranking da World Rugby que divide os quatro primeiros lugares por equipas dos dois hemisférios. Também curioso é o facto de que ao longo dos 8 Mundiais já realizados apenas as equipas da Nova Zelândia, Austrália, França e da África do Sul (esta só tendo participado em 6 campeonatos) ultrapassaram sempre , numa relação de 3 para 1 e em favor do Sul, a fase de grupos e disputaram eliminatórias.
As quatro equipas que, aproximando-se das métricas determinadas pelo modelo 52-50-28-5,5-61%, são as principais candidatas ao título de acordo com os autores do RWC WINNING MODEL

Mas naturalmente que a África do Sul, recente vencedora do Championship e a Austrália que venceu os AllBlacks por 47-26, apesar da correção seguinte de 36-0, não podem ser descartadas e é isso mesmo que mostram as previsões da Rugby Vision do neozelandês Niven Winchester, economista do Massachusetts Institute of Technology (MIT), que considera as hipóteses percentuais para a presença de cada equipa — lembre-se que a ida às 1/2 finais abre a possibilidade de um lugar no pódio — da seguinte forma: 
  1. Nova Zelândia - 89%    1/2 finais - 71,5% Final - 57,7% Campeão
  2. Inglaterra        - 68,7% 1/2 finais - 27,3% Final - 14,4% Campeão
  3. África do Sul   - 64%    1/2 finais - 40%    Final - 12,8% Campeão
  4. Irlanda             - 34,5% 1/2 finais - 19,7% Final -   5,6% Campeão
  5. Gales               - 52,5% 1/2 finais - 18,8% Final -   5,2 % Campeão
  6. Austrália        - 42,1% 1/2 finais -  11,2% Final -  2,4% Campeão
colocando, como tantos outros, a Nova Zelândia, 7 vezes presente em meias-finais, 4 em finais e com três títulos conquistados, como a grande favorita.
A partir de hoje os dados estarão lançados para a procura de um dos dois primeiros lugares de cada um dos quatro grupos que permitirá o acesso aos 1/4 de final que. para além de garantirem a qualificação para o Mundial de França de 2023, mantêm ainda a esperança de um brilharete. Assim e com a excepção do Grupo C , o "grupo da morte", que com Inglaterra, França e Argentina não tem dois primeiros classificados declarados, a Irlanda e Escócia do Grupo A, a Nova Zelândia e África do Sul do Grupos B e a Austrália e Gales do Grupo D, encontrar-se-ão com certeza nos quartos-de-final, restando a nós, portugueses, torcer para que a Geórgia — nosso adversário europeu para o apuramento do França 2023 — consiga um 3º lugar no grupo, derrotando Fiji, que a 
apure automaticamente. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

COMEÇA O MUNDIAL 2019





O  Mundial de Rugby 2019, que se disputa no Japão, vai começar e é boa altura, recorrendo à Batalha Medieval, para rever os elementos tácticos relevantes deste jogo colectivo de combate. É o objectivo deste vídeo.                                                     

domingo, 8 de setembro de 2019

IRLANDA EM PRIMEIRO E PORTUGAL A SUBIR

Com uma “standing ovation” na despedida da sua selecção em jogos em casa do formidável Rory Best — homem da Irlanda do Norte que não sabe, como todos os seus companheiros, o que encontrará no seu país, na volta do Japão, depois do cenário Monty Python montado pela senhora May e senhor Jonhson acrescentado pelas mentiras das redes sociais — a Irlanda vai chegar ao Mundial colocada na primeira posição do ranking mundial.

A vitória da Irlanda é justificada apesar da excelente entrada galesa — 52% de posse de bola e ocupação territorial. No entanto a esta entrada de dragão — que chegou a impôr uma vantagem estatística brutal mas incapaz de traduzir esse domínio em pontos— correspondeu uma 2.ª parte de muito má demonstração de capacidades, nomeadamente de condição física, ao ceder aos irlandeses 78% de posse da bola e 85% de ocupação territorial. E se Gales, que desce ao 5.º lugar, melhorou na formação-ordenada, a sua utilização de bola foi desastrosa — com excepção do ângulo de corrida do ensaio de Hadleigh Parkes que se espera possa servir de lição. Nomeadamente nos três-quartos — que se passa com o centro Jonathan Davies? — onde ninguém encontrou a fácil solução da “dobra” para contrariar a defesa “em cunha” irlandesa. De tudo o mais, apenas um facto relevante: Dan Biggar depois de uma excelente intercepção (mas poderia ter passado a bola a North) e numa absoluta demonstração de espírito desportivo, disse ao árbitro, substituindo-se ao TMO, que não tinha marcado ensaio. Bonito, decente e sério!

Esta fraca demonstração galesa a tão poucos dias do início do Mundial pode significar que Gales não se apresenta como candidato não se mostrando capaz de traduzir a sua prestação num mínimo de presença nas meias-finais? Em princípio, não! Porque pode — acredito que sim — apenas tratar-se do facto de, à distância temporal adequada, terem tido uma carga de treino — “vergando a mola” — muito elevada com alta intensidade nas últimas duas, três semanas para, quando libertos e baixando o nível de entrega física, se apresentem na melhor condição em cima da competição, principalmente quando do jogo com a Austrália. A ver... mas o pior parece ser a dificuldade de mais do que um “abertura” em condições de alto nível de rendimento.

O Japão que em 2015 criou a enorme surpresa de vencer por 34-32 a África do Sul foi, desta vez, cilindrado por uma diferença de 34 pontos. Mostrando aos mais distraídos que os sul-africanos, tendo alterado em muito o seu conceito de jogo de colisão, são potenciais candidatos ao título — e o jogo de 21 de Setembro com os AllBlacks, embora em nada decisivo, já está a criar enormes expectativas.

A Geórgia, nosso adversário directo na aposta estratégica de Patrice Lagisquet de colocar Portugal no Mundial de 2023, limitou-se, de novo contra a Escócia, a mostrar a distância a que se encontra das cinco melhores equipas europeias. No entanto e pelo sim, pelo não, deveremos, neste Mundial, sermos todos georgianos — a ver se, mais uma vez, se apurarão directamente, deixando o caminho português mais fácil.

Nós, Portugal, sentados em casa e com a época ainda por iniciar, subimos um lugar (21º) na tabela do ranking mundial com a derrota do Canadá a traduzir a única vantagem de jogar contra equipas de baixíssima categoria que permitiram as vitórias pontuáveis. Mas, estejamos atentos: em Novembro e no início de um percurso de quatros anos de difícil mas possível êxito que exigirá de jogadores e clubes uma particular e empenhada atitude, estaremos na América do Sul para jogar com o Brasil e Chile. E aí começaremos nós... porque o Mundial, fechadas agora todas as contas da preparação, começara, dentro de 11 dias, a valer.

sábado, 7 de setembro de 2019

ÚLTIMOS JOGOS DE PREPARAÇÃO


Uma vez que, pela diferença de 10 ou mais pontos de ranking que separa as duas selecções, a Nova Zelândia não marcará pontos pela sua mais que provável vitória sobre Tonga, a Irlanda, vencendo o País de Gales, ocupará o 1.º lugar do ranking mundial.

Se Gales vencer terá, para voltar ao 1.º lugar, que garantir uma margem superior a 15 pontos de diferença.

domingo, 1 de setembro de 2019

ALL-BLACKS DE NOVO EM PRIMEIRO


Com a derrota de Gales, em casa, frente à Irlanda, os All-Blacks voltaram ao primeiro lugar do ranking da World Rugby. Posição de que só sairão — não podendo obter pontos de ranking contra Tonga por haver uma diferença de mais de dez pontos entre as duas equipas — se a Irlanda, no próximo sábado, vencer de novo Gales mas por mais de 15 pontos.

No jogo de Cardiff — no último jogo de Gatland “em casa” — ficou claro, um aspecto: a segunda linha de jogadores de Gales não lhes garante uma profundidade competitiva com qualidade dos seus congéneres irlandeses. Facto que aliás é detectável nos resultados conseguidos por equipas de ambos os países nas taças europeias...

A equipa “reserva” de Gales mostrou grandes dificuldades, desde as “formações-ordenadas” ao jogo da linha de “três-quartos” mas com o pecadilho maior de falhas graves nas placagens — 21 placagens falhadas numa baixa percentagem de sucesso de 79% contra 91% dos irlandeses. Na utilização das bolas atacantes, os galeses jogaram muito longe da “linha de vantagem”, tão longe que nem sequer obrigavam os seus adversários a subir com velocidade para garantirem a “linha de placagem” no meio-campo adversário: os irlandeses subiam a baixa velocidade, bem coordenados, não abrindo intervalos e conseguindo não entregar terreno ao adversário. O que Gales teve de melhor foi ainda o esforço em cima da sua própria linha de ensaio para impedir a marcação de ensaios. De pior, para além da ineficácia da utilização da bola, foi a “formação-ordenada” que ainda entregou um “ensaio de penalidade”. E houve ainda um falhanço de penalidade de fácil execução. E assim, mesmo tratando-se de uma óbvia equipa reservista, lá se foi a primeira posição no ranking...

Em Paris, a França limitou-se a cumprir a sua obrigação: ganhar com um resultado que não deixasse margem para dúvidas. Mas os problemas disciplinares — 10 penalidades em 20’ e dois cartões amarelos — voltaram a pôr em causa a coesão da equipa. Mas mesmo assim, os franceses marcaram 7 ensaios. a mostrar as vulnerabilidades italianas,

Como curiosidade dos dois jogos, a lembrar que a diferença se faz pela qualidade do uso da bola,  o facto de os dois derrotados terem tido maior posse de bola e terem  conquistado mais terreno. Enfim, mais uma demonstração que a formação e o domínio das técnicas de base são os factores diferenciadores (como demonstram, ao longo dos anos, os de novo primeiros classificados, os All Blacks)

Nos restantes jogos as vitórias previsíveis com os Escoceses a mostrarem as incapacidades dos georgianos que, apesar do seu constante domínio na divisão europeia da Rugby Europe ainda se mostram suficientemente longe dos melhores.

Entretanto a World Rugby decidiu — para os jogos internacionais que têm TMO — que os árbitros
devem consultar o vídeo-árbitro sempre que considerarem que uma falta é merecedora de cartão vermelho. A análise deverá ser feita de acordo com o quadro-resumo (ver aqui ) definido pela World Rugby.

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