sábado, 29 de abril de 2017

FASE REGULAR DA DIVISÃO DE HONRA TERMINADA

Terminou a fase regular da Divisão de Honra do Rugby português. E terminou com uma ligeira surpresa: a Agronomia. E com o mesmo reconhecimento: que muito cedo - apesar do recurso ao truque de um apuramento para os play-offs alargado e sem qualquer aumento de interesse competitivo durante a época - se compreendeu quem nunca teria possibilidades de se aproximar da classificação para as eliminatórias da fase final.
Mesmo tendo sido um campeonato mais competitivo do que os das duas épocas anteriores, ainda está longe de ter o equilíbrio necessário a uma competição interessante, atractiva e que prepare os jogadores para níveis mais evoluídos. Idealmente o campeonato principal do rugby português deveria - e isso seria deixar que os princípios desportivos se sobrepusessem a todo o tipo de interesses ou ignorâncias - iniciar-se subordinado à ideia que qualquer das equipas poderia ser apurada para a fase dos play-offs. Estaríamos então no domínio onde devemos pertencer: o desporto de rendimento.
É possível determinar - recorrendo ao algoritmo de VCoucello - o ìndice de Competitividade do nosso campeonato principal. Ao longo das diversas épocas só foi realmente competitivo - como se pode ver no quadro abaixo - quando foi disputado por 6 equipas. 
No rectângulo esverdeado encontra-se 
os resultados internacionais de cada época
 E nada evidencia que algo mudou para diferente: o campeonato principal do rugby português só será verdadeiramente competitivo no sentido de qualquer das equipas ter a possibilidade de vencer qualquer uma das outras, com uma real redução do número global das equipas. Como aliás mostram os outros indicadores de análise.  
% Vitórias= número de vitórias sobre o total de jogos; Quota de Pontos: relação dos pontos
marcados sobre o total de pontos de jogo marcados e sofridos; %Resultados Esperados e
%Resultados Inesperados: correspondem ou a vitórias sobre
equipas superiores ou a derrotas sobre equipas inferiores
 

Neste quadro é possível, por exemplo, que os números de resultados esperados - coluna verde -  aumentem com a diminuição da % de vitórias, não deixando de ser curioso verificar o equilíbrio decrescente entre estes valores apresentados pelas equipas que melhor se qualificaram. Cascais e Belenenses obtiveram os mesmos valores nos resultados esperados e inesperados com vantagem para Belém no que diz respeito às diferenças de pontuação nas vitórias. Não deixando de ser também curioso - como se verá noutro quadro - que a equipa de Belém na luta pelo 4ª lugar, marcou menos e sofreu mais ensaios mas encontrou as forças necessários para vencer jogos contra adversários de melhor "ranking" inicial como se pode ver no quadro seguinte e que lhe permitiram sobrepor-se ao maior valor de pontos de bónus conseguido pelo Cascais. 

Pode verificar-se que as equipas que melhor campeonato fizeram relativamente
ao ponto de partida da época de 2015/2016 foram a Agronomia, o Belenenses
e a Académica,. Por outro lado o CDUL e Direito tiveram pior comportamento do
que na época passada
Muito provavelmente o maior significado que se pode tirar do quadro anterior é a de que as equipas com pontos negativos (maiores perdas) não conseguiram atingir o nível de COESÃO necessário - e sabe-se hoje qual a importância do domínio colectivo deste factor, havendo demonstrações significativas que a medição deste valor compõe 40% da construção das vitórias - e sempre que me lembro deste conceito, penso na vitória da equipa equipa portuguesa de futebol no EURO 2016.
 Curioso é também o que revela este quadro: que o Cascais terá tido, com o mesmo número de vitórias do que o Técnico, uma maior facilidade nas suas vitórias que a equipa das Olaias e mesmo do que do Belenenses. O volta a colocar o ponto na questão da coesão colectiva e nas dificuldades que o Cascais terá tido nesse domínio ao enfrentar equipas melhor qualificadas.   
Outra demonstração de desequilíbrio está representada no quadro seguinte.
O valor conseguido pelos pontos de bónus defensivos e que seria, se fosse alto, uma das demonstrações de equilíbrio defensivo, vale 1/3 do valor dos pontos conseguidos com os pontos de bónus ofensivos. O que significa um fosso entre equipas e uma permeabilidade defensiva das equipas mais fracas que não permitirá a aproximação competitiva.
 Neste quadro dos ensaios marcados e sofridos, percebe-se também que é a partir do 6º lugar que se invertem os dados e o número de ensaios sofridos começa a ser superior ao número de ensaios marcados. O que demonstrará uma incapacidade de fazer frente aos restantes adversários - o que também é demonstrado no quadro dos pontos de bónus - e que, por isso, não permitirá elevar o nível competitivo do campeonato.

Como maior curiosidade deste quadro da composição de pontos marcados estará o facto de apenas ter havido um único pontapé de ressalto válido em toda a competição. O que se por um lado poderá demonstrar a falta de domínio deste gesto técnico, demonstra por outro que as debilidades defensivas permitiam encontrar soluções eficazes na procura de pontos sem obrigar a este recurso técnico para conseguir marcar. Também aqui ressalta que qualquer das equipas tem no ensaio a sua arma mais eficaz de marcação de pontos, mas mostra também valores de pontapés de penalidade que devem fazer reflectir as equipas mais capazes - provavelmente o seu número de faltas contra equipas mais fracas está a ser demasiado elevado.
Em qualquer destes quadros é fácil perceber que as coisas mudam a partir do 6º classificado. Até lá existe algum equilíbrio com hipóteses de vitórias mútuas. A partir daí a incerteza que deve caracterizar uma competição desportiva deixa de ter lugar. Os valores, os números, não enganam: é preciso agir rápido. Mudando e definindo os objectivos desportivos pretendidos

sexta-feira, 28 de abril de 2017

SERAFIM MARQUES (1924/2017)

Faleceu Serafim Marques. Despediu-se da Família e dos Amigos em fato azul e com a gravata do CDUL, o seu grande amor desportivo.
O Rugby português deve-lhe muito. Para além de ter sido fundador do CDUL - sócio nº 2 - foi seu treinador e um dos responsáveis pelo brilhante palmarés que o clube detém, sendo, ainda hoje,  o clube com mais campeonatos conquistados (19), muitos dos quais com a sua participação directa.
Serafim Marques foi o homem que deu voz ao Rugby, quer ao nacional com a escrita no Diário Popular, quer mostrando-nos, com a sua persistência e qualidade de comentador, o rugby internacional através da sua voz que acompanhava os jogos, a preto-e-branco, do então Torneio das Cinco Nações. Com ele muitos portugueses passaram a gostar de rugby, com ele muitos jogadores portugueses aprenderam a ser melhores, vendo as grandes vedetas internacionais e percebendo as diversas possibilidades de resolução de problemas que o jogo coloca. Com ele, Serafim Marques, o rugby português ganhou uma faceta cosmopolita. Com as transmissões que ele possibilitou - sei bem da luta constante que travou para garantir a sua continuidade - o rugby português percebeu que se pode ser adepto e ser civilizado, que se pode estar sentado ao lado do cachecol diferente sem que isso provoque qualquer atitude menos civilizada.
Fui, sou, Amigo de Serafim Marques. Em fase já avançada da sua incapacidade, conversámos e tive a grata alegria de ser reconhecido e, mais, muito mais, podermos recordar histórias comuns. Sei que há dias perguntou por mim a um amigo comum: já não fui a tempo...
Devo, para além da Amizade, muito ao Serafim - o Cordeiro do Vale jornalista. Aprendi com ele as técnicas da escrita jornalística - foi ele que me "empurrou" para a minha participação jornalística no República - foi com ele que aprendi a montar os vídeos televisivos de jogos, foi com ele que fiz os meus primeiros comentários em transmissões televisivas rugbísticas. E foi com ele - com a sua paciência e persistência em longas horas de treino individual - que melhorei as minhas capacidades técnicas. E foi também com ele que iniciei a minha carreira de treinador - era capitão de equipa e lesionei-me com largo tempo de recuperação - ao desafiar-me para o ajudar, treinando as linhas atrasadas da equipa sénior do CDUL. Fomos campeões nacionais, ganhei-lhe o gosto e fiz-me treinador para o resto da vida.
Perdi um Amigo que não esquecerei. E perdi-o no dia em que fiz 70 anos.

sábado, 22 de abril de 2017

SEVENS E O FACTOR OLÍMPICO

O recente torneio da World Rugby Sevens Series de Singapura foi surpreendente com a vitória do Canadá que - imagine-se - derrotou na final os Estados Unidos.  O Canadá, tendo atingido a final do Glasgow Sevens em 2014, venceu pela primeira vez enquanto que os Estados Unidos, tendo vencido o London Sevens de 2015, participavam em finais pela segunda vez. Mas a verdadeira surpresa foi o facto de - e julgo que nunca terá sido assim - duas equipas fora do TOP5 (terço superior das classificações) terem chegado à mesma final.
O Sevens com a entrada para os Jogos Olímpicos - e parece ter chegado para ficar definitivamente - alterou-se substancialmente e passou a ser uma preocupação desportiva generalizada. A cultura olímpica de muitos países tocou a rebate e as equipas do rugby reduzido dos mais diversos países - aumentando o número de opositores das tradicionais potências - passaram a ter preparações mais cuidadas, apertando-se assim as diferenças entre países e tornando os torneios altamente competitivos e, cada vez mais, com a possibilidade de vencedores inesperados. E assim sendo, o Sevens aumentará cada vez mais o interesse e impacto junto da generalidade dos espectadores adeptos da modalidade.
A Espanha é um bom exemplo resultante do factor olímpico. Equipa média que se viu afastada do núcleo central das World Series, arregaçou as mangas, definiu um programa competitivo e ajustado aos objectivos (estiveram até nas Ilhas Fiji onde deixaram marca pelo seu solidário comportamento de apoio às vitimas das inundações de 2016) e classificou as suas equipas feminina e masculina para os Jogos Olímpicos do Rio. Aproveitando o balanço, venceu agora o apuramento em Hong-Kong - derrotando na final a Alemanha - e no próximo ano pertencerá ao apetecido núcleo da World Series, garantido assim as condições competitivas necessárias para disputar um lugar nos Jogos do Japão.
E, neste quadro, o que se passa com Portugal? Afastado, por erro óbvio de visão estratégica, da World Series depois de ter falhado a possibilidade de disputar - ao contrário do conseguido pela equipa feminina - o torneio de Repescagem, o Sevens português masculino tem um difícil caminho de recuperação. Mas, caso o Brexit não estrague as coisas com eventual descontrução da Grã-Bretanha, a chegada da Espanha às World Series e a mais que provável manutenção da Russia - o Japão, com o apuramento garantido para os Jogos Olímpicos e apenas com a preocupação de construir uma equipa para o Mundial de 2018 não é de momento adversário capaz - a equipa portuguesa tem uma boa hipótese de conseguir a qualificação para a disputa do apuramento em Hong Kong 2018, tendo, para isso, de se qualificar no GPS Europeu no primeiro lugar, retiradas as 6 equipas que já se encontram qualificadas. No entanto e para além da Alemanha que tem investido muito na variante, Portugal terá ainda como adversários a Geórgia, a Itália, a Roménia ou a Irlanda. O que exigirá uma preparação cuidada e imediata.
E Mundial? Temos hipóteses de estar presentes?
Neste caso o apuramento fia mais fino. Apurados estão os oito semi-finalistas de Moscovo dos quais três são europeus: Inglaterra, Gales e Espanha. No final da World Series serão apuradas as 4 equipas melhores classificadas e que não estejam no primeiro grupo e prevendo-se que só dificilmente alguma delas seja europeia. Com os Estados Unidos também apurados como país organizador e dentro deste contexto, a Europa terá ainda dois lugares de classificação para os quais Escócia, Gales, Espanha, Alemanha, Geórgia, Roménia ou Irlanda serão os candidatos melhor preparados. 
As dependências da clkassificação são muitas e os factores competitivos são muito exigentes. Assim e antes do mais um objectivo: conseguir lugar na prova de apuramento de Hong Kong - sem a possibilidade de disputar de novo o World Series a preparação necessária para acesso aos Jogos Olímpicos ficará muito, se não totalmente, prejudicada. Conseguido este primeiro objectivo restarão as contas finais para o eventual, mas muito difícil, apuramento para o Mundial 2018. Mas o primeiro e essencial degrau - para que os Jogos Olímpicos não sejam uma miragem e possam estar dentro das possibilidades - é a classificação para Hong Kong. O resto se verá depois...

quinta-feira, 20 de abril de 2017

LIONS 2017 - A DIGRESSÃO


Já são conhecidos os 41 nomes escolhidos por Warren Gatland para constituir a equipa The British and Irish Lions para a digressão à Nova Zelândia onde durante cerca de mês e meio defrontarão os All Blacks - por 3 vezes - e realizarão mais 7 jogos contra equipas neozelandesas do Super18 e os Maori All Blacks. A escolha foi a da lista que segue:





































O capitão desta equipa equilibrada, versátil e experiente - 14 repetentes em digressões dos Lions e dois (o irlandês Rory Best e o galês Alan Wyn Jones) pela terceira vez e 7 irlandeses vencedores dos neozelandeses em 2016 em Chicago - é o galês Sam Warbuton que também repete a qualidade de Lion e de capitão. A distribuição por países apenas pode surpreender no número de jogadores galeses mas existem razões da ordem da experiência que o justificam.
A distribuição dos jogadores por posições mostra que alguns deles cobrem mais do que uma posição (Owen, Itoje, Moriarty, Liam Williams são bons exemplos) uma vez que alguns dos lugares, como os aberturas ou bases têm um número baixo para as necessidades, principalmente quando, pela dureza das exigências da  digressão. 

A experiência internacional dos jogadores convocados é elevada, como se pode verificar no quadro seguinte com 27 dos jogadores com mais do que 30 internacionalizações e este facto, a que se junta a experiência competitiva da Premiership inglesa, da PRO12 para irlandeses, galeses e escoceses e ainda o TOP14 francês e os hábitos competitivos das Taças europeias, dá uma dimensão de capacidade competitiva a estes Lions que não pode ser ignorada. É uma equipa potencialmente muito capaz, veremos se a "cola Gatland" será suficiente para fixar. 



A questão fundamental para que os Lions possam ter possibilidades de vencer os All Blacks estará na capacidade de atingirem o nível de coesão colectivo - o factor mais conta para o êxito nos desportos colectivos - necessário para enfrentar uma equipa que conhece de cor os seus caminhos e que tem na sua permanente atitude ganhadora um dos seus maiores trunfos. Com jogadores de quatro países e portanto de 4 selecções nacionais de estilos distintos, de 2 campeonatos diferentes (21 da PRO12 e 20 da Premiership) e de 17 clubes (9 ingleses, 3 irlandeses, 3 galeses, 1 escocês e 1 francês) os Lions constituem um conjunto de hábitos culturais e competitivos diferentes. Situação a que há ainda que juntar o facto de muitos dos jogadores poderem vir a estar envolvidos, praticamente até à hora da partida, nas finais dos respectivos campeonatos ou das Taças europeias. Como transformar este grupo numa equipa?
Gloucester Rugby joga na Premiership inglesa e o Toulon no TOP14 francês
E esta é a maior curiosidade desportiva que a digressão comporta: como vão fazer? de que métodos se irão servir? Como preparar uma equipa que se juntará totalmente apenas e quase dentro do avião?Gatland e os seus Lions têm já a experiência da viagem vitoriosa de 2013 (2-1 nas series) à Austrália - o que é uma boa plataforma de confiança nas capacidades e possibilidades - mas a tarefa é duríssima e o desafio enorme. Tão grande que torna estas digressões dos Lions - intervaladas de 4 em 4 anos - como um dos marcos, porque sem igual, do desporto mundial.
Apostando na versatilidade, mobilidade, capacidade técnica (principalmente num cinco-da-frente capaz de, para além de eficaz nas suas tarefas prioritárias, jogar em passes) e na experiência - daí a maior razão do número de jogadores galeses que têm 9 jogadores que já sentiram as dificuldades de jogar na Nova Zelândia na digressão de 2016 - a equipa técnica de Gatland começou já a demonstrar preocupações na adaptação dos seus jogadores ao meio ambiente que irão encontrar - e onde, falando embora a mesma língua, existem diferenças culturais assinaláveis - preocupado em garantir que a pretendida coesão desportiva não deslace pela componente social. O que se diga ou escreva na comunicação social será percebido e para que este factor não se torne prejudicial, Gatland já começou a propor aos jogadores que comecem a conhecer melhor a cultura neozelandesa e a sua forma de viver, vendo alguns filmes já recomendados. Evitar ser surpreendido e manter o foco é o objectivo. 
Na tratando estas digressões, por longas e de grande dureza competitiva - Graham Henry considera que o calendário é brutal - apenas do aspecto desportivo, será, no entanto e apenas, pelos resultados que a sua qualidade será analisada. E daí as enormes expectativas que envolvem este desafio. Que, como facto único, é um enorme ponto de interesse da comunidade rugbística mundial. 
Por cá - sempre com a secreta esperança de transmissões televisivas que nos coloquem dentro do campo - ficaremos com as expectativas de grandes jogos que se iniciarão a 3 de Junho contra os Provincial Barbarians.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

VERDADE DE QUEM MAIS PODE?


Quem viu o último França-Gales não se vai esquecer tão depressa do final de enorme prolongamento.

E também não se esquecerá com certeza da questão levantada por George North que mostrou o braço com uma alegada mordida adversária - situação que a ser considerada como existente terminaria (por marcação de penalidade  e cartão vermelho) o jogo com vitória para Gales. Também nos lembrámos - eu, lembro-me - de que Wayne Barnes, o árbitro da partida, pediu ao TMO para visionar a jogada.

De imagens ficaram-nos as conseguidas do lado contrário do campo e onde apenas se viam as costas dos jogadores envolvidos. Do lado em que se veriam os braços e a cara dos jogadores envolvidos, nada.

Vi no domingo o Saracens-Glasgow a contar para os quartos-de-final dos Campeões Europeus. Ainda na primeira parte Chris Ashton, três-quartos-ponta dos Saracens, faz um tremendo esforço para conseguir colocar a bola na área de ensaio escocesa. Sim? Não? O árbitro do jogo, o francês Jerome Garcés, apelou para o TMO. E pudemos ver 5/6 ângulos diferentes para nos dar a certeza da invalidade do ensaio. Não foi ensaio e um estádio cheio de espectadores ficou convencido da exactidão da decisão.

Pouco tempo depois a mesma cena mas simétrica. Desta vez do lado esquerdo do campo nova chamada de Garcés ao TMO. Sim? Não? Não! depois da visualização de 5/6 ângulos diferentes que mostraram que não houve conformidade com as Leis do Jogo.
Um dos vários ângulos disponibilizados

Ou seja: pudemos ter certezas porque as câmaras colocadas nos sítios pré-determinados e que permitem retirar as dúvidas em situações de difícil visão directa nos mostraram, de diversos ângulos, as imagens necessárias.

Mantém-se-me a dúvida: porque é que no Stade de France não foram mostradas as imagens necessárias? Por erro na colocação das câmaras que não cumpriram o protocolado ou porque, pura e simplesmente, houve alguém que impediu a sua visão?

Grave é que o assunto pareça ter morrido e vai sair-se desta vergonha sem apuramento das responsabilidades. Voltando-se então à velha máxima: a verdade do jogo é a verdade de quem mais pode.

Mas mantendo a boca cheia de valores... Será?!

terça-feira, 4 de abril de 2017

ABRIR A ROTA DO FUTURO


Os Campeões Trophy Europeu!
Os 26 que formam a Equipa

Grande vitória dos U20 portugueses no campeonato da Rugby Europe U20 Trophy. Derrotando a Holanda (42-5), a Roménia (21-16) e a Espanha (12-7) a equipa de Portugal abriu caminho para a presença no World Rugby U20 Trophy (Grupo B do Mundial). O que, apesar de se tratar do segundo nível da competição e que apurará o 1º classificado para a prova maior de 2108 - o Mundial da categoria será disputado de 31 de Maio a 18 de Junho pela África do Sul, Argentina, Austrália, Escócia, França, Gales, Geórgia, Inglaterra, Irlanda, Itália, Nova Zelândia, Samoa - é um feito desportivo de assinalar como um dos melhores resultados da modalidade nos últimos anos. Ficando ainda marcado na memória das proezas individuais, pela excelência do ensaio praça-a-praça de Manuel Cardoso Pinto. A que se junta uma capacidade defensiva colectiva de grande categoria que se impôs quer contra a Roménia quer contra a Espanha, num muro intransponível construído em cada metro da linha de ensaio. Os jogadores e os treinadores foram notáveis e o rugby português fica a dever-lhes e, por isso e para que se lhes possa seguir a carreira - alguns deles podem (querendo) ter notáveis carreiras - aqui ficam, para memória futura, os nomes dos 26 jogadores envolvidos. Os treinadores foram o Luís Pissarra e o António Aguilar.
Esta vitória dos U20 portugueses vem mostrar que existem jogadores capazes de dar garantias de que a Selecção Nacional se pode manter no Rugby Europe Championship e ultrapassar a actual fase sem qualquer interesse competitivo que representa a III divisão europeia onde temos estado esta época - Portugal ganhou os 5 jogos sem quaisquer tipo de dificuldades. 
Tudo dependendo em termos desportivos e objectivos do próximo dia 20 de Maio - o jogo mais importante para o futuro do rugby português - esta vitória dos U20, demonstrando, repete-se, que há garantias qualitativas de futuro, exige um visão estratégica objectivada no resultado internacional. O que obrigará a mudanças na forma de olhar para a nossa competição interna que deve ser articulada com a missão federativa de estabelecer as condições adequadas à aproximação competitiva internacional.
O campeonato nacional principal tem que se adequar às exigências competitivas que o aproximem, tanto quanto possível, da competição internacional com que os nossos jogadores se têm que confrontar - e seria muito bom que uma competição ibérica de que se fala vai para anos, tivesse lugar quanto antes. E isso exige, para além da diminuição do número de equipas - vejam-se os resultados e analisem-se os números para se perceber que a competição se faz a seis! - a introdução de sistemas de pontuação classificativa que levem a uma maior condição competitiva em cada jogo. E que se considere que o play-off final, tendo sido introduzido em Portugal (ao contrário de outros países, não tem, porque não pode ter, a ver com um aumento de espectadores e, portanto, de receitas) porque permitia uma habituação dos melhores jogadores portugueses à participação em jogos decisivos como acontece no nível internacional, não pode continuar a ser considerado como uma simpática, mas antidesportiva, segunda oportunidade permanente - há uma época inteira para construir a oportunidade.
Com esta vitória abre-se uma exigência aos responsáveis, federativos e de clube, da modalidade: as decisões não podem ser prolongadas no tempo nem tomadas a conta-gotas. O tempo urge e os adversários não dormem!    


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