segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

MANUEL CASTRO PEREIRA


Faleceu Manuel Castro Pereira de quem tive a possibilidade e a vantagem de ser Companheiro de Equipa - no CDUL e na Selecção Nacional contra a Espanha - e Amigo. Os seus duelos pela conquista da bola com Bruno Monteiro do S.L. Benfica ficaram épicos na altura - e eram os melhores companheiros do mundo quando jogavam juntos por Portugal - que se cuidassem então os adversários, principalmente espanhóis com quem criaram sempre uma relação de ódio e amor muito particular.
Jogador, treinador e dirigente deu muito ao rugby português e ao CDUL e foi sempre um exemplo de ética desportiva e de companheirismo - nunca lhe passou pela cabeça colocar o "eu" à frente do colectivo da equipa.
À sua família - com abraço muito especial ao João e ao Rodrigo - a expressão do meu profundo pesar. Descansa em paz, Manel!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

MEDALHA MUNICIPAL DE MÉRITO DESPORTIVO

Com Fernando Medina, Presidente da Câmara de Lisboa depois da entrega da Medalha

Recebi hoje, 27 de Janeiro, a Medalha Municipal de Mérito Desportivo da Câmara Municipal de Lisboa, entregue pelo Presidente da Câmara, Fernando Medina, e por Proposta do Vereador dos Sistemas de Informação, Desporto e Relação com o Munícipe. Esta foi a minha intervenção de agradecimento:

"O desporto é a água-forte que desenha a minha vida e é, por isso e para mim, uma grande honra receber esta Medalha Municipal de Mérito Desportivo atribuída pela Cidade que escolhi para viver. Para mais quando me é atribuída numa casa onde trabalhei - primeiro com Vasco Franco, depois com o Presidente Jorge Sampaio e ainda, no seu início de mandato, com João Soares - para servir a causa comum da genial obra humana a que chamamos Cidade.
Muito obrigado Senhor Presidente Fernando Medina, muito obrigado executivo municipal e principalmente o meu agradecimento ao senhor Vereador dos Sistemas de Informação, Desporto e Relação com o Munícipe, Jorge Máximo, responsável pela proposta de atribuição da distinção.
Distinção que criou em mim dois sentimentos profundos: Gratidão e Responsabilidade.
Gratidão porque não se consegue uma carreira desportiva isoladamente. E para que haja a permanente e necessária relação entre ilusões e desafios, ela depende não só de nós mas de muitas pessoas: família, amigos, companheiros de equipa, treinadores, adversários, dirigentes e jogadores que fizeram parte das equipas que treinámos. Muitos dos quais revejo hoje aqui e por isso, por o terem tornado possível também os meus agradecimentos ao Mário Patrício e Rafael Lucas Pereira.
A minha primeira expressão de Gratidão vai para os meus Pais: para o meu Pai, que sempre conheci como desportista e que me abriu, pelo seu exemplo de atleta, o espaço da vivência e conhecimento desportivos; para a minha Mãe que sempre se preocupou em me ensinar que uma derrota, por pior que seja, é sempre mais honrosa do que uma vitória com batota. E, claro, agradeço à minha família - à minha mulher Ana, aos meus filhos Raul - obrigado por teres vindo e trazido as minhas netas - e Mafalda que não pode vir porque espera a minha 7ª neta - a paciência de anos que me possibilitou a dedicação e o serviço ao Desporto.
Comecei pelo ténis com as raquetas do meu pai e pelo futebol de muda-aos-cinco-acaba-aos-dez com campo e balizas à medida das circunstâncias. Aos 10 anos entrei para o Colégio Militar deslumbrado por um pista de atletismo, um campo de futebol “à séria” e um ginásio que me pareceu enorme e onde tive a sorte de encontrar - comandado pelo notável Mestre Pereira de Carvalho a que se juntavam Reis Pinto, Vitória, Manuel Cerqueira, Lemos, Abranches, Luis Sequeira e o inesquecível Dario Fernandes - um sistema de formação desportiva de grande qualidade que, naquele tempo já distante, se aproximava do actualmente apreciado Long Term Athlete Development, o célebre LTAD e que me permitiu fazer parte das equipas representativas do Colégio em Atletismo, Voleibol, Andebol, Futebol, da Escolta a Cavalo e da Classe Especial de Ginástica num desenvolvimento permanente de destrezas que nos permitiram diversas e saborosas vitórias. Este processo, baseado na multiplicidade de acesso desportivo, evitava qualquer tipo de especialização precoce. O que me possibilitou vir a singrar numa modalidade que, até então, desconhecia.
Terminada a vida Colegial regressei ao Porto e, por influência de grupos de amigos, fui jogar futebol para o Incana F.C. que disputava o campeonato de amadores da Associação de Futebol do Porto e rugby pelo Centro Desportivo Universitário do Porto - CDUP. Era o tempo de jogar futebol ao sábado e rugby ao domingo…
No CDUP tive como treinador Valdemar Lucas Caetano de quem guardo uma viva memória. Com ele aprendi o espírito do jogo, os seus valores, a sua técnica e com as bases do jogo que me transmitiu depressa compreendi que a criatividade, a adaptação permanente e a velocidade eram as ferramentas decisivas para o sucesso neste desporto colectivo de combate.
Por influência de Serafim Marques - que convenceu os meus pais: “ele devia era jogar no CDUL.” - voltei a Lisboa, matriculei-me na Escola de Belas-Artes e ingressei no CDUL. Aqui lembro com gratidão Serafim Marques - que hoje seria considerado um moderno treinador de skills - e as horas pacientes que gastou comigo para melhorar a minha técnica individual e a quem muito devo da melhoria da minha qualidade de jogador. E pude ainda e a seu convite, comentar jogos do Torneio das Cinco Nações na RTP.
No CDUL tive notáveis companheiros de equipa de que lembro, sempre com a ternura da amizade e a tristeza da sua partida, Bernardo Marques Pinto que me sucedeu como “capitão de equipa”. E lembro também e sempre o eterno Joaquim Pereira de quem, para além de amigo, fui companheiro de equipa, fui posteriormente treinado por ele e, para terminar - o que diz bem da sua longevidade competitiva - como seu treinador na Selecção Nacional. De um ponto de vista competitivo este tempo do CDUL foi notável - 7 campeonatos - e marcou-me para sempre.
A convite de Duarte Leal - por quem tenho enorme gratidão pela amizade, simpatia e permanente disponibilidade - assumi com Olgário Borges e tendo João Ataíde como dirigente e depois de uns cursos em Inglaterra, o cargo de seleccionador/treinador de Juniores. No passo seguinte fui adjunto de Pedro Lynce na Selecção Nacional de Seniores para me tornar, a convite de António Trindade, treinador principal com Vasco Lynce como adjunto e Albano Rodrigues como dirigente. Treinava então a equipa do Grupo Desportivo de Direito por convite do Miguel Ferreira, tempos de que guardo uma particular forma de encarar o rugby e amizades que se criaram para sempre.
Do GDD passei ao Cascais - o Grupo Dramático e Sportivo de Cascais - onde, com Raul Patrício e o fisioterapeuta Manuel Carvalho e graças ao talento, vontade e atitude competitiva dos jogadores que encontrei, foi possível expressar as concepções do jogo de movimento que defendo. Fomos campeões 4 vezes seguidas. Surgiu então um novo convite por parte de Raúl Martins, meu antigo “capitão” da equipa nacional, para voltar a ao cargo de Seleccionador/Treinador Nacional . Com Raúl Patrício, António Coelho, o meu irmão Luís Bessa e a ajuda de Tomaz Morais a formar a equipa de campo e com Francisco Graça Gordo como fisioterapeuta, Mário Ferreira no apoio e Henrique Caleia Rodrigues, António Faím e Armando Fernandes como dirigentes fomos, em Sevens, ao Campeonato do Mundo em 1997 e em XV chegámos até às fases finais de apuramento para o Mundial de 99… onde nos faltou um ensaio mais…
Acabada a missão internacional voltei ao CDUL agora para o treinar e retirar da 2ª divisão onde tinha ingloriamente caído. A ver os jogos aparecia Serafim Marques… e subimos de divisão
Nesta vida marcadamente desportiva vi abrirem-se interessantes caminhos que me possibilitaram enraizar uma visão alargada, sistémica e estratégica sobre este fenómeno único que é o Desporto. A relação com treinadores de outras modalidades permitiu-me a aproximação a outros mundos desportivos e que tiveram na fundação da Confederação de Treinadores o seu ponto alto de confluência. Daí também a minha gratidão ao José Curado, ao António Vasconcelos Raposo, ao Jorge Araújo e a essa notável figura de homem e treinador que foi o Mestre José Teotónio Lima.  E lembro também Eriksson ou Bernardo Resende com quem qualquer meia-hora de conversa valia uma vida de conhecimentos.
Estou grato também a Vasco Lynce e a António Guterres - o nosso Secretário-Geral das Nações Unidas - pelo convite que me fizeram para Coordenador Nacional da Medida Desporto do III Quadro Comunitário de Apoio onde pude desenvolver uma outra minha paixão: a das infraestruturas desportivas.
Como grato estou a Miranda Calha pelo convite para membro do Conselho Superior do Desporto ou também a Laurentino Dias que me convidou para assumir a vice-presidência do Instituto do Desporto de Portugal onde encontrei, na área das Infraestruturas Desportivas, elevado conhecimento construído na aplicação diária de anos a fio de experiência.
E estou ainda grato a José Manuel Constantino que, ao convidar-me para Mandatário da sua Candidatura à presidência do Comité Olímpico de Portugal me abriu as portas do Olimpismo e me proporcionou uma inesgotável fonte de conhecimentos e confronto de ideias na partilha das questões desportivas mais actuais e relevantes. Agradeço ainda ao Carlos Amado da Silva, o Cábé, que me convidou para consultor da Presidência da Federação Portuguesa de Rugby o que, para além de me manter “dentro” da modalidade que gosto, me permitiu uma outra visão da realidade das organizações desportivas.
Não posso deixar ainda de referir quão grato estou ao Prof. Doutor Luis Miguel Cunha pela oportunidade que me proporcionou de reconhecimento pelo Conselho Científico da Faculdade de Motricidade Humana da qualidade de Especialista de Mérito em Gestão de Desporto. 
Hoje, continuando a ser Treinador de Rugby certificado com o Grau III, apoio onde me solicitam e mantenho a qualidade de formador nos diversos cursos de treinadores de rugby que se vão realizando.
Durante estes anos tenho conhecido muitos atletas, treinadores e dirigentes a quem estou grato pelos apoios e desafios que me proporcionaram. Muitos estão aqui hoje e é com profunda gratidão que os saúdo e lhes agradeço.
Mas como inicialmente afirmei, esta atribuição da Medalha Municipal de Mérito Desportivo impõe-me também o sentimento da Responsabilidade. Responsabilidade pelo Desporto que me marca e que pretendo sempre limpo, sem dopings ou truques que o deteriorem ou abastardem os valores que o moldam.
O lema olímpico de Mais Alto, Mais Forte, Mais Rápido, não engana!
O Desporto é competição, superação, resultado! E é por ser isto e não por ser quaisquer outras coisas que o sabor dos interesses do tempo lhe vai colando, que resulta a exigência de ser um campo meritocrático, inclusivo, solidário e com fair-play.  
Porque se não fosse a permanência da procura do objectivo resultado, o Desporto seria como qualquer outro sector, dependente dos preconceitos ou dos interesses e não seria, como afirmou o Presidente Nelson Mandela, “mais poderoso do que os Governos em romper as barreiras raciais.”. 
É pela procura do resultado que o Desporto espalha a meritocracia e ignora o preconceito, é pelo valor do resultado que a solidariedade cresce dentro da equipa - quanto mais coesa, mais forte! - e é pelo valor do resultado que pretendo adversários tão fortes quanto possível. E é ainda pelo valor do resultado que pretendo que as regras do jogo sejam idênticas para todos, que sejam igualmente respeitadas, que o comportamento de todos seja exemplar, garantindo assim que as vitórias não resultem de uma qualquer batota.
É também pelo valor do resultado que o Desporto se alicerça na Ciência, exigindo investigações e desenvolvimento de métodos que possam contribuir para a superação dos conhecimentos actuais e dando assim o seu contributo para o melhor conhecimento do corpo e mente humanos.
A importância social do Desporto é inegável - pela universal linguagem desportiva aproximam-se pessoas e povos de diferentes culturas, origens, línguas ou religiões - e por isso é necessário saber mantê-lo no seu domínio específico, no seu espaço de decência, sem o sujeitar a alterações ou confusões circunstanciais. E o Desporto vivido assim pode ser uma tremenda lição para a sociedade em que vivemos ao ganhar a dimensão ímpar de ter “o poder de mudar o mundo… […] o poder de inspirar.” como também referiu o presidente Mandela.
É esta a responsabilidade que sinto com a atribuição desta Medalha Municipal de Mérito Desportivo: continuar a bater-me pela existência e desenvolvimento de um Desporto que exista por e para aquilo que é destinado enquanto espaço de competição pelo melhor resultado, campo de expressão das virtudes da vida e demonstrativo das possibilidades de vivência solidária.
A todos os que me ajudaram, apoiaram e desafiaram nesta carreira que construí devo esta responsabilidade. A todos estou grato e por eles sinto a responsabilidade.
Muito obrigado pela vossa presença. Um grande abraço."

domingo, 15 de janeiro de 2017

RAZÕES DE UMA DERROTA

Como é que uma equipa como a do Grupo Desportivo de Direito com um rugby mais contemporâneo, um rugby que centra os seus conceitos no rugby de movimento, perde este jogo da Taça Ibérica (22-27) contra uma equipa, o El Salvador, que assenta o seu rugby na expressão de um jogo clássico com base num bloco de avançados forte mas pouco móvel e com preocupação permanente de ocupação territorial com recurso constante ao jogo-ao-pé e demasiado faltosa?
As diferenças de intenções percebiam-se cada vez que a bola chegava às linhas atrasadas: evasão e procura de circulação da bola do lado dos portugueses com desenvolvimento da conquista de terreno através do apoio próximo e lançado e propósito de colisão de jogo pouco imaginativo a procurar conseguir desequilíbrios através da capacidade de choque com passagem pelo solo a permitir a reorganização defensiva e a exigir o recomeço constante da mesma forma de jogar. Na aparência a vantagem pertencia ao GDD.
Então porque é que o GDD não conseguiu impor o seu jogo?
De início a falta de confiança não permitiu jogar adequadamente, correndo os riscos necessários que o seu sistema comporta e viram-se inúmeras bolas desperdiçadas por decisões de jogo ao pé sem propósito e a entregar a bola ao adversário sem lhe causar qualquer tipo de problemas nas suas recepções. Este desperdício de bolas terá permitido até que a equipa espanhola se adaptasse à dinâmica do jogo mais aberto e mais amplo dos portugueses.
Com o desaparecimento do recurso de jogo-ao-pé, a movimentação da bola com os jogadores a aparecerem em apoio e lançados, ultrapassando algumas vezes a linha de vantagem, começaram a criar problemas à equipa espanhola. E o jogo parecia ter uma inclinação...
Mas nunca se impôs totalmente. Porque o problema da falta de eficácia deste jogo de movimento e passes que aparentemente era superior às capacidades defensivas do El Salvador coloca-se noutro plano. No plano da baixa competitividade interna!
É por a divisão principal do campeonato não ter a capacidade competitiva necessária que o mais interessante e vistoso jogo do GDD não conseguiu a eficácia que lhe permitiria a vitória. 
Vejam-se estes exemplos: salvo alguns lances em que a ultrapassagem da primeira linha defensiva era conseguida por jogo de passes de proximidade o restante jogo ao largo na procura da exploração da desmultiplicação do 3+3 permitiu sempre o deslizamento da defesa adversária que, assim, impedia o êxito dos movimentos; os pilares do GDD, sendo mais baixos do que os pilares espanhóis nunca conseguiram que essa diferença jogasse a seu favor. Em qualquer dos casos porque o campeonato não tem a exigência que obrigue os três-quartos do Direito a jogar mais próximo da linha de vantagem e a atacarem com linhas de corridas mais convergentes, entrando no passe e não deixando assim que a defesa pudesse deslizar defensivamente. No caso das formações ordenadas, não existindo também o nível interno de exigência necessário - porque como se vê domingo-a-domingo a disputa das formações ordenadas deixa muito a desejar - à preparação dos confrontos de nível superior, os jogadores não tem hábitos suficientes para usar as formas de resposta adequadas às dificuldades encontradas.
Não tendo o GD Direito jogado mal e não tendo os seus jogadores - com excepção de um ou outro desperdício por falta de visão ou individualismo - cometido erros notórios, a razão objectiva da derrota está na competição interna e na sua baixa qualidade competitiva. Porque não é possível exigir aos jogadores prestações competitivas a níveis de intensidade, controlo ou exploração para as quais não têm hábitos.
Urge, para que os resultados internacionais possam ser outros e para que, para isso, deixemos de depender exclusivamente dos jogadores que jogam em França, a alteração do nível competitivo do principal campeonato português a que se deve juntar uma competição ibérica mais alargada e, portanto, mais longa. A evidência deve obrigar-nos a mudar... e se assim não fôr as oportunidades passar-nos-ão ao lado.

sábado, 14 de janeiro de 2017

TAÇA IBÉRICA 2017

Amanhã joga-se a 37ª Taça Ibérica entre os campeões de Portugal, Grupo Desportivo Direito, e os campeões de Espanha, El Salvador. Nas trinta e seis disputas realizadas a totalidade dos campeões espanhóis têm vinte vitórias e os campeões portugueses dezasseis. Entre os adversários de amanhã ambos têm o mesmo número de quatro vitórias.
Olhando os dados das duas equipas - são em muito maior número os dados da equipa espanhola acessíveis no site da federação espanhola - podemos considerar que, através da análise dos números dos campeonatos internos respectivos que disputam, um certo equilíbrio numérico embora se possa pensar que existem, para esta época, alguma vantagem para os campeões nacionais.
De facto o GDD apresenta-se nesta época só com vitórias nos jogos disputados - 82% de vitórias para o El Salvador - e com uma média de ensaios marcados de 8,2 contra 5 dos campeões espanhóis.
O El Salvador é uma equipa que conta nas suas fileiras com 11 estrangeiros - 26% do seu quadro sénior - dos quais 5 estão no clube esta época pela primeira vez. No último jogo realizado - contra o Barcelona e com uma vitória por 49-19 - a equipa alinhou, nos avançados, com 50% de jogadores estrangeiros e com 84% nas linhas atrasadas. Ou seja, jogaram apenas com 6 espanhóis correspondentes a 40% da equipa. 
Tendo como referência o último jogo disputado do campeonato espanhol, a equipa do El Salvador tem uma média global de idades de 27 anos. O que significa ter jogadores com experiência suficiente. O seu bloco de avançados apresenta-se com 860 quilos no total, com uma 1ª linha com uma média de 117 quilos e um cinco-da-frente com um total de 555 quilos. O que irá exigir dos avançados portugueses um permanente esforço para garantir que, por um lado, a sua equipa não assentará o seu jogo no pé de trás e, por outro, a equipa adversária não terá o embalo necessário que lhe facilite o vencer da inércia das fases estáticas. Os Bases e Nº8 espanhóis apresentam uma média de alturas de 192 cm - alturas que não devem constituir qualquer problema para os mais 10 centímetros de Gonçalo Uva... desde que as bolas sejam lançadas com a precisão devida...
Ambas as equipas, de acordo com as suas médias por jogo, mostram-se com capacidade para marcar ensaios, apresentando percentagens de jogos disputados com bónus ofensivos muito próximos: 66% para os portugueses, 63% para os espanhóis. O problema das linhas atrasadas portuguesas estará no confronto com o meio-campo espanhol que apresenta um índice de compacticidade (peso distribuído pela altura) médio de 48,2 que já se aproxima do que podemos encontrar no melhor nível internacional e que lhes criará dificuldades no confronto físico directo ou nas colisões.
Defensivamente qualquer das equipas se mostra, nos seus campeonatos, suficientemente capaz para, nesta época, terem, em média, sofrido menos de 2 ensaios por jogo com o Direito a ter uma média de 1,2 ensaios sofridos e o El Salvador com 1,6 de média.
Ora e de acordo com as investigações da empresa The Gain Line, a coesão da equipa - componente responsável por 40% do total da construção do resultado - tem tradução na qualidade defensiva e resulta, principalmente, do número de horas de competição conjunta. O que poderá significar que a existência do elevado número de estrangeiros do El Salvador (4 dos 9 estrangeiros são considerados já jogadores "formados" em Espanha) não corresponda a um problema de integração e coesão da equipa. O que, se assim for, se traduzirá num problema acrescido para a equipa portuguesa.
Dos diversos problemas que a equipa do GD Direito enfrentará o, provavelmente, maior dirá respeito à questão: como conseguirão os jogadores de Direito utilizar em condições de eficácia a sua capacidade de evasão fugindo áquilo que pode ser considerada uma vantagem espanhola como a colisão?
Neste aspecto a eficácia portuguesa dependerá da adaptação dos médios à mais que provável pressão que irão sofrer. Ao formação pede-se que seja capaz de libertar rapidamente a bola dos agrupamentos estáticos ou expontâneos; ao abertura que seja capaz de se posicionar da forma mais adaptada possível a cada situação para garantir tempo e espaço para que os seus companheiros exteriores possam evitar a pressão e atacar os espaços abertos.
O aparente equilíbrio resultante da tabela apresentada deve ser confrontado quer com o facto do  factor casa valer, para a World Rugby, 3 pontos ou mesmo 4 de acordo com estudos recentes - o que significa que o GD Direito entra, por um lado, em casa do adversário a perder por 4-0 e que ainda se tem de confrontar com o facto do índice de competitividade do campeonato português - onde os seus jogadores criam a experiência e os hábitos competitivos - valer cerca de três vezes menos do que o espanhol (ver UM FOSSO CADA VEZ MAIOR).
A tarefa dos campeões portugueses do GD Direito, nesta final da Taça Ibérica, é tremendamente difícil. Uma vitória será um resultado formidável enquanto que uma derrota será um resultado aceitável face à diferença de meios que separa as equipas e que vão desde a competitividade dos campeonatos internos que disputam até à capacidade financeira que aparentam.

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