domingo, 28 de maio de 2023

GD DIREITO CAMPEÃO

Num jogo em que os campeões se fazem e que me trouxe muito boas memórias de outros tempos — treinei as duas equipas — o Grupo Desportivo de Direito conquistou o título de Campeão Nacional 2022/23 ao derrotar, na final do TOP10 da Divisão de Honra, o Dramático de Cascais por 31-23.

Foi, esta época, o 4º jogo entre as duas equipas e Direito, que perdeu os 3 primeiros, não deixou escapar o jogo mais importante que lhe deu o 12º título. Num jogo que teve o resultado muito equilibrado (23-23 aos 76’ com 3 ensaios para cada equipa), a equipa de Direito soube, sobre o final do jogo e com uma excelente perfuração de Jerónimo Portela que explorou muito bem a desarticulada subida da defesa do Cascais, impôr-se e conseguir a diferença de 8 pontos final. Embora o jogo tenha tido a sua principal emoção na marcha de resultado e não tenha sido, com uma baixa intensidade, de uma qualidade cativante, foi a final do nosso campeonato e definiu o Campeão Nacional: Direito!

Perguntado ao Presidente Luís Filipe Morais — que mostrou muito bem a felicidade da conquista quando se juntou no campo à equipa para a recepção do trófeu — quais os 3 factores que permitiram a vitória do GDD neste campeonato, respondeu:

    1º — Equipa Técnica que trouxe uma  nova metodologia e disciplina de treino (a Equipa Técnica tem como Treinador Principal Enrique Pichot, Rui D’Orey, treinador de avançados/alinhamento, Bernardo Mota, treinador de avançados/formação-ordenada e José Carvalho, preparador físico);

    2º — Uma nova geração de Jogadores da Formação que, aliás, mostram uma boa qualidade técnica e conhecimento táctico do jogo;

    3º — A coesão do Grupo.

Coesão que, digo eu, ultrapassa a equipa — jogadores e técnicos — e se estende à envolvente formada pelos dirigentes que garantem a organização necessária que compõe o ramalhate das equipas vencedoras  como foram Luis Filipe Morais e Lino Tudela. Parabéns! 

Com dois grupos — claques — de cada lado da bancada principal a animar as equipas e a cumprir os propósitos de bom comportamento deixados pelas direcções dos dois clubes, esta final representou bem aquilo que se pretende do Rugby: desportivismo, respeito mútuo e procura do melhor resultado sem desistências.

[podia ter escrito na altura mas vai agora: dois Amigos meus, o João Ataíde e o Miguel Portela, estão babadíssimos com a vitória do GDD no campeonato nacional. Porque os netos do primeiro os Rosa, Pedro e Francisco, com dois ensaios marcados e os filhos do segundo, Jerónimo com o ensaio final e Duarte, são campeões nacionais e o avô e o pai, desportivamente contentes como nunca!                       E não esqueço também outros Amigos, o José Luís Vareta, também pai babâdo com o filho José Maria, o Pedro Granate com o filho João ou o Picão com o filho Manuel, todos também campeões!]

sexta-feira, 26 de maio de 2023

CONTINUAR O BOM COMPORTAMENTO

 


O bom exemplo do Cascais do último fim‑de‑semana, continua. Esperemos que tenha seguimento no campo e bancadas e que os bancos de ambas as equipas tenham o comportamento desportivo adequado. Bom jogo!

DOIS HERÓIS DESPEDEM-SE

 Dois dos jogadores mais cotados do País de Gales — o base Alun Win Jones e o 3ª linha Justin Tipuric — decidiram terminar as suas carreiras depois de, como dizem, contínuas conversas com o treinador responsável, Warren Gatland, e com a direcção da federação galesa, mesmo depois de estarem no grupo dos 54 elementos convocados para a preparação do Mundial.

Alun Win Jones à esquerda e Justin Tipuric à direita

Alun Win Jones com 37 anos e 17 anos de actividade pela selecção galesa é, mundialmente, o mais cotado internacional com 158 selecções por Gales a que junta, para além de ter sido capitão de ambas as selecções, mais 12 jogos-teste pelos British Lions. Ou seja, 170 internacionalizações.

Com 93 selecções por Gales e 1 pelos Lions sempre de capacete azul, Justin Tipuric, 33 anos, soma com aquele que é considerado por muitos como o verdadeiro Princípe de Gales, o número de 264 internacionalizações. O que demonstra o grau de experiência conjunta e a dificuldade das suas substituições.

(que, deveriam estar já a ser pensadas, justificando assim o seu abandono - provavelmente, especulo, terão percebido que a fazer parte do grupo final teriam como destino o banco o que não compensaria o esforço destes meses de preparação intensa.)

Para ver o último jogo internacional de Alun Wyn Jones é preciso estar presente, no estádio de Twickenham ou à frente da televisão, no próximo domingo ,dia 28 de Maio, para o jogo entre os Barbarians que capitaneará, e o World XV.

A ambos agradeço os momentos extraordinários de rugby e de ética desportiva que me proporcionaram ao longo destes últimos vinte anos. 

sábado, 20 de maio de 2023

RECONHECER E PREVENIR PARA NÃO TER QUE REMEDIAR


 Reconhecer a realidade — ultrapassando os mitos que pretendem fazer de nós, comunidade rugbística, um mundo à parte e socialmente exemplar — e prevenir para não ter que remediar o que já não tem remédio. Parabéns Cascais!

domingo, 14 de maio de 2023

UNS DESCONHECIDOS

A figura de desconhecidos — ou clandestinos — que fazemos, perdidos — quando aparecemos quase por favor — no meio da comunicação social! Um exemplo.

(Colagem de dois dias diferentes)


Estas são as BREVES que o prestigiado jornal A Bola publicou sobre o play-off do principal campeonato de uma modalidade que está apurada para o Mundial de 2023. 

A culpa? Nossa concerteza que não cuidámos dos aspectos essenciais da comunicação. 

E assim vamos vivendo, ignorados mas, ao que parece, satisfeitos.

sábado, 13 de maio de 2023

NEM REGULAR NEM COMPETITIVA (II)

Estamos presentes no Mundial 2023. O que é bom embora o acesso tenha sido obtido com mais sorte do que mérito… mesmo o empate obtido contra os USA e que nos permitiu a classificação, não foi coisa extraordinária ou inesperada — a previsão com base na dimensão do ranking da World Rugby e realizada neste blogue (clicar aqui) prognosticava uma diferença de zero pontos, isto é, um empate entre as duas equipas. Assim, não devemos tapar os olhos com esta peneira. Correu bem, óptimo! Lá estaremos. 

Agora temos que olhar para o futuro para preparar — e a aposta da nova direcção o diz —  a qualificação para o Mundial de 2027 na Austrália. E para que esta vontade seja possível precisámos de  uma grande reflexão de que resultem alterações na nossa organização competitiva e envolvente. O que temos, apesar das aparências que o 16º lugar do ranking e a ida a França podem ampliar, não chega, é curto e desajustado. Ou mudámos, ou vemos as outras selecções — que pertencem a federações preocupadas com as adaptações aos tempos de hoje — a ultrapassarem-nos. O tempo para a nossa mudança, é agora!

Actualmente a nossa competição é de muito baixo nível — desequilibrada e técnica e tacticamente muito desarticulada — e, mantendo-se o actual modelo — não se vê chegar a um patamar superior que nos garanta as prestações competitivas necessárias à obtenção dos resultados pretendidos. Veja-se o gráfico!




No gráfico acima que equipara competições recorrendo ao algoritmo de Noll-Scully para determinar o Índice de Competitividade, o campeonato português, atingindo o valor de 2,18, apresenta o pior resultado do conjunto onde se integram os campeonatos de adversários directos — a Espanha e a Geórgia — da França (TOP14 que, com 1,00 — o valor do Equilíbrio Competitivo — é o campeonato europeu mais competitivo e PROD2) e Ilhas Britânicas (Premiership e URC). Mas pior, as competições da RE em que participa a selecção nacional têm baixos índices, ficando-se por um jogo-a-sério enquanto os outros têm vencedores antecipados  — veja-se que até a série de classificação em que participaram os Lusitanos têm um Índice Competitivo muito inferior ao outro grupo equivalente. Ou seja, os jogadores portugueses, embora conquistem pontos e possam, pelo desequilíbrio criado, desenvolver aparências de boas capacidades, não têm grandes possibilidades de adquirirem um nível equiparável ao que se designa por nível internacional.

Portanto a principal competição nacional não prepara minimamente os jogadores portugueses para as tarefas internacionais — mas não tem necessariamente que continuar assim: uma diminuição do número de equipas, equilibrando a capacidade competitiva, criará as condições para a melhoria da intensidade dos jogos. E se a isto juntarmos uma melhoria dos árbitros, aproximando as suas interpretações às da arbitragem internacional de primeiro nível, os nossos jogadores crescerão tecnica e tacticamente. E os treinadores serão obrigados a estudar mais e melhor.

Necessário é — não ficando preso ao sonho de que os portugueses que jogam em França  — e há uma substancial diferença de entendimento táctico entre os que tiveram a sua formação em Portugal e os jogadores formados em França — serão os salvadores da Pátria — elevar o nível da competição interna para que se possa inverter a constituição do XV de Portugal que deve ser formado por um núcleo de jogadores que se conheçam bem, que tenham a mesma aprendizagem e a que se juntarão dois ou três trunfos vindos de outras realidades. Criando assim um grupo coeso.

E isto terá de ser assim uma vez que não é possível jogar ao nível internacional sem uma equipa coesa e não é coesa uma equipa que joga com elementos de 11 clubes diferentes (clicar aqui) — que se conhecem mal, que treinam de forma diferente e que têm diferentes aproximações ao jogo. E uma selecção nacional não tem o tempo disponível para que os seus jogadores possam interligar-se de forma a que haja compreensão mútua na análise dos momentos decisivos do jogo.  

A coesão — essa mistura de experiências do mesmo tipo com tempo comum — é vital para o sucesso pelo impacto que produz ao possibilitar sustentabilidade temporal e criando a necessária confiança para expressão eficaz do talento de cada um. Mas não chega limitar-se ao interior da equipa: é preciso que a coesão se estenda á organização envolvente — tudo tem que estar alinhado pelos mesmos objectivos e princípios, formando uma visão integrada.

E se o nosso campeonato não possibilita grande competitividade, a organização envolvente também não ajuda. Os resultados chegam tarde e a más horas ao conhecimento público, o acesso a regulamentos e calendários é limitado aos conhecedores dos caminhos das pedras, a memória não é consultável de forma amigável e a informação não tem critério — para saber como deve ser basta consultar o site da federação espanhola…. 

Mas há pior! Não existe qualquer acesso a estatísticas, nem directas e elementares, nem às mais complexas. As estaísticas dos jogos são instrumentos  que ajudam os treinadores e os responsáveis das equipas a melhorar a sua prestação, no entanto em Portugal ninguém sabe o número de formações ordenadas, alinhamentos, penalidades que se realizam por jogo muito menos a estatísticas mais elaboradas como o número de bolas disponíveis, ultrapassagens da linha da vantagem, número de sequências e reagrupamentos, bem como do tempo de libertação da bola ou o tempo útil de cada jogo — tão pouco quem é o melhor marcador de ensaios ou de pontapés… Ora estes valores estatísticos são absolutamente necessários para sabermos onde nos posicionámos e quais as acções que devemos empreender para melhorar. Curiosamente qualquer de nós tem acesso aos valores estatísticos de outros campeonatos, até dos que se realizam do outro lado do mundo quase em simultâneo com os acontecimentos, mas por cá continuámos a ignorar a sua necessidade.

Para que, repete-se, Portugal possa consolidar a sua posição internacional de acordo com o 16º lugar  do ranking mundial que ocupa, necessitámos de uma nova estratégia que, baseada no rigor da análise desportiva-competitiva, possibilite a adaptação aos padrões vigentes das equipas de maior sucesso, apostando que a prata da casa que pode ser coesa se bem orientada sob bons princípios competitivos e alinhada por objectivos claros e reconhecendo que o campo é maior dos que as linhas que o limitam, conseguirá os pretendidos bons resultados.

Mudemos para progredir!


sexta-feira, 12 de maio de 2023

NEM REGULAR NEM COMPETITIVA (I)

Terminou a fase regular da Divisão de Honra — a nossa divisão de élite e onde jogam os jogadores portugueses que podem integrar a Selecção Nacional. Terminou mas não foi nem regular, nem competitiva.

Não foi regular porque sofreu alterações sem sentido e que não se coadunam com o conceito desportivo de regularidade — que exige que as equipas estejam, na disputa dos jogos que fazem, tão equitativamente próximas umas das outras quanto possível. E não estiveram porque, sem se perceber o porquê ou a necessidade, duas das equipas folgavam em cada jornada — colocando pela alteração do calendário as equipas em diferente situação competitiva, levando até que não fosse cumprida a norma definida para provas a duas voltas — compare-se a 10ª com a 1ª Jornada e verificar-se-à que não correspondem… e pense-se no que é uma prova com 10 equipas que tem, conforme mostram, aliás, as normas publicadas nos regulamentos, 18 jornadas, terminar com 20… E pior — como a Federação utiliza a dimensão temporal (nunca percebi porquê)  para o cumprimento dos castigos aplicados a jogadores, as folgas realizadas permitiam, se houvesse sobreposição temporal, que o cumprimento dos castigos pudesse não ter consequências — que, como situação incontrolável por depender de factores alietórios, pode proporcionar o eventual favorecimento de uns quantos e assim, desvirtuar o resultado final. E, portanto, podendo viciar a prova! O que só por si põe em causa a integridade da prova.

E também não foi competitiva!


Veja-se a diferença — nos quatro factores que definem a sequência do desempate na classificação geral— entre a equipa que ficou em 6º lugar — último lugar de acesso ao play-off — com a equipa que ficou classificada no 7º lugar. Deixando de fora as diferenças de pontos marcados/sofridos que são larguíssimas, o 6º classificado consegue o dobro dos valores no que se refere a pontos classificação, vitórias conseguidas e ensaios marcados, o que demonstra que não existe qualquer equilíbrio competitivo — o valor do Índice Competitivo obtido pelo algoritmo Noll-Scully de 2,18 é muito mau e, como veremos em próximo post, corresponde ao pior resultado europeu. 

E a diferença de pontos da última jornada entre duas equipas que procuravam resultados positivos para garantirem a manutenção — 53 pontos num caso e 41 num outro a que se juntam, em outros jogos que oponham equipas do sexteto da frente ao quarteto dos últimos lugares, as diferenças de 30 e 40 pontos — mostra bem que as distâncias de capacidade competitiva não são recuperáveis. No gráfico seguinte fica claro que existe uma  diferença — veja-se o valor das médias: mais do dobro das seis primeira equipas sobre as quatro restantes… — inconciliável. Ou seja: não é possível, para as pretensões internacionais que o nosso rugby apresenta, manter uma futura estrutura competitiva idêntica à actual. Porque quando o equilíbrio aparenta, significa apenas que a equipa mais forte se desfocou…


A falta de equilíbrio competitivo reduz o campeonato a uma prova sem interesse e onde os atletas não atingem os níveis de intensidade que obriguem a gestos técnicos e decisões tácticas de elevado rigor e, por outro lado,  o baixo nível e a probabilidade de resultados evidentes — as surpresas são quase nulas — reduz a atenção ao pequeno grupo dos directamente empenhados — como aliás se pode ver no desintereesse demonstrado na desatenção quase absoluta da comunicação social — sem que daí possa haver qualquer desenvolvimento ou aumento de patrocínios Aliás esse desinteresse é também provocado pela falta de publicitação de resultados em tempo útil — para se saber a composição dos resultados é, na maior parte dos casos, necessário esperar pelo Boletim Informativo que chega na 6ª feira seguinte à realização dos jogos.

O Rugby, como o Voleibol, têm uma característica particular: utilizam pontos-de-bónus. Com uma diferença: enquanto que no Voleibol a conquista de ponto-de-bónus é verificável pelo conhecimento do resultado absoluto, no Rugby um dos bónus depende do conhecimento do número de ensaios marcados. Ora o conhecimento do resultado absoluto não permite conhecer a consequência em termos de pontuação classificativa — e por esta falta de informação são frequentes os erros publicados nos meios que ainda o fazem. E seria muito fácil colocar os resultados após a realização de cada jogo: telemóvel, fotografia do ponto de descrição da construção do resultado, envio de mensagem para o centro de controlo com imediata publicação no site federativo…

Acabada a época regular é altura de pensar numa alteração organizativa da competição principal do rugby português. E para a necessária preparação interna dos jogadores para responder ao nível internacional é necessário que desde já e com vista à próxima época se estabeleçam as alterações que elevem o nível competitivo — é bom lembrar que na próxima época se começa a preparar o acesso ao Mundial de 2027.

(continua)

 

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