domingo, 29 de novembro de 2020

PORTUGAL NO 20º LUGAR DO RANKING


Portugal, apesar da menor qualidade do seu jogo, fez o que lhe competia, vencendo por diferença superior a 15 pontos [33 (5E,4T)-13(1E,1T,2P) e assim, com o direito ao correspondente factor-multiplicador, trocar de posição com a Russia  — como pode ser verificado a partir das 12.00 horas de 30 /11/2020 no site oficial da World Rugby —e colocar-se no 20º lugar da tabela do ranking da World Rugby. Um ganho!
A equipa portuguesa não melhorou, pelo contrário, o seu jogo em relação ao de sábado passado — os apoios foram menos frequentes com atrasos de chegada à zona eficaz e, muitas vezes, com falta de sintonia das linhas de corrida, restringindo-se assim a continuidade do movimento e dando mais hipóteses de recuperação à defesa brasileira. E muito por isso chegámos ao intervalo com o resultado de 7-6. Também o jogo ao pé não foi brilhante. 
Quer a França, cada vez mais e com 46 pontapés no último jogo, quer a Inglaterra, com 40 pontapés (os AllBlacks apenas chutaram 29 vezes) fazem do jogo-ao-pé a sua maior arma de conquista de território com o primeiro objectivo de jogar no meio-campo adversário. Portugal também parece ter aderido a essa estratégia mas, para que haja um verdadeiro tirar de partido dessa forma é necessário que o jogo-ao-pé tenha o objectivo de colocar problemas à defesa adversária e não seja apenas um chutar por chutar. Porque se assim não for, se não houver a capacidade técnico-táctica para retirar a equipa adversária da sua posição normal ou de conforto, o jogo transforma-se num mero ping-pong a ver quem falha primeiro... E o jogo-ao-pé português ainda está longe da eficácia táctica necessária, nomeadamente para poder explorar os corredores exteriores ao colocar dúvidas à tomada de decisão do trio de trás adversário.
Duas boas vitórias, claro. Mas, e devemos ter isso presente, contra uma equipa "muito média" que está longe de ter o nível dos nossos adversários directos no caminho do Mundial de França. 
Ganho dentro do campo, perdido cá fora é o mínimo que se pode dizer quando se percebeu que foi marcado um jogo, ainda por cima decisivo para o apuramento da fase final da Divisão de Honra, para a mesma hora do jogo da Selecção Nacional. Esta marcação, sejamos claros, corresponde a uma absoluta falta de respeito pela equipa nacional e para com a comunidade rugbística portuguesa. É óbvio que quando a Selecção Nacional joga não há outros jogos - em França, onde o campeonato não pára quando há jogos da selecção, os jogos deste sábado tiveram como último início as 18:45 locais para um França-Itália iniciado às 21:00 horas. E se a Académica, numa visão definida pela importância do seu interesse, esteve mal ao marcar o jogo para o mesmo horário — no sábado passado o jogo também em atrasado foi marcado para as 11:00 não colidindo com o jogo de Portugal — a Federação, mostrando-se distraída e ao não o impedir com recurso ao nº6 do Artigo 26º do Regulamento do Campeonato Nacional da Divisão de Honra que diz e transcrevo: "Nos fins‑de‑semana de actividade da Selecção Nacional de XV, não deverão realizar-se jogos do CNDH, salvo motivo de manifesta nem nessidade, o qual será determinado unicamente pela Direção da FPR.", não esteve melhor. Sobra a imagem de que nada disto tem importância, que jogos da selecção são uma espécie de entretenimento da malta ou que a modalidade se subordina aos interesses de cada um. E a tendência, se finalmente não se quiser compreender que a organização desportiva de rendimento vive da capacidade de articular colaboração e competição, será a de piorar o estado de coisas. E então não há sonhos que resistam.


 

sábado, 28 de novembro de 2020

ALLBLACKS HOMENAGEIAM MARADONA


QUE BONITO!

DIGNO DE UM GÉNIO FUTEBOLISTA

PORTUGAL DE NOVO FAVORITO

Neste segundo jogo contra o Brasil, Portugal parte de novo como favorito e a diferença pontual, de acordo com o posicionamento no ranking, situa-se nos 14 pontos. Um ponto menos do que Portugal precisa — diferença de 15 pontos de jogo — para atingir os 62,44 pontos de ranking e assim, ultrapassando a Rússia (62,12), colocar-se no 20º lugar.

Situação nada impossível desde que a equipa portuguesa não se deixe iludir por facilidades que os 20 pontos de diferença de sábado passado podem parecer mostrar. Trata-se de um outro e novo jogo e os brasileiros vão querer apagar a má imagem deixada e a sua adaptação — dizem-se habituados à relva artificial e que terão tido dificuldades inesperadas com o piso — à relva natural que dizem já ser total, dar-lhes-à, pelo menos, um acrescento de moral. Que poderá terminar se os portugueses entrarem determinados e, explorando as fragilidades defensivas que os brasileiros mostram, cedo se adiantem no marcador. E não dando tréguas, verão os adversários tornarem-se cada vez mais impotentes à medida que o tempo passar.

De facto o Brasil mostrou incapacidades que não serão tornadas características positivas de um dia para o outro. Habituados que estão ao jogo dos tempos de outrora do choca-apanha e segue-choca e parecendo mais preocupados em contar fases do jogo do que em desequilibrar a defesa sem ser pela força — copiando muitas equipas que não têm capacidades de movimento adaptado ao movimento da bola e ao posicionamento dos adversários — a equipa brasileira terá, de novo, grandes dificuldades para tapar intervalos e segurar as nossas linhas.

Ganhar é o que se espera — e se conseguirmos ultrapassar a Rússia no ranking, melhor.  


Do outro lado do mundo um jogo a provocar as maiores expectativas: Nova Zelândia-Argentina. Derrotados no último jogo, os AllBlacks não vão querer deixar os seus créditos por mãos alheias — e desta vez já estão preparados para as provocações — tiveram treinos nesse sentido — e os "golpes" (porque sempre à margem da lei) nas formações-ordenadas  para desequilibrar a formação allblack os pilares argentinos, principalmente o direito, mudavam a posição da pega, violando a alínea d) do artigo 19.11 que diz que "todos as ligações dos jogadores devem manter-se do início até ao fim da formação-ordenada" e que tem como consequência a marcação de um pontapé-de-penalidade. Em face disto, Foster já fez as devidas e possíveis chamadas de atenção para os responsáveis da arbitragem.
Veremos o que dará, mas que o jogo vai ser muito duro, vai...
Na europeia Taça do Outono, dois jogos de fácil previsão: quer a França quer a Irlanda, jogando em casa, não terão quaisquer dificuldades em derrotar Itália e Geórgia respectivamente. O maior interesse da jornada vai para Llanelli para saber até que ponto conseguirá Gales — em mudança de processos diz Pivac — resistir à potência Inglaterra. Tão potente que ultimamente se tem dedicado às técnicas do sumo para limpar rucks ou defender os seus corredores laterais.A Escócia que teria como adversário os infectados fijianos que acabaram por não realizar qualquer jogo, folgam e ficam à espera dos acontecimentos.
Aconteçam que resultados acontecerem, um bom entretém com rugby "à séria" para quem, como qualquer um de nós, tem de ficar em casa abrigado da pandemia. Cuidemo-nos então no sofá e de olhos nas transmissões da Rugbytv e da SportTV.  



domingo, 22 de novembro de 2020

PORTUGAL DE MOVIMENTO


Portugal cumprir bem a sua obrigação de favorito, ampliando para 20 os previsíveis 11 pontos de diferença.

De certa maneira fui surpreendido pelo nível assim-assim da equipa brasileira que se desculpou por não ter conseguido adaptar-se ao jogo corrido dos portugueses. Que vinham de jogos de confronto frontal e que o ter que ir atrás da bola lhes deu cabo das pernas, justificou o capitão brasileiro... Livraram-se de boa... porque se os chutadores portugueses, Portela e Lucas, tivessem acertado os pés, então, o resultado seria enorme. 

Mas o que a equipa portuguesa fez chegou em termos de rendimento, ao garantir a vitória por uma diferença superior a 15 pontos, conquistando assim os pontos de ranking multiplicados pelo factor-prémio de 1,5 - se Portugal conseguir no próximo sábado um resultado idêntico, ultrapassará a Rússia no ranking da World Rugby.

O que achei mais interessante no jogo da selecção portuguesa foi a sua aproximação ao rugby de movimento - onde é o movimento da bola que comanda o movimento dos jogadores. Foi bom ver a preocupação do portador ou transportador da bola em garantir a entrega da bola a companheiros em vez de - como se vê sistemáticamente no campeonato nacional - ir para o chão. E foi mostra dessa preocupação diversos passes já realizados do chão para um companheiro que, em apoio adequado, aparecia para receber a bola. E melhor acertado este aspecto que virá com o tempo porque parece ser componente do modelo-de-jogo Lagisquet, homem do rugby-de-movimento, a equipa portuguesa, pode atingir uma dimensão competitiva muito interessante.

Aguardemos pelo jogo de sábado para uma certeza maior sobre a absorção do sistema.

sábado, 21 de novembro de 2020

PORTUGAL VOLTA AOS JOGOS INTERNACIONAIS


 Se não fosse a estória da pandemia e, como consequência, uns jogos internos que nem sempre têm a intensidade aproximada ao nível internacional, Portugal — jogando em casa — partia para o jogo de amanhã (que veremos como se o jogo fosse no estrangeiro) como favorito.

A diferença do posicionamento no ranking permite prever uma vitória por 11 pontos de diferença. Veremos. Mas o propósito — e também a obrigação — é de chegar à vitória. 


Fora de portas, um jogo de grandes expectativas entre a Austrália e a Argentina. Como se comportará a Argentina, depois da gloriosa vitória sobre os AllBlacks, num jogo de enorme tensão? Até que ponto australianos suportarão a pressão argentina? Como conseguirão mostrar-se eficazes no uso da bola? 
Na Europa, dois jogos promissores. O primeiro, à hora do Portugal-Brasil, o Inglaterra-Irlanda que, como já se espera, levou que Eddie Jones entrasse no campo dos jogos psicológicos — para ganhar o Mundial de 2023 é melhor começar a ganhar já...lá pensa ele.
Enquanto que o Gales-Geórgia servirá, acima de tudo, para permitir encaixar a equipa galesa — cheia de jovens que terão aí a oportunidade de se mostrarem capazes, o jogo de domingo entre a Escócia e a França será, para além de ser o único jogo do Grupo B uma vez que Fiji, com 29 infectados, está fora do torneio, o segundo jogo de bom interesse competitivo para além de permitir ver de novo uma das mais interessantes, Dupond e Ntamak, parelhas de médios da actualidade, irá também mostrar-nos como vai o evolução do "novo" jogo francês. Também ali há um Mundial, para mais jogado em casa, debaixo de olho.  


segunda-feira, 16 de novembro de 2020

ARGENTINA CONSEGUE O SEU MELHOR RESULTADO DE SEMPRE

As vitórias conseguem-se com muito treino e determinação. E nesta situação pandémica com a resiliência de uma vontade indomável.

A Argentina conseguiu, com esta vitória de 25-15 sobre os AllBlacks, o seu melhor resultado rugbístico de sempre. É um resultado histórico e para compreender o seu nível basta lembrar, para além da previsão que considerava uma normal vitória neozelandesa por 30 pontos de diferença para a realidade argentina que conseguiu transpor essa diferença por 40 pontos em seu favor — um notável resultado. Que ficará na memória de quem o jogou ou viu. E, de facto, na história da modalidade: a Argentina passou a integrar, na companhia da Austrália (45x), da África dos Sul (36x), da França (12x), da Inglaterra (8x), de Gales (3x) e da Irlanda (2x), o Clube dos 7, contados desde 1903, que alguma vez derrotaram a Nova Zelândia

Demonstrando uma notável capacidade de manter a dinâmica da sua organização quando não tinha a posse da bola, conseguiu assim criar uma teia da qual os jogadores neozelandeses não conseguiram libertar-se apesar de terem marcado 2 ensaios contra apenas um argentino. O excesso de faltas cometidas (13), pouco usual nesta equipa, fez a diferença no resultado com a conversão de 6 penalidades pelo abertura Nicolas Sanchez que, aliás e num seu dia memorável, marcou todos os pontos argentinos. Por outro lado e para além da evidente indisciplina de alguns dos allblacks, pareceu sempre que havia um enorme desfasamento na interpretação das Leis de Jogo entre os jogadores neozelandeses e o árbitro, o australiano Angus Gardener. Porque foram faltas a mais numa equipa que tem no padrão disciplina uma constante. O actual responsável, Ian Foster, que viu a sua nomeação contestada por muitos sectores, nomeadamente por internacionais e pelo antigo campeão mundial, Graham Henry, que disso deu pública nota, tem, após estas duas derrotas consecutivas — a última sequência, derrota com a África do Sul e depois com a Austrália, deu-se em Agosto de 2011 — a porta da oportunidade cada vez mais reduzida. O próximo jogo, daqui a 15 dias e de novo contra a Argentina, abrirá perspectivas. 

A notável capacidade defensiva demonstrada e, acima de tudo e como mostra o vídeo, a vontade e determinação individual e colectiva para garantir a qualidade do treino, são os factores que garantiram a vitória. Extraordinário!

Os restantes resultados foram os previsíveis com Gales a continuar a mostrar-se longe das capacidades que demonstrou na época anterior, a final de Warren Gatland e Shaun Williams. O actual responsável e também neozelandês Wayne Pivac considera que se trata do resultado da necessária transição de um processo com dez anos para um novo processo que, avisa, será para continuar a desenvolver. E tanto quando nos é dado perceber e embora já tenha rescindido do treinador da defesa Byron Hayward, teremos que esperar até ao próximo 6 Nações para ver a transformação — mas os seus conceitos resultaram muito bem com os Scarlets. Estarão as dificuldades de todo o género que a pandemia trouxe a um país que está muito longe de ser rico, a impedir os jogadores galeses de actuarem ao nível que é o seu?

A Itália fez o que pode contra a Escócia. A Geórgia mostrou, com a diferença sofrida de 40 pontos, que ainda está longe, para além da proximidade, demonstrada até na melhor posição que ocupa no ranking da World Rugby, à Itália do núcleo tradicional das 6 Nações. 
A surpresa (será?!) está na anulação do jogo França-Fiji por haver um elevado número de fijianos infectados - aqui lembra-se a vantagem sanitária que foi a também anulação do jogo com Portugal.
A propósito do facto de estarem já, por essa Europa fora, diversos atletas infectados e na maior parte dos casos, como Ronaldo, sem quaisquer sintomas, comecei a pensar se o facto de se tratarem de atletas com capacidades físicas superiores às dos cidadãos normais não lhes dará isso uma resistência superior aos efeitos do vírus — quando se fala de que o Desporto dá saúde só pode ser desta capacidade de que se fala, resistir melhor às doenças. E se assim for, a exigência de constantes teste é decisiva para garantir a qualidade sanitária do grupo, colocando o factor risco em limites aceitáveis — de outra forma, havendo  alguém assintomático no interior do grupo, o vírus propagar-se-á invisivelmente... podendo atacar um grande número. Neste caso a articulação dos testes com a vivência integrada em bolhas será fundamental — e deve louvar-se a a decisão da Rugby Europe que justificou a anulação do Portugal-Espanha por se tratarem de jogadores amadores que, tendo as suas obrigações estudantis ou profissionais, elevam o risco do contacto. E, como sempre, a saúde dos jogadores e acompanhantes técnicos, está em primeiro lugar. 

[A organização do Taça do Outono das Nações, de acordo com os regulamentos do torneio, considerou Fiji — com 4 jogadores infectados — responsável pela anulação do jogo com a França e assim decidiu atribuir-lhes uma derrota por 28-0, considerando 4 ensaios e 4 transformações e, portanto, juntando 1 ponto de bónus aos 4 pontos da vitória o que posiciona a França no 1º lugar do Grupo B]. 

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

INÍCIO DA TAÇA DO OUTONO DAS NAÇÕES


Para um sábado e domingo de obrigatória permanência das tardes em casa, o programa de rugby que a Sport TV transmitirá, vai, para os adeptos do rugby e se houver duas televisões em casa, ser uma boa hipótese de entretenimento. Continuando a disputa do Tri Nations na bolha australiana do outro lado do mundo, na Europa começa a Taça do Outono das Nações — a competição que veio substituir as habituais digressões de Novembro, garantindo assim as receitas necessárias às diferentes federações em jogos que, embora não tendo público, terão as receitas de televisão e da publicidade — com a presença da Inglaterra, França, Irlanda, Escócia, Gales, Fiji e Itália. A presença de Fiji que poderia estar a fazer o Tri-Nations deve-se, com certeza, ao facto de a grande maioria dos seus jogadores se encontrarem a jogar em clubes europeus e ser muito mais fácil, em tempos sanitariamente difíceis, mantê-los a jogar por cá do que obrigá-los a dar a volta ao mundo.

A Nova Zelândia não deverá ter qualquer dificuldade em vencer uma Argentina que se apresenta sem a rodagem necessária para enfrentar equipas de tão alto nível como são os AllBlacks. Apesar das fracas prestações conseguidas neste tempos de pandemia, Gales poderá proporcionar — e espera-se que o faça — com os irlandeses, o jogo mais equilibrado da jornada. Os outros, facilmente se admite, são de vencedores antecipados. 

Em princípio, com excepção do Itália-Escócia que os escoceses ganharão, as equipas da casa sairão vencedoras. Como maior curiosidade o comportamento dos georgianos frente à Inglaterra - será que nos convencerão que deveriam estar no 6 Nações, seja pela descida da Itália, seja pela ampliação para sete equipas.

Estas previsões, feitas com base nos pontos de ranking da World Rugby, balizam a diferença do que poderá ser considerado um resultado normal. Pela diferente diferença, passe o pleonasmo, obtida se pode perceber a qualidade do resultado: Bom se diminui a diferença, mau se aumenta a diferença prevista, permitindo ainda gradualizar de acordo com o jogo dos números.

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

VISÃO DA DIVISÃO DE HONRA A 4 JOGOS DO FIM

O Direito já se encontra apurado para o Grupo do Título e as quatro equipas sem qualquer ponto conseguido não escaparão ao Grupo da Descida.

15 jogos com diferença superior a 16 pontos de jogo e apenas 2 jogos com Bónus defensivo

Demonstrando a falta de competitividade desta Divisão de Honra, a enorme maioria dos resultados têm sido previsíveis

2 equipas têm menos de 1 ensaio marcado por jogo e outras 3 têm mais de 7 ensaios sofridos por jogo. O Belenenses é a equipa com mais ensaios marcados (22) e o Benfica a equipa com o maior número de ensaios sofridos (30)


terça-feira, 10 de novembro de 2020

PREVISÕES CONTRARIADAS


A vitória, depois de copiosa derrota na semana passada, da Austrália sobre a Nova Zelândia (24-22) ficou, acima de tudo, marcada pela boa utilização, pelo árbitro, o australiano Nic Barry ,do protocolo (ver ponto 2 da figura acima) imposto pela World Rugby sobre as placagens altas e os contactos de ombro com o pescoço ou cabeça. Não há qualquer margem para dúvidas sobre a perigosidade da acção dos dois jogadores — um neozelandês e outro australiano — que foram expulsos: a cabeçada foi violenta e atingiu a cabeça do adversário. E o jogador australiano, Rob Simmons, já foi castigado em 4 semanas o que significa — porque a contagem não é, ao contrário do que erradamente se faz por cá, directa — que estará de castigo até 6 de Fevereiro de 2021...

E apesar de antigos jogadores internacionais, australianos e neozelandeses, se manifestarem contra os “cartões vermelhos” que estragam, dizem, o jogo ao reduzir o número total de jogadores em campo, não terão quaisquer razões para tal uma vez que o defeito é dos jogadores defensores que entram demasiado alto e que têm que aprender a defender mais baixo. Ou seja: o defeito não é do protocolo criado que está bem feito, mas sim do facto de alguns jogadores não se conseguirem adaptar às exigências. 


A defesa da saúde dos jogadores tem que estar em primeiro lugar, seja por razões da pandemia, seja por razões de expressão de violência e as placagens que atingem a cabeça dos adversários são muito perigosas — basta relembrar os maus resultados existentes no futebol americano cujos jogadores, mesmo com uso de capacetes, têm mostrados, passados anos, graves problemas. E este protocolo constitui um aviso para jogadores e treinadores que têm que encarar a colisão e a placagem de uma outra forma. O jogo tem que continuar a ser de combate mas com a segurança necessária para poder continuar a ser jogado. 

 

O jogo em si foi bom de ver e os australianos, com a troca do jovem abertura Noah Lolesio pelo muito mais experiente Reece Hodge, mostraram-se uma equipa muito mais capaz, utilizando uma defesa muito agressiva —  tão agressiva que, muitas vezes e pese o pouco rigor aqui demonstrado pelo árbitro, se deslocaram em fora-de-jogo cortando espaço e tempo e obrigando os allblacks a jogar longe da linha de vantagem (esta questão do fora-de-jogo constitui um problema nos jogos de rugby que se mostra demasiado constante e a que muitos árbitros se mostram alheios e que impede o desenvolvimento da continuidade do jogo, levando a demasiadas paragens de jogo no chão e diminuindo a sua espectacularidade.


Por seu lado os neozelandeses, que cometeram erros que não lhes são habituais — para além de não terem utilizado aquele que é, mesmo com o notável jovem francês Dupond, muito provavelmente o melhor formação do mundo, Aaron Smith —tiveram nos irmãos Barret a pior demonstração dos seus últimos jogos - o mais velho, Beauden, teve um jogo ao pé de grande ineficácia entregando, por sistema, a bola; Scott numa desconcentração imperdoável, apanhou um cartão amarelo e colocou a sua equipa a jogar em inferioridade numérica; o mais jovem, Jordie, esteve longe do seu habitual, mal no ar e mal na escolha das linhas de corrida. Mas no fundo, no fundo o que tornou o jogo allblack mais ineficaz foi a velocidade da entrega da bola nas transformações de jogo agrupado para o jogo ao largo. E essa falta de velocidade deu aos australianos o espaço e tempo de que precisavam.

E assim de uma derrota previsível por 13 pontos de diferença, a Austrália conseguiu um notável e inesperado resultado por dois pontos de vantagem.


A Espanha, depois de uma excelente vitória no primeiro jogo, perdeu com o Uruguai por 19-10 no que pode, para uma previsão de apenas 1 ponto de jogo de diferença, ser considerado um excelente resultado. Mas deva dizer-se, em abono da verdade, que o árbitro foi demasiado caseiro - o ensaio uruguaio é precedido de um passe-para-a-frente escandaloso - para que o resultado traduza uma verdadeira quebra espanhola. No entanto também foi um facto que os espanhois foram completamente ultrapassados nas formações-ordenadas — sendo arrastados e castigados com muitas faltas. E viram ainda 3 cartões amarelos. Ou seja, para além das dificuldades colocadas pelo adversário, a equipa espanhola foi demasiado indisciplinada para conseguir mostrar qualidades idênticas às demonstradas no primeiro jogo.


sexta-feira, 6 de novembro de 2020

DE NOVO AUSTRÁLIA-NOVA ZELÂNDIA


Tendo em atenção as previsões para estes dois jogos e lembrando a diferença de pontos nos jogos anteriores ambos, como agora, em casa dos derrotados, poderemos perceber a elevada qualidade dos resultados conseguidos.

A previsão do jogo, contando agora apenas para as Tri-Nations, Austrália -AllBalcks apesar dos 38 pontos de diferença no sábado passado, dá a vitória aos AllBlacks por uns razoáveis 13 pontos. 

Para australianos esta é a última possibilidade de, neste ano 2020, de mostrar que estão ao nível dos seus adversários. No entanto, para que isso possa acontecer é necessário, num apenas uma de umas, que ou os neozelandeses joguem muito abaixo das suas possibilidades ou, os australianos tenham, durante esta semana de treinos, conseguido modificar substancialmente a sua forma de jogar. Bem sei que mudaram de abertura, trocando o muito jovem e inexperiente, Noah Lolesio, pelo mais maduro e experiente Reece Hodges. Seja como for e seja qual for a forma como se apresentem os australianos o jogo, a transmitir pela SportTv pelas 8:45 da manhã deste sábado, será sempre uma demonstração estratégica de subordinação aos Princípios Fundamentais do Jogo através de uma expressão técnica do maior nível. A não perder portanto. 

Em Montevideu a Espanha, depois de ter derrotado há 8 dias o Uruguai por 32-20 — subindo assim do 18º lugar do ranking World Rugby para o 16º — volta, de novo e com o objectivo de garantir a preparação necessária para as classificações para o Mundial de 2023, a defrontar uruguaios. A previsão — que tem por base os pontos actuais do ranking — concede a vitória uruguaia pelaa ligeiríssima diferença de 1 ponto de jogo. O que significa que a vitória pode cair para qualquer dos lados e, dado o resultado obtido anteriormente pelos espanhóis, acreditar na sua vitória não será um acto de fé desesperado. É bem possível que assim seja.

domingo, 1 de novembro de 2020

BLEDISLOE PARA NEOZELANDESES E 6 NAÇÕES PARA INGLESES


 Os AllBlacks venceram a Bledisloe Cup, agora já inserida no Tri-Nations, com mais uma convincente e muito agradável exibição. Marcando 6 ensaios para além dos que não foram considerados pela arbitragem - muito duvidosa a decisão do árbitro, o neozelandês Ben O'Keeffe, e do vídeo-árbitro, o australiano Angus Gardner, sobre o ensaio do talonador allblack Dane Coles — demonstraram, mais uma vez, que o objectivo do jogo que defendem é a marcação de ensaios. A sua notável capacidade de garantir vantagem no jogo no chão bem como a capacidade de jogar "em cima" da linha-de-vantagem fazem desta equipa um portento espectacular de eficácia, baseando toda a sua forma de jogar e para além da técnica - todos "tratam a bola por tu" — numa notável cultura táctica individual que permite a melhor leitura para a mais eficaz organização colectiva. E assim não têm qualquer problema de garantir o apoio - alternando entre o losango e o W para garantir a continuidade do jogo — e, se parados, realizando a "limpeza da vitrina" em tempo útil para conseguir uma bola suficientemente rápida para que a defesa adversária não tenha tempo de reorganização. No fundo uma clara demonstração da superioridade do seu processo de formação — vale a pena ver, estudar, perceber e aplicar os métodos utilizados no país da grande nuvem branca. Provam melhor do que os outros! Copie-se!

Do outro lado do campo os australianos mostraram-se uma equipa sem qualquer norte - colocar a nº10, num jogo desta exigência, um jovem inexperiente de 20 anos, Noah Lolesio, não parece a melhor das soluções. Apesar de tudo esta dura e expressiva derrota pode ter uma vantagem: que as camisolas terrivelmente kitsch que equiparam os jogadores australianosnão sejam, pela imagem desportiva que passaram a representar, mais utilizadas. São feias!

O Torneio das 6 Nações, que deveria ter terminado em Março, teve ontem a sua última jornada com  a Inglaterra vencedora e que teve - depois da anulação do seu jogo com os Barbarians devido ao péssimo comportamento social dos jogadores convidados - a sorte do sorteio lhe destinar a pior das equipas para este último jogo. E assim a falta de entrosamento e coesão colectiva acabou por não dar nas vistas. E o resultado acabou como se previra, com 29 pontos de diferença, permitindo a vitória final no desempate com a Irlanda pela diferença de pontos marcados e sofridos.
Dos outros dois candidatos à vitória, França e Irlanda, fica o jogo - para além dos irlandeses terem no seu defesa, Jacob Stockdale e apesar da marcação do último ensaio, o responsável pela perda de bolas em todos os pontos críticos em que foi chamado a intervir - marcado pela polémica decisão do árbitro, o inglês Wayne Barnes e vídeo-árbitro ao não considerarem ensaio-de-penalidade para a Irlanda sobre uma propositada infracção do defesa francês Anthony Bouthier quando eram decorridos 10' de jogo. A incoerência da decisão foi notória quando, aos 30' de jogo, a mesma dupla decidiu - bem! - a marcação de ensaio-de-penalidade favorável aos franceses. Da diferença destes dois critérios queixam-se os irlandeses - que e como curiosidade, se devem ter lembrado de um mesmo jogo contra a França, apesar de ser em futebol, a contar para o play-off de acesso ao Mundial de 2009 em que um golo nitidamente ilegal os afastou da prova... 
Enfim, um erro que, não existindo, poderia dar outro rumo ás coisas. O que significa que, apesar de se mostrar como grande ajuda para a verdade desportiva, o vídeo-árbitro não é isento de erros. Como se viu, pelo menos por duas vezes, neste sábado de jogos internacionais. Mas, também pela polémica que se passa neste momento em Portugal sobre o tema, convém dizer que o protocolo rugbístico é muito mais eficaz do que o existente para o futebol que, mostrando-se demasiado senhor do seu nariz, ignorou a experiência de outras modalidades e criou um código que, ao que parece, trás mais problemas que vantagens.
Em Llanelli, Gales, perdendo - contra todas as expectativas - contra a Escócia, mostrou que a volumosa derrota (5-2 em ensaios) de há oito dias com a França não terá sido uma casualidade mas que corresponde ao estado actual das suas capacidades. Provavelmente como resultado das dificuldades que o país, que não é propriamente rico, tem enfrentado face à pandemia, colocando clubes e jogadores em difíceis situações de prática e preparação. Esperemos melhores dias... 

Tabela final do 6 Nações

Se do outro lado do mundo continua o Tri-Nations com novo Austrália-Nova Zelândia já no próximo fim‑de‑semana, na Europa teremos que aguardar mais quinze dias para o início do Autumn Nations Cup que, para além dos habituais das 6 Nações, contará ainda com a presença da Geórgia e Fiji. Apesar da crise pandémica, rugby - ao nível profissional uma vez que as competições amadoras estão tendencialmente a ser adiadas - não vai faltar.

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