terça-feira, 31 de dezembro de 2019

ANO NOVO, VIDA NOVA. PODE SER?


domingo, 29 de dezembro de 2019

O PÁSSARO FUGIDIO DA TAPADA

... e num último segundo tudo se virou de pernas para o ar!

Ao intervalo Agronomia ganhava por 17-10 e aos 72’, depois de um super-ensaio tirado da qualidade individual de Manuel Cardoso Pinto que, desligando-se de qualquer atilho em cima do meio-campo, atacou a linha-de-vantagem, quebrou a defesa e fintou quem lhe pareceu pela frente para marcar junto aos postes e colocar o resultado com 9 pontos de vantagem num 27-18 que parecia garantir a Taça.

Mas não foi assim...o VRAC venceu por 28-27... e conseguiu a sua terceira vitória consecutiva.

Os jogadores da equipa de Valladolid — dez deles não são espanhóis — não mostraram grandes qualidades — foram uma equipa previsível, sem soluções para encurtar, bem pelo contrário, a linha defensiva dos agrónomos, com uma permanente repetição de processos que pretendia conseguir pela força das colisões aquilo que a falta de capacidade, ou mesmo de conhecimento, da manobra não conseguia. Ou seja e como se viu durante grande parte do jogo o VRAC constitui uma equipa acessível a quem, por um lado, a sorte do jogo e, por outro, as incapacidades de Agronomia deram a vitória final.

Conseguindo, durante a primeira parte, manietar a equipa espanhola, desmultiplicando muito bem os seus defensores por obra e graça de uma inteligência táctica que permitiu não empenhar mais do que o número absolutamente necessário de jogadores em cada “ruck”, Agronomia foi desaparecendo do jogo e na segunda-parte já não mostrou o discernimento suficiente — nos “rucks” já eram utilizados mais jogadores do que o necessário — para que a possibilidade de reviravolta do resultado não começasse a ser uma hipótese provável.

Com o pássaro na mão — que diabo, 9 pontos de diferença é muita diferença para um quarto de hora final —  Agronomia deixou-o fugir por sua incapacidade manifestada em erros tácticos e falta de comando eficaz interno e externo que adaptasse o sistema à nova situação de progressão das dificuldades físicas. Com o empenho de mais jogadores nas fases estáticas, provocaram o desgaste físico dos defensores que tiveram que se multiplicar mais do que tinham feito anteriormente; com a diferença conseguida com o ensaio de Cardoso Pinto a manutenção da posse da bola foi continuada como se de processos atacantes se tratassem quando, dada a vantagem e o tempo de jogo, tudo recomendaria que o controlo se fizesse sobre o Canal 1, junto às formações, agregando e jogando com a ânsia adversária, procurando levá-los à falta. Isto é, recorrendo à inteligência táctica de que tinham dado anteriormente provas. Mas não, o jogo utilizado de procurar o contacto para a consequente formação expontânea na zona do Canal Central foi um erro evidente, desgastante e nunca alterado, resultando na derrota.

E porque terá acontecido esta mudança de sistema de uma primeira parte bem conseguida para uma segunda de incapacidade quase total? Essencialmente por abatimento físico — os jogadores de Agronomia foram-se fisicamente abaixo e a inteligência táctica deixou de existir de forma colectivamente coesa. E de muito pouco serviu a determinação mental da maior parte dos jogadores porque o físico já não ajudava...

Ou seja, o que se temia aconteceu! O jogo começou com um bom nível de intensidade, superior, aliás, ao que é habitual no actual campeonato português e o desgaste nos jogadores de Agronomia foi-se, naturalmente, acentuando. A partir daí as soluções foram-se tornando menos adaptadas, a dificuldade de quebrar a defesa adversária — que tinha, reconheça-se, acontecido praticamente por rasgos individuais — foi aumentando e desapareceu a capacidade de ocupação do território adversário. E sem uma equipa com característica de domínio territorial — factor já notado nos últimos jogos do campeonato nacional — as dificuldades foram sendo cada vez maiores, culminando na cedência da vantagem de nove pontos.

No entanto esta final perdida por nítida incapacidade de resistir à intensidade que jogos deste nível sempre impõem, ensina-nos qualquer coisa de muito importante: não é possível atingir a qualidade que o nível internacional pede sem uma época preenchida por um campeonato equilibrado e de grande competitividade. Coisa que não aconteceu na fase de apuramento que provocou uma entrada manca na fase final que agora se disputa e que causa, desde já, preocupações e apreensões sobre as capacidades competitivas que Portugal possa apresentar no jogo internacional mais importante da época — daqui a um mês, contra a Bélgica. Porque a realidade é esta: se queremos obter resultados internacionais de valia, teremos que ter um campeonato interno equilibrado que possibilite um elevado nível competitivo — preparando e habituando os jogadores a intensidades superiores.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

TAÇA IBÉRICA MASCULINA 2019



Tendo por base os resultados dos jogos desta época — 9 jogos para Agronomia, 11 para o VRAC — os campeões espanhóis de 2018/19, com uma vantagem de 6% na média da Capacidade Competitiva, detém algum favoritismo para o jogo de amanhã.

Provavelmente as diferenças das formas competitivas entre os dois países distorcem os valores dos  diferentes indicadores, mas são, pelos poucos jogos já disputados da nossa fase final, os elementos disponíveis de comparação. Esta distorção pode, eventualmente, ser efectiva nos dois indicadores em que Agronomia se mostra superior — a “Quota de marcação” mostra a relação que uma equipa tem entre os pontos marcados e o conjunto de pontos marcados e sofridos significando o seu maior número uma maior facilidade nas vitórias e maior aproximação nas derrotas. Situação corroborada pela superior média de ensaios marcados por jogo mas que pode, repete-se, mostrar-se enviesada pelos tipos de adversários da fase de Apuramento portuguesa.

Será esta capacidade — mesmo se os últimos resultados, com uma sequência de VDD, não têm sido brilhantes —de marcar pontos, ensaios inclusivé, a que se junta o factor-casa que valerá entre 3 e 4 pontos de jogo, suficiente para garantir a vitória de Agronomia na Taça Ibérica? Até porque o VRAC e apesar da sua Taxa de Sucesso atingir 81%, não se tem mostrado, com uma última sequência de DVE, tão forte como no início da época.

O jogo não será fácil e Agronomia tem que se apresentar ao seu melhor nível para vencer, mostrando-se capaz de ocupar o terreno e conquistar as bolas suficientes para poder fazer a diferença. E acima de tudo, jogando com forte coesão colectiva e muita determinação. Boa sorte, Agronomia!

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

EQUILÍBRIO NÃO É SUFICIENTE


Mantém-se a tendência para um maior equilíbrio competitivo no Grupo Título em relação ao Grupo Despromoção que se mostra bastante mais desequilibrado como se pode verificar com os dois resultados por diferença de 30 pontos e a relação entre pontos de bónus ofensivos (6) e bónus defensivos (2) que é, praticamente, a inversa da existente no Grupo Título — 3 pontos de bónus ofensivos para 5 de bónus defensivos.

Portanto e juntando ainda os dados retiráveis dos quadros seguintes, no Grupo Título mantêm-se a totalidade das expectativas na luta pelo título enquanto que no Grupo Despromoção a expectativa parece focar-se apenas e desde já em qual das duas equipas — Lousã ou CRAV — será directamente despromovida uma vez que o intervalo começa a alargar-se de forma tal que a recuperação se mostra de enorme dificuldade. E como, num erro enorme dos clubes que aprovaram a prova, nada mais há em disputa para além da fuga aos dois últimos lugares a expectativa competitiva parece muito reduzida quando ainda não se atingiu o final da primeira volta.




Na sequência do demonstrado no quadro superior, o equilíbrio competitivo — veja-se a diferença entre as médias do primeiro e do último classificados e a capacidade de marcação de ensaios em cada um dos quadros sobre a capacidade competitiva — é mas acentuado no Grupo Título.

Exposta esta factualidade da competitividade do Campeonato da Divisão de Honra será importante fazer notar que a maior competitividade está relacionada com o equilíbrio entre as capacidades das equipas mas nada garantindo em relação à qualidade do jogo. Tão pouco em relação à intensidade. Aspectos que, diga-se, têm deixado bastante a desejar e que estão longe do que sabemos serem as exigências dos jogos internacionais E o jogo decisivo da época internacional — contra a Bélgica, adversário a quem teremos de vencer para garantir a permanência e poder encarar os outros jogos como forma de crescimento e habituação — está a pouco mais de um mês com festas pelo meio...

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

BOM NATAL 2019


domingo, 15 de dezembro de 2019

ASSIM VAI O CAMPEONATO DA “DIVISÃO DE HONRA”


No Grupo do Título foram conquistados 2 pontos de Bónus Ofensivos e 4 pontos pontos de Bónus Defensivos. No Grupo de Despromoção foram conquistados 3 pontos de Bónus Ofensivos e 3 Defensivos.







sábado, 14 de dezembro de 2019

SINAIS DE EQUILÍBRIO NO GRUPO DO TÍTULO



Nesta composição de pontos de jogo quatro factos interessantes:
a) o maior número de ensaios pertenceu ao CDUL que, com espanto, não conseguiu mostrar, na 1.ª jornada do Grupo do Título e contra o GD Direito (perdendo por 44-16) qualquer capacidade atacante digna de nota mesmo se jogou na Fase de Apuramento no grupo de maior equilíbrio competitivo o que lhe deveria ter proporcionado uma preparação suficiente;
b) A incapacidade atacante da Lousã que apenas marcou 1 ensaio nos seis jogos realizados na fase de apuramento;
c)  Serem pontapés de penalidade (6) que constroem, com 64% da totalidade dos 28 pontos conseguidos, o volume dos pontos conseguidos pela mesma Lousã.
d) A pouca capacidade atacante — a segunda pior — demonstrada pelo CRAV com apenas 22 pontos e 3 ensaios nos seis jogos efectuados.
A Capacidade Competitiva das equipas na Fase de Apuramento é formada pela média da Taxa de Sucesso (vitórias/totalidade de jogos), Quota de Pontos de Classificação (pontos conseguidos/totalidade de pontos possíveis) e Quota de Pontos de Jogo (pontos de jogo marcados/ sobre a totalidade dos pontos marcados e sofridos que a maior ou menor facilidade da vitória ou dificuldade imposta na derrota).
No quadro verifica-se que o Belenenses foi a equipa — 84% — com maior demonstração de Capacidade Competitiva na Fase de Apuramento e, no entanto, foi perder, na 1.ª jornada do Grupo do Título com o Técnico que apenas conseguiu a 6.ª média de Capacidade. Por outro lado o CDUL, com uma média muito próxima do Direito, deveria ter usado o “factor casa” para vencer. Estes dois resultados podem ser um sinal de construção de um elevado Índice de Competitividade do Grupo, mantendo a indecisão classificativa até final, obrigando as equipas a trabalhar mais e melhor e elevando a incerteza.
No Grupo da Despromoção, o CDUP, com uma média de 47% de Capacidade Competitiva foi vencer, mesmo fora de casa, o Benfica com menos 14% de média. O que pode ser um indício, como aconteceu na temporada 2017/2018, que o equilíbrio competitivo deste Grupo vai ser baixo.
Com os jogos da 2.ª jornada veremos, entre consistência e instabilidade, o que nos podem trazer estas relações: equilíbrio ou desequilíbrio competitivo.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O ELOGIO DO DESEQUILÍBRIO

O Desporto tem características próprias que o definem e enquadram. O Desporto federado, enquadrando-se no domínio do Rendimento, afina mais ainda características próprias que vão definir a Competição Desportiva dando-lhe um enquadramento de princípios e valores que são únicos e que, como tal, devem ser garantidos e respeitados. 


Um dos princípios fundamentais da Competição Desportiva é o EQUILÍBRIO. Expressão que vai estabelecer que a competição — para que seja atractiva para actores e espectadores e se conforme aos princípios e valores defendidos — não tem vencedor antecipado e que todos os seus intervenientes poderão vencê-la. Mas sempre sem recorrer ao eufemismo de conceitos que mais não representam que facilidades administrativas para ultrapassar equipas de superior mérito desportivo. É, de facto, por necessidade de garantir o necessário equilíbrio que no Desporto Rendimento existem divisões. Ou número limitado de equipas para cada competição. Quadros que se estabelecem por razões desportivas e não por quaisquer outras por mais que as aparências das boas falas nos pretendam iludir. O Desporto rege-se por regras e valores que lhe são próprios e o caracterizam e as decisões sobre a sua organização devem, inequivocamente, respeitá-los!
Este equilíbrio que é necessário e se evoca, não é um mero conceito retórico baseado numa qualquer “fezada”. Para o determinar existem os resultados — esse parâmetro determinante do domínio do rendimento desportivo — que demonstram, recorrendo aos algoritmos aplicáveis, quão equilibrada é, por mais complexo que possa parecer, uma competição.
Atribuindo o estatuto de primeiro nível a 12 equipas para a disputa da principal competição, os clubes e a própria Federação não tiveram presente nem a real capacidade que clubes e as suas equipas têm demonstrado, nem a experiência recente. Tão pouco os seus dirigentes — com uma ou outra pequena excepção que terá sido assimilada — foram capazes de reconhecer a evidência. E a verdade é esta: mais vale competir num nível abaixo onde as capacidades colectivas e individuais dos praticantes se aproximam e equilibram do que noutro mais elevado e onde o jogo se torna absurdo. 
E, se não for assim, teremos resultados como o que está transposto no primeiro quadro! Um verdadeiro elogio ao desequilíbrio e, portanto, à não-competição.
Embora não se podendo fazer rigorosas comparações entre as diferentes equipas por, tratando-se de 
competição por grupos,  não ter havido confrontos entre muitas delas, é possível ter uma visão geral 
do profundo desequilíbrio gerado. E assim houve jogos, pela distância de capacidades conhecida das oposições, que pouco ou nenhum interesse competitivo demonstraram. Prejudicando, naturalmente, praticantes e o seu desenvolvimento técnico e táctico como se pode perceber pelo ridículo valor do Índice de Competitividade atingido.  
Com 15 jogos — 42% dos 36 realizados — de resultados distanciados por mais de 30 pontos numa clara demonstração de “vitórias fáceis” a que se juntaram mais 6 jogos, estabelecendo um valor global de 58% de resultados com diferenças superiores a 15 pontos (o valor estabelecido pela WC para que os pontos de ranking sejam multiplicados), esta fase de apuramento não pode ser considerada como suficientemente competitiva para proporcionar qualquer adesão aos objectivos que o Desporto Federado deve prosseguir. E, muito provavelmente, a decisão que a impôs ou aceitou é 
responsável — pela falta de capacidade competitiva que proporcionou — pela derrota contra o Brasil num jogo que, cá ou lá, deveríamos ganhar e não, como aconteceu, perder pontos e posicionamento de ranking.

Como se pode ver pelo segundo quadro que aqui se apresenta os níveis da competição mais elevados são atingidos com competições com 6 equipas — e não vale a pena começar a época com 12 clubes para definir dois grupos posteriores de 6. A evidência está nos resultados conseguidos quer na época de 2017/18, quer no conseguido na abertura desta época.
Se é fácil verificar pelos dados expostos que o melhor nível competitivo está limitado a 6 equipas, a possibilidade de competição com superior número de participantes não pode ultrapassar 8 equipas (IC=40 em 2018/19). Porque a realidade dos números limita, hoje em dia e sem que haja qualquer alteração sistémica de processos e métodos na composição e treino das equipas mais fracas, a sete o conjunto de equipas com capacidades de se mostrarem minimamente competitivas.
É bom não esquecer que à “simpatia de 10 clubes”,  correspondeu também o “passeio” pela 3.ª divisão europeia sem qualquer vantagem fosse para quem fosse.
Os resultados deste passado fim‑de‑semana alertam, com as duas vitórias com bónus defensivo no Grupo do Título e as duas vitórias por mais de trinta pontos no Grupo da Despromoção, para uma situação próxima (ver 2º quadro) daquela que se passou na época 2017/18  com um IC=51 para o Grupo A e um IC=6 para o Grupo B. Ou seja e claramente existem duas distintas divisões. Atentos, devíamos tomar nota.  




segunda-feira, 25 de novembro de 2019

THIS IS WHY WE LOVE RUGBY


“O Rugby é um jogo para pessoas bem-educadas de qualquer classe mas nunca para maus desportistas sejam de que classe forem”, 1894, da autoria do Rt Reverendo WJ Casey, antigo bispo de Bloemfontein e membro dos Barbarians e adoptado como lema do Barbarian Football Clube
(tradução actualizada)

domingo, 17 de novembro de 2019

PORTUGAL CUMPRIU


O XV de Portugal fez, de acordo com a história das duas equipas e com um resultado com a diferença de pontos que o posicionamento do ranking indica, o que lhe competia: venceu!

O maior problema do jogo foi a ignorância do amadoríssimo cameraman chileno que, não percebendo nada do jogo, nunca conseguia mostrar imagens que nos permitissem perceber o que se passava para além do (às vezes suposto) portador da bola.

Com este resultado Portugal vai apresentar-se no designado 6 Nações B — o Rugby Championship — numa posição e com pontos superiores à Bélgica — o adversário a derrotar neste retorno para garantir a permanência. O que deverá dar boas perspectivas e permitir que o tempo ajude.

Porque o que falta, para já e mais do que tudo, a esta equipa é jogo. Isto é, jogar! Jogar para que a adaptação colectiva seja mais coesa e globalmente mais rápida. E aos seus jogadores falta um campeonato mais exigente que lhes permita tornar num só momento a sequência leitura-decisão-execução. O nível internacional não se compadece com aproximações, vive de momentos que se transformados em oportunidades não podem ser desperdiçados e o domínio desta sequência sem hesitação ou demora, deve tornar-se um hábito. E isso exige experiência.

Experiência que tem um laboratório em cada jogo que se disputa ajudado por cada treino que se faz.

Devemos todos perceber que sem resultados internacionais não há desenvolvimento nem consolidação da modalidade — porque sem uma boa imagem competitiva não há patrocinadores, apoios ou a melhoria da qualidade do que nos envolve. E a construção das condições necessárias para que os jogadores possam expressar as suas capacidades num caminho de excelência — o desporto de rendimento é disso que trata — depende dos clubes e dos treinadores que escolhem para comandar as suas equipas. E tudo isto depende da capacidade de criação de um sentimento de pertença no rugby português. Que tem na preocupação pelo resultado a sua tradução.

Estes dois jogos da digressão à América Latina expuseram os jogadores e mostraram as qualidades e possibilidades de cada um — de uns mais do que outros, naturalmente. O seu futuro, para além de depender deles próprios, depende daquilo que queiramos fazer do rugby em Portugal.

E não se pode perder tempo — porque os adversários não o estão a perder. E os sonhos, sabe-se, podem morrer na distracção.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

CHILE-PORTUGAL. PROVAR O FAVORITISMO


Apesar da perda de 1,5 pontos e de duas posições no ranking pela derrota contra o Brasil, Portugal, pela sua história competitiva, mantém-se como favorito — desta vez pela positiva diferença de 5 pontos — para o jogo com o Chile que ocupa a 29ª posição no ranking mundial (6 posições abaixo de Portugal).

O Chile ocupou, no final do Americas Champioship, o último lugar da competição não tendo conseguido qualquer vitória na época que agora terminam. Mas o melhor resultado conseguido pelos chilenos, para além da derrota contra o Brasil por 5 pontos, foi o mais recente num jogo-teste contra os espanhóis e que perderam por 29-22.

Os 19% de quota de pontos marcados nos jogos efectuados pelos chilenos também demonstram a sua dificuldade para marcarem pontos, ou seja, para imporem domínio sobre os seus adversários. Assim sendo, o XV português tem boas condições para garantir a vitória — os quatro ensaios marcados ao Brasil ajudam a pensar assim. Amanhã saberemos.

XV de Portugal para o jogo contra o Chile - FPR

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

RUGBY DE ESPÍRITO DESPORTIVO

Integridade-Paixão-Solidariedade-Disciplina-Respeito


O Rugby gosta de se dizer diferente. E é-o porque, sendo um jogo colectivo de combate, exige comportamentos que garantam a constante permanência do espírito desportivo que incorpora os valores que a World Rugby estabeleceu como inerentes à modalidade. Este vídeo da Fox é demonstração desse comportamento e da prática desses valores.
Sport has the power to change the world, the power to inspire, the power to unite people in a way that little else can” Nelson Mandela, Rugby World Cup, 1955

domingo, 10 de novembro de 2019

PORTUGAL E SPORTING FEMININO

O passado das equipas dava a vitória de Portugal por 1 ponto de diferença, perdeu por dois pontos (26-24) e teve no último segundo da partida a possibilidade da vitória num dificílimo pontapé de penalidade à enorme distância de quase 50 metros. A necessária sorte para este pontapé ficou-se pela esperança do voo que não se torceu e o jogo terminou ali.

Primeiro jogo internacional da época para Portugal e último para o Brasil, esta jovem equipa portuguesa teve, como seria esperado, grandes dificuldades na formação-ordenada a que juntou 3 cartões amarelos — 37,5% de tempo do jogo com 14 unidades — que não foram mais do que ouro dado ao adversário, hipotecando claramente as hipóteses portuguesas. Que foram algumas mas a habitual inadaptação disciplinar dos jogadores portugueses à arbitragem internacional, impediu uma maior eficácia na utilização das bolas disponíveis,

Pontos interessantes? Um ou outro momento defensivo de boa adaptação e organização  — “scramble defense”— aos movimentos adversários. Mas ainda falta experiência e coesão a esta equipa para poder garantir, no primeiro quarto do próximo ano, os pontos necessários à absolutamente necessária manutenção no segundo grupo europeu. Mas gostei de ver alguns princípios conceptuais da equipa. Veremos o seu desenvolvimento.

Com esta derrota Portugal perde 1,05 pontos e desce assim dois lugares no ranking sendo ultrapassado pelos mundialistas Canadá e Namíbia.

Nos sevens de Elche a equipa portuguesa não conseguiu melhor do que cinco derrotas, classificando-se no 12º e último lugar e mostrando deficiências técnico-tácticas, como placagens em que o ombro não é determinante ou incapacidade de fixação da defesa deslizante.

Bem vistas as duas prestações portuguesas permitem uma boa análise crítica à actualidade das capacidades dos jogadores portugueses e podem ser base das transformações necessárias nas melhores equipas portuguesas. Porque se a nossa visão rugbística não se estabelecer no equilíbrio do nível internacional, os sonhos não passarão de fogachos nebulosos.

SPORTING FEMININO BI-CAMPEÃO IBÉRICO


A equipa feminina de XV do Sporting conquistou a segunda Taça Ibérica consecutiva, vencendo as campeãs espanholas de 2018/19, as CRAT da Corunha, por 16-12. Lembre-se, valorizando ainda mais 
a vitória sportinguista, que o campeonato espanhol é jogado com equipas de quinze enquanto que em Portugal a competição feminina divide-se pelos Sevens e Tens, dificultando em muito a necessária adaptação e organização colectivas. E como mostram os resultados a atitude, perseverança e o espírito de equipa são notáveis neste grupo. Parabéns!

Com estas duas vitórias contra as campeãs espanholas é altura de procurar uma reorganização do rugby feminino em Portugal para proporcionar a participação nas competições internacionais de XV. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

BRASIL-PORTUGAL, JOGO TESTE

De acordo com a pontuação do ranking da World Rugby que estabelece a qualidade do passado das equipas na sua relação com os adversários que defrontou, Portugal ganhará em S. Paulo, contra o Brasil, por 1 ponto de diferença.
Nos resultados recentes o XV de Portugal tem uma margem de sucesso 86% — só perdeu na época passada, embora em casa, com a mundialista Namíbia. Mas fora a vitória contra a Alemanha e que nos garantiu a subida ao 6Nações B, as outras vitórias foram obtidas perante equipas de muito fraca qualidade — o resultado contra a República Checa e numa enorme dificuldade de contagem sem um papel de notas, foi de 93-0.

Com a nossa estada na 3.ª divisão europeia habituámo-nos a vitórias fáceis num prejuízo crescente — como mostraram as derrotas nos anteriores jogos de qualificação — que quase nos ia traindo contra uma Alemanha cujo rugby está longe de poder ser considerado de nível razoável. A actual selecção portuguesa da responsabilidade de Patrice Lagisquet é muito jovem — muitos dos jogadores são recém-chegados dos Sub-20 — e não tem a coesão suficiente que só o jogar conjuntamente proporciona, para encarar a pressão de um jogo-teste com tranquilidade. O que significará que a equipa enfrentará enormes dificuldades para conseguir a vitória que o seu passado prenuncia.
Os resultados do Brasil, por isso perdendo pontos de ranking, foram conseguidos contra equipas mais capazes, terminando a época a jogar, embora derrotado, contra a Espanha e a Roménia.

E lembro-me, para agravar as coisas, da demonstração de técnica e coesão da formação-ordenada brasileira contra os Maori AllBlacks — um caso... e nada fácil de conter.
A ver...(ou a esperar mensagens para ficar a saber).



Para saber a equipa que jogará — mas nada sabendo dos convocados José Rodrigues e Manuel Cardoso Pinto, foi necessário ir à moda das redes sociais — no site, instrumento oficial de comunicação e obrigatório por lei, nada. E nem o exemplo do recente Mundial — onde se podia saber o perfil (posição, peso e altura e, com alguns mais cliques no teclado, o número de internacionalizações a representar o peso da experiência) de mais de 600 jogadores — terá servido para se perceber como comunicar de forma atractiva e a permitir transformar informação em conhecimento e assim interessar adeptos, possíveis adeptos e meios de comunicação social. Dando, como deve ser feito, expressão social ao rugby português. Que não deveria entrar coxo — em qualquer das suas partes — neste primeiro passo da pretendida caminhada para 2023


quinta-feira, 7 de novembro de 2019

QUALIDADE VENCE A QUANTIDADE

Como se costuma dizer e apesar das mesmas regras, das mesmas dimensões de campo, de idêntica bola e praticamente com os mesmos jogadores, não há, por mais que exista um modelo ou padrão identitário, dois jogos iguais — que o diga a Inglaterra que se mostrou dominadora contra os AllBlacks e, uma semana depois, se viu dominada pela África do Sul.
E a Inglaterra foi dominada não porque — como por aí se vai facilitando — o poderio físico dos sul-africanos era muito superior e, por isso, determinaram as regras nas fases estáticas, pressionando barbaridades e alargando o campo para obrigar ao cansativo desdobramento defensivo inglês.
No entanto... veja-se o quadro da compacticidade dos jogadores — essa espécie de densidade, distribuindo peso pela altura do corpo de cada um dos intervenientes — e verificar-se-à a relação entre ambos os blocos.
E não há dúvida, a compacticidade média dos jogadores avançados que jogaram a final é favorável aos ingleses, apresentando mesmo jogadores com um nível de constituição física superior. De facto o bloco de avançados inglês inicial — os 8 jogadores de entrada — é o mais pesado e também mais baixo — embora com um saltador de 2,04m mas que explicará as dificuldades — das equipas que jogaram as meias-finais.

A superior altura colectiva dos alinhamentos aumenta em muito, pela soma das diferenças, a vantagem da captação da bola 
Mas se essa composição chegou para a Nova Zelândia, porque não chegou para a África do Sul?
Principalmente porque a formação-ordenada não é uma questão de peso bruto mas sim de técnica — veja-se o movimento dos pés dos pilares sul-africanos — e de coordenação e coesão simultâneos de todos os membros do bloco — veja-se a diferença de posição corporal dos segundas-linhas sul-africanos comparativamente à posição dos ingleses. E terá sido isto — um superior saber formar e transformar o conjunto de indivíduos num grupo coeso e determinado — que possibilitou o domínio provocador de faltas — e foram seis! E para além da superior capacidade técnica existiu um factor estratégico que pode ter sido, foi com certeza!, determinante: o cinco-da-frente sul-africano, por ter jogado no conjunto do campeonato menos minutos de jogo por fazer substituições mais cedo — no propósito de agregação de ganhos marginais — manteve uma frescura mais duradoira com a consequente superior eficácia.

No final deste Mundial e analisando os valores de início e finais do ranking da World Rugby pode perceber-se quem ganhou e perdeu.
A África do Sul foi, naturalmente, quem conquistou o maior número de pontos — 6,85 — e a Irlanda teve o pior resultado com 5,02 pontos perdidos. 
Curiosamente Japão, Uruguai, Argentina e Samoa obtiveram, graças às vitórias conseguidas na fase de grupos, pontos suficientes para serem colocados no quarto superior do quadro. O que para equipas do Tiers 2 não é nada mau e pode muito bem ajudar na pretensão de maior junção.

domingo, 3 de novembro de 2019

ÁFRICA DO SUL É CAMPEÃ MUNDIAL

A África do Sul ao derrotar na final, sem apelo nem agravo, a pré-favorita Inglaterra (32-12), tornou-se pela terceira vez — com intervalos de 12 anos — Campeã Mundial. Assim, os dois expoentes máximos de diferentes expressões rugbísticas, a África do Sul e a Nova Zelândia, compartilham o máximo de três títulos — empate que abre, desde já boas perspectivas para o Mundial de 2023 a disputar em França. Com este resultado a África do Sul ocupa, 10 anos depois, o 1.º lugar do ranking da World Rugby.

Pragmática e apesar da menor posse de bola (44%) e menor ocupação do meio-campo adversário (também 44%), a África do Sul entrou determinada a assumir o comando do jogo utilizando a força do seu bloco de avançados — conseguindo ganhar 6 penalidades nas 14 formações-ordenadas — a capacidade defensiva — 158 placagens num 92% de sucesso — com uma enorme rapidez de acesso à linha-de-vantagem e recorrendo ao avanço em cunha para impedir a utilização dos corredores laterais a que se juntou um jogo-ao-pé de conquista territorial — num total de 26, embora longe dos 41 utilizados contra Gales, para uma conquista de 585 metros — que raríssimas vezes permitiu conta-ataques. Conseguindo ainda, apesar de quase 3/4 de bolas disponíveis em relação ao adversário, quase o dobro de metros de transporte de bola traduzindo a diferença de resultado, contra as 3 penalidades inglesas, em 6 penalidades, 2 transformações e 2 ensaios. Ensaios que foram muito bem-vindos enquanto principal objectivo do jogo — nas duas finais dos dois anteriores títulos, os sul-africanos não tinham marcado qualquer ensaio...
Como se pode ver no gráfico acima a superioridade da África do Sul foi brutal — menos bolas jogáveis, menos ultrapassagens da linha-de-vantagem mas mais ensaios numa demonstração de elevada eficácia contra, pode dizer-se, a nulidade inglesa. Ingleses que, aliás, parecem ter deixado a cabeça, acreditando em eventuais facilidades, na enorme vitória da 1/2 final contra All-Blacks. Coisa que Gatland, treinador galês, já tinha previsto na ironia de um “muitas vezes as equipas jogam a final numa meia-final e nem sempre o conseguem repetir na própria final”. O próprio Eddie Jones reconhece não ser capaz de explicar o fracasso. Tão pouco os “gémeos” Tom Curry e Sam Underhill  que estiveram em plano de excelência na meia-final encontrarão explicações para o seu apagamento. 

A Inglaterra conseguiu ultrapassar a linha-da-vantagem em 26% das vezes que teve posse da bola mas apenas conseguiu 2 rupturas nas 32 ultrapassagens da linha-de-vantagem sem nunca conseguir chegar à área de ensaio num enorme 0 de taxa de eficácia global. A África do Sul a partir das 86 bolas utilizadas teve uma taxa de eficácia global de 2,2% com as consequências que isso traduz: dois ensaios contra nenhum.

Apesar do apego ao seu modelo-de-jogo — defesa de alta pressão com avanço exterior, jogo ao pé e utilização do poderio físico nas formações ordenadas ou expontâneas e domínio das alturas (100% de alinhamentos e 22 recuperações de pontapés) — a África do Sul, surpreendendo em relação ao que lhe é habitual, ainda utilizou o jogo de passes (87 contra os 67 que realizou contra Gales) para alargar o perímetro do jogo num diferente contributo para as 11 rupturas da linha de defesa inglesa. Uma estratégia vencedora alicerçada numa total confiança a justificar a superioridade absoluta que permitiu a vitória e os números do resultado.

E tudo foi preparado com a antecedência necessária por Rassies Eramus que, foi, ao longo do torneio e por exemplo, dividindo o tempo de utilização dos seus pilares para garantir, à medida que se aproximavam os jogos  mais difíceis das eliminatórias, a condição pretendida para impôr a sua superioridade nas formações-ordenadas. Previsão e planeamento. E depois, o pé direito de Pollard — 22 pontos — faz o resto.

A vitória final da África do Sul vale muito mais do que um título mundial como se infere, na lucidez impressionante de um final do jogo, das palavras de Siya Kolisi, o primeiro “capitão” negro dos sul-africanos: ”We have so many problems in our country. But to have a team like this, we come from different backgrounds, different races and we came together with one goalSince I have been alive I have never seen South Africa like this. With all the challenges we have, the coach said to us that we are not playing for ourselves any more, we are playing for the people back home, and that is what we wanted to do today. We appreciate all the support – people in the taverns, in the shebeens, farms, homeless people and people in the rural areas. Thank you so much, we appreciate the support. We love you South Africa and we can achieve anything if we work together as one.

Há dias, numa conferência no Comité Olímpico de Portugal, o Professor Adriano Moreira, considerando que o desporto é uma solução para a integração das comunidades, uma vez que possui uma linguagem comum universal e a capacidade de aglutinar interesses, afirmava que: “O Desporto é o grande instrumento para apagar as linhas vermelhas que dividem o mundo.”. A vitória mundial da África do Sul pode, como em 1995, apagar divisões e contribuir para a união das gentes e do país.



sexta-feira, 1 de novembro de 2019

O TERCEIRO É DOS ALLBLACKS, FALTA O TÍTULO

Apesar da “ausência” perante a Inglaterra, os AllBacks levaram oito dias para retornar frente a Gales e vencer por 40-17. E quando assim é, muito pouco há a fazer. O antigo treinador dos AllBlacks, Graham Henry, considera que “ o jogo de rugby é uma corrida pela linha-de-vantagem”. E em ataque e defesa a equipa neozelandesa venceu essa corrida em 198 vezes e traduziu em eficácia atacante 4,9% das bolas disponíveis com a marcação de 6 ensaios contra apenas 1,1% de eficácia galesa para conseguir 2 ensaios. 
Os neozelandeses conseguiram com as bolas disponíveis — veja-se o quadro abaixo — 21 rupturas da linha defensiva galesa contra apenas 7 dos adversários. O que significa que Gales não conseguiu impor a sua defesa que não foi suficientemente rápida a encurtar tempo e espaço e deixou — ao contrário do conseguido anteriormente pelos ingleses — que o apoio neozelandês se organizasse, criando as alternativas necessárias para que a defesa se visse em grande dificuldades e não conseguisse mais do que um mero 77% de sucesso nas placagens.
O domínio AllBlack foi enorme apesar de ter tido menor ocupação territorial e de posse da bola — apenas 39% em ambas. Mas conta muito mais o uso conseguido do que a manutenção... E a verticalidade neozelandesa é brutal quando conseguem o mínimo de espaço para manobrar e conseguir os ângulos de corrida a atacar intervalos. Uma excelente demonstração de eficácia bem como da capacidade técnica da totalidade dos seus jogadores na manutenção da continuidade do movimento até ser conseguida a ruptura que garanta o ensaio.
Uma taxa global de eficácia de mais de 4 vezes para os AllBlacks

A final joga-se entre a Inglaterra e a África do Sul com os ingleses na figura de favoritos.

Prognosticados como vencedores por 3 pontos de diferença e com um pouco mais de 60% de probabilidades previsíveis, os ingleses vão ter que se aproximar do seu melhor para garantir a vitória. Mas com o nível moral muito elevado pela notável prestação frente aos AllBlacks, o XV inglês tem a “obrigação” de vencer — o que não deixa de ser bom para o desenvolvimento do rugby uma vez que o seu modelo é bastante mais atractivo do que o sul-africano e, se vão ficar marcas desta final, que fiquem as da inteligência da manobra e não apenas a mistura da colisão e do pontapé de ocupação.

Os sul-africanos jogam no choque e no jogo-ao-pé de ocupação territorial, procurando encostar o jogo à área adversária na esperança de conseguirem as faltas necessárias para que o pé de Pollard garanta o somatório de pontos que permita a vitória. Mas os ingleses têm tudo, desde que entrem com a atitude certa, para ganharem e serem de novo campeões mundiais — recordando 2003, Johnny Wilkinson tem estado junto da equipa a preparar o recurso ao pontapé-de-ressalto (e lembre-se a notável preparação colectiva — coisa de que os galeses se esqueceram... — para entrar na zona de conforto do então “abertura” inglês e permitir-lhe um pontapé vencedor já no tempo suplementar).
A forma de alternâncias que os ingleses mostraram contra a Nova Zelândia coloca-os num nível de capacidades e eficácia muito elevado e não se vê muito bem como a “rush-defence” sul-africana será capaz de segurar os permanentes ataques centrais à linha-de-vantagem.
O jogo será arbitrado pelo francês Jérôme Garcès, não pelo seu mérito — as suas arbitragens não foram de bom nível — mas a lesão do galês Owens garantiu-lhe a porta que já se via estar a ser preparada. Coisas... Veremos, para que não estrague o jogo, se consegue discernir foras-de-jogo
(exigindo até aos seus “bandeirinhas” que o notem e o informem), entradas laterais e que deixe que a
rotação da formação-ordenada se faça — as Leis-do-jogo autorizam a sua rotação até 90º — sem marcar falta, até porque esta manobra tem uma importante utilização táctica atacante no sentido de “retirar” do  jogo a 3.ª-linha adversária.
É a final do Mundial e o que nós, adeptos da modalidade, pretendemos é poder ver um jogo de alto nível técnico e espectacular que nos fique na memória. Que não seja estragado por ninguém. Bom jogo!

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

TERCEIRO OU QUARTO LUGAR?

Os AllBlacks são favoritos para esta “pequena final” quer para o XVCONTRAXV — ganham por 5 pontos de diferença — quer para a Rugby Vision que prognostica uma vitória mais ampla com 15 pontos de diferença.
O mesmo se passa nas probabilidades que são altamente favoráveis à Nova Zelândia como se pode ver no quadro seguinte.
Ou seja: são enormes as probabilidades da Nova Zelândia se classificar em 3.º lugar.
Mas também no jogo da meia-final a vantagem das probabilidades de vitória eram dadas à Nova Zelândia com 72% pela Rugby Vision e com 78,6% pela Rugby4Cast e no fim foi o que se viu... Conseguirá Gales surpreender uma equipa que quer mostrar que a derrota com os ingleses não foi mais do que um mero acidente de percurso que não pode ser comparável a um qualquer início de declínio de capacidades? Veremos.

Apesar de não haver qualquer queixa por parte dos neozelandeses ou críticas dos responsáveis da cultura maori, os ingleses serão multados pela World Rugby — com valores ainda não publicitados mas que serão destinados a obras de caridade — por terem ultrapassado na formação do seu “V” e ao contrário do estipulado pelos regulamentos, a linha de meio-campo.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

MEIAS-FINAIS MUITO DIFERENTES


A Inglaterra fez, contra a Nova Zelândia, o seu melhor jogo de sempre e Eddie Jones foi o Man of the  Match ao criar — e ao ter escolhido o neozelandês John Mitchell para treinador da defesa inglesa —  uma estratégia que permitiu as expressões tácticas que impediram que os AllBlacks conseguissem utilizar os seus pontos fortes. E começou logo por dizer ao que vinha com o V envolvente do triângulo neozelandês do Haka, demonstrando a disponibilidade para resistir e a confiança para vencer. A Inglaterra venceu — e foi reconhecida por isso pelos jogadores e treinador neozelandeses — com toda a justiça. Jogou mais e dominou completamente em todos os capítulos  com que se constrói uma vitória, tendo ainda tido duas situações de ensaio anulados — e bem! — pelo TMO. Foram  aspectos muito difíceis de determinar a olho nu mas o instinto de Nigel Owens funcionou bem ao pedir a verificação. E o TMO fez o que tinha a fazer porque a sua chamada implica a análise milimétrica — os erros de árbitros são admissíveis mas a análise do vídeo-árbitro não pode deixar qualquer dúvida.

A Inglaterra que agora ocupa o 1.º lugar do ranking da World Rugby e onde não estava desde Junho de 2004, foi notável, tendo-se superiorizado nos domínios do jogo que permitem chegar à vitória com 62% de controlo territorial para conseguir 64 ultrapassagens da linha-de-vantagem (43,5%) contra 44 dos AllBlacks (28,5%) e conseguindo 15 turnovers  contra apenas 4 dos neozelandeses que tiveram que placar 164 vezes para uma taxa de sucesso de 89% para evitar as constantes e determinadas vagas dos atacantes ingleses. A rapidez de subida, ganhando muitas vezes a linha-da-vantagem,  a agressividade defensiva e a adaptação (defensive scramble) aos movimentos neozelandeses — reduzindo as 12 rupturas apenas a 1 ensaio  — e apesar de uma taxa de sucesso de placagem menor de 81%, permitiu a superioridade nos turnovers e foi uma arma temível dos ingleses que diminuíram, juntamente com os atrasos conseguidos na disponibilidade da bola nos reagrupamentos, as capacidades atacantes dos neozelandeses. Num super-jogo, a vitória da reconhecida melhor equipa do dia.

Num jogo radicalmente diferente — veja-se a tabela abaixo que explicita dois conceitos distintos do jogo — o Gales-África do Sul foi também um jogo dramaticamente interessante (não vou esquecer a decisão — que me pareceu precipitada — do abertura Rhys Patchell de tentar um pontapé-de-ressalto que, se fosse realizado após mais uma ou duas fases, aproximando a distância aos postes, poderia garantir uma final do Norte neste Mundial). Mas Gales fez — depois do número de lesionados com que não pode contar (Faletau, Ellis Jenkins, Anscombe, Cory Hill, Josh Navidi, Liam Williams) — o que pôde e bateu-se muito bem e de acordo com o plano que tinha idealizado e onde o jogo ao pé tinha um papel importante ( 41 pontapés com apenas 8 para fora). Mas jogar contra a capacidade física sul-africana não é fácil e as 147 placagens com 93% de sucesso desgastaram com certeza a capacidade galesa. E enquanto a África do Sul atingia o 2º lugar do ranking da World Rugby, o sonho de uma equipa que Gatland transformou e colocou de novo entre as mundialmente melhores, esfumou-se. Mas com muita dignidade e boas perspectivas de futuro.

Acima de 50% a vantagem estatística pertence ao jogo Inglaterra/Nova Zelândia 

As meias finais foram dois jogos muito diferentes. No Inglaterra-Nova Zelândia, jogo de passes (395), grandes organizações e adaptações defensivas (311 placagens) numa forma de jogar sempre interessante e muitas vezes entusiasmante. No Gales-África do Sul — um jogo sem  vencedor perceptível até  aos últimos minutos — com o jogo-ao-pé dominante (81 pontapés para a conquista de 1803 metros de terreno mas com menor número de alinhamentos do que o jogo anterior) houve um elevadíssimo combate físico mas com apenas 46 ultrapassagens da linha-de-vantagem. Ou seja e sem falar do árbitro que cometeu, principalmente na 1.ª parte, demasiados erros, ignorando foras-de-jogo evidentes (dada a diferença deve ter sido chamado à ordem no intervalo...), houve combate permanente por centímetros de terreno e, do lado sul-africano, a procura de faltas adversárias que pudessem ser cobradas pelo regularmente certeiro Handre Pollard. E assim os sul-africanos chegaram à vitória aos 76’,  dez minutos depois de Gales ter empatado naquele que foi o mais bem construído ensaio do jogo.

Para a semana uma disputa do 3.º lugar entre Gales e Nova Zelândia e do título de Campeão Mundial entre a Inglaterra e a África do Sul em dois jogos que vão opor concepções diferentes do jogo e,
também por isso, com o seu particular aliciante.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

MOSTRA DO FUTURO DO JOGO


Fim‑de‑semana de 1/2 finais no Mundial é prato forte de uma espera de quatro anos com dois jogos muito diferentes a preparar uma final entre dois estilos praticamente antagónicos.
No primeiro dos dois jogos das meias-finais haverá quatro médios-de-abertura. Quer a Inglaterra com Ford e Owen, quer os AllBlacks com Mo’unga e Beauden Barrett, têm, no recurso a dois jogadores com as mesmas capacidades tácticas e de jogo-ao-pé, a ideia de, por um lado, surpreender a linha defensiva que, muitas vezes, não saberá qual o tipo de ataque quer, por outro, colocar dificuldades ao três-de-trás — que muitas vezes estará reduzido a dois — impedindo assim que possam ampliar a linha defensiva uma vez que, no caso, deixariam espaço livre nas costas dos defensores onde pontapés — rasos ou altos — poderiam ser perigosamente colocados.
Curiosamente e ao contrário do que tem sido a constituição neozelandesa que tem apostado nos “gémeos” para o lugar de asa e flanqueador, os AllBlacks deixam o “gémeo” Sam Cane no banco e chamam o maior dos Barrett, o Scott, para o lugar de nº6 para, ao que penso e mais do que para aumentar o poder de conquista nos alinhamentos, para garantir capacidade de colisão nos duelos próximos dos “pontos de quebra”.
No começo deste Mundial dizia-se que este seria o campeonato do jogo-ao-pé. Porque hoje, com a capacidade e rapidez de subida das defesas, o jogo-ao-pé é uma das poucas soluções que se oferecem para continuar o ataque ou para conseguir momentos de recuperação da bola através de turn-overs ou, através do “ping-pong” que se pode seguir, para encontrar espaços — através de passes longos que os aberturas têm na sua bagagem — que permitam contra-atacar.
Uma meia-final que vale uma final, diz-se. Mas, embora os mind-games de Jones procurem escondê-lo, o grande favorito é a Nova Zelândia. Pela forma como está a jogar e porque nos últimos mundiais não perdeu qualquer jogo. Mas essa pressão vai ser terrível, argumenta Jones. E a vossa, depois do mau campeonato que fizeram em casa no 2015? responde Hansen.
Seja como for, um jogo a não perder e com a particularidade de fazer depender muito o resultado final da inteligência táctica que as equipas demonstrem.

No Gales-África do Sul haverá um terrível desafio físico com a defesa galesa a subir muito rápido para, evitando que os sul-africanos ultrapassem a linha-de-vantagem, conseguir conquistar bolas pela superioridade numérica nos reagrupamentos e lançar o seu jogo de contra-ataque. Também um muito interessante jogo em perspectiva. Embora os sul-africanos sejam dados como favoritos, os galeses que terão menos dificuldades na defesa com o jogo previsível dos Boks do que o mostrado contra os franceses, têm a oportunidade, como deixa entender Biggar, de uma vida.

E nestes jogos que envolvem as quatro equipas que ocupam os quatro primeiros lugares do ranking da World Rugby vai ficar alguma coisa que marcará o futuro do jogo e as diferentes formas de o jogar. 

APRENDER COM O JOGO. GAME SENSE

DEIXE O JOGO SER O PROFESSOR

O Game Sense foca-se no jogo como um todo e tem as vantagens de ser:
Competitivo - os ensaios são marcados e os pontos concedidos.  Os jogadores têm que trabalhar duro para vencer
Relevante - os jogos fazem com que os jogadores pratiquem sob condições de jogo, num nível de intensidade controlável
Fácil de configurar - são apenas necessários uma bola e alguns jogadores para realizar uma sessão de treino construtiva
Ativo - os jogadores estão ativos, não estão na fila para o próximo exercício e estão envolvidos em ataque e defesa
Flexível - os jogadores assumem a responsabilidade e são livres para experimentar, cometer erros e aprender com a experiência.  Os jogos são adequados para todos os jogadores de todas as idades e padrões.
Eficaz - existem muitas oportunidades para que os gestos sejam trabalhados mais do que uma vez fora de exercícios repetitivos (e chatos) em grelhas.
Focado no resultado - os jogos concentram-se no resultado, no vencer mais partidas e não na criação de uma equipe de "robôs"
Muito variado - jogos diferentes significam decisões diferentes a serem tomadas, problemas a serem resolvidos e gestos técnicos a serem usados
Energético - os jogos são uma maneira "sorrateira" de introduzir condição física e trabalho de pés no regime de treino
Promotor do trabalho em equipa - os jogos estimulam o espírito de equipa, reforçam os valores da equipa e motivam os jogadores no treino.
                                              (utilizados diversos trabalhos com tradução livre)
Os jogos são divertidos para participar, assistir e treinar ... nenhum árbitro é necessário para a sua realização (uma vantagem prática e pedagógica), aumentando a comunicação e a colaboração entre todos, desenvolvendo a empatia com os companheiros e permitindo a inclusão e a competição. Com o Game Sense as vantagens de aprender e apreender o jogo são maiores do que com os métodos clássicos, formando melhores e mais eficazes jogadores com um superior, porque melhor percebido das suas vantagens, conhecimento do jogo, maior experiência das variantes técnicas e sentido colectivo.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

APRENDER COM OS ALLBLACKS

Ver jogar os All Blacks é uma maravilha! Cumprem os princípios estratégicos com as tácticas adequadas e com o recurso às técnicas impostas pelas situações e são eficazes. Ao formarem o “haka” dizem logo ao que vêm: a primazia é para o colectivo! E o avanço do capitão para a frente da formação em cunha afirma, desde logo, que o seguir o líder é um princípio do seu jogo — e o líder de cada momento é o portador da bola a quem todos os outros companheiros devem obediência, apoiando os seus movimentos, abrindo linhas-de-passe e garantindo, com o melhor da sua disponibilidade e esforço, a continuidade do movimento. E o propósito, resultante de permanente aprendizagem, é evidente: proporcionar à equipa a marcação de ensaios!

E, para isso, sabem que é necessário ultrapassar a linha imaginária que divide os dois campos — a linha-de-vantagem — para conquistar quer a vantagem numérica, quer a vantagem territorial, aproximando-se da área-de-ensaio adversária e encurtando o terreno nas costas da defesa, diminuindo-lhe o espaço de manobra — encostando o adversário às cordas como se diz em linguagem mais popular. E a desordem feita de linhas de corrida com ângulos e tempos diferentes, abre diferentes possibilidades de continuação, proporcionando ao portador da bola decidir por uma conexão que lhe pareça ou mais eficaz ou de menor risco. Tudo dependendo da avaliação momentânea que consiga fazer. Ora a tomada de decisão, feita nestes curtos espaços de tempo obriga a que tenha havido experiências anteriores que guiem para a melhor opção de acordo com o objectivo do ataque: manter a posse, avançar, apoiar, continuar e criar uma situação de pressão tal que leve o adversário a abrir espaços e permita chegar ao ensaio.

Para que as coisas assim sejam, é necessário que tudo comece na formação. Porque embora muito antiga — em 1905 um erro de edição num jornal inglês trocou o espanto do jornalista na capacidade de passe como se fossem all backs em All Blacks para sempre — não nasce com os neozelandeses a notável capacidade — que exige confiança e disponibilidade mental — de viver confortavelmente o gosto da desordem de que dão mostras. Mas é uma cultura e isso ajuda muito. E como é que se chega lá? Ou seja e de outra maneira, pode chegar-se a jogar de forma próxima daquilo que fazem os AllBlacks? Pode e os japoneses mostram-no. Como?

No seu sistema de formação os neozelandeses usam o conceito do game sense que se pode ilustrar pelo bem conhecido aprende-se a jogar, jogando. Ou seja, toda a aprendizagem é feita em torno do jogo e das suas complexidades que vão sendo desbravadas pela prática que vai fazendo descobrir as soluções mais simples e eficazes para cada situação. Como aliás se conhece da aprendizagem futebolística — o conhecido futebol de rua — feita à base de jogos com aqueles que estão...

E assim o passe deixa de ser um gesto técnico de um só desenho para se definir apenas como a forma eficaz de entregar a bola a um companheiro em melhores condições para continuar o movimento. O que significa que o gesto técnico se torna de desenho múltiplo de acentuadas diferenças de acordo com as circunstâncias mas subordinado ao objectivo essencial: entregar a bola a um companheiro. E assim o gesto técnico do passe realiza-se por cima, por baixo, por trás, pela frente, de forma curta ou comprida adaptando-se à situação que cada jogador enfrenta e esquecendo a figura tradicional aprendida ao longo de horas intermináveis de gesto único.

O passe do capitão Kieran Read que permite o 4.º ensaio ao seu talonador, Coddie Taylor, é uma clara demonstração do resultado do método neozelandês do game sense. Naquela situação de penetração nas linhas defensivas adversárias e na altura que é placado, Read sabe que o ensaio —  que é o foco do jogo da sua equipa —apenas depende da sua capacidade de entregar a bola a um companheiro que ele sabe que aí estará em apoio e, em vez de se deixar ir ao chão com a preocupação de guardar a bola à espera de companheiros que, em ruck, a recuperem, preferiu o risco de, caindo no solo de costas, levantar a bola e fazer um passe na direcção em que o apoio se aproximava. Belo gesto e belo ensaio!

É fácil atingir este nível de jogo? Não! exige muito treino, muito trabalho, muito ensino e ainda a possibilidade, para que se desenvolva até aos últimos pormenores, de enquadramento visual, isto é, que possa ser visto para ser imitado, permitindo assim o seu desenvolvimento com a introdução de novos gestos. Mas é possível!

E se assim é, porque não utilizamos, nós portugueses, os processos da formação neozelandesa?


terça-feira, 22 de outubro de 2019

VITÓRIAS ESPERADAS E AGRESSÃO DISPENSÁVEL


Embora houvesse um quase no Gales-França, não houve quaisquer surpresas nestes quartos-de-final: as quatro equipas qualificadas nos quatro primeiros lugares do ranking da World Rugby jogarão as meias-finais deste Mundial do Japão.

As vitórias foram as esperadas e se houve surpresas foi na elevada diferença de resultados com a Inglaterra a marcar 4 ensaios à Austrália, sofrendo apenas um e subindo ao 2.º lugar do ranking mundial da WR e a Nova Zelândia, sofrendo também apenas 1 ensaio, a marcar 7 ensaios resultantes de 18 rupturas da defesa adversária. E isto contra a Irlanda que próximo do início do Mundial passou pelo primeiro lugar do ranking da World Rugby. O que significa poder de jogo, domínio das bases e eficácia na execução mostrando-se, para já, como o candidato final mais forte. Veremos o que se passará na próxima meia-final entre os dois primeiros da classificação mundial.

Contra a equipa da casa e pesem alguns bons momentos de circulação da bola e ataque à linha defensiva por parte dos japoneses que conseguiram 35 ultrapassagens da linha-de-vantagem e 7 rupturas da linha defensiva da África do Sul mas que não se mostraram capazes de ultrapassar a “fisicalidade” sul-africana e traduzir essa capacidade em ensaios. Mas o Japão foi, sem qualquer dúvida, uma das boas surpresas deste Mundial e uma boa amostragem de que há caminhos de bom nível competitivo pelo lado da manobra e não apenas pelo lado da colisão. Mostrando assim que o rugby pode ser jogado pelo lado do movimento e da inteligência táctica e não apenas pelo poder físico.

O resultado entre as duas equipas habituadas ao encontro anual das 6 Nações — Gales e França — foi uma quase surpresa porque os prognósticos apontavam para uma clara vitória galesa e os franceses estiveram a ganhar até aos 7 minutos do final do jogo. Mas... mostraram de novo os problemas de que parecem não se conseguirem livrar: decisões erradas, falta de comando estratégico, falhas técnicas e indisciplina.
Alguns indicadores comparativos entre as equipas que irão jogar as meias-finais

Para além de se poder perguntar quem joga uma formação-ordenada com sete jogadores contra oito adversários ou lamentar dois pontapés a bater nos postes ou por que raio de ideia Camille Lopez decidiu tentar um ressalto de 50 metros e se esqueceu de fazer o mesmo numa mais fácil situação próxima dos 22, o facto determinante da derrota contra o País de Gales — longe dos seus melhores dias como mostram as 26 falhas de placagem numa equipa reconhecida pelas suas qualidades defensivas e incapacidade criativa de que deu mostras  — foi a cobarde e estúpida agressão do francês Vahaamahina que enfiou o cotovelo, num despropósito absoluto, na cara de Wainwright que estava a ser, para além do marcador do ensaio, o galês mais placador.

O acertado cartão vermelho ao segunda-linha francês impediu, com certeza, a possibilidade de vitória
francesa que até aí se tinha mostrado como a melhor equipa no terreno — para além do resultado, todos os outros indicadores lhe são favoráveis. Tão melhor que Warren Gatland, o neozelandês que treina Gales, considerou: hoje perdeu a melhor equipa! Foi aliás o melhor jogo da França neste Mundial e um dos melhores dos seus últimos tempos.


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