quinta-feira, 28 de março de 2024

BOA PÁSCOA 2024


 

quarta-feira, 27 de março de 2024

IRLANDA VENCEDORA DO 6 NAÇÕES

 

A Irlanda venceu o 6Nações 2024 com 4 vitórias — não conseguiu de novo o Grand Slam — num torneio muito equilibrado e com grande competitividade como o demonstram os 9 pontos de bónus defensivos em 15 jogos — 60% de jogos com “pontos de bónus defensivos” e ainda com a curiosidade de ter havido 3 equipas (Gales, Escócia e Inglaterra) que obtiveram simultaneamente e no mesmo jogo pontos de bónus ofensivos e defensivos. De facto, um torneio de grande qualidade competitiva e com jogos muito bem disputados e de grande intensidade e espectacularidade.
Numa comparação com o actual campeonato francês do TOP 14 — 45 pontos de bónus defensivos em 133 jogos num total percentual de 34% — e com o inglês, Premiership — 24 pontos de bónus defensivos em 63 jogos num total percentual de 38%, pode ver-se o nível da competitividade do 6Nações e daí — para além da espectacularidade dos jogos e de um bom nível rugbístico — a atractividade deste campeonato que a todos nós prendeu. Veja-se a diferença de pontos de jogo na última jornada. Como se costuma dizer foram jogos de resultado “résvés Campo de Ourique”.

Repare-se que estes dados servem também para demonstrar à evidência a falta de competitividade do campeonato português — o nosso Top10 — que, com 63 jogos disputados (não estão contabilizados os resultados da dita 15ª jornada uma vez que não há informação oficial da decomposição dos resultados e, nem sequer, do número de ensaios marcados por cada equipa…) tem um percentual de 17,5% correspondentes a 11 pontos de bónus defensivos. Bom seria que estes dados permitissem, numa organização que pretende ter um lugar permanente para a sua equipa representativa nas vinte primeiras equipas mundiais, considerasse que a chave para essa pretensão está na existência de uma competição interna altamente competitiva, permitindo assim que os jogadores formados em Portugal sejam competitivos com os portugueses que jogam em França, dando assim uma maior importância e coesão (até linguística…) à selecção nacional.

Nesta última jornada a maior supresa foi dada pela Itália que, continuando o bom torneio que tem feito, venceu Gales em Cardiff e que, tendo conseguido valores menores — até em ensaios — nos principais domínios do jogo, realizou, numa notável consistência defensiva que não permitiu mais do que 6 rupturas para uma posse galesa de 61% , 226 placagens com um sucesso de 87%. 

No França-Inglaterra, enquanto que a Inglaterra, abandonando o seu clássico modelo-de-jogo, continua a sua adaptação a formas mais próximas do “rugby de movimento”, vimos a França vencer no final graças a uma extraordinária conversão de pontapé de penalidade de Thomas Ramos, permitindo assim uma vitória pela diferença de 2 pontos. E com esta “sorte” final a juntar às sortes em finais de jogo do vídeo-árbitro contra a Escócia e do pontapé no poste do italiano Garbisi, a França conseguiu terminar o Torneio na 2ª posição, acabando assim por mostrar aos adeptos que existe futuro que possa fazer esquecer a sua prestação no Mundial de 2023.


quarta-feira, 20 de março de 2024

UM MAU PROCESSO TORNA MAU O PRODUTO

O resultado do jogo desta final Geórgia-Portugal (36-10) foi mau. Mesmo mau demais entre equipas que são as 7ª e 8ª equipas europeias, classificadas como 13ª e 15ª no Ranking da World Rugby com, respectivamente, 72,68 e 71,62 pontos. Ou seja: muito próximas — tão próximas que a normal diferença do resultado seria de 2 pontos de jogo…

Ainda provavelmente embalados pelos elogios, embora bastante paternalistas, recebidos no Mundial a que juntámos uma desculpabilizadora “mudança de ciclo” permitimo-nos riscos que ignoraram qualquer relação custos/benefícios. E o que obtivemos, porque como popularmente se diz “o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”, foram elevados custos para benefícios nulos. E os erros iniciais foram evidentes e tiveram consequências incontroláveis:


1) COMPOSIÇÃO do XV

a) preferência por um banco 5/3 sem qualquer médio-de-formação substituto e apostando na hipótese Nuno Sousa Guedes, recém saído de uma lesão que trazia desde o Mundial, não é solução capaz para um jogo desta responsabilidade;

b) prescindir do jogo-ao-pé, colocando a abertura Tomás Appleton, um jogador que, embora nas suas 65 internacionalizações tenha 5 jogos na posição (4 delas em 2016) mas que não tem os hábitos necessários na distribuição que o modelo-de-jogo pretendido necessita nem tão pouco as do jogo-ao-pé — também deitámos fora a hipótese pontapé-de-ressalto… — que um jogo desta natureza impõe, é uma decisão sem sentido.

c) num jogo contra um bloco-de-avançados como o georgiano que conhecemos bem e que pudemos ver integral contra a Roménia e que tem uma 1ª linha forte e capaz, lançar a estas feras jovens pilares que não têm ainda a experiência e a capacidade técnica necessária ao lugar (volta Força8!, volta depressa!) é, como foi, um enorme risco de custos elevados.

d) apostar numa parelha de médios que nunca jogaram juntos num jogo de previsível alta intensidade, juntando um não-abertura com um jovem formação como é o talentoso mas inexperiente Hugo Camacho, é um erro de palmatória a juntar mais pressão à pressão que um jogo desta natureza já impõe. E não ajudando nada à fluidez do jogo, arma que os Lobos necessitam para conseguir impôr o seu jogo;

e) se deixar Rodrigo Marta no banco é já uma aposta duvidosa, não o fazer entrar com a saída de NSGuedes é outra decisão pouco consequente — vejam-se as participações de Lucas e de Marta nos diferentes níveis franceses onde jogam…

2) CONSEQUÊNCIAS

Naturalmente que a composição do XV inicial tem, como teve, consequências tácticas directas no jogo da equipa:

a) Como NSGuedes se lesionou e saíu aos 3 minutos, o resto do jogo foi passado com o credo na boca esperando que Camacho pudesse fazer o jogo até ao fim. Num jogo desta natureza, uma Final Europeia, não dispôr de um formação seguramente disponível é um erro que pode deixar custos e não se percebe a decisão— optando por uma composição 5/3, um dos três jogadores deveria ser formação;

b) Não havendo capacidade no jogo-ao-pé — foi deixada no banco com Hugo Aubry — e não se joga um jogo deste nível de competitividade sem ter à mão de semear, num jogo em que a conquista do território — seja como alívio, seja como ocupação — é decisiva, a capacidade de jogar-ao-pé. Porque as consequências tácticas são, como foram, depressa percebidas pelo adversário que, assim, fez subir o seu três-de-trás, garantindo uma melhor coesão defensiva e evitando que o jogo de passes português fosse eficaz como demonstra o facto de terem sido criadas 7 rupturas para um mero ensaio conseguido;

b.1) a explicação do recurso de colocar a abertura um bom defensor terá, com certeza, a justificação de melhorar a defesa. Muito bem, mas, como sabemos, existem outras soluções para resolver um problema desta natureza — veja-se Portugal no campeonato do Mundo ou contra a Espanha na 1/2 final ou mesmo lembre-se a Nova Zelândia de Maertens que tinha em Kronfeld o seu anjo-da-guarda defensor — e a solução utilizada apenas criou maiores custos em relação aos benefícios pretendidos. E o resultado foi a constante impossibilidade de atrasar a rápida subida defensiva georgiana… e a nossa impossibilidade de atacar consistentemente.

c) sabidas as dificuldades que o combate da formação-ordenada iria trazer e porque se tratava da Final Europeia e não de um qualquer jogo com menos preocupações de resultado, talvez esquecer a preocupação da “mudança de ciclo” e procurar saber da disponibilidade de Francisco Fernandes — que tem jogado e bem pelo seu clube na PROD2 — pudesse trazer a experiência e conhecimentos necessários a uma melhor prestação neste domínio que teve a preocupante consequência da perda de 6 em 9 formações-ordenadas a que se juntava a entrega de território pelas penalidades concedidas. E, nesta situação de absoluta desvantagem, que ideia foi aquela de pedir FO próximo da linha-de-ensaio adversária? Não há jogadas preparadas para utilizar nestas situações?

d) Se a escolha do abertura já não garantia necessariamente a fluidez e criatividade que o modelo-de-jogo pede, o facto de haver, sob a pressão e intensidade imposta, dois “desconhecidos” a dependeram um do outro, levou a que a recepção da bola no primeiro passe se fizesse bem longe da linha-de-vantagem, possibilitando à rápida subida defensiva georgiana uma superioridade numérica nos rucks que as colisões criavam com uma de duas situações — atraso na reciclagem da bola, permitindo a melhor organização defensiva georgiana ou conquista do ruck (9 turnovers concedidos);

    e) não deixou de ser estranha a decisão de fazer entrar Lucas Martins para depois o substituir por Marta, numa altura (47’) em que a hipótese de entrada de um abertura de raiz mais do que se impunha…  E assim e de certa maneira lá se deitou por terra a ideia que o banco poderia funcionar como mais-valia…


Com erros estratégicos que provocaram consequências de incapacidades tácticas que impediram — com excepção do último minuto do jogo — a expressão das capacidades dos atacantes portugueses e levaram — para além da continuidade da indisciplina que provoca penalidades a torto e a direito — a erros técnicos que nos colocaram sempre na posição de vencidos, é visível que a preparação do jogo não foi a mais feliz.

Mas a culpa do mau resultado não pode ser atribuída aos jogadores — fizeram o que puderam dadas as circunstâncias —e que apesar dos 4 ensaios sofridos, realizaram 123 placagens com uma taxa de sucesso razoável de 85% (os georgianos obtiveram 88%). 

Num jogo de conquista de território em que avançar no terreno constitui o princípio fundamental de qualquer movimento, continuar a jogar com a preocupação de realizar colisões em ataque — quando as colisões são uma arma defensiva excepto na proximidade da linha-de-ensaio — e que, por não haver hábitos consolidados de jogar dentro da defesa, só levam a facilitar a vida adversária a quem é facilitado o controlo do tempo de reciclagem da bola para uma organização defensiva envolvente mais eficaz. Juntando a isto o factor faltoso, provocando penalidades em cada ida ao solo — atenção árbitros portugueses! — a expressão das capacidades portuguesas de circulação e movimento, ficam muito debilitadas. E é nesses dominios que o nosso jogo assenta: movimento, circulação da bola em continuidade, combinações com linhas de corrida convergentes e divergentes e com dobras com o apoio necessário para garantir a pressão atacante que desequilibra a defensiva contrária. E neste jogo da Final da Rugby European Championship 2024, nada destas expressões se viram. Porque tudo se terá iniciado sem os cuidados necessários que o Alto Rendimento exige, deixando que uma mitológica “mudança de ciclo” se sobrepusesse ao processo… deteriorando o produto. E assim, desde o Mundial, perdemos 3 lugares — passando de 13º para 16º— no Ranking da World Rugby.

sexta-feira, 15 de março de 2024

A VITÓRIA ESTÁ NO RISCO CONTROLADO


 A última vez que defrontámos a Geórgia — Mundial de 2023 — deixámos fugir a vitória encostados ao final do jogo, acabando empatados 18-18. E foi um jogo ingloriamente perdido por erros inadmissíveis — (ver aqui)

Se os Lobos souberem tirar o melhor partido das capacidades técnicas e tácticas do seus jogadores, Portugal pode perfeitamente vencer esta final do REC 2024. 
É sabido que os georgianos têm uma enorme dificuldade em defender contra um Portugal que não use os métodos clássicos de ataque. No jogo do Mundial, Portugal teve índices mais baixos nos pontos críticos do jogo — 48% de posse, 38% de território, 47 contra 71 conquistas da linha-de-vantagem, 7 contra 6 rupturas e ambas as equipas com 2 ensaios. Com poucas falhas na defesa 83% contra 82%, Portugal conseguiu ver-se como vencedor graças à utilização pouco académica do seu jogo de passes.
E é isso: Portugal pode ganhar  — as previsões dizrem que a Geórgia deverá ganhar por 2 pontos de diferença, o que é o mesmo que dizer que o jogo pode cair para qualquer dos lados.
E cairá para o lado dos Lobos se o nosso jogo, tacticamente, se desenvolver de uma forma pouco clássica e com grande movimento. Começando por deixar de utilizar a colisão nos canais imediatos aos reagrupamentos e procurando atacar os intervalos, levando a bola bem protegida para garantir a possibilidade de passes-em-carga ou, se idos ao chão, que a bola seja reciclada muito rapidamente. Ora este tipo de jogo pode levar a que os georgianos tenham que fazer subir o seu três-de-trás, abrindo o fundo do campo para que Aubry possa usar o seu jogo ao pé.De explorar também a rapidez e comprimento de passe de Camacho para variar o ataque à linha defensiva. Depois é tudo uma questão de manter o espírito da variabilidade, alterando as linhas de corrida entre convergentes e divergentes, fazendo dobras e lembrando que o jogo-entre-linhas se resolve muitas vezes com pontapés rasteiros — que, para serem eficazes, devem ser realizados em cima da linha de defesa e pelos intervalos existentes. Não esquecendo nunca que o jogo de rugby se decide pela regra de Henry Graham: uma corrida pela linha-de-vantagem. Ultrapassá-la é, portanto, vital, garantindo o apoio necessário para manter a continuidade do movimento, criando a pressão para que os defensores tenham que tomar decisões fora do seu campo de conforto. E, claro, juntando a todas estas melhores opções tácticas a disciplina necessária para terminar com o excessivo número de penalidades com que têm sido castigados, perdendo bola e terreno.
E que também não de esqueçam, como aconteceu no Mundial, que os pontapés-de-ressalto permitem obter pontos e, se falhados, permitem também, na grande maioria dos casos, a recuperação da bola com manutençao de posição territorial.
No fundo a exigência deste jogo e para que se atinja a vitória obriga a que se corra os riscos necessários sem perder de conta o custo-benefício que cada movimento transporta. Cabeça atenta, boa leitura de jogo, explorar os pontos fracos do adversário. E pôr em campo a vontade de uma atitude vencedora! Bom jogo!

quinta-feira, 14 de março de 2024

DUAS SURPRESAS, UM DESASTRE E A EXPECTATIVA DO CRUNCH

Nesta 4ª Jornada do 6Nações 2024, duas surpresas e um desastre. A maior surpresa terá sido a vitória da Itália — a primeira italiana em casa nos 6 Nações em 11anos — sobre a Escócia numa boa sequência de resultados que indiciam uma melhoria de capacidades a aproximar-se dos 5 poderosos — em Sub-20 a Itália venceu a França em Béziers (23/20) e a Escócia em Treviso (47/14) e no 6Nações deste ano empatou com a França (13/13). Com este resultado a Itália entrou para o grupo das 10 primeiras do World Ranking. 

Outra das surpresas foi a inesperada vitória da Inglaterra sobre a Irlanda — as apostas eram todas no sentido contrário até com comentários do tipo “só se os irlandeses jogarem com 13 jogadores”. Interessante foi o facto de, finalmente!, a selecção inglesa aparecer a jogar um rugby mais solto e menos clássico — chutou em movimento 23 vezes contra uma habitual média de mais de 30 — de acordo, aliás com o que temos visto realizar as suas melhores equipas de clube. E Ford, de novo com um pontapé-de-ressalto, garantiu sobre o final a vitória inglesa pela diferença de 1 ponto.

O desastre pertenceu a Gales que, em Cardiff, só conseguiu resistir aos três primeiros quartos do jogo — encontrava-se a vencer por 24-23 aos 60’… O estoiro físico no último-quarto imposto pelo fortíssimo bloco-avançado francês permitiu ampliar a diferença com a marcação de 22 pontos. Embora, enquanto teve capacidade física, Gales tivesse mostrado momentos interessantes, a crise do rugby galês pós-pandemia, é uma forte evidência. Esperemos que haja breve recuperação organizativa e competitiva.

Como curiosidade do equilíbrio entre as 6 equipas, nesta jornada, qualquer delas teve — naquilo que é cada vez mais a chave do sucesso — mais de 50% de rucks resolvidos em 3 ou menos segundos, mostrando uma nítida melhoria no conceito táctico do contacto e na disponibilização da bola quando obrigados a ir ao chão. E assim o jogo ganha uma maior velocidade com elevados níveis de intensidade. O que só melhora o espectáculo.

Se a França, com a vitória conseguida também mostrou alterações estratégicas — o desapossessamento já não parece ser a prioridade de Galthié — e compositivas — a entrada de Depoortere e Le Garrec abriram novas oportunidades ao jogo francês e muito se conta da sua parte para embaraçar o super-agressivo sistema defensivo inglês procurando a alternância de espaços-livres com a circulação da bola na esperança de que haja, na rush-defence inglesa, um atraso que permita explorar o buraco da perna-de-cão. E será mais um crunch a marcar a rivalidade exacerbada dos dois lados da Mancha e que faz os adeptos dos dois lados passarem esta semana anterior ao Inglaterra-França nas mais diversas congeminações técnico-tácticas através das redes sociais repletas dos mais diversos comentários de treinadores de bancada. Mas lê-los é, para além do interessante confronto de opiniões, uma forma, às vezes surpreendente, de conhecer novas visões do que se possa vir a passar.

Ver o comportamento da Itália em Cardiff será  também interessante — Gales precisa da vitória com ponto de bónus neste jogo para fugir à colher-de-pau (“prémio” para o último classificado) e para ganhar alento na reformulação que está fazendo na sua equipa. A Itália — que venceu em Cardiff na última vez que lá jogou — quererá demonstrar, num jogo de difícil desequílibrio, que já tem direito a ser olhada com o respeito que os últimos resultados lhe permitem exigir. E como uma vitória, ainda por cima se aumentada por um bom resultado nos Sub-20, lhe aumentará a exigência… 

Em Dublin, a Irlanda, mesmo depois da derrota, estará a criar as melhores condições para vencer a Escócia e vencer assim o Torneio das 6Nações de 2024. 

Curiosamente, com estas defesas de subida muito rápida principalmente motivadas para evitar as consequências da rapidez de reciclagem das bolas dos rucks, pede-se por todo o lado que os árbitros estejam atentos ao fora-de-jogo defensivo bem como às entradas laterais dos defensores para atrasar a saída da bola nos reagrupamentos, motivadas pela conquista de terreno dos transportadores antes da sua ida ao chão.

Teremos, tanto quanto parece, belos e equilibrados jogos, neste fim-de-semana em que, domingo, também os nossos Lobos jogarão a final do European Championship contra a Geórgia.


 

sexta-feira, 8 de março de 2024

6 NAÇÕES COM VENCEDOR?


 Esta 4ª Jornada do 6 Nações 2024 pode definir desde já o vencedor final desde que a Irlanda, não perca o seu jogo contra a Inglaterra em Twickenham. Caso a vitória seja inglesa e como a Escócia não deve perder com a Itália teremos a definição na última jornada.

Nesta jornada os prováveis vencedores são as equipas visitante, havendo até piadas do tipo:”Para que a Inglaterra ganhe é preciso que a Irlanda jogue com 14 ou 13 jogadores…” E se a relação vitórias/derrotas passadas indicar tendências ver-se-á que o jogo mais equilibrado será o Inglaterra-Irlanda embora no fundo as previsões da diferença são praticamente iguais e ficam-se pelos 8/9 pontos.

Mas pode também acontecer que o jovem e em reformulação XV de Gales, jogando em frente ao seu sempre muito caloroso e apoiante público, faça uma surpresa. O cantar inicial do The Land Of My Fathers, dará logo o mote do estado de espírito da ligação bancadas/relvado.

Mais uma vez teremos oportunidade de ver o excelente domínio do jogo, das suas técnicas e das suas tácticas, da Irlanda. E mostrarão o adequado posicionamento da bola nas idas ao contacto com chegadas ao chão com a bola colocada de tal maneira que permite tempos de excelência na sua reciclagem, garantindo a continuidade de exploração do desequilíbrio anterior conseguido. Depois serão as linhas de corrida com a variação das convergências e divergências, dobras para abrir intervalos, passes fora e dentro, tudo a obrigar sempre a defesa a reagir para se adaptar a novas situações que enfrentam. A esta capacidade de ataque à linha-de-vantagem juntam também um jogo-ao-pé de grande consitência a permitir uma boa ocupação de terreno. Enfim, é sempre uma delícia ver estes irlandeses a jogar que se conhecem suficientemente bem — 10, do quinze inicial, jogam no Leinster — para garantirem a coesão necessãria ao sucesso.

Com os melhores jogos a serem jogados em dias diferentes, o fim‑de‑semana do rugby internacional visível pela televisão vai ser uma óptimo tempo de sofá.


quinta-feira, 7 de março de 2024

18 INTERNACIONAIS ANTIGOS ALUNOS HOMENAGEADOS


Os 18 internacionais Antigos Alunos do Colégio Militar

No intervalo do Portugal-Espanha — 1/2 final do European Championship — realizado no Estádio do Restelo a 3 de Março, dia do 221º aniversário do Colégio Militar — os 18 internacionais Antigos Alunos do Colégio Militar — qie se identificavam por uma credencial diferenciada — foram homenageados pelo Presidente da Federação Portuguesa de Rugby, Carlos Amado da Silva. De facto ter 18 Antigos Alunos de uma escola que nem sequer tinha o rugby como uma das suas práticas desportivas traduz, para além de ser um número que coloca o Colégio Militar num dos lugares do topo da tabela de estabelecimentos mundiais de ensino médio, é também uma demonstração da notável e variada formação desportiva do seu programa escolar que permitiu a rápida adaptação à modalidade escolhida.
Ouvindo as palavras de reconhecimento do Presidente que elogiou quer os 18 internacionais quer o Colégio Militar pelo carácter grandioso da relação com o rugby português, receberam, para além de um diploma alusivo ao acto, uma “gravata de internacionais” — que alíás não existia ao tempo destas internacionalizações — enquanto se ouvia pelos altifalantes do Estádio do Restelo o locutor de serviço a dizer o texto que segue:

O Colégio Militar tem uma tradição de elevada formação desportiva que já foi reconhecida pelo Comité Olímpico Internacional com a atribuição do Troféu COI. Comemorando hoje o seu aniversário que data de 3 de Março de 1803, dia deste Portugal-Espanha, decidiu a Federação Portuguesa de Rugby homenagear os seus 18 Antigos Alunos que representaram Portugal e o seu Rugby e têm o estatuto de jogadores internacionais. São eles:
    • Carlos Pardal
    • Manuel Ponte
    • Luis Matos Chaves
    • Pedro Lynce
    • Luís Lynce
    • Nuno Lynce
    • João Paulo Bessa
    • Francisco Lucena
    • António Duque
    • Carlos Moita
    • Olgário Borges
    • Duarte Lynce
    • Carlos Ferreira
    • Vasco Lynce
    • Ricardo Durão
    • António Moita

Fazem parte ainda deste grupo de Antigos Alunos Internacionais os já falecidos Júlio Faria e José Spínola que recordamos com saudade. Que descansem em paz.

Estes 18 Antigos Alunos internacionais, numa interessante distribuição, representaram os clubes Académica, Agronomia, Arcos de Valdevez, Belenenses, Benfica, Cascais, CDUL, CDUP, Direito, Medecina e Técnico,

Tendo ainda sido quatro deles, Pedro Lynce, João Paulo Bessa, Olgário Borges e Vasco Lynce Seleccionadores-Treinadores do XV principal de Portugal. Para estes internacionais que tão bem representaram as tradições desportivas do Colégio Militar e a qualidade do Rugby Português pedimos uma calorosa salva de palmas.

VIVA PORTUGAL! À VITÓRIA!”


Após o intervalo voltámos para os nossos lugares na bancada para vermos o volte-face de 13-20 para os 33-30 da vitória dos Lobos a garantir um dia de boas memórias.


No final, retorno aos camarotes para a fotografia recordatória do grupo e a terminar num ZACATRÁZ de saudação e lembrança dos já falecidos.




quarta-feira, 6 de março de 2024

UF!!!…


 Uf!!!… que susto… 
Enquanto que a Geórgia fez mais do que lhe competia, ultrapassando com os 38 pontos de diferença conseguida os 26 que lhe eram exigidos, Portugal ficou muito longe da exigência dos 22 pontos que a relação da sua qualificação para com a espanhola estabelecia e justificava. E a exigência a ambas as equipas de uma diferença superior a 20 pontos vem do facto de ser tal a diferença entre os resultados anteriores de ambas as equipas — mesmo com a derrota portuguesa contra a Bélgica e que nos custou 2 pontos — que nenhuma delas somaria, como não somaram, pontos de ranking pela vitória. E se assim era e por se tratar de uma eliminatória sem pontos de bónus, tanto faria ganhar por 22 como por 3 — o que sendo objectivamente verdade mas esquece a necessária demonstração da qualidade que pretendemos ter e que elas se fazem-se em campo. Ou seja: de pouco serve pensarmo-nos formidáveis quando o não conseguimos ser quando devemos.
E a dita juventude da equipa não serve de desculpa… porque o que foi evidente, foi que, para os objectivos estratégicos pretendidos, utilizamos tácticas desadequadas. Que primaram pela invariabilidade, esquecendo que assim não é possível surpreender o adversário que passa a ter uma defesa muito facilitada pela nula necessidade de recorrer à adaptação constante que possibilita erros defensivos que com a previsibilidade mostrada pelos portugueses pouco apareceram — e quando apareceram, deram ensaio: um duplo salto para Lucas Martins — embora levantando dúvidas provocadas por uma infantil comemoração antes do tempo — uma falsa dobra com linha de corrida convergente para José Lima marcar, um falso cruzamento com penetração e um 3x2 para Cardoso Pinto marcar. De resto uma permanente repetição de bloco em colisão curta, directa e esperada e que, por falta de diversidade — há séculos atrás que Nuno Álvares Pereira ensinou que “a manobra deve preceder a colisão” —  não permitiram mais do que 6 rupturas apesar de 29 defesas batidos, em 147 passes e 13 passes-em-carga. Mas, para além da falta de variedade, continua a existir um mau transporte de bola na ida ao contacto, o que faz com que todo o eventual desequilíbrio conseguido, se perca na demora de disponibilidade da bola que permite a reorganização defensiva e assim foram perdidos 15 agrupamentos no chão.

E embora não tenha acesso a estatísticas que o garantam, julgo termos passado demasiado tempo no nosso meio-campo — durante a 1ª parte foi desastroso, mas mesmo no final do jogo voltámos a entregar terreno, não tendo o cuidado de garantir terreno suficiente nas costas para dificultar o ataque espanhol. E sabe-se que o primeiro objectivo no jogo de rugby diz respeito à conquista de território, aproximando-nos da área de ensaio adversária para dificultar a defesa adversária que, ao mínimo erro, se pode ver ultrapassada com elevado custo.

O nosso ataque foi mau! Onde estão as variantes da convergência e divergência de linhas de corrida ou as “dobras” que muito dificultam a adaptação da defesa — muitos passes, muitos passes mas poucas ultrapassagens da linha-de-vantagem também um objectivo imediato da construção em posse da continuidade. E não houve nenhuma dinâmica na conservação — conservar sim, mas cumprindo o princípio fundamental de avançar no terreno — o que deu a aparência de que a defesa espanhola era boa. E não era — apenas 79% de sucesso contra o 93% dos portugueses. Embora com boa percentagem defensiva estivemos muito tempo em “defesa de espera”, não subindo, ao contrário dos espanhóis, com a rapidez necessária à realização de uma pressão efectiva — valeu-nos a incapacidade e a quebra física (o último quarto é a prova-dos-noves) do ataque espanhol. Que, mesmo assim, nos levaram a cometer um enorme erro que possibilitou o 2º ensaio espanhol — a troca defensiva do “abertura” não teve a organização devida a uma formação-ordenada rodada e Camacho ficou contra um 1x2 numa auto-estrada que permitiu um fácil passe-interior e o acesso ao ensaio do ponta espanhol.

E também no jogo ao pé houve enormes erros para além de alguma lentidão do Aubry de que resultaram intercepções, felizmente sem custos. Mas o que mais importa foram os ineficazes pontapés-de-ocupação que cairam sempre nas mãos espanholas e só uma vez representaram algum perigo. E porquê? Por falta de variedade: chuta-se comprido se os últimos defensores estão subidos, chuta-se para o intervalo das duas linhas se os defensores defendem o fundo do campo — isto é, o curto e comprido jogam-se em oposição ao posicionamento da última linha de defesa. E se a inexperiência de Aubry juntamente com a pressão a que está sujeito não lhe permitem aperceber-se da colocação defensiva, que lhe seja transmitida a situação. Porque ele tem pontapé — olá se tem! — para as duas situações. Só precisa de saber variar. Também o jovem e talentoso Hugo Camacho tem que ser ensinado a decidir quando deve correr com a bola antes do passe ou quando deve passar a bola imediatamente do chão. A regra de base é simples: bola rápida, passe rápido; bola lenta, hipótese de corrida para dar espaço aos receptores.

Enfim e apesar da vitória final, um fraco jogo que não impôs a nossa teórica superioridade. E agora são 15 dias para adequar as tácticas à estratégia.

sexta-feira, 1 de março de 2024

PORTUGAL FAVORITO

 

Em teoria e com bases nos resultados que formatam o ranking da World Rugby a Geórgia e Portugal serão os principais candidatos — mais uma vez — para a passagem à Final do Rugby Europe Championship.

Disputando, como habitualmente, a Antim Cup, os georgianos podem contar de novo, depois de terem estado lesionado nos últimos jogos, com Niniashvili o muito dotado três-quartos que jogará à ponta e com Gorgadze o asa habitual. 

Por seu lado a Roménia substitui 5 jogadores na equipa que defrontou Portugal, nomeadamente a totalidade da sua primeira-linha, retornando Dragos Ser à 3ª linha e fazendo entrar o centro Gabriel Pop.

Para além da melhor qualificação no ranking, a Geórgia tem demonstrado, sofrendo apenas 30 pontos e três ensaios, uma excelente defesa traduzível em 94% de eficácia. De facto, a vida da Roménia não se apresenta fácil…

Sendo naturalmente favorito, Portugal — pese embora não poder contar com Betencourt, Storti ou Marta — pode dominar o jogo contra a Espanha se as suas linhas atrasadas souberam aproveitar bem o potencial de jogo que lhes oferece o par de médios dos dois Hugos. Com o melhor tempo médio de 3,64 segundos— embora ainda longe do que deva ser — de reciclagem da bola nos rucks, Portugal, se os seus transportadores de bola souberem colocá-la quer nas colisões, quer na sua ida para o chão, de tal forma que seja possível disponibilizá-la  de imediato e assim melhorar o tempo de reciclagem, então a qualidade do trabalho dos médios irá permitir uma eficácia muito grande às linhas-atrasadas que assim poderão dar azo ao seu talento. E se assim fôr, a presença na final será uma quase certeza uma vez que nas outras dimensões do jogo os Lobos não terão qualquer tipo de dificuldades em, no mínimo, equilibrarem situações com os Leones. Basta, para isso, que a atitude do antes quebrar que torcer seja uma evidência nos 80 minutos do jogo.

Quer a Geórgia quer Portugal, por terem mais de dez pontos de ranking de diferença em relação aos seus adversários, não conquistarão pontos pelas eventuais vitórias mas, se derrotados, perderão ambos os pontos suficientes — como se pode ver no quadro para descerem um lugar e trocarem de posição, respectivamente, com Tonga e Samoa. Hipotética possibilidade, digo eu…

À vitória, Lobos! Boa sorte!

Nota: Aproveitando o facto de 3 de Março de 2024 ser o 221º aniversário do Colégio Militar, a Federação Portuguesa de Rugby decidiu homenagear os 18 internacionais que são Antigos Alunos e que resultam da notável formação desportiva colegial..

Arquivo do blogue

Quem sou

Seguidores