segunda-feira, 23 de março de 2020

FIQUE EM CASA!

Mantenhamos a tradição 

sexta-feira, 13 de março de 2020

A MEIO DA CORRENTE - JOGO ADIADO


Naquele que parece ser o único jogo internacional de rugby que se realiza no espaço europeu, Gales, em Cardiff, tem a oportunidade de fechar a época com uma vitória. É pelo menos isso que dizem os diversos prognósticos.
Vencedor do Torneio do ano passado, Gales não conseguiu, este ano, mais do que uma vitória contra a Itália. Provavelmente este decréscimo de eficácia galesa é motivado pela mudança de treinador que, embora sendo ambos neozelandeses, têm entendimentos distintos da organização estratégica do jogo.
De facto a equipa de Gales parece estar a meias-águas entre o conceito "warren-ball" de Gatland onde cada jogador tinha um papel previamente definido a partir de uma defesa muito bem estruturada —onde o, agora ligado à França, Shaun Edwards foi elemento-chave do sucesso — num plano de jogo de poucos riscos mas fisicamente poderoso  e o conceito mais aberto, mais arriscado e de maior movimento de Wayne Pivac que obriga a que cada jogador tenha uma melhor leitura do posicionamento e intenções defensivas do adversário, que perceba as intenções dos companheiros por percepção de um gesto ou de posição corporal e, assim, tome as decisões adequadas à eficácia pretendida, assente na continuidade do movimento e no aproveitamento dos espaços libertos.
Na realidade este retorno à continuidade da tradição do jogo galês que durante anos nos encantou ainda está longe da total assimilação por parte dos jogadores como ficou bem demonstrado nas dificuldades patenteadas contra defesas que, à distância de 5/6 metros da linha de ensaio, se conseguiram impor às tentativas de colisão dos avançados galeses. E os espaços livres, para movimentos de passes com boa capacidade técnica, com linhas de corrida dirigidas para o interior e com manobras a fixar defensores, estavam lá. Mas não foram aproveitados...
É tudo uma questão de tempo. E o que se viu nos Saracens deste mesmo Pivac faz acreditar que este retorno ao jogo expansivo e vibrante — o recente e espectacular ensaio contra a Inglaterra ainda está na memória de todos — será uma realidade próxima.
Pode ser que comece já amanhã.

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA - O jogo Gales- Escócia foi adiado

O COVID-19 E A SUSPENSÃO DAS COMPETIÇÕES RUGBÍSTICAS


De acordo com a determinação da Rugby Europe e devido à pandemia provocada pelo COVID-19, foram suspensos todos os jogos internacionais no âmbito da sua responsabilidade no espaço europeu até ao próximo dia 15 de Abril. Esta data poderá ser alargada caso as circunstâncias o determinem. Esta determinação significa que o jogo Espanha-Portugal não se realizará este domingo, dia 15 de Março e que o XV U20 European Championship já não se realizará em Coimbra nas datas previstas de 22 a 28 de Março.

A Federação Portuguesa de Rugby também determinou a suspensão dos campeonatos da sua responsabilidade e recomendou às Associações e clubes a suspensão das suas actividades desportivas.

terça-feira, 10 de março de 2020

ESPANHA-PORTUGAL SEM ESPECTADORES

De acordo com as decisões do Governo espanhol a Federação Espanhola de Rugby informou que o jogo Espanha-Portugal da 5.ª jornada do Rugby Europe Championship a realizar no próximo domingo, dia 15,  será disputado “à porta fechada”, portanto sem espectadores.

UMA BOA PRESTAÇÃO A MOSTRAR O QUE FALTA

Apesar da derrota, Portugal conseguiu um resultado melhor — diferença de 15 pontos em vez dos previstos 23 — do que o historial das duas equipas determinaria. E podia ter sido bem melhor se... não houvesse o falhanço de dois pontapés de penalidade convertíveis ou a entrega de dois pontos por falta punível com ensaio de penalidade. Não falando já no abatimento psicológico que jogar com 14 provocou na equipa e que aumentou o número de falhas, com estes oito pontos fora do marcador teríamos até chegado ao ponto de bónus defensivo.

Este jogo teve vantagem de colocar os jogadores portugueses perante um nível de jogo do patamar internacional que é aquele que conta para quem se pretende apurar para o Mundial de 2023. E, feito o desafio, os jogadores e técnicos terão agora de analisar e perceber onde estão os pontos fracos que permitem as rupturas e de como os colmatar. Tendo a certeza de um facto: a competitividade interna está muito longe do nível de exigências da competitividade internacional onde pretendemos estar. O que significa que é necessário ampliar condições e tempos de trabalho comum para garantir a coesão colectiva quer em termos de entendimento do jogo quer em termos de mútua ajuda em todas as fases do processo de jogo.

E existem áreas que têm que ser especificamente trabalhadas em espaços e tempos próprios. Se na formação-ordenada o desacerto, embora existindo erros técnicos no posicionamento corporal que têm que ser corrigidos, pode dever-se, porque o peso era equilibrado, às alterações que se têm verificado — o cinco-da-frente inicial somava 80' de jogo de média por jogador num total de 400' possíveis — e que não possibilitam a coesão necessária da unidade.
Uso do jogo-ao-pé estrategicamente errado
Mas o problema do conhecimento do jogo-ao-pé quer estratégico quer táctico continua pelas horas da morte — no primeiro segundo do jogo uma má decisão tomada de cábula sem análise da visão do campo — pontapé curto para ultrapassar a barreira defensiva próxima e ignorando o espaço profundo — permitiu a posse territorial dos georgianos até conseguirem o primeiro ensaio. E hoje em dia o mau jogo-ao-pé não perdoa. O que significa serem necessárias sessões teóricas e práticas para a compreensão e boa leitura das situações, fornecendo aos jogadores um conjunto de ferramentas que podem utilizar: qual é a minha distância normal de pontapé? de onde vem o pontapé adversário? que terrenos deixa livres? como estão a subir os adversários? quem fica lá atrás? tenho apoio ou os meus companheiro estão a recuar? E o pontapé-curto — que em muitos dos casos dá mais vantagem aos defensores do que aos atacantes — não é, muitas das vezes, a melhor das soluções. Não é fácil o domínio do processo do jogo-ao-pé e não será por acaso que diversas equipas têm já treinadores específicos para esta área.  
Outras das dificuldades com que as selecções portuguesas se confrontam é na defesa contra o maul dinâmico — essa coisa que a nossa gíria de campo se designa, porque terrivelmente eficaz, por "fucking-rucking-maul". E aqui podemos ter a certeza que os nossos jogadores não ganharão os hábitos necessários na competição interna. Porque não existem capacidades para verdadeiros testes de força e de adaptação que possibilitam o treino exigível. O que significa que os internacionais portugueses necessitam de muitas sessões práticas para ganharem o tempo exacto de resposta e a sincronia de movimentos bem como a percepção de deslocamento do adversário. Coisa só possível entre eles, estando juntos. Hoje, como se vê em cada jogo — e Portugal já utilizou, e bem!, essa arma — o recurso ao "maul dinâmico" é uma constante nos alinhamentos próximos da área-de-ensaio. E equipa que não tenha uma organização defensiva eficaz estará sempre fragilizada e a entregar pontos ao adversário.

Também os alinhamentos precisam de uma outra sincronização. E de uma melhor escolha, não de acordo com a cábula do manual, mas de acordo com o adversários e os seus pontos fortes. Jogar lá para trás porquê se não tivemos meia-hora de treino comum que o permita?
Mas a selecção nacional aproveitou bem a oportunidade e mostrou, nos primeiros três-quartos do jogo, que tem capacidades de progressão e que não é um completo disparate pensar-se na qualificação para o Mundial de 2023. Mas vai precisar de muitas horas de treinos conjuntos bem como de muitos jogos para poder atingir um patamar de fiabilidade e confiança que permita encarar optimisticamente cada competição. Para conseguirmos progredir é preciso que a comunidade rugbística portuguesa considere que é necessário unir esforços pela selecção principal do rugby português, garantindo que todas as acções servem os objectivos e interesses da selecção nacional, o nosso! e não o interesse de cada qual.

Faltando um jogo para terminar e independentemente de se tratar de uma disputa pelo 2º lugar da classificação geral do 6 Nações B, European Championship, o objectivo principal está garantido: no próximo ano estaremos a disputar este mesmo grupo!

A World Rugby continua a considerar que Portugal perdeu pontos de ranking (-0,18) nesta derrota com a Geórgia pelo simples facto de não ter considerado que o jogo se realizou em campo neutro não havendo a vantagem de 3 pontos de ranking para a equipa da casa. Considerando o Jean Bouin como campo neutro e não caseiro, a diferença de pontos de ranking é superior a 10 pontos com a consequente inexistência de pontos de ranking a ganhar ou perder pela vitória natural do considerado "mais forte".

sexta-feira, 6 de março de 2020

MAIS DO QUE UM JOGO: UMA OPORTUNIDADE

Em Paris, feita casa portuguesa a lembrar ter sido a maior cidade de portugueses, o XV de Portugal joga amanhã e para a 4ª jornada do 6 Nações B— Rugby Europe Championship — contra a Geórgia, adversário muito poderoso e com grande experiência internacional quer porque participou nos últimos cinco Mundiais, quer porque os seus jogadores têm hábitos competitivos de bom nível.
Não será um jogo fácil para Portugal mas os seus jogadores — como aliás bem expressou Patrice Lagisquet — vão ter uma óptima oportunidade de se testarem e ficarem com melhor noção do patamar onde se encontra com vista ao cumprimento do objectivo da presença no Mundial de 2023.
O historial entre as duas equipas, que se defrontaram por 21 vezes com 15 derrotas, 2 empates e 4 vitórias, dá, como se pode ver na tabela superior, uma vantagem final de 23 pontos para os georgianos. Mas a situação, apesar de mostrar a óbvia diferença de patamares, tem uma vantagem.
Embora a Rugby World na sua página de análise dos prováveis resultados e suas implicações no ranking escreva que Portugal perderá pontos e poderá ser ultrapassado pela Rússia (se esta vencer o seu jogo contra a Roménia) e por Hong-Kong se a derrota for superior a 15 pontos de jogo, mas como não conheço nenhuma alteração há regra que estabelece que quando o intervalo entre pontos do ranking for superior a 10 pontos — como o é no caso e por o jogo ser em campo neutro — Portugal, se derrotado não perderá pontos e se vencedor ganhará, no mínimo, 2 pontos de ranking. O que permite, pelo menos, encarar o jogo com a tranquilidade de que nada de grave pode acontecer… não perderemos pontos nem posição.


A equipa portuguesa não vai, portanto, fazer o papel de "coitadinha" de tão pressionada pelo que pode perder mas sim a de uma digna competidora — basta olhar para a comparação dos Índices de Compactividade para se perceber que não existe nenhum desequilíbrio físico acentuado. Pode, isso sim, pesar a diferença de hábitos competitivos e aqui com vantagem para a Geórgia. 

Veja-se que a diferença entre os dois blocos de avançados é de apenas 12 quilos — o que significará que a vantagem nas formações-ordenadas dependerá da qualidade técnica quer da postura corporal posicional, quer de tempo de impulso — supõe-se que, depois do "desastre" na Rússia, tenha havido a correcções necessárias e que a formação-ordenada portuguesa — agora numa 1ªLinha de 363 kilos — com um Geoffrey Moise, pilar do Pau e habituado ao TOP14, com um Mike Tadjer, também ele no TOP14, conhecedor e consolidados como poucos e ainda com o Diogo Hasse Ferreira que, quando entrou na Rússia, deixou a sua marca de qualidade — seja agora capaz de criar problemas aos seus adversários directos, garantindo a necessária plataforma atacante portuguesa. 
Curiosamente a Geórgia apresenta-se com uma equipa mais velha do que aquela que jogou contra a Bélgica — são 3 a média de anos que os separam dos portugueses — e os dois médios e centros são uns experimentados jogadores de mais de 30 anos (os dois médios que nos espantaram no Mundial estão desta vez no banco). O que significa que estão a colocar algum cuidado neste encontro. 
E como sabem que, como acentua Shaun Edwards, as equipas de alto nível raras vezes atacam do seu meio-terreno, será esta experiência que procuram para pôr em prática uma estratégia de conquista de território, obrigando os portugueses a recuar para o seu campo, encostando-os às cordas e procurando fazer o seu jogo — que é rápido, de bons passes e com apoio eficaz — sem a importunação dos contra-ataques portugueses. Provavelmente vai ser assim: muito jogo ao pé a criar, pela rápida subida dos perseguidores, problemas ao três-de-trás português que, avisado, terá em campo as oponentes necessárias e onde o médio-de-formação irá ter um papel decisivo. Lembremos que quem sobe assim algum espaço livre há-de deixar...e se o nosso jogo-ao-pé for utilizado com inteligência...quem sabe.
No fundo é isto: que a equipa portuguesa, independentemente do resultado, mostre em campo a sua consistência e capacidade evolutiva para dar crédito ao objectivo Mundial 2023. Bom jogo!  



quinta-feira, 5 de março de 2020

6 NAÇÕES — 4.ª JORNADA (em parte...)

Com o adiamento do Irlanda-Itália, devido aos receios de contágio do novo Coronavírus — o tal COVID-19 — e ainda sem nova marcação, apenas dois jogos se realizam este fim‑de‑semana a contar para a 4.ª jornada do Torneio das 6 Nações 2020.  E ambos podem ter importância na classificação deste ano.
Se a Inglaterra vencer Gales em Twickenham conquistará, desde logo, a Triple Crown por ter vencido todos os seus adversários de língua inglesa e manter-se-á na corrida para vencer o Torneio. A França que conta por vitórias todos os jogos já disputados tem uma saída difícil até Murrayfield e uma final, embora em Paris, ainda mais difícil contra a Irlanda, continua também na corrida pela vitória final.
Aliás a França que já publicitou o seu principal objectivo que é de vencer o Mundial de 2023 a disputar em casa, transformou a equipa e transformou-se, aproximando o seu rugby das boas memórias que a fantasia do seu jogo de movimento nos deixou.
Com novo treinador, o neozelandês Wayne Pivac, o País de Gales ainda, para além das diversas lesões que lhe diminuem a qualidade de um já de si pouco numeroso plantel, não se adaptou às novidades tácticas do novo modelo. Com um três-de-trás muito experiente — Liam Williams, Halfpenny e George North — Gales tem capacidade para contrariar o excelente jogo ao pé inglês, nomeadamente dentro da sua área de 22 onde conta ainda com a cobertura do formação Tomos Williams. Em princípio um jogo tacticamente muito interessante.
O Escócia-França deverá ser um jogo também muito interessante uma vez que qualquer das equipas tem mostrado uma boa capacidade de utilização de bolas recuperadas, gostando, quer uma, quer outra, de atacar e contra-atacar de qualquer ponto de terreno. Essencialmente faltará saber como se adaptarão os escoceses à muito rápida subida da defesa francesa que lhes cortará espaços e tempo de decisão. Resposta no domingo.

NOVIDADE: a World Rugby decidiu que, a partir da próxima época deixará de ser possível marcar ensaio colocando  a bola no chão e contra a base de protecção do poste  ou o próprio poste. Na próxima época só será considerado ensaio quando a bola for colocada no chão dentro da área-de-ensaio ou em cima da linha-de-ensaio. A decisão foi assim tomada para garantir a segurança dos jogadores uma vez que já foram vistos jogadores, como o sul-africano Pierre Schoeman, a elevar a base de protecção, deixando o poste “descarnado”, numa tentativa de complicar a marcação do ensaio...

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