sexta-feira, 30 de agosto de 2019

A 20 DIAS...


A 20 dias do início do Mundial continuam os jogos de preparação. Uns com adversários do mesmo nível mas outros já com a preocupação de adversários que, permitindo um ritmo elevado, não sejam tão fortes que criem mais problemas do que vantagens - e estão neste caso as escolhas da França e da Escócia com esta a deslocar-se à Geórgia e permitir uma experiência de aproximação ao que espera os jogadores georgianos no Mundial.

Jogo de equilíbrio competitivo será o Gales-França que, para além da curiosidade de sabermos como terá recuperado a Irlanda do “desastre” de Twickenham, tem ainda o aliciante de estar em jogo o 1.º lugar do ranking mundial — se a Irlanda ganhar, volta a Nova Zelândia ao primeiro posto, mas se a vitória irlandesa tiver uma diferença superior a 15 pontos, será esta a ocupar o primeiro lugar do ranking da World Rugby. No entanto os responsáveis das equipas de Gales e da Irlanda não parecem nada preocupados o facto — Gatland altera 14 jogadores, com Josh Navidi como “capitão” desde o último jogo (só mantém o “asa” James Davies que, por suspeita de concussão, apenas jogou 23 minutos, há quinze dias, contra a Inglaterra);  Joe Schmit fará 11 alterações em relação à equipa, com Peter O’Mahony como capitão, que foi derrotada em Inglaterra. Mas o jogo, apesar de tudo, será muito competitivo com um elevado número de jogadores a não quererem deixar fugir a última oportunidade de fazerem parte do grupo seleccionado para estar presente no Japão.

Nos outros jogos, a França terá — com a contrariedade de que a Itália não deverá conseguir mostrar-se defensivamente tão agressiva quanto as melhores equipas  — a possibilidade de aumentar a confiança dos seus jogadores para poderem adaptar-se eficazmente ao “jogo de movimento” pretendido, enquanto que a Escócia terá a possibilidade de testar a sua capacidade no domínio da “colisão” contra uns georgianos que se mostram sempre muito fortes no bloco de avançados. Fiji e Tonga (que jogará ainda contra os All-Blacks) fazem também a sua preparação num jogo que dará sempre a possibilidade de ver o habilidoso manuseamento da bola dos fijianos.

domingo, 25 de agosto de 2019

INGLATERRA ARRASA IRLANDA


A Escócia foi suficientemente resiliente para tornar a França uma equipa muito distante daquela que se mostrou no primeiro jogo em Nice. Subindo mais rapidamente em defesa, os escoceses souberam também desdobrar-se de acordo com os movimentos do ataque francês, anulando-o. E o jogo-ao-pé dos escoceses veio demonstrar que a tentada nova organização do último reduto francês ainda está muito longe da eficácia necessária — ou porque a exigência de decisões que se coloca aos jogadores franceses é ainda pouco compreendida ou porque o sistema é demasiado frágil perante jogadores com bons pés e boa capacidade de leitura. Aos franceses resta um jogo contra a Itália para alinharem os movimentos e as articulações que possam garantir a coesão necessária à prestação competitiva que pretendem no Mundial.

Em Twickenhan, a Inglaterra tomou conta do relvado e fez o que quis, marcando 8 ensaios, duma Irlanda que ainda está no início da sua preparação e, portanto a uma grande distância dos ingleses. E só isso pode explicar o facto de terem tido 38 falhas de placagem e, por erros de articulação lançador-saltador, terem perdido 5 bolas no alinhamento.

Com este resultado a equipa inglesa passou para a terceira posição do ranking e a Escócia voltou a ocupar o 7.º posto. Na próxima semana com o Gales-Irlanda as posições do ranking voltam a ter possibilidades de mexida...

... e com isto tudo o Mundial promete.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

CONTINUAÇÃO DA PREPARAÇÃO


Continua a preparação das equipas para o Mundial. Com base nos pontos de ranking da World Rugby o prognóstico aponta para vitórias caseiras nos jogos entre estas quatro equipas europeias, mas tudo poderá ser diferente de acordo com a formação das equipas que os responsáveis pretendam fazer. alinhar. Porque não basta, para uma prova da dureza de um Mundial, ter 15 jogadores preparados e alinhados com os conceitos do modelo-de-jogo.

Embora sem o seu abertura e especial playmaker Saxton, lesionado, será curioso ver como se apresentará a Irlanda e que desenvolvimento do seu modelo nos mostrará. Do lado da Inglaterra teremos, muito provavelmente e de novo o duo Ford/Owens num tandem de playmakers e utilizadores do jogo-ao-pé — o guru desta área, Dave Alred, diz que quem não souber utilizar o jogo-ao-pé de uma forma tacticamente adequada, não ganhará o Mundial.

A repetição do jogo entre escoceses e franceses tem, para além da continuação da disputa do 7.º lugar do ranking, o interesse de nos mostrar o nível de consolidação do modelo-de-jogo da era Galthié. E muito mudou, desde a organização defensiva — os pontas alinham com os centros e o três-de-trás é constituído pelo nº8 (no centro) e pelo defesa e abertura nos corredores laterais, recorrendo ao formação como responsável pela captação de pontapés curtos ou rasteiros — até às combinações atacantes que exigem a cada jogador uma melhor leitura do que se passa na sua frente e uma imediata decisão adaptativa — ou seja, uma espécie de combinação de um primeiro movimento de jogadores para, num segundo tempo, aparecerem os penetradores com linhas de corrida de acordo com o movimento dos defensores. Veremos se encontrarão as sintonias necessárias evsebresultará tão bem como aconteceu em Nice, agora contra uma equipa que, para além de se encontrar prevenida, precisa da vitória para levantar a moral depois de uma dura derrota.

domingo, 18 de agosto de 2019

GALES EM PRIMEIRO NO RANKING


O País de Gales encontra-se pela primeira vez do seu historial no primeiro lugar do ranking da Workd Rugby, destronando 10 anos da Nova Zelândia! O que, a um mês do Mundial, trará aos galeses um acrescento importante de confiança. Aumentando sonhos...
Dado o facto da Nova Zelândia ter vencido por ampla margem, pode perguntar-se: como foi possível ter havido troca de lugar?

Esta troca de posições resulta do conceito do ranking da World Rugby que está estruturado de forma a valorizar o equilíbrio competitivo, ampliando o valor de ganhos e perdas de pontos em disputa inversamente proporcional à diferença pontual do ranking que, resultante do seu passado competitivo, pretende escalonar mundialmente as equipas. Preocupação tal que, depois de considerado o factor “casa”, define que uma diferença de 10 ou mais pontos no factor de avaliação, não permitirá, por vitória da equipa melhor qualificada, qualquer soma ou diminuição de pontos de ranking a ambas as equipas. Assim, quanto mais próximos estiverem as duas equipas na diferença de pontos de ranking, maior será o valor dos pontos de ranking em disputa a somar e a diminuir a vencedores e vencidos. A que se acrescenta ainda o factor quantitativo do resultado estabelecido em três níveis de diferença de resultado: diferença superior a 15 pontos de jogo, diferença de 15 pontos de jogo ou inferior ou empate. Naturalmente que a vitória da equipa tida por mais fraca pelo seu posicionamento no ranking, terá um factor de valorização do seu feito superior e que lhe permitirá recuperar posições   — se, por exemplo, a Inglaterra vencesse em Cardiff atingiria os 88,80 (+1,46) pontos de ranking e ficaria posicionada na segunda posição do ranking.

Neste caso e para efeito do cálculo, o factor de avaliação (factor casa mais diferença de pontos de ranking) entre a Nova Zelândia (1.º) e a Austrália (6.º) é de 7,63 e tendo sido a vitória por margem superior a 15 pontos de jogo, os pontos de ranking calculados para somar ao vencedor e diminuir ao vencido têm o valor de 0,35. Dada uma maior proximidade entre Gales (2.º) e a Inglaterra (4.º) e sendo o factor de avaliação de 4,55 correspondeu, pelo resultado diferenciado de 7 pontos de jogo, a um superior 0,55 de pontos de ranking que permitiu fazer a diferença e a consequente troca posicional [no caso do França-Escócia, dada a proximidade de posicionamento no ranking e pelo resultado com diferença 29 pontos de jogo, o valor de pontos de ranking em disputa foi de 1,16].

Portanto o maior e menor potencial de equilíbrio competitivo entre adversários e a pequena margem que separava galeses de neozelandeses (0,15 pontos de ranking) possibilitaram a histórica alteração.


Em Cardiff, Gales mostrou-se mais capaz do que na semana anterior em Twickenham, mas ainda lhe falta a capacidade de reciclagem rápida da bola para poder combinar ataques próximos aos reagrupamentos com um mínimo de criatividade para surpreender as alinhadas defesas. Mas demonstrou ainda que o conceito inglês de sobrepor em permanência a colisão  — Nuno Álvares Pereira definia que, pelo contrário, no combate deve prevalecer a manobra sobre a choque —  à manobra, não é factor de vitória certa. Porque não surpreendente e, assim, torna-se defensável. E porque no rugby, a mera força não é o factor decisivo e de novo, os ingleses mostraram a sua pouca capacidade criativa para ultrapassar defesas organizadas.

No jogo, um pseudo caso: o ponta inglês Anthony Watson fez, enquanto último homem da linha defensiva, um “toque-para-diante” para evitar que  um passe resultasse  a superioridade numérica galesa que os levaria, muito provavelmente, ao ensaio ou, no mínimo a uma boa conquista de terreno, e foi castigado com uma penalidade e um “amarelo”. Que não foi propositado, que não foi intencional, que etc. e tal. O costume, a consequência, o prejuízo galês resultante deste gesto não conta. Esquecendo que um toque-para-diante que prejudique objectivamente o adversário constitui jogo desleal numa evidente falta de desportivismo. E deve ter como castigo o entendido na lei como equilíbrador do prejuízo causado — se fosse próximo da linha de 5 metros o castigo, na jogada em causa, deveria ser ensaio de penalidade. Porque o rugby é um jogo para cavalheiros de qualquer classe mas nunca para maus desportistas, sejam de que classe forem. (Rt Reverend W J Casey, 1864). Portanto, um espaço de ética onde a futeboleira falta inteligente não é admissível.

Em Auckland, no mítico Eden Park, os neozelandeses, pode escrever-se assim, ao chamarem à colação a versão haka dos grandes dias, vestiram o smoking e não deram hipóteses à Austrália, recorrendo a uma elevada intensidade de jogo e a uma alta qualidade de jogo-ao-pé, a uma pressão defensiva asfixiante e a uma substancial melhoria da sua formação-ordenada (com a curiosidade da troca posicional atacante entre Read e Savea) para dar toda a razão a Beauden Barrett que afirmava que apenas precisariam de 50% de posse da bola para que o click! desta nova linha de três-quartos (novos que marcarem 3 ensaios) marcassem os ensaios — e foram 5 — para continuar fiéis depositários da Bledisloe Cup.

Em Nice, os franceses mostraram que aquilo que se conta da animação Galthié e dos novos processos de treino parece estar no bom caminho — já há muito que não se via esta expressão de rugby de movimento — onde é o movimento da bola que comanda o movimento dos jogadores — numa selecção francesa. Veremos se a continuidade amplia a fluidez e colocará a equipa do galo — o símbolo é evidente nas novas camisolas usadas — no pequeno lote dos candidatos. Para já dois jogadores prendem os olhares dos adeptos: o formação Antoine Dupont e o ponta Damian Penaud, ambos com 22 anos.

Em outros dois jogos de preparação, em Pretória a quase surpresa pelo resultado de 24-18 da África
do Sul sobre a Argentina e em Itália um 85-15 sobre a Rússia de onde não resultaram quaisquer pontos de ranking pela diferença de posicionamento mas que foi bem demonstrativo da diferença entre a European Championship e o 6 Nations.

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

BLEDISLOE CUP E PREPARAÇÕES

Terminado o Rugby Championship com a vitória da África do Sul, continuam as preparações para o Mundial — só faltam 34 dias. Dos três jogos que considerei competitivamente mais interessantes e de  acordo com os pontos de ranking da World Rugby, vencem as equipas que jogam em casa. Mas nos dois jogos que repetem o fim-de-semana passado existe a particularidade de, se a Nova Zelândia for derrotada (em casa?!), o vencedor do Gales-Inglaterra ocupará o 1.º lugar do referido ranking. Na estreia de franceses e escoceses apenas estará em jogo, para além da confiança futura e da análise do respectivo momento de forma, o sétimo lugar do ranking.

Derrotados na semana passada, Gales e Nova Zelândia “não podem” perder. A França, esperançada no efeito Galthié e se pretende continuar a dizer-se candidata, também não pode. E os prognósticos apontam para o sossego dos três visitados. Veremos...

No campo da Nova Zelândia — com cinco alterações e que, enquanto actual detentora da Bledisloe Cup, apenas precisa de vencer o jogo para manter o troféu — o optimismo e confiança são grandes. Ao ponto do agora defesa Beauden Barrett afirmar que, para ganhar a Bledisloe Cup, chegam, aos AllBlacks, 50% de posse da bola. Confirmando que o seu entendimento com Richie Mo’unga — para tirar o melhor partido do uso de dois play-makers — está cada vez melhor (tiveram, nesta última semana, a ajuda de Dan Carter) e entende que a capacidade criativa e a eficácia desta nova composição das linhas atrasadas AllBlacks, está já em nível muito elevado e garantirá a marcação suficiente de ensaios para chegar à vitória. Lembrando ainda que marcaram, em Perth, dois ensaios quando se encontravam em inferioridade numérica...

A Austrália, que teve na estratégia de jogo do seu formação Nic White — o que ele aprendeu a jogar em França (Montpellier) e em Inglaterra (Exeter Chiefs)... — a principal base para a criação das dificuldades dos AllBlacks, procurará nova vitória que lhe dará uma moral de ferro para o Mundial. Tendo utilizado muito pouco de jogo-ao-pé no primeiro jogo, será provável que no Eden Park, quer para explorar o novo três-de-trás neozelandês quer por razões de segurança defensiva, estejam mais preocupados —  com a conquista de terreno e recorram bastante mais ao pontapé através dos seus médios que apenas chutaram, no primeiro jogo e em jogo, quatro vezes (e todas pelo formação). O jogo australiano baseia-se na posse da bola para realizar um elevado número de fases, acantonando defensores e criando os desequilíbrios exploráveis. Para serem contrariados é necessário que a defesa adversária suba muito rápido e esteja suficientemente organizada para impedir o transporte da bola aos lançados apoiantes. Avisados, os neozelandeses não se deixarão surpreender e teremos um interessante jogo em perspectiva.

Depois de uma pesada derrota com uma fraca demonstração das capacidades exibidas no último 6 Nações, a equipa do País de Gales terá agora a oportunidade para se redimir. O estádio de Cardiff vai ter o tecto fechado e o apoio dos galeses vai ser ensurdecedor. Saiba a equipa aproveitá-lo para cometer menos erros defensivos e ser capaz de verticalizar o seu ataque baseando-se na velocidade de reciclagem e de entrega de bola nos rucks. Para fazer de cada bola conquistada um arma de vitória e não deixando nunca que o enorme e pesado bloco de avançados ingleses se organize numa força conquistadora. Cardiff merece uma festa e o Nº2 mundial e vencedor do Grand Slam não pode deixar os seus créditos perdidos na relva. A Inglaterra é o que se sabe pela voz do seu treinador Eddie Jones: queremos ganhar o Mundial!

Da França e por aquilo que se conhece dos seus treinos, espera-se um jogo de movimento em que a capacidade de apoio dos avançados terá um papel determinante. Pelo hexágono rugbístico não passa pela cabeça de ninguém que os franceses não farão um Mundial de alto nível. A preparação tem sido cuidada e os jogadores têm sido sujeitos a treinos onde a intensidade tem sido a pedra de toque de todos os movimentos. É que, apesar de todos os erros organizativos que têm marcado o rugby francês nos últimos anos, a esperança nunca morre e a Escócia pode servir para uma boa demonstração do acerto do novo caminho.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

DURA LEX SED LEX

Quadro-resumo da aplicação das novas Leis de Jogo sobre a placagem disponível no site da FPR

A tarefa de um árbitro é aplicar as Leis do Jogo. A tarefa dos comentadores televisivos de um determinado jogo é a de analisar se a aplicação arbitral das Leis do Jogo foi a correcta ou se houve erro ou omissão. A opinião sobre a bondade, eficácia ou propósito das Leis de Jogo definidas, tendo o seu lugar adequado noutros espaços e noutros momentos, deve — para que não fiquem dúvidas aos espectadores — ser sempre enquadrada pela análise efectiva da decisão do árbitro.

Vem isto a respeito da expulsão — cartão-vermelho —de Scott Barrett* no último Austrália-Nova Zelândia a contar, simultaneamente, para o Rugby Championship e para a Bledisloe Cup.

A World Rugby definiu alterações às regras da placagem no sentido de proteger a integridade física dos jogadores e que se encontram resumidas no quadro acima — tradução portuguesa da responsabilidade da FPR do quadro-resumo oficial definido pela World Rugby.

Tanto quanto julgo, este preceito legal teve como principal razão a perigosidade constante da placagem-a-dois onde o 2.º jogador entra — para manter as mãos livres para a captura da bola — em contacto com o portador através apenas do ombro. E muitas vezes, porque o portador se baixou para suportar a 1.ª placagem, atingindo o adversário na cabeça. O que significa, pela brutalidade da pancada, um perigo real para o portador da bola.

Na situação do referido jogo, o árbitro francês Jérôme Garcés seguiu o protocolo recomendado. Considerando que houve contacto — e houve! — do ombro de Scott Barrett com a cabeça ou pescoço do “capitão” australiano, Michael Hooper, seguiu — ponto 2 do quadro — o determinado: cartão-vermelho, equivalente a expulsão. E garantiu, com consulta ao TMO, a inexistência de factores atenuantes.

A esta decisão correctíssima, porque de acordo com as actuais Leis do Jogo, não se pode dizer ou escrever mais do que o que fez Oliver Trenchard no diário inglês The Guardian: Jérôme Garcés, seguindo as estritas leis da World Rugby sobre o contacto, em jogo, de cabeça, ficou com pouca margem que não expulsar o nº 4 da Nova Zelândia.(tradução livre). Sam Bruce, editor associado do site ESPN, não diz diferente

Para além da contestação, expectável, da comunicação social neozelandesa, o treinador da Inglaterra, Eddie Jones, utilizando o exemplo desta acção do árbitro, considerou — tendo presente o próximo Mundial — que a nova lei não faz sentido (pudera, o seu “capitão” Owen Farrell é “especialista” nestas cargas de ombro) porque, por um acidente casual, uma equipa pode ficar reduzida em número e sujeita ao desequilíbrio.


Existem outras opiniões discordantes sobre o assunto. Por exemplo, o treinador do Gloucester e antigo treinador dos Lions, Johan Ackerman, embora considerando que a Lei existe para proteger o jogador e sendo uma questão da sua integridade, não se podendo assim acusar os responsáveis por implementarem regras, propõe como alternativa o recurso a  um cartão de 20 minutos, verificando posteriormente o castigo a aplicar.

Ou seja, em vez de uma expulsão imediata por anúncio do cartão-vermelho, recorrer para estes casos
de contacto ombro-cabeça a um cartão-laranja que obrigue à retirada para o banco-do-pecador por um período de 20 minutos (o dobro do cartão-amarelo). O que, podendo ser uma solução, deveria, dada a perigosidade da situação, ser aplicada apenas, penso, se existirem factores atenuantes que diminuam a responsabilidade do placador.

No entanto, o mais provável é que não haja — pelo menos até ao Mundial — quaisquer alterações e é real a necessidade de jogadores, treinadores e árbitros se adaptarem ao rigor destas novas Leis do Jogo. Em Portugal também tem que haver essa adaptação cabendo aos árbitros um papel fundamental
neste aspecto de protecção da integridade física dos jogadores. E a intenção não é medida atenuante...

* Scott Barrett foi castigado com 3 semanas de suspensão pelo órgão disciplinar da SANZAAR

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

ENSAIOS A SOBREPOREM-SE ÀS DEFESAS

A África do Sul ganha — pela primeira vez — o Rugby Championship e Gales não conseguiu mais do que segurar durante 24 horas o primeiro lugar do ranking da World Rugby.

Como principal curiosidade destes quatro jogos entre mundialistas o facto de, sabendo-se como se sabe que as capacidades defensivas das equipas estão em constante melhoria, que houve um elevado (28) número de ensaios marcados. O que constitui um bom presságio para o muito próximo Mundial.

A grande surpresa da jornada foi a excelência da vitória da Austrália sobre os AllBlacks. E embora a  expulsão (correcta) de Scott Barrett, obrigando a equipa a jogar cm 14 elementos durante toda a segunda parte, seja uma justificação para as dificuldades — como curiosidade lembre-se que os neozelandeses só aproximaram a posse da bola e do território aos valores australianos na segunda parte quando estavam em inferioridade. E o jogo teve dez ensaios, seis australianos e quatro neozelandeses. Com a demonstração de acerto, finalmente!, dos australianos que conseguiram o equilíbrio nos três-quartos entre o jogo “em linha” — herança do grande clube Randwick Rugby... — e a profundidade necessária para receberem a bola em velocidade e assim ganhar a batalha da linha de vantagem ao serem um problema para as defesas adaptativas. Os AllBlacks pareceram com dificuldades físicas — “o vergar da mola” tem destas coisas — mas, quando chegar a altura decisiva, mostrar-se-ão como sempre, ganhadores.

A equipa de Gales deitou fora uma oportunidade histórica de surgir, pelo menos durante uma semana, no 1.º lugar do ranking mundial. Mas entrou mal (nervos de liderança?) no jogo com erros defensivos — a adaptação em movimento e fora dos padrões posicionais não existiu — que culminaram com um inacreditável brinde — lançamento defensivo para o final do alinhamento falhado —  que definiu o jogo. Para além do mais, os playmakers galeses mostraram um jogo-ao-pé ineficaz com entregas permanentes no regaço do defensores ingleses...

Para a lembrança deste jogo fica o ensaio do formação Gareth Davies que fintou todos os que lhe apareceram pela frente depois de se decidir, sozinho, por um ataque pelo lado fechado.

Nos restantes jogos aconteceu, mostrando a realidade das diferenças, o que se esperava: duas vitórias sem dificuldades. E com a África do Sul a mostrar a sua melhor adaptação a um jogo de menor grau de colisão.

Para o próximo fim-de-semana o aperitivo continua...

sábado, 10 de agosto de 2019

CHAMPIONSHIP E PREPARAÇÃO PARA O MUNDIAL

O Ranking da Rugby Vision é estabelecido de acordo com os conceitos de Niven Winchester, neozelandês e professor do norte-americano MIT, tornando-se assim diferente do Ranking da World Rugby 
Na terceira e última jornada do Championship e com excepção da Argentina qualquer das outras três equipas pode vencer o torneio. Tudo dependendo dos resultados entre as equipas e dos pontos de bónus conquistáveis.

Na situação actual a principal favorita é a África do Sul que se encontra em primeiro lugar com mais um ponto que a Nova Zelândia e que, pelo que tem mostrado, não deverá deixar escapar a vitória em terras argentinas.

Nos jogos de preparação para o Mundial — mas que contam pontos para o ranking da World Rugby— o Inglaterra-Gales é o jogo, uma vez que o Irlanda-Itália não deixará dúvidas sobre o provável vencedor, que cria as maiores expectativas quer de resultado quer pelas demonstrações tácticas que as equipas irão fazer na perspectiva da criação dos automatismo colectivos.

Um fim‑de‑semana de bom rugby.

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