domingo, 28 de março de 2021

GALES CONQUISTA O 6NAÇÕES


CYMRU AM BYTH


 

sexta-feira, 26 de março de 2021

UMA TAREFA VITORIOSA ESPERA-SE!

Neste 3º jogo da 1ª volta Rugby Europe Championship que apura para o Mundial de 2023 em França, Portugal e Espanha, com duas derrotas cada, enfrentam um duro desafio na obrigatória procura da vitória. E obrigatória porque a derrotada ficará em difícil posição para garantir o 2º lugar classificativo, o último de acesso directo. De acordo com as afirmações do seleccionador Patrice Lagisquet os jogadores portugueses estão cientes da importância do jogo em relação ao futuro de Portugal na perseguição do objectivo Mundial.
No fundo é assim: ganhando, Portugal terá boas possibilidades de, dependendo de si próprio, conseguir apurar-se; em caso de derrota as dificuldades aumentarão e muito e a dependência passará para o comportamento de terceiros...
E Portugal tem hipóteses de ganhar? Tem! Mesmo se os valores pontuais do Ranking da World Rugby indiquem como favorito, a Espanha. Mas apenas por 4 pontos de diferença — o que significa, dados os valores pontuais do Rugby, que qualquer das equipas pode ser vencedora do jogo uma vez que o equilíbrio é evidente.
 


quarta-feira, 24 de março de 2021

A FRANÇA JOGA E GALES ESPERA: QUEM GANHA O TORNEIO?

 



Com a excepção do Escócia-Itália que não foi mais do que um bom treino para os escoceses que nunca tiveram problemas para vencer por 8-1 em ensaios, os outros jogos realizados, incluindo os da Rugby Europe Championship, foram interessantes com um aboa luta pelos resultados.
No Irlanda-Inglaterra viu-se de novo a enorme capacidade de combate irlandesa que não deram qualquer oportunidade aos ingleses. A Inglaterra defraudou, mais uma vez — e depois do que pareciam pazes feitas depois do jogo de Twickenham com a França — os seus adeptos que começam, cada vez mais, a não acreditar no treinador australiano Eddie Jones. Ao ponto de, um dos seus maiores adversários — o antigo internacional Stuart Barnes (hoje comentador) — ter escrito no Times que “Eddie Jones é o Donald Trump do rugby e que seu descontrolado ego está a colocar a Inglaterra num declínio terminal.”. Para demonstração de uma total falta de confiança não se podia demonstrar melhor...
 O jogo mais importante de um ponto de vista competitivo seria o França-Gales a disputar em Paris. E foi de grande competitividade e a, de novo, levantar a admiração sobre Gales que, com uma população de 4 milhões de habitantes, consegue formar um número enorme de bons jogadores. Numa recente entrevista, o grande Gareth Edwards explicou o processo: “somos habituados e “puxados” desde miúdos — por pais e professores — para aderirmos à ideia de que a única forma para que o Mundo saiba da existência de Gsles será por sermos bons no rugby.” E este desafio tem tido uma resposta fantástica. Desta vez as expectativas não tiveram o melhor final — perder o Grand Slam no último minuto do jogo deixa, seguramente, marcas de tristeza profundas. Mas, embora dependendo da Escócia, o Torneio pode ainda ser ganho.
Os franceses, numa excelente demonstração de uso da posse da bola, num cada vez mais elaborado rugby de movimento — na tradição do melhor que a França já conseguiu e demonstrou ao mundo rugbístico — para além da força mental que revelaram, nunca virando a cara e mantendo o nível de confiança elevado... para no final mesmo conseguirem a vitória e abrirem assim a porta da oportunidade de vitória no Torneio.
Vitória no Torneio que não será fácil — o jogo realiza-se em Paris na próxima sexta-feira — uma vez que a França para o vencer terá que marcar 4 ensaios — obtendo o ponto de bónus para conseguir atingir os 20 pontos da pontuação de Gales. O que não chegará uma vez que, com as duas equipas empatadas, haverá que recorrer ao segundo factor de desempate que se define na diferença entre pontos de jogos marcados e pontos de jogo sofridos. E a diferença para os franceses exige que consigam uma diferença de 21 pontos sobre a Escócia. Se se ficar pelos 20, 6 é o número de ensaios necessários para garantir o primeiro lugar. Será que os escoceses vão andar pelos ajustes pelos ajustes?...ou vai embarcar, incapaz de respostas equilibradoras, como em 2007?
Para além da determinação e da disciplina da equipa — 6 penalidades contra 15 dos galeses — que os levou à vitória, os franceses mostraram ainda opções tácticas no desenvolvimento do ataque à defesa adversária — fugindo, à medida que o final se aproximava, da marca Gaulthié de “entrega da posse” (dépossession) fazendo durante todo o jogo apenas 19 pontapés contra 29 galeses — que merecem reflexão e cópia até: em vez de recorrer às designadas mini-unidades para tentar pelo choque a ultrapassagem das linhas defensivas adversárias numa constante e incompreensível (digo eu) manifestação de força-contra-força, a equipa francesa procurou sempre a manobra para entregar a bola — não áquele que um estádio inteiro de espectadores televisivos já teria adivinhado mas, lançando um jogador que terá a possibilidade de avançar 3-5 metros e assim garantir a ultrapassagem da Linha de Vantagem, conquistando terreno, desequilibrando a defesa e permitindo a continuidade que vai, como se viu, desgastar a defesa adversária. Por outro lado a defesa francesa mostrou-se muito eficaz sabendo muito bem passar, numa mesma acção, da defesa pressionante (rush) à defesa deslizante, cedendo terreno para igualar o número de unidades ou mesmo superioorizar-se. Para ver, reflectir e adoptar!
Alun-Win Jones igualou, com 148, o número de internacionalizações de Richie McCaw
mas tendo ainda 9 presenças nos Irish and British Lions

No âmbito do Rugby Europe Championship, a Geórgia cumpriu o esperado ao vencer a Rússia e a Espanha —  adversária de Portugal no próximo sábado e também com duas derrotas — mostrou-se nas aparências melhor do que o resultado — até à hora de jogo pareceu capaz de vencer a Roménia — mas a sua indisciplina — que fez lembrar os disparates na Bélgica — levou-a à derrota com um ponto de bónus e deixa no ar a curiosidade: será que a Espanha perde o acesso a dois Mundiais seguidos por indisciplina?

sexta-feira, 19 de março de 2021

PARIS: GRAND SLAM OU TORNEIO PARA GALES OU ESPERANÇAS FRANCESAS NUMA VITÓRIA FINAL?


O “jogo do fim‑de‑semana” do Torneio das 6 Nações, realiza-se em Paris, no Stade de France, entre a França e o País de Gales. Se Gales, já vencedor da Triple Crown, vencer ou empatar (ou até se perder com ponto de bónus...)  — resultados contrários às probabilidades que os pontos de ranking mostram — conseguirá o seu 5º Grand Slam (2005, 2008, 20012 e 2019) da época 6 Nações (13º desde o início do Torneio).
O principal factor de vantagem galesa — para além da eficácia demonstrada na marcação de ensaios com os 17 já conseguidos — será a experiência da soma das suas 987 internacionalizações (serão mais de 1000 após o início do jogo) a que se junta o facto de catorze dos seus 15 jogadores iniciais terem já vencido um Grand Slam (só para a sua nova descoberta, Louis Rees-Zammit, será uma novidade) a que se acrescenta o facto, com todo o peso que tem dentro do campo, de serem capitaneados por aquele a quem a linguagem rugbista popular considera o novo Príncipe de Gales: Alun Wyn-Jones com a suas 147 selecções por Gales e 9 internacionalizações pelos Lions and British Lions.


E uma de duas: ou o Torneio fica fechado com a vitória ou empate de Gales sobre a França ou, caso os franceses consigam a vitória, ficarão ainda algumas esperanças — embora ténues pela enorme dificuldade de ultrapassar a diferença de pontos (no início do jogo contra galeses será de 9) — de vitória final para o seu último jogo com escoceses.
A disputar neste sábado, 20 de Março, pelas 20h00 portuguesas e a poder ser visto na SportTV5, este França-Gales tem todos os condimentos para ser um grande espectáculo com emoção a rodos.
Outro jogo “muito apertado” desta última jornada — uma vez que a vitória da Escócia sobre a Itália não deverá deixar de acontecer — será o Irlanda-Inglaterra em que os prognósticos fazem vitoriosos, pela margem mínima, os irlandeses.
No Rugby Europe Championship dois jogos cujos resultados interessam a Portugal: Rússia-Geórgia e Roménia-Espanha. No primeiro jogo para os portugueses e para que possam continuar a contar com russos como adversários, interessa a vitória georgiana sem ponto de bónus russos; no segundo jogo  seja de quem fôr a vitória, também interessa a portugueses que não haja pontos de bónus a distribuir. Qualquer destes jogos será visível na Rugby Europe TV.
Na RugbyTV portuguesa poderá ser vista a meia-final do campeonato nacional feminino entre o Sporting Clube de Portugal e o Sport Clube do Porto — duas equipas que conheço bem por ter sido treinador de uma e ser padrinho de outra — que se disputará a partir das 15h00 deste sábado. Um jogo que possibilitará a aferição do nível do rugby feminino português numa altura em que a World Rugby lança programas competitivos de desenvolvimento de Alto Rendimento que permitirão, em três divisões, o apoio e a competição às sete melhores equipas europeias.

terça-feira, 16 de março de 2021

A FRANÇA NÃO PASSOU EM TWICKENHAM


Esta jornada dos 6Nações teve uma curiosidade: Gales com 47% de posse de bola e 48% de domínio territorial marcou 7 ensaios, vencendo a Itália por 48-7, numa clara demonstração do princípio "mais do que a posse da bola o que importa é a qualidade da sua utilização.". E assim prepara-se para no próximo sábado vencer o Torneio deste ano.

O jogo de maiores expectativas do fim‑de‑semana, o Inglaterra-França e que tinha o aliciante de possibilitar, no caso de vitória francesa, uma "final" em Paris entre a França (falta-lhe ainda o jogo contra a Escócia) e País de Gales terminou, apesar dos franceses estarem à frente do resultado até aos 76', com a vitória inglesa num jogo muito interessante e que deve ter conciliado Eddie Jones com os adeptos ingleses. Quanto aos franceses ficam ainda com a possibilidade de, caso vençam os dois jogos que lhes faltam,  Gales e Escócia, por resultados de diferença elevada — nomeadamente com pontos de bónus — poderem vencer o Torneio.

Noutro jogo interessante a Irlanda venceu a Escócia apesar dos escoceses terem marcado mais um ensaio (3-2) e terem tido um melhor registo defensivo — sucesso de 91% contra 83% irlandês. Mas os ingleses fizeram o costume, deixando a alma em campo até garantirem a vitória.

Em Madrid e a contar para o Rugby Europe Championship, a Geórgia — como se esperava e apesar do bom combate espanhol — venceu por 6 pontos de diferença, permitindo um ponto de bónus à Espanha. 


 
 

PORTUGAL PERDE JOGO GANHO

É uma verdade desportiva tão reconhecida que é já um lugar-comum: um jogo só termina com o apito final do árbitro — veja-se o apuramento olímpico do Andebol português. E se os jogadores portugueses se esqueceram do dito contra a Geórgia, mostraram, contra a Roménia, que nada tinham aprendido e por isso, perderam.

Com esta derrota, Portugal perdeu 3 posições no Ranking da World Rugby


A derrota da maneira que aconteceu, levanta diversas questões como falta de liderança, má preparação táctica, falta de entrosamento e perda de concentração competitiva. Perder assim um jogo que, ganho, nos colocaria com boas perspectivas de atingir o Mundial 2023, só é aceitável porque é a realidade... mas é dificilmente suportável!


E se no início do jogo parecia que não se tinha perdido com a Geórgia, porque se tinha aprendido: a formação-ordenada mostrava-se mais coesa e capaz de se opôr ao habitual poderio dos romenos, possibilitando a melhoria das outra fases de combate — infelizmente o final do jogo comprovou que não se aprendeu nada: dentro e fora do campo. E a desconfiança começou na mostra de teimosa estratégia para os alinhamentos — de novo se presenteava a bola ao adversário (agora com o truque de usar apenas dois (!!!???) nas bolas adversárias). Questão: num jogo em que a bola representa o motivo evidente do combate — posse que embora não garanta vitória (é a eficácia do seu uso que a pode garantir) diminui pelo menos as possibilidades do adversário — porque é que, numa fuga aos princípios, é então oferecida?! Que mensagem de conquista, de preserverança, de resiliência, de combate se pretende passar aos jogadores?


E se dizemos que a nossa vantagem é o jogo ao largo, porque não críamos as condições para que assim seja de uma forma mais constante, procurando a libertação e continuidade do movimento da bola em vez de procurar o chão? Ou procurar manobras — lembrando o ensinamento de Nun'Álvares dos idos trezentos — para atacar intervalos em vez de colisões directas. Ou porque não se vê uma estratégia de jogo-ao-pé que ultrapasse o alívio e se torne uma arma de ataque pelos problemas que impõe ao adversário? 


Sendo a coesão colectiva o segredo das equipas vencedoras, ela só é possível se existir uma preocupação colectiva — uma cultura táctica comum — para criar e aceitar os meios que permitam atingir os objectivos pretendidos, diminuindo assim o stress, retirando dúvidas, aumentando a confiança e proporcionando o entrosamento para que cada um se bata por todos.


De novo as aparências pareciam credíveis — as estatísticas eram favoráveis com 52% de posse de bola, 51% de vantagem nos rucks, 96% de eficácia nas placagens e um 3-1 em ensaios a 10’ do fim — para colocarem Portugal como vencedor. Mas, no nível internacional, são os pormenores que determinam os vencedores e aqui se descrevem 7 momentos — 2 decisivos e 5 críticos — que documentam o que se escreve e demonstram — por erros e não acidentes — a perda do foco e a lenta e perturbadora fuga do resultado por entre os dedos.


1º MOMENTO DECISIVO, 32 minutos, resultado 10-9 — Penalidade favorável a Portugal no cruzamento entre a linha-de-22 e a linha-de-5 metros. Com o resultado em 10-9 foi decidido, em vez de chutar aos postes com vento favorável, pontapear para fora para criar um penalti-touche. Estaria tudo bem nesta demonstração de confiança não fosse o pontapé, perdendo-se a oportunidade, ter cruzado a linha-lateral-de-ensaio... entregando a bola à Roménia para um pontapé-de-22.


1º MOMENTO CRÍTICO, 73 minutos, resultado 27-14  — Formação ordenada perdida com penalidade. No alinhamento romeno sequente e dentro da área-de-22 portuguesa, a bola é recuperada, no corredor de 5 metros, por Tadjer que decide, sem qualquer nexo, pontapear a bola em vez de garantir a sua manutenção. Na sequência do movimento, ensaio no meio dos postes, a colocar o resultado em 27-21 e a dar o encorajamento aos romenos para os minutos finais.


2º MOMENTO DECISIVO, 76 minutos, 4 minutos de jogo informa o árbitro, resultado 27-21 — Pontapé de penalidade cerca de 1 metro dentro do meio-campo adversário e a cerca de 20 metros da linha lateral. Com o objectivo principal de manter a posse da bola para ganhar tempo e garantir a vitória, três decisões eram possíveis: tentar aos postes, conquistar terreno para um alinhamento ou jogar a bola com recurso a uma mini-unidade (aqui sim) organizando um  máximo de “apanhar-e-avançar”.

Se a decisão de não chutar aos postes, por ser contra o vento, muito comprido e lateralizado 

(cerca de 48% de probabilidades de sucesso) — embora a certeza de um pontapé a sair pela linha-de-fundo garantiria o gasto de 2 minutos dos sabidos 4’ existentes de jogo e com reposição feita com pontapé-de-22 — se compreende, a manutenção da posse da bola através de uma mini-unidade e consequentes “apanhar-e-avançar” seriam uma boa solução de gasto controlado do tempo. Decidiu-se pelo alinhamento e colocou-se a bola bem dentro da área-de-22 adversária — as condições estavam, embora com um risco maior, conseguidas para controlar o tempo. A decisão, a menos comprometida, mostrara-se capaz no ganho de terreno, havia que, para atingir o objectivo principal, eliminar o risco.


2º MOMENTO CRÍTICO, a 3 minutos do fim, informa o árbitro, resultado em 27-21— Num alinhamento que exigia não correr quaisquer riscos — a melhor solução seria saltador da frente seguido de maul para gastar tempo e pressionar o adversário, espreitando ainda qualquer possível oportunidade. Lançou-se comprido aumentando o risco, falhou-se o alvo e perdeu-se a bola e não se ganhou tempo...


3º MOMENTO CRÍTICO, a 2 minutos do fim, resultado 27-21 — Por erro romeno no manuseamento da bola — e por boa placagem de José Lima — Portugal consegue de novo posição favorável ao ganhar um novo alinhamento e de novo dentro da área-de-22 adversária. O propósito seria o mesmo: captar a bola e, criando um maul, aguentar o tempo necessário, mesmo passando por ruck e recorrendo ao "apanhar-e-avançar" para o jogo acabar. Mas os romenos conseguem a conquista da bola fazendo saltar o 2º homem do alinhamento enquanto que os portugueses saltavam com o 3º homem dando toda a vantagem ao adversário num erro elementar e inadmissível nesta fase do jogo. Pior, os avançados portugueses fizeram falta e com a penalidade entregaram a conquista de terreno de mão beijada aos romenos.


4º MOMENTO CRÍTICO, a 1 minuto do fim, resultado 27-21 — Alinhamento romeno com 5 jogadores a que os portugueses respondem, por visível opção táctica (não colocaram ninguém no corredor de 5 metros o que é falta!) com 2 elementos. Resultado: bola ganha de mão beijada e maul romeno que avançou até conseguir a penalidade — com cartão amarelo — que lhe possibilitasse um penalti-touche com que iria ganhar o jogo por 28-27. 


5º MOMENTO CRÍTICO, início a 3 minutos de jogo e final a 1 minuto do fim do jogo — Cometendo 15 penalidades, a equipa de Portugal mostrou-se novamente muito indisciplinada e foi penalizada com 3 cartões amarelos — mais de 1/3 do jogo em inferioridade numérica — de que resultaram 10 pontos para os romenos (para além dos 6 directamente das penalidades).


Com esta derrota, o caminho pretendido de acesso ao Mundial 2023, complicou-se. Muito.




sexta-feira, 12 de março de 2021

AS POSSIBILIDADES DOS LOBOS SÃO REAIS


Não será fácil a tarefa dos nossos Lobos contra a Roménia neste sábado. Como indicam as contas feitas com base nos pontos do ranking da World Rugby das duas equipas: a vantagem de um ponto dada a Portugal indica o enorme combate com que terão de se confrontar. Mas a lembrança da vitória das Caldas da Rainha de Fevereiro de 2020 dará, com certeza, o ânimo necessário para atingir a importante vitória que manterá assim intactas as perspectivas de apuramento para o Mundial 2023. 

Se as vantagens da história dos jogos entre as duas equipas pertencem à Roménia com as suas 21 vitórias em 25 jogos, os últimos cinco jogos de ambas as equipas no âmbito do Rugby Europe Championship (REC) mostram também vanatagem romena: 40% de quota de sucesso e 56% de quota de pontos marcados contra 20% de quota de sucesso e 43% de quota de pontos marcados do lado português. Mas na capacidade de marcação de ensaios as equipas estão muito próximas com uma curta vantagem de 2 décimas para os romenos. E contas feitas com os pontos do ranking, a vitória é portuguesa por um ponto de avanço! 


Ou seja, como nas Caldas, a vitória é possivel — tanto mais que o bloco de avançados português com um peso de 884 kilos e com a correcção devida das fragilidades mostradas contra a Geórgia não deverá ter problemas para, no mínimo, impedir o domínio adversário. Necessário, para que a vitória aconteça, será o controlo mental das situações de combate pincipalmente no jogo no chão — isto é: disciplina precisa-se! — para que não se entregue de mão-beijada ao adversário qualquer oportunidade que lhe permita folga no resultado.



E que o movimento com a continuidade do apoio, permitindo explorar os corredores laterais em desequilíbio defensivo, faça o resto. Isto é: que nos permita a vantagem do resultado, obrigando os romenos a correr atrás do prejuízo... e sem deixar que qualquer indisciplina lhes proporcione o alimento da sobrevivência.


É claro que nos falta o apoio directo do público, perdendo-se assim algo da vantagem casa — na actual situação, os três jogos em casa da 1ª volta trazem pouca vantagem para Portugal — mas só há uma maneira de enfrentar a situação: atitude ganhadora, não cedendo um palmo, lutando por cada centímetro e aproveitando eficazmente todas as oportunidades... e os gritos de incitamento de cada casa chegarão ao Jamor. 


Numa temporada muito difícil para manter os hábitos competitivos, só uma vontade colectiva coesa e perspectivada nos mesmos objectivos imediatos de cada jogada e nos objectivos estratégicos globais, pode garantir a vitória. Vamos a eles, Lobos! Não é nada que não tenha sido já feito... exige determinação e carácter!


Na 4ª jornada do 6 Nações, dois jogos — não parece a ninguèm que Gales, comandado pelo actual Príncipe de Gales, Alun Wyn Jones, vá ter problemas em Roma, limitando-se a usar o jogo como acerto para Paris — de grande expectativa: Inglaterra-França, no sábado e Escócia-Irlanda no domingo. Dois jogaços! 


Em ambos os jogos se disputam lugares — as equipas de ambos os jogos estão encostadas uma à outra — e, no caso da França, que já pode contar com o formação Dupont, e que disputa a possibilidade de se manter na corrida pela vitória final do 6 Nações que já não vence desde 2010. De acordo com o posicionamento nao ranking de ingleses e franceses, o factor casa atribui a vitória, por 4 pontos que nada significam, à Inglaterra — o Rugby Vision confia mais e atribui 9 pontos para a vitória inglesa. 


O Escócia-Irlanda, num jogo teoricamente muito equilibrado — os 3 pontos e 1 ponto de vitória que se prognosticam garantem todos os condimentos para um grande jogo de combate ao milimetro de terreno: a Escócia está a jogar bem e a Irlanda quer mostrar que nada perdeu das suas capacidades. Uma boa tarde de domingo para acabar o confinamento...


No Championship da Rugby Europe, a Espanha recebe a Geórgia que com o seu 12º lugar no ranking — a Espanha está em 17º — faz figura de favorita (e para Portugal seria bom que o fosse efectivamente) com um prognóstico de vitória por 4 pontos. O que significa que o jogo não tem vencedor antecipado e todos os resultados são possíveis.Aguardemos por domingo.


segunda-feira, 8 de março de 2021

BÓNUS PERDIDO, BÓNUS CEDIDO

Com esta derrota Portugal perdeu um lugar no RWR passando, 
por troca com a Rússia, para o 21º lugar

Com o resultado de 16-22, em cima do apito final, Portugal perdeu um ponto de bónus que merecia e que, neste Rugby Europe Championship que qualifica para o Mundial 2023, pode ser decisivo para as contas finais. Até porque a Roménia, adversário do próximo sábado também em Lisboa, conseguiu contra a Rússia, perdendo, em Sochi, por 18-13, um ponto de bónus.

Esta perda não importa nas contas das diferença de 5 pontos ou de 3 contra a Geórgia uma vez que o mais provável será acontecer o que tem acontecido quase sempre: a Geórgia terminar em primeiro lugar, sendo o Europe 1. Mas pode importar na disputa com as outras três equipas, Espanha, Rússia e Roménia pelo outro lugar de apuramento directo ou pela última hipótese de acesso pela Repescagem.

Olhando para o desenrolar do jogo, Portugal podia tê-lo ganho. Aparentemente sim, podíamos ter vencido a Geórgia — no entanto só nas aparências ou se os deuses nos tivessem protegido. Porquê assim? Porque para vencer a este elevado nível competitivo e para além da necessidade de cumprir os princípios básicos da boa defesa, de garantir os meios de conquista, posse e a boa utilização da bola, nos falta a experiência — essa “madre de todas as cousas” como ensina Duarte Pacheco Pereira — para conseguirmos dar o salto qualitativo que permita impôr uma estratégia que se mostre capaz de utililizar a criatividade como forma adaptativa aos fracos e fortes adversários. E para o cumprimento dessa estratégia não chega a atitude — e os jogadores portugueses, cada um por si, mostraram-na durante boa parte do jogo, começando pelas três excelentes captações aéreas de Rodrigo Marta  — porque é necessário uma coesão colectiva que articule consistência, disciplina, arrojo. E, por isso, só na aparência tivemos o jogo na mão.

Faltou-nos consistência. Como habitualmente no jogo-ao-pé que, como nos habituam os jogos internos do campeonato português, se mostrou sempre mais de alívio — pela desapropriação voluntária da posse da bola numa entrega que nunca criou problemas ao adversário — e que teve a sua imagem mais infeliz nas falhadas tentativas de penalidades aos postes. Mas desde logo, retirando a confiança que era fundamental manter para fazer face aos conhecidos pontos fortes georgianos, a inconsistência ficou clara na formação ordenada onde nunca conseguimos constituir uma unidade capaz de impedir a vantagem adversária — e nesta fase do jogo não basta o equilíbrio — que tínhamos — do somatório dos pesos, mas é essencial o domínio técnico das posições e transmissões — coisa que não mostrámos possuir. E, desta diminuição nas formações ordenadas, resultou a máxima clássica: derrotados na FO, derrotados em todas as fases de combate. E foi isso que aconteceu nos “penalti-touches” que produziram quatro ensaios!

Já no anterior jogo do ano passado em Paris se tinha percebido a boa capacidade do bloco de avançados georgianos em se organizar em “maul” depois da conquista da bola no alinhamento. Também se viu que o facto de não disputarmos a bola não se traduzia em vantagem para a defesa do dinamismo da formação alta georgiana. E assim, tenho alguma dificuldade em perceber a vantagem de continuar com a mesma estratégia: não disputar a bola no alinhamento para procurar ganhar tempo de oposição de forças — o que nem sequer é verdadeiro, porque o trio de conquista da bola, já ciente da falta de oposição, prepara-se mais cedo e sem oposição para constituir a frente do triângulo e tem a entrega de bola, para o seu interior, mais facilitada. Muito bem: vamos admitir que a táctica podia ser experimentada... mas porque não foi alterada quando se percebeu que não resultava?... e assim, se a equipa portuguesa não conseguisse — como não conseguiu — uma vantagem substancial, a possibilidade de vitória era sempre uma aparência. Porque estava sempre dependente de um novo ou novos ensaios assentes numa força que se mostrava imparável e para a qual não mostrámos possuir soluções.

A primeira arma a utilizar para evitar os terríveis “penalti-touches” é constituída por uma evidência: não fazer faltas que permitam penalidades que coloquem alinhamentos próximos da linha-de-ensaio. Ou seja, é preciso disciplina! E não foi isso que se viu. E tal foi a indisciplina que o árbitro suspendeu — coisa que nunca tinha visto num jogo internacional — o capitão, Tomás Appleton, com um “amarelo”... Com o factor indisciplina a dominar os confrontos de combate, a aparência da possível vitória estava sempre dependente da sorte de um pontapé mais desconcentrado e, por isso, mais comprido do que o devido... Mas a segunda, analisada a ineficácia da primeira táctica utilizada, seria a sua alteração disputando as bolas — pelo menos aumentavam-se as possibilidades de evitar uma boa organização do “maul” — e o José Madeira parace ser homem talhado para a tarefa... pelo menos quando aos 50´decidiu disputar uma bola de lançamento adversário... conquistou-a!

Sem arrojo, sem explorar a criatividade de um jogo de movimento em apoio constante onde as nossas capacidades de manuseamento de bola possam ser exploradas, não conseguimos opôr-nos a equipas que fazem da força e da colisão a sua marca. E assim sendo, interrogo-me porque não fez parte da panóplia estratégica do jogo a conquista de terreno a partir das penalidades — que, aliás, já se sabia viriam a ser bastantes desde que houvesse uma pressão rápida — para, alargando o jogo e procurando, com os movimentos adequados, os corredores exteriores, tirando partido da rapidez de passe e de deslocamento das nossas linhas atrasadas. Aliás, das poucas vezes que alargámos o jogo viram-se as dificuldades defensivas georgianas. Onde ficou o arrojo da criatividade tantas vezes louvada?...

Sei bem que os finais de jogo em que se pretende segurar um objectivo — e naquele final o ponto de bónus estava, parecia, no bolso — já não há a clarividência necessária para que a articulação adaptativa da defesa corra da melhor maneira e consiga responder a movimentos estruturados. Talvez tenha sido o cansaço a principal causa da desastrosa defesa colectiva que originou o ultimo ensaio que nos roubou o ponto de bónus — que seria bem merecido, dadas as circunstâncias em que, por efeito da pandemia, o nosso rugby tem navegado. Mas não era precisa (ver foto) tanta desarticulação: jogadores a mais, com os três georgianos já no chão, juntos ao reagrupamento e com o 7 e 8 georgianos já deslocados e colocados para fazerem a jogada como tinham treinado. Pergunta: onde estavam os marcadores desses homens? que estavam a fazer junto do reagrupamento? Aberta a bola, o ensaio estava praticamente garantido — não havia defensores suficientes...Numa ocasião em que se exigia uma rápida capacidade de reorganização adaptativa — a scramble defense — para garantir um prémio mínimo, a desorganização foi a resposta. Por cansaço? talvez...

Se já se tinha visto no jogo de Paris o que valia o penalti-touche georgiano, esperei que tivessemos procurado outro tipo de resposta. Bem como também esperei que a resposta da nossa formação-ordenada se mostrasse mais capaz e acima de tudo que houvesse mais arrojo para deixar a criatividade das nossas linhas atrasadas fluir. Mas... deixámo-nos ficar pelas aparências. E a área do alto-rendimento vive de realidades.

Pelo menos que este jogo nos sirva de aprendizagem e que amplie a experiência dos intervenientes para que se possa usar com propriedade o aforismo de Nelson Mandella que o treinador campeão mundial (2003), Clive Woodward adoptou: Nunca perco, ou ganho ou aprendo!

O 5º ensaio - falta de marcação e atraso na reorganização
defensiva


sexta-feira, 5 de março de 2021

PORTUGAL NÃO É FAVORITO

Portugal estreia-se contra a Geórgia no Rugby Europe Championship (REC) que, com os resultados de 2021 e 2022, irá apurar as duas equipas — Europe 1 e Europe 2 — que se qualificarão directamente para o Mundial de 2023, possibilitando ainda que a terceira classificada possa disputar, com equipas de outros continentes, a Repescagem que atribuirá o último lugar de acesso ao campeonato mundial que se disputará em França.


 A Geórgia é uma equipa bastante forte — 12º lugar do Ranking World Rugby — e apresenta no seu cartão de visita e desde 2000, 14 vitórias neste campeonato europeu. O que é obra e vem levantando alguma celeuma pelo facto do 6 Nações não permitir a troca de equipas, nomeadamente com a Itália.

Feitas contas com os pontos da classificação do ranking de ambas as equipas, o resultado final normal será uma vitória dos georgianos por 14 pontos de diferença — o último encontro entre estas duas equipas teve uma diferença de 15 pontos com um resultado de 39-24 favorável à Geórgia.

Nos últimos jogos efectuados pelas duas equipas, jogos do REC de 2020, 3 jogos da Autumn Nations Cup contra equipas do topo europeu e que resultaram em derrotas duras para a Geórgia e dois jogos contra o Brasil para Portugal, os georgianos apresentam uma vantagem de 6% no sucesso de vitórias e 4% na quota de pontos de jogo. O que demonstra a valia e capacidade deste adversário dos portugueses.


Com idêntica média de idades (26 anos) e com uma compacticidade que se assemelha — os portugueses têm até um bloco de avançados ligeiríssimamente mais pesado do que o georgiano — é no entanto na experiência internacional que surge a grande diferença: 570 internacionalizações georgianas contra 175 portugueses. Factor que, sabe-se, pode pesar nas decisões inerentes ao domínio competitivo.

Portanto Portugal está longe de se apresentar como favorito neste encontro: os georgianos têm um historial de melhores prestações competitivas, têm mais experiência e têm, ao contrário do que acontecia no passado, uma boa capacidade de marcação de ensaios — apesar de terem ficado a zero contra a Inglaterra ou o País de Gales, conseguiram uma média de 4 ensaios por jogo (6 por jogo se contarmos apenas os jogos do REC). 

Mas tendo um bloco de avançados com 6 jogadores com a experiência do jogo dos campeonatos franceses — José Madeira recebeu recentemente 2 estrelas do Midi Olympique — e com um experimentadíssimo formação como Samuel Marques — jogador do PAU do TOP14 e que é também um excelente chutador aos postes — Portugal pode equilibrar o jogo e conseguir um bom resultado. E se dizemos que a vitória é de uma enorme dificuldade, já o garantir a proximidade do resultado em menos de 8 pontos, sendo possível, seria — com o ponto de bónus obtido — o primeiro passo para uma classificação final que nos possibilitasse o acesso ao Mundial 2023. Daí que, seja qual for a marcha do jogo, a aproximação do resultado deve ser um objectivo permanente da resiliência da equipa e que, para além de permitir conquistar 1 ponto de bónus, pode, num momento afortunado, virar o resultado para uma surpresa. Porque, se apertados, os georgianos costumam ser suficientemente indisciplinados para fazerem penalidades úteis para o jogo português. E se os avançados portugueses forem capazes de garantir rapidez de disponibilidades da bola nos reagrupamentos, o serviço de Samuel Marques permitirá às nossas linhas atrasadas, desde que apostadas no jogo de movimento com combinações de apoio permanente que mantenham a continuidade, a possibilidade de surprenderem a defesa georgiana. Veremos — e é aqui que a experiência contará —  se eles estarão pelos ajustes... mas, como é costume dizer-se, tentar não custa.


terça-feira, 2 de março de 2021

UM ADIANTADO É UM ADIANTADO

1. Rees-Zammit tenta controlar a bola que está em contacto com a mão esquerda; 1A. Rees-Zammit continua a tentar controlar a bola aproximando a mão direita da esquerda; 2. A bola escorrega e, nitidamente, não vai para a frente; 2A. também aqui se vê que a bola não vai para frente.
3. visão lateral demonstrativa de que a bola não vai para a frente;  4. A bola toca na barriga da perna de Rees-Zammit; 5. A bate na coxa de Henry Slade que a impulsiona na direcção da sua área de validação; 6. A bola vai entrar em contacto com o solo e o árbitro bem posicionado tem a visão de toda a sequência.

Se no primeiro ensaio galês se pode dizer que o árbitro terá sido precipitado na sua ordem de "Time on!, que dizer dos jogadores ingleses que presumindo que Biggar, o abertura e, na falta de Halfpenny, o habitual chutador, iria fazer uma tentativa aos postes, posicionaram-se — para uma reunião de equipa que apenas tinha por destino o aviso de que estavam a cometer muito faltas — dentro da sua área-de-ensaio criando assim um tempo de paragem e de desfocagem, ignorando a básica verificação do posicionamento dos jogadores galeses e dos gestos do árbitro. Trata-se de um erro tremendo quer de Owen Farrell quer da totalidade da equipa que se esqueceu que estava num jogo e que aquela não seria a melhor altura para estender o ordenado aviso à disciplina aos conselhos tácticos de resposta ao jogo galês. 

Portanto, um primeiro ensaio para Gales facilitado por uma eventual precipitação do árbitro Pascal Gauzére mas, fundamentalmente, por negligência inglesa motivada por uma desconcentração colectiva.

Quanto ao segundo de Liam Williams depois de uma tentativa de controlo da bola por Rees-Zammit e em que a bola é impulsionada pela coxa do centro inglês, Henry Slade, na direcção da área-de-ensaio inglesa não percebo a contestação, porque:

1) Definição, nas Leis do Jogo, de Adiantado: Ocorre quando um jogador portador da bola, impulsionando a bola para a frente com as suas mãos ou braços, a bola toca no chão, num companheiro de equipa ou num adversário antes de ser de novo controlada pelo portador inicial.

2) Rees-Zammit na sua tentativa de controlo da bola não larga a bola para a frente — a bola, batendo na sua barriga da perna, vai ainda mais para trás para encontrar a coxa do centro inglês, Henry Slade;

3) Ao impulsionar com a sua coxa — e eventualmente com o joelho — a bola na direcção da sua área-de-ensaio, Henry Slade retira qualquer possibilidade de que seja considerado adiantado galês. Porque a bola veio, de Rees-Zammit, para trás como é visível nas imagens, bateu em Henry Slade e foi apanhada por Liam Williams que correu para marcar ensaio embora ainda placado por Owen Farrell. 

4) O árbitro, bem colocado como se pode ver na figura 6, desde logo que não considerou qualquer adiantado. Por razões de "segurança" que, aliás, são recomendadas — o auxiliar só pode intervir para alterar uma decisão do árbitro por apenas duas razões: jogo desleal ou porque a bola saiu do campo — não assinalou o ensaio de imediato para ouvir a opinião do auxiliar que, aqui sim, interrogado, pode dizer qual a sua opinião. Que, aliás foi, como se viu nas imagens televisivas, que nada obstava a que fosse marcado ensaio favorável ao País de Gales.  

Ensaio claro como água e que só é motivo de contestação porque, por um lado, o percurso da bola fugiu daquilo que é habitual ver-se com tabela aqui, tabela ali e ressalto final a ajudar e, por outro, porque houve quem se metesse no assunto sem a clareza devida.

O pior dos intrometidos terá sido o "patrão" dos árbitros da World Rugby, o francês Joel Jutge, que, em vez de estar calado como lhe competia, resolveu meter-se no assunto da pior maneira ao vir publicamente dizer que Gauzére tinha, em conversa telefónica reconhecido os seus erros. E resolveu elaborar sobre o elevado recurso ao TMO quando as decisões do que é visível devem ser tomadas pela visão do árbitro. E explicou com esta pérola:"A bola não foi controlada pelo ponta galês e caiu para a frente sobre a sua coxa [...] Mas a realidade é que se ele tivesse apitado adiantado por essa acção, ninguém teria nada a dizer... [...] houve um erda de controlo, a bola caiu para a frente, portanto é um adiantado" e remata trazendo à colação a sua certeza: "Pascal reviu a situação domingo de manhã e é o primeiro a reconhecê-lo" não sem acrescentar que o implicado continua a ser um árbitro de grande categoria internacional. 

Muita explicação — esta é uma das vezes em que o silêncio é de ouro até porque a coxa é de um inglês — com base numa bola que não caiu para a frente — como o árbitro e a sua equipa viram —e onde, portanto, não houve adiantado. E não é esta a primeira vez que o sr. Jutje vem a terreiro lançar mais confusão do que aquela que os adeptos —na natureza da sua visão muito própria — lançam no final de cada jogo.

E no fundo e de facto, o jogo Gales-Inglaterra valeu muito mais do que as duas situações que parece pretender-se transformar nas razões da vitória de uma e da derrota de outra das equipas.  

 

  

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