segunda-feira, 28 de setembro de 2020

BOM SENSO SE FAZEM O FAVOR

NA ACTUAL SITUAÇÃO PANDÉMICA FOI ORDENADA A PROIBIÇÃO DE ASSISTENTES NOS JOGOS DE RUGBY - CUMPRA-SE!

A decisão de impedir a presença de espectadores - por muito que nos desagrade - tem objectivas razões de ser: impedir o aumento de risco que as aglomerações podem provocar. E se, em princípio, aqueles que estão doentes não andam na rua, o mesmo não se pode dizer desse inimigo público nº1 que são os assintomáticos. Ou sejam o contacto com infectados não é uma ilusão, pode acontecer em qualquer altura e local. E o COVID-19 pode ser transmitido.


Portanto a proibição de haver assistentes a um jogo de rugby tem razões de saúde pública... e não vale a pena conjecturar com opiniões disto e daquilo. Está, cuidadosamente, estabelecido assim!


E cuidadosamente porquê? Porque a região de Lisboa, aquela com o mais elevado número de infectados das 7 regiões do país, teve um aumento de 26 323 infectados desde 1 de Junho até hoje e a cidade de Lisboa, onde estão localizados 7 dos clubes que disputam a Divisão de Honra, tem, dentro das mesmas datas, um aumento de 4 070 infectados, sendo também o mais elevado número do país. O que significa que o ambiente que nos envolve na quase totalidade de 3 Grupos da Divisão de Honra é de risco, obrigando a que todo o cuidado seja pouco. Ainda por cima quando não existem indicadores que garantam que não vai haver aumento de infectados ou que o seu controlo é efectivo.


Portanto e ponto 1: o desporto não deve - não pode! - ser elemento criador de novos focos infecciosos.


Por outro lado e decidido que não haveria assistências aos jogos de Rugby, permitir que haja assistentes representa uma irresponsabilidade e uma completa falta de solidariedade para com os restantes clubes e a própria federação de que fazem parte. Ignorando a equidade que deve presidir ao Desporto, os clubes que permitem que os seus adeptos ocupem as bancadas estão a lesar o Rugby. Porque, no caso da existência de algum foco motivado por estes desleixos ou irresponsabilidades, a credibilidade do Rugby português irá água-abaixo.


A direcção da Federação criou os instrumentos que, apoiados no entendimento de especialistas, permitem detectar a infecção em jogadores e nos colaboradores directos das equipas, eliminando assim o risco para os jogadores que se confrontam dentro do campo e permitindo que o Rugby continue, mostrando-se à generalidade do público como modalidade responsável. Mas fez mais: permite, com as transmissões em directo que organiza, que se assista à totalidade dos jogos - por isso não faz sentido esta “necessidade” de estar no campo como se nada se passasse. Estamos em situação pandémica e como Camões escreveu há séculos: outro valor mais alto se alevanta


Portanto e ponto 2: comportemo-nos como tal.


Estragar este esforço por falta de noção da situação e deitando ao lixo a respeitabilidade que se tem procurado demonstrar é de enorme irresponsabilidade e terá consequências graves.


Pede-se, portanto, sentido de dever e bom senso.


 

ESTATÍSTICAS JÁ!

No mesmo dia em que se disputaram as  meias-finais da Champions Cup, começou o Campeonato Nacional da Divisão de Honra 2020/2021. Desta vez e por adaptação à pandemia com 4 Grupos de 3 equipas agrupadas de acordo com a sua região e proximidade. 

E o começo fez-se - utilizando os testes previstos - sem qualquer nota de algum jogador infectado. Mas, estando determinado que os jogos se fariam sem público presente, houve quem, nomeadamente no estadio do Técnico e numa evidente e abusiva manifestação anti-desportiva, não cumprisse a lei. E com atitudes destas será o Rugby que tanto se diz defender, que será o maior prejudicado em termos da sua imagem e respeitabilidade. Porque uma norma inultrapassável no domínio do Desporto é a equidade! Que é votada ao desprezo quando não se cumprem as regras comummente aceites...


Tudo visto pela televisão, houve, desde logo e para além das diferenças técnico-tácticas, uma enorme demonstração da qualidade que nos separa: eles têm estatísticas de todo o tipo e nós não temos nada!


Estas estatísticas que se apresentam nos quadros acima e abaixo e que - muito embora só tenha utilizado parte dos dados disponíveis e que são facilmente obtidos em qualquer jogo - permitem um melhor conhecimento das questões do onde e como se venceram os jogos. 


E permitem fazer comparações… que serão ampliadas se forem apresentados outros valores que, embora de maior dificuldade de construção (hoje existem programas informáticos que tratam desse assunto…) permitem uma maior visão e comparação das características de cada jogo.

Em Portugal continua a haver uma enorme ignorância quantitativa dos jogos que são disputados - e importa conhecer esses aspectos quantitativos na Divisão de Honra para poder estabelecer as necessárias comparações ao 

nível internacional e perceber qual a relação de hábitos dos nossos jogadores com os adversários de outros países.


Tendo agora, por exigência da pandemia, transmitido por filmagem vídeo e pela primeira vez na nossa história federativa, temos fácil acesso á contagem das acções e é portanto uma boa oportunidade para dar início - com publicação no site oficial e junto aos resultados de cada jogo - a um esclarecido conjunto de elementos estatísticos que caracterizam o jogo. Para sabermos daquilo que estamos a tratar.


Neste momento o único resultado, como se pode ver na tabela publicada abaixo, é o de classificar as equipas numa mesma tabela para, mais tarde e à vista da classificação da fase final, retirar ilações sobre o equilíbrio competitivo que este modelo representa. Ordenadas as equipas pelos pontos que conseguiram, não podemos perceber ou discutir o que os motiva.

Com os dados disponíveis pouco mais se pode retirar de um jogo

E continuamos sem saber quantas formações-ordenadas, alinhamentos e penalidades se realizam em média nos jogos de rugby portugueses. Menos ainda saberemos de quantos rucks ou mauls, placagens, ultrapassagens de linha-da-vantagem, rupturas, pontapés de 22, etc. etc. que compõe o Rugby português. Ou seja, não nos podemos comparar e saber o suficiente para incidir a preparação das equipas e da selecção nacional nos pontos de distância. Tão pouco poderemos realizar objectivas melhorias internas para aproximar as equipas umas das outras, quer pela melhor preparação quer pela criação de estratégias de oposição ou exploração, tornando o nosso jogo mais interessante e motivante.


Agora, com o acesso aos vídeos de cada jogo, é absolutamente necessário produzir as estatísticas que nos permitam saber onde estamos e para onde teremos de ir...

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

COMEÇA HOJE A DIVISÃO DE HONRA 2020/2021


Começa hoje o Campeonato Nacional 2020/2021 da Divisão de Honra de Rugby. Modalidade de óbvio alto risco de transmissão infecciosa, o rugby só pode ser jogado com uma cuidada organização de ambiente sanitário que não é fácil de implementar e que exige comportamentos dos directamente envolvidos muito rigorosos. E tratando-se de uma modalidade de cariz amador, não sendo, portanto, possível a criação - à semelhança dos profissionais - de bolhas protectoras que evitem contactos entre a realização dos testes e o início de cada jogo, a garantia de total protecção não é possível. Sendo assim pode perguntar-se: porquê então correr tantos riscos?


O jogo de rugby que conhecemos, o que é de alto risco, só será jogado pelos seniores dos principais clubes - para os outros haverá uma das diversas variantes possíveis de menor ou quase nenhum risco - por uma razão: existem compromissos internacionais - o primeiro jogo internacional será a 15 de Novembro contra a Espanha, em Madrid - que obrigam a preparar adequadamente uma selecção nacional. Aliás saiba-se que a selecção espanhola tem estado em estágio tipo bolha e que irá realizar dois testes com o Uruguai antes do confronto com a nossa equipa nacional.


Para poderem jogar os jogadores serão testados por PCR até 48 horas antes dos jogos a disputar e recorrerão a testes rápidos antigénio pouco tempo antes de cada jogo. Isto é o que de momento se pode fazer - sem testes rápidos o desporto amador aumenta o seu factor de risco - mas, mesmo assim, não estou muito optimista.


Primeiro porque, disse-o hoje a drª Raquel Guiomar na habitual conferência de imprensa da Direcção-Geral de Saúde sobre o actual estado do país frente ao COVID-19, os testes rápidos antigénio ainda estão em exame para se saber da sua fiabilidade. Principalmente, ao que percebi, porque têm dificuldades no reconhecimento quando lidam com o inimigo público nº1 que são os assintomáticos. O que significa que a garantia sanitária para os jogadores séniores pode não ser suficientemente elevada. Depois porque, sendo amadores, os jogadores têm a sua vida própria que os pode obrigar a contactos não controlados e... podem, mesmo sem o saberem, ficar infectados...


Ou seja, ficaria mais descansado se o campeonato se iniciasse apenas quando a Direcção-Geral de Saúde considerasse que os testes rápidos antigénio corresponderiam às necessidades.


No entanto e dados os factos, que haja a sorte necessária à protecção dos que entrarão em campo. Mas, nestas circunstâncias, que vai ser preciso sorte, vai. Basta lembrar o quotidiano de infectados...


Independentemente das consequências e olhando numa perspectiva optimista, a Federação esteve muito bem e uma vez que os jogos se desenrolarão sem público espectador, em possibilitar através da sua televisão - RugbyTV - a visão generalizada da totalidade dos jogos da Divisão de Honra ( clicar aqui. http://www.fpr.pt/news-detail/10066699/ ). E uma vez que existirão vídeos de todos os jogos seria bom que fossem para iniciar uma base de dados estatística que nos permitisse conhecer mais profundamente as características do jogo português ao seu melhor nível.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

NORTE-SUL: UMA LIÇÃO DE MOVIMENTO

Pudemo-nos perguntar vezes sem conta como ganhou o Sul (38-35) este admirável jogo de movimento no retorno do clássico Norte-Sul neozelandês.

Olhando para o quadro acima e apenas com uma diferença de 4% de Capacidade Competitiva, também se percebe a proximidade do resultado - tão próximo que virou apenas no último segundo do jogo num pontapé cruzado do recém entrado Josh Ioane com uma soberba captação aérea do ponta Will Jordan.

As duas equipas estiveram muito equilibradas — os mesmos três pontos de diferença para o Sul ao intervalo reproduziram-se no final — e produziram momentos de alto nível rugbístico - tecnicamente muito bom, tacticamente muito inteligente e sempre com uma notável atitude competitiva.


Embora a vitória fosse conseguida apenas no último segundo da partida, o Sul, como se pode ver pelo domínio exercido na posse, quota de bolas e na ocupação territorial que lhe permitiu uma ligeiramente superior capacidade competitiva, venceu com o mérito de nunca ter desistido.

Mas não foi nada fácil esta vitória arrancada a ferros e o Norte com mais metros percorridos — 590 contra 413 —  com mais rupturas de linha defensiva — 25 contra 9 — teve provavelmente na indisciplina das suas 21 penalidades concedidas — contra 9 do Sul — o factor de desperdício que somado, para  um praticamente mesmo número de passes efectuados —140 contra 137 do Sul — ao menor número de reagrupamentos ganhos — 64 contra 81 — terá motivado a ineficácia do controlo necessário. 

Independentemente de todos estes números que, muitas vezes, escondem bem os seus segredos e nos deixam a matutar sobre a real explicação da razão de um resultado, este jogo mostrou-nos de novo a espectacularidade e emoção da dimensão do "jogo de movimento", onde podemos ver diversas situações  com a manobra a superiorizar-se à colisão.

[Nota: por mera distracção este post não foi colocado na data devida. As minhas desculpas pelo atraso]

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

ANALISAR, COMPREENDER E AGIR

Os testes RT-PCR só deverão ser substituídos por  outros que garantam o mesmo grau de fiabilidade na determinação de infectados.
Pouco importa o que, irresponsavelmente, se diz sobre a obrigatoriedade ou não da realização de testes, ou das proposta de alteração por outro tipo de testes que não tenham ainda uma garantia de fiabilidade das autoridades sanitárias para o objectivo pretendido de determinar quem está ou não está infectado, independentemente de mostrar ou não sintomas. Porque esta é a questão em causa: evitar que uma modalidade desportiva, neste caso o Rugby, se transforme num foco de infecção. O que representa uma enorme responsabilidade.

A decisão neste domínio pandémico e para o Rugby - que é de facto uma modalidade de Alto Risco, mesmo a mais arriscada de todas as colectivas que jogamos em Portugal - resume-se a esta simplicidade: para ser jogado na sua expressão reconhecida e que corresponde ao definido nas Leis do Jogo, o Rugby exige que a totalidade dos elementos que formam as suas equipas - incluindo todos os agentes - tenham sido previamente testados e verifiquem os cuidados necessários e suficientes nos contactos que possam ter durante o período entre a realização do teste e o início do jogo. Se estes passos não puderem ou não forem dados e controlados, o jogo só pode ser realizado na forma adaptada (ver aqui). E não há alternativa! É uma ou outra das formas de acordo com as exigências sanitárias correspondentes a um risco máximo ou a um risco mais baixo.

Porque não há argumentos que se mostrem capazes de derrotar este princípio essencial: 
A PESSOA E A SAÚDE ESTÃO PRIMEIRO; O JOGADOR E O RUGBY ESTÃO DEPOIS.

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

MORRER DA CURA OU MORRER DE INCÚRIA?

A pandemia do COVID-19 colocou o Desporto numa terrível situação. Não só o português mas o mundial. No entanto por cá, com a pouquíssima cultura desportiva que nos caracteriza, a situação, sendo muito má, tende a ser pior.

Como recuperaremos? Como manteremos a atractividade para chamar os mais novos? Como garantiremos, com uma formação desportiva para a qual não surgem ideias de desenvolvimento, a continuidade e substituição dos que, nos próximos anos, irão deixar de ser atletas? Como, finalmente, perceberemos que o Desporto não é um mero entretenimento — excepto para os seus espectadores —mas é, isso sim, uma actividade com responsabilidades competitivas e sociais, que se afirma integrador e meritocrático e que tem, na sua base, critérios científicos e inovadores posteriormente transmissíveis e aplicáveis às mais diversas actividades.

Contudo, para que a sua prática, pelos tempos desajustados que atravessamos, não se transforme num foco de infecções provocado pela proximidade que no Desporto é usual e que no Rugby é uma constante do seu movimento, é fulcral a existência de regras e acções que minorem os riscos. Que devem ter, porque se trata, na sua essência, de uma questão de saúde pública, como seu princípio norteador o conceito: a pessoa primeiro, o jogador segundo; a saúde como prioridade, o desporto, o Rugby, depois.

A Direcção-Geral de Saúde, cumprindo as suas obrigações — embora pecando por tardia — produziu a Orientação 036/2020 com a qual pretende impedir a criação de focos infecciosos no interior das competições desportivas que possam transformar-se num foco comunitário infeccioso.

Estabelece assim o ponto 18 da sua Orientação:
18. As federações e os clubes considerarão a realização de testes laboratoriais para SARS-CoV-2 aos praticantes das modalidades desportivas , de acordo com a estratificação do risco da modalidade desportiva (Anexo 2 e 3), da situação epidemiológica a nível regional e local, e dos recursos disponíveis.

E fácil é perceber, lendo o documento, que o Rugby tendo —e bem! — sido qualificado como Risco Alto, a sua prática competitiva habitual, como se retira da interpretação do ponto transcrito, estaria sujeita e com carácter de obrigatoriedade, à realização de testes nas 48 horas anteriores a cada jogo.

Por razões que provavelmente dirão respeito aos problemas que a realização dos testes pode trazer — custo e número semanalmente elevados —surgiu, por parte da Secretaria de Estado da Juventude e Desporto, uma comunicação, tida por resumo que visa realçar alguns aspectos, que mais não é do que a permissão para uma diferente e mais suave interpretação — o que não significa, infelizmente, mais justa. Reza assim o seu ponto 2:
2. A realização de testes para diagnóstico do COVID-19 poderá ser considerada pelas federações e clubes, sendo que, para este efeito, a DGS enquadra critérios com o objectivo de os auxiliar na decisão de realizar ou não na realização ou não dos referidos testes.

Repare-se na ambiguidade introduzida pelo poderá ser considerada que, uma óbvia transformação de sentido, permite transportar a decisão da realização dos testes para as federações desportivas. Analogamente seria como se fosse a capacidade descrIcionária das federações que determinasse a realização de testes antidopagem...

Ou seja, de um ponto que se entendia como obrigatório, passou-se para uma responsabilização federativa que ficará com o busílis de uma decisão para a qual não têm preparação ou capacidade. E, espanto dos espantos, as federações poderão decidir não realizar qualquer teste.

E porque é que esta decisão é grave?


Porque existem uns designados por assintomáticos —os infectados invisíveis — que se estima quantificarem 40% do número de infectados activos e que só têm os testes como forma de detecção. Portanto e sem testes, qualquer jogador, treinador, árbitro, director, pessoal médico, administrativo, ajudante, apanha-bolas ou qualquer outro agente que tenha um qualquer papel na organização do jogo pode tornar-se num transmissor que iniciará um foco infeccioso que, num ápice, se espalhará por familiares, amigos e conhecidos dos jogadores. E a modalidade a cair num absoluto descrédito...

Os assintomáticos, os infectados invisíveis, desconhecedores portadores de vírus, são o inimigo público nº1 da estrutura social desportiva. E constituem a principal razão para que existam testes — se os membros dos clubes forem suficientemente responsáveis, não será dos infectados que virá o perigo, porque esses, saber-se-ão quem são. Porque têm febre, tosse ou problemas respiratórios. O perigo vem daqueles de que se desconhece a infecção, os assintomáticos, os que não têm sintomas — e não têm mesmo! E não sabendo nada do seu estado, não terão, naturalmente, quaisquer responsabilidades no que possa, infecciosamente, suceder.

Recentemente o americano Centers for Desease Control and Prevention (CDC) veio a terreiro e nitidamente em favor de um qualquer interesse, afirmar da não necessidade de proceder a testes a pessoas sem sintomas. Agora, duas personalidades de renome, Harold Varmus e Ravij Shah, vieram, no New York Times, desmontar a farsa. E escreveram, referindo-se aos assintomáticos: "[…] este grupo representa quer a maior ameaça ao controlo da pandemia quer a maior oportunidade para acabar com ela.Ler texto completo aqui

E porque afirmam isto? Porque fazendo testes é possível determinar quem é portador do vírus, independentemente da existência de sintomas e assim controlar os seus contactos e impedir a construção de focos, permitindo quebrar cadeias e eliminar sequências. No Desporto, fazer testes significa garantir o controlo sobre a pandemia, dando confiança aos atletas para a sua prática competitiva plena.

No texto que publiquei anteriormente, propus uma série de alterações ao nosso jogo tradicional. No quadro determinado pela DGS essas alterações permitiriam descer o nível do risco, passando para o nível do Médio Risco. Mas continuaria a haver risco porque: 1.º Os testes aleatórios preconizados não garantiriam, pelo número reduzido de jogadores testados, segurança total; 2.º As 48 horas de intervalo entre a realização do teste e o início do jogo — embora necessárias pelo tempo de determinação dos resultados — permitem contactos que se podem traduzir em infecções e as tomadas de temperatura antes do jogo ou os termos de responsabilidade ignoram, pura e simplesmente, os novos assintomáticos. Que são, repete-se, o inimigo público do controlo da pandemia. Ou seja, fica-se entregue à sorte da casualidade...

Portanto, aquilo que defendo — essencialmente e na actual situação para os clubes que frequentam a divisão principal — e embora também sem total segurança pelo necessário intervalo alargado mas diminuindo claramente os riscos se houver da parte dos agentes e actores uma responsabilidade comportamental acrescida  — é a existência do jogo como preconizo no anterior post com testes realizados nas 48 horas anteriores — detectando infectados quer com ligeiros sintomas quer sem sintomas.

Mas, para que o jogo de Rugby possa, mesmo com alterações que diminuem o seu risco de contacto face-a-face, ser jogado de uma forma competitiva que possa garantir uma preparação que permita a presença com a qualidade necessária nos jogos internacionais que se realizarão numa altura ainda a determinar, a realização global de testes é decisiva.

É preciso que existam testes para que o Desporto —e  não só o Rugby — possa singrar e manter a visão da sua existência, mantendo o seu nível de atractividade suficientemente elevado para chamar a atenção. Mostrando-se como uma marca e como um campo de esperança!

Mas para que tudo isto seja possível, para que o Desporto seja um domínio seguro de competição é necessária o apoio de uma comparticipação estatal no actual custo dos testes. Até que surjam os testes rápidos e de custo acessível.

Muito se tem falado, pelas restrições que têm sido impostas, da possibilidade de morrer da cura. É verdade, se não houver as atenções necessárias os cuidados podem transformar-se em duras maleitas. Mas talvez seja ainda mais importante cuidar de não morrer de incúria. Porque no dilema que se nos apresenta de testes ou não testes, melhor é morrer da cura porque menos provável, do que morrer de incúria.

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