sexta-feira, 28 de junho de 2019

TAMANHO NÃO É PROBLEMA

Foto de Luis Cabelo
É um facto: a portuguesa Antónia Martins faz metade da jogadora sueca.

Mas quem disse que era preciso ser grande para jogar bem Rugby?

A equipa da Antónia — a selecção portuguesa feminina de Sevens — ganhou, no recente Trophy disputado no Jamor, por 43-0, marcando 7 ensaios, dois dos quais pela própria Antónia.

Acima de tudo, para se jogar Rugby é preciso ter conhecimento táctico do jogo, capacidades para execução eficaz das técnicas que o jogo exige e condições físicas que, combinadas, estabeleçam, no mínimo, o equilíbrio com as adversárias. E a Antónia, dominando, os três factores é uma óptima jogadora que demonstra à saciedade que tamanho não é problema

quarta-feira, 26 de junho de 2019

ADAPTAÇÃO AO MUNDO DOS SEVENS

“Treina-se como se joga” é o aforismo que os treinadores utilizam para balizarem os procedimentos de treino das suas equipas e que determinam a metodologia que deve estar directamente relacionada com a forma da competição. Ou seja: que tem que haver, durante os tempos de treino uma adaptação às necessidades da competição que são estabelecidas pela recolha de dados que o jogo determina. Daí a importância do conhecimento dos horários e sequências de jogos bem como das estatísticas para que se possa responder ao padrão de uma determinada competição: que intervalo entre jogos quanto tempo útil de jogo, quantas formações-ordenadas, quantos alinhamentos, quantas placagens, quantos pontapés, etc. etc.? E também perceber quais os momentos críticos de uma competição.

No RE Womens Trophy realizado em Lisboa no passado fim-de-semana, a selecção portuguesa feminina teve 4 vitórias e 2 derrotas com 23 ensaios marcados e 3 sofridos numa quota de pontos marcados de 87%. Mas no final, apesar destes bons resultados quedou-se — embora subindo dois lugares em relação à 1ª etapa — em 5º lugar. E porquê este 5º lugar? Porque foi derrotada no jogo errado - o primeiro jogo do segundo dia da competição, perdendo por 7-0 com a República Checa. Na classificação final do somatório das duas etapas, a selecção feminina de Portugal classificou-se, com 20 pontos, no 6º lugar. Com esta classificação a equipa portuguesa não conseguiu subir à Championship da próxima época e ficou fora do acesso ao apuramento olímpico. Mas as suas prestações foram interessantes e promissoras, necessitando de melhor adaptação à competição para obter os resultados necessários à subida.

A selecção masculina, no RE Sevens Championship de Moscovo classificou- se em 7º lugar, cumprindo o objectivo de apuramento para a Qualificação Olímpica que se realiza no segundo fim‑de‑semana de Julho, conseguindo também 4 vitórias e 2 derrotas, mas marcando 18 ensaios para  20 sofridos. E com uma derrota estrondosa — e pouco aceitável — no também primeiro jogo do segundo dia, perdendo com a Alemanha por 45-0.

Parece portanto existir uma óbvia falha na adaptação de qualquer das equipas demonstrada nas duas derrotas no primeiro jogo do segundo dia. Isto é, @s jogador@s portugues@s não estão preparad@s para estar nas melhores condições atléticas e psicológicas no jogo de horário matinal — aquele que define o grupo de classificação final — do segundo dia da competição depois do desgaste de três jogos do primeiro dia.

Não sendo um problema específico português — muitas equipas já passaram por ele — existem soluções que provaram a sua eficácia para garantir que “jogar como se treina” significa jogar ao melhor nível possível. Dois dias seguidos com treinos matinais — 9:00 horas* — com grande intensidade e placagem real incluída,  resultou com outras equipas. Aplique-se!
E comece a pensar-se que o planeamento do Sevens deve ser quadrienal, garantindo assim que a acumulação de hábitos e adaptações conseguidas pel@s jogador@s tem utilidade, sem esquecer os mundiais, para os apuramentos olímpicos vindouros.

[* No meu temoo de jogador e quando Pedro Cabrita era treinador da selecção nacional tive muitos treinos às 6 e meia da manhã na “estância de madeiras” - campo do SL Benfica no Campo Grande. Embora o horário dos treinos se devesse a questões de ordem logística, o facto facilitou a adaptação aos jogos do campeonato nacional de clubes que eram, então, pelas 11 da manhã...]

sábado, 15 de junho de 2019

FINALMENTE O RETORNO AO RE CHAMPIONSHIP

Finalmente o rugby português retorna ao Rugby Europe Championship e junta-se à Geórgia, Espanha, Roménia, Rússia e Bélgica.

Tendo só um site alemão para ver a evolução do resultado — a incompetência dos senhores alemães para garantirem uma transmissão decente foi absoluta (quando se via a câmara estava fixa e, quando mexia, blocava e não se via mais) — a aproximação dos minutos finais andou próxima do susto e do roer de unhas. Mas, para grande alívio, tudo acabou numa diferença de 5 pontos com quatro ensaios para cada lado. E se a previsão do resultado dava a vitória portuguesa por uma diferença de 3 pontos — mostrando, apesar da pouca fiabilidade, que o jogo ia ser cerrado — o resultado ao intervalo com 14 pontos favoráveis propunha uma perspectiva optimista que a permissão de dois ensaios no intervalo de cinco minutos e numa altura que estávamos em inferioridade numérica por amarelo a Bruno Rocha a que se juntou, aos 75 minutos, Duarte Diniz, ia deitando abaixo. E sem ver o jogo, sem perceber que domínio se estabelecia, que controlo se impunha, a coisa parecia feia.

Felizmente tudo acabou bem e — FINALMENTE! — retornámos ao lugar que deve ser o do rugby português.

O que vai exigir um outro olhar de clubes e responsáveis e uma outra responsabilidade competitiva onde os valores e princípios da Competição Desportiva se devem sobrepor aos interesses de cada um e possam impedir tomadas de decisão que não tenham como principal objectivo garantir a maior capacidade e eficácia à selecção nacional principal. Para que o caminho seja o do desenvolvimento qualitativo que, com os olhos postos na competitividade internacional,  nos permita sonhar com a hipótese de presença no Mundial 2023, em França.

Para já, gozemos a subida!

sexta-feira, 14 de junho de 2019

UMA VITÓRIA SE FAZEM O FAVOR


De acordo com o posicionamento e a pontuação do Ranking da World Rugby, Portugal, como se pode ver no quadro acima, é, apesar do jogo ser em Frankfurt, favorito. Vencerá por 3 pontos de diferença diz a previsão.
No entanto esta previsão baseia-se em dados que não são fiáveis. No início deste ano Portugal tinha 57,08 pontos de ranking e estava em posição inferior à Alemanha que somava 57,83 pontos de ranking. Seis meses depois e disputados 5 jogos em diferentes categorias a Alemanha, que jogou o Championship (6 Nações B), sendo derrotada em todos os jogos e perdendo 2,04 pontos de ranking terminou na 28.ª posição com um total de 55,79 pontos. Portugal, pelo seu lado e com as cinco vitórias conseguidas no Trophy (6 Nações C), ampliou a sua soma em 3,42 pontos para se colocar no 23.º lugar com um total de 60,50 pontos, ultrapassando assim os alemães em cinco lugares.
Mas existe um porém... Tudo seria formidável se falássemos de adversários de nível semelhante, mas não, não existe qualquer comparação entre os adversários do grupo B e do grupo C, significando assim que a vantagem dada a Portugal não existe. É fictícia e apenas resultado das regras gerais que formatam o ranking.
Para o jogo deste sábado a equipa alemã apresenta, nos seus 23 convocados, nove jogadores diferentes dos utilizados no jogo contra a Espanha que perdeu, em Colónia, por 33-10. Melhor ou pior? 
A incapacidade alemã perante os adversários do grupo ficou definida no número de 28 ensaios sofridos para apenas 7 conseguidos, compondo o baixo índice de quota de pontos marcados de 26%. Jogando onde joga Portugal apresenta números muito superiores: 39 ensaios marcados para 4 sofridos para uma quota de pontos marcados de 90%. Quer isto dizer alguma superioridade?
Servirá esta aparente diferença de capacidades da ilusão fria dos números estatísticos para impôr o jogo português no mais importante jogo internacional da época e garantir a necessária eficácia que possibilite o acesso de Portugal à divisão superior? Esperando que assim seja, que não nos falhe o combate — principalmente no chão sem faltas e a possibilitar bolas rápidas.

A distribuição por clubes dos 23 seleccionados e do XV inicial para o jogo contra a Alemanha

quinta-feira, 13 de junho de 2019

NÃO HÁ RESULTADOS SEM EXPERIÊNCIA

Foto FPR
A selecção nacional feminina de sevens conseguiu, nos seis jogos disputados da 1.ª etapa do 2019 Women Sevens Trophy Series de Budapeste, quatro vitórias. Mas não ultrapassou o 7.º lugar... Ou seja, mesmo conseguindo uma percentagem de sucesso de 67% a classificação obtida dificilmente permitirá — mesmo com a 2.ª etapa a disputar em Lisboa — a subida ao Womens Grand Prix Series do próximo ano ou o desejado apuramento olímpico que obrigaria, para acesso à qualificação europeia, a garantir o primeiro ou segundo lugares no final deste Trophy Series.

E que lições pode o rugby português retirar deste resultado?

A equipa mostrou boas capacidades, jogando um sevens vertical, atacando a defesa para a concentrar ou utilizar os intervalos com a constante intenção de, no mínimo, ultrapassar a linha de vantagem, mantendo a posse da bola em passes curtos permitidos pela muito atempada convergência do apoio, numa demonstração de bom conhecimento das questões tácticas que se colocam ao jogo. E marcou, numa média superior a 4 por jogo, 25 ensaios! E a equipa, pelo que jogou, não merecia esta classificação de 7.º lugar. Então o que falhou?

Falhou o rugby português que não mostra preocupações efectivas de adaptação ao programa internacional, não dando às jogadoras as necessárias condições de adaptação e experiência.

Em Portugal jogam-se os sevens femininos em torneios de um só dia, o Trophy ou o GPS jogam-se em dois com a agravante de o jogo que acaba por definir o grupo de classificação final — quatro primeiros, de 5.º a 8.º, de 9.º a 12.º — ser o primeiro encontro do segundo dia e que é realizado de manhã. E têm as jogadoras portuguesas hábitos competitivos que lhes permitam encarar este modo de competição com natural à-vontade? Não, não têm! E não há resultados sem adaptação e ajuste às competições que se vão disputar. Tão pouco sem experiência.

Mas, para pioria da situação, há ainda o juntar à competição interna de Sevens uma competição de Tens, essa coisa que não é nem carne, nem peixe e que em nada ajuda ao desenvolvimento competitivo do rugby feminino português — as provas internacionais são de sete ou de quinze, não de dez... De facto, ao reduzir em 300m2 a área por jogadora, transforma-se este Tens num “sevens menos intenso” que, só por ignorância, pode ser dado como preparador do acesso ao “quinze” — porque lhe falta a essência da aproximação a duas unidades essenciais e que se mostram fulcrais no moderno jogo a quinze: a terceira-linha e o três-de-trás.

Portanto dois aspectos se mostram absolutamente de alteração necessária em todo o processo de acesso internacional do rugby feminino português: a adaptação da competição interna, aproximando-a do modelo internacional*, a que se deve juntar a participação em provas externas de dois dias; o acabar com os torneios de Tens pelo menos para as melhores equipas onde jogam as potenciais internacionais portuguesas.

A esta reorganização táctica deve juntar-se uma visão estratégica que permita a adequada preparação para possível acesso às competições marcantes do panorama internacional: campeonatos do mundo e Jogos Olímpicos. 

Assim, a escolha de jogadoras deve ser feita em tempo útil que possibilite a preparação também em tempo útil para os ciclos mundiais e olímpicos, garantindo um tempo disponível para permanência na equipa ajustado e evitando, tanto quanto possível, a transformação por mudanças do núcleo central das equipas em contra-ciclo.

A actual equipa, embora e naturalmente com falta de experiência, mostrou qualidades para uma boa participação internacional. Com o mundial daqui a 2 anos (2022) e o Jogos de Paris em 2024, bom seria que a generalidade dos responsáveis do rugby português mostrassem saber planear atempadamente e com uma eficaz visão de médio prazo o futuro desta selecção feminina.

[* nada impede a realização de torneios internos de dois dias se, por exemplo, apenas se considerar que a presença nos dois dias se destina às 2/3 equipas que constituem a base da selecção nacional enquanto que as restantes equipas seriam divididas por cada um dos dois dias, minorando-se assim a questão da carestia da presença.]

quarta-feira, 12 de junho de 2019

AGRESSÃO SEM CASTIGO


A capitã da equipa nacional de Sevens, Daniela Correia, foi violentamente atingida na cabeça por uma adversária no Portugal-Roménia (7-14) da 1.ª etapa do Sevens Trophy 2019. O embate foi de tal forma violento que provocou fracturas em dois ossos da face da jogadora portuguesa.
De acordo com as instruções actuais a jogador romena deveria ter sido penalizada — e pouco importa para o caso se foi propositado ou negligente (acidental não foi porque a defensora está liberta de qualquer intervenção exterior) — com um cartão vermelho e consequente retirada do jogo. Como é que a árbitro não viu nem, tão pouco, consultou os auxiliares?

Duplamente penalizada foi, portanto, a equipa portuguesa que perdeu a sua capitã para o jogo e resto do torneio e por ter continuado a jogar contra uma equipa completa quando tinham direito à superioridade numérica directa. Vá lá perceber-se...
... e com este erro de palmatória, a Roménia classificou-se em 2.º lugar...

segunda-feira, 10 de junho de 2019

BÁRBARA VALENTE ARBITRA FINAL DO TROPHY DE BUDAPESTE

A árbitro Bárbara Valente, em nova demonstração da qualidade da arbitragem portuguesa, apitou, em Budapeste, a final da 1.ª etapa — disputada entre a Alemanha e a Roménia (20-7) — do Sevens Trophy Feminino 2019.

domingo, 2 de junho de 2019

PAULO DUARTE APITA FINAL DO PARIS SEVENS

A classe de Paulo Duarte está demonstrada com esta nomeação para a final do Paris Sevens, último torneio da World Series de 2019 que teve como vencedor final a equipa de Fiji seguida pelos Estados Unidos, Nova Zelândia e África do Sul e que constituem o grupo de equipas directamente classificadas para os Jogos Olímpicos.
Pela primeira vez um português esteve - no terreno-de-jogo - numa final da World Series e as possibilidades de um árbitro de rugby português estar presente nos Jogos Olímpicos de Tóquio aumentam substancialmente.

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