sábado, 30 de janeiro de 2010

1. AVANÇAR SEMPRE!

Enquanto jogo colectivo de combate o rugby exige a conquista de terreno. Avança-se para conquistar terreno, criar superioridade numérica, garantir os desequilíbrios entre o ataque e a defesa e assim avançar ainda mais.

Avança-se sempre! porque a bola não se pode passar para a frente. Avança-se assim, centímetro a centímetro, palmo a palmo, em cada momento – concentrando defensores - em cada formação – garantindo o atraso da saída da defesa – em cada ruck ou reagrupamento – garantindo o espaço de manobra que o tempo dos que recuam permite.

Avançar – com ou sem posse de bola - exige atitude. Avançar sempre! é a marca registada das grandes equipas, o domínio que permite a fluidez do movimento da bola e dos jogadores. E como a área-de-ensaio está na outra extremidade do campo, avançar sempre! constitui o primeiro passo que permite chegar ao ensaio e marcar pontos.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO RUGBY

1.AVANÇAR SEMPRE! – porque é “lá ao fundo” que está a área de ensaio e o combate ganha-se no terreno
2.APOIAR - porque num desporto colectivo ninguém “chega lá” sozinho
3.CONTINUAR – até encontrar os desequilíbrios defensivos
3.1.REAGIR – para se adaptar ao movimento da bola, dos companheiros e dos adversários
3.2.COMUNICAR – para generalizar a pretensão
3.3.VARIAR – para surpreender
3.4.VELOCIDADE – para limitar a reacção adversária
4.PRESSIONAR – para diminuir espaço e tempo de decisão
Os Princípios Fundamentais do Rugby servem para dar sentido colectivo aos movimentos dos membros da equipa. Cumpri-los significa aumentar enormemente as probabilidades de eficácia de cada decisão ao tornar o todo superior à soma das suas partes. Jogo colectivo de combate, o rugby exige transformar um grupo de jogadores numa EQUIPA!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO JOGO

Na capacidade de responder às questões mais difíceis está
sempre a base do segredo que faz os campeões.”
Luís Freitas Lobo

Ao titular em A Bola a sua crónica do CDUL-Direito com a pergunta Não sabem marcar ensaios?”, António Aguilar colocava o dedo numa crescente ferida do rugby português. Atacar mal, decidir pior está a transformar-se numa constante dos melhores jogadores portugueses.
Sábado, contra Oxford - uma equipa jovem, simpática (no jogar e no comportamento), pouco agressiva e muito rugby no querer aproveitar o bom tempo para correr e circular a bola, a equipa nacional mostrou os mesmos defeitos que lhe temos visto desde há algum tempo - perdendo assim uma boa oportunidade de treinar a expansão do seu jogo. De treinar efectivamente e preparar-se para os jogos que aí vêm.
A minha preocupação é esta: se a selecção nacional tem mostrado boas capacidades defensivas – foi a marca Mundial – ela tem-se mostrado incapaz de desenvolver jogo atacante colocando-se dependente dos erros da oposição. É o que temos vistos nos jogos anteriores, foi o que vimos neste. E para chegar à Nova Zelândia, os adversários directos subiram e jogam mais, não bastará defender bem. Será preciso saber utilizar eficazmente as bolas conquistadas. O que obriga a ler bem a colocação adversária e o movimento dos companheiros. E mudar coisas.
Desde a atitude – o combate é a marca do jogo – até às falhas de espírito colectivo – o jogo exige cumplicidade – passando pelas enormes deficiências tácticas – é preciso colocação, disponibilidade de movimento, bola viva, capacidade de decisão.
A marca das grandes equipas resulta da capacidade dos seus quinze jogadores verem o jogo da mesma maneira e ao mesmo tempo. Sentirem o mesmo, pensarem o mesmo, agirem de forma a conseguir um colectivo superior à soma das capacidades individuais de cada um. O rugby, sendo um jogo de equipa, trata da eficácia do colectivo. É preciso compreendê-lo e fazê-lo. Evitando as armadilhas de que há uns mais capazes que outros, com os três-quartos a comportarem-se como vedetas de bancada e os avançados descurando o seu trabalho elementar. O velho adágio mantém-se actual: os avançados ganham jogos, os três-quartos apenas dizem por quantos. O que significa que sem conquista efectiva, sem que os avançados conquistem, simultaneamente, bola e terreno, os três-quartos nada conseguem fazer.
Há uma interdependência permanente entre ambas as unidades: eu avanço e conquisto, tu usas e avanças, eu chego e continuo; ambos, avançando, apoiando e pressionando sempre. É disto que tratam os Princípios Fundamentais do Jogo e que todos os jogadores de rugby - mais ainda sendo internacionais - têm que saber aplicar. Como têm que saber adaptar-se às consequências tácticas das novas regras - não levando a bola ao chão para não dar vantagens à defesa; não formar com profundidade excessiva nas formações ordenadas quando a lei lhes dá já 15 metros de intervalo.
No jogo contra Oxford – a propósito: é neles que a cor do equipamento do CDUL tem origem – a selecção cometeu erros demasiados: lutou pouco, avançou quase nada, foi cada um consigo mesmo (por onde andou a unidade 6-7-8 num cada um apenas por si e nunca por todos?; que apoio às penetrações dos seus companheiros, que linhas de passe abriram ao portador da bola?) e permitiu-se matar a bola em idas ao solo sem justificação – o jogo exige manter a bola viva através quer da boa colocação do apoio para conquistar terreno e desequilibrar a defesa, quer do recurso aos gestos técnicos necessários (off-load, dar as costas/contacto). E mostrou-se convencida – na aplicação de um erro maior – que basta passar a bola para o lado para ultrapassar defesas. Não basta e não se joga assim. Mesmo que a bancada grite abre! abre! o bom senso manda ignorar o despropósito e continuar a jogar de acordo com as exigências estratégicas do jogo.
É um facto: o jogo foi fraco – a exigência mínima era a vitória - contra um adversário mais do que acessível - a falta de alguns não justifica as incapacidades do modelo – e a amostra não permite grandes optimismos. Espero que no próximo sábado, contra os England Students, seja outra a atitude. Começando pelo cumprimento dos PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO JOGO.

sábado, 16 de janeiro de 2010

MELHOR É MERECÊ-LO

E ponde na cobiça um freio duro,
E na ambição também, que indignamente
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro
Vício da tirania infame e urgente;
Porque essas honras vãs, esse ouro puro
Verdadeiro valor não dão à gente:
Melhor é, merecê-los sem os ter,
Que possuí-los sem os merecer.
Os Lusíadas, Canto IX, Luís de Camões
O que é que isto tem a ver com o rugby? Tudo e Nada. Depende.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

CONCENTRAR A DEFESA E DISPERSAR O ATAQUE

Ao concentrar a defesa, encurto a sua capacidade de cobertura do terreno e crio espaço ao largo.

Uma das formas de encurtar uma corda é dando-lhe sucessivos "nós". No ataque do rugby o encurtamento da defesa pode ser feito aplicando o mesmo conceito: penetrar, avançando, nos intervalos e obrigar os defensores exteriores a vir em ajuda interior. Libertando a bola rapidamente das formações espontâneas e jogando no mesmo sentido - o sentido só deve ser mudado sobre bolas lentas - constrói-se um espaço possível ao envolvimento da defesa. Repete-se a forma até que a defesa se sinta suficientemente ameaçada para se concentrar da forma pretendida. Só então se explora o espaço lateral conseguido.

Ou seja e como regra: só se joga ao largo quando se avança e se concentra a defesa.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

CONCENTRAÇÃO/DISPERSÃO

O rugby caracteriza-se tacticamente por concentrações e dispersões. “Quando eles estão dispersos, concentro; quando estão concentrados, disperso” é o conceito estratégico elementar que deve gerir as decisões da manobra colectiva das equipas. Como um jogo de contrários.
No Direito-Agronomia do último sábado, o quinze da casa nunca soube aplicar o princípio. Achei o jogo fraco – apenas o esforço e empenho dos jogadores o tiraram, em alguns momentos, da mediania. Mas foi tacticamente de uma confrangedora pobreza, com muita actividade para pouca eficácia – principalmente se nos lembrarmos que são as duas equipas que melhores resultados apresentam nos últimos anos.
Agronomia trouxe do balneário a lição estudada de dispersar, ocupando a largura do campo, e subir a pressionar com o objectivo de dificultar ao máximo a produção de jogo das linhas atrasadas do adversário. Face a este propósito, seria natural que Direito recorresse ao jogo penetrante e próximo das formações, obrigando a defesa a concentrar-se e a libertar espaço. Aí sim, Direito poderia jogar ao largo – dispersando – e procurando envolver a defesa. Nunca antes. Porque a corda defensiva só se encurta se lhe aplicarem os nós necessários - e desde que haja rapidez na libertação da bola e ligação dos sectores.


É fundamental para a melhoria e desenvolvimento do jogo que os jogadores aprendam a ler os movimentos adversários para poderem contrariá-los, mas é também decisivo que os jogadores sejam capazes de utilizar as técnicas adequadas a cada situação táctica. E isso é trabalho de treino.
Sabendo-se que a ida ao chão do portador da bola, de acordo com as novas leis, corresponde, no mínimo, a facilitar a tarefa defensiva ou, em muitos casos, a entregar o ouro ao bandido - muito embora o placador português não tenha por hábito tirar imediato partido da possibilidade de se levantar e disputar a bola - é preciso encontrar e dominar novas técnicas que permitam continuar o movimento. E ocorrem duas formas de o conseguir: com apoio próximo, atacar o ombro de dentro e, se placado, recorrer ao off-load exterior; se apoio mais atrasado o recurso à velha meia-volta e contactodemi-tour contact - é de muito boa utilidade para manter a bola jogável em passes contínuos que permitam realizar o turbilhão da perfuração ofensiva.

Agronomia acabou, ao explorar eficazmente os erros do adversário, por ganhar bem um jogo de fraca qualidade - o jogo de passes ao largo, por si só, não dá qualidade ao jogo – mesmo que possa parecer…

domingo, 10 de janeiro de 2010

EMPATE ELEITORAL

35 a 35. Empate na eleição presidencial. E agora? A troco de quê irão os delegados mudar de posição? Outro empate na próxima? E assim iremos até que o cansaço faça alguém ficar em casa para que haja desempate? Com que vantagens para além dos inconvenientes óbvios?
Os novos estatutos pelos quais o rugby português decidiu reger-se, são uma aberração: a dependência dos desportivamente piores, é a regra – o importante, como na estória dos caranguejos, é alinhar por baixo e procurar impedir a subida seja de quem for. O equilíbrio medíocre agradece e o rugby português, com dificuldades em saber onde está, também não parece nada preocupado em querer saber para onde irá.


Quem como eu tem no rugby uma parte da vida, só pode estar muito – mesmo muito! - apreensivo com o futuro da modalidade.

domingo, 3 de janeiro de 2010

OS PROGRAMAS DOS CANDIDATOS

Li os programas dos dois candidatos à Presidência da Federação Portuguesa de Rugby. De um lado, Dídio de Aguiar, actual Presidente, com o lema Mais Rugby, Melhor Rugby. Do outro, Amado da Silva, presidente de Agronomia e candidato da oposição, com o lema RUGBY UM DESPORTO NACIONAL e um sub-lema Um Clube chamado Selecção: uma Selecção dos Clubes.

No que diz respeito aos conteúdos programáticos, estes lemas dão a conhecer, desde logo, diferenças substanciais. Quanto ao lema da primeira candidatura – Mais Rugby, Melhor Rugby – está implícito um objectivo facilmente mensurável e verificável pela análise de indicadores simples e acessíveis em prazo definido (contagem do número de novos clubes e praticantes, nível da competitividade interna e resultados internacionais). Já o lema do candidato da oposição – RUGBY UM DESPORTO NACIONAL – parecendo um conceito simpático a todos os que gostam de rugby e que gostariam de o ter mais próximo, não se traduz, na prática, em qualquer tipo de compromisso real. Ou seja, de um lado uma proposta que compromete; do outro, uma ilusão que nada garante ou controla.

Aliás – e não querendo cometer a injustiça de considerar que o sub-lema Um Clube chamado Selecção: Uma Selecção dos Clubes preconiza a introdução de quotas por clubes ou uma qualquer democracite de direito generalizado – não percebo o que significa este conceito. Nem o seu propósito. A responsabilidade das Selecções Nacionais é da Federação e dos seus órgãos executivos que devem criar as condições para garantir que serão os melhores jogadores a representá-la (e os melhores no sentido que lhe dá Bernardo Resende: “Uma equipa nem sempre é formada pelos melhores, mais capazes, mas sim pelos colaboradores certos.”). Por muito que a bancada entenda – ou julgue entender – uma selecção nacional não pode ser destinatária de decisões nas quais toda a gente tenha a pretensão de participar. Exige condições, conhecimentos, capacidades, organização, preparação, constância – excelência, numa palavra! Não percebo portanto, para além do apelo demagógico que parece representar enquanto slogan, o seu interesse programático.

Curiosamente também o programa de Dídio Aguiar refere a ambição de RUGBY EM TODO O PAÍS. Mas fá-lo na perspectiva adequada, integrando o conceito na Visão que estabelece enquanto “área de validação” de referência para os caminhos a percorrer. E aí surge mais um dado de controlo: cada acção realizada ou pretendida pode ser confrontada com o interesse ou vantagem visionária da extensão do rugby a todo o país. Que não é, aliás, uma mera questão de vontades – ou da sua imposição – como parece fazer crer o candidato da oposição. A criação de clubes com sustentabilidade não se compadece com voluntarismos – são necessárias pessoas: umas que o organizem, outras que permitam a criação de equipas, outras que o apoiem. E para isso é preciso vontade local e demografia suficiente.

O programa de Dídio de Aguiar tem uma enorme vantagem: assenta naquilo que conhecemos da prática da actual equipa federativa que, propondo-se desenvolver os pontos fortes, não escamoteia, afirmando-se apostada em emendar, a debilidade ou falhanço de algumas áreas – foi manifesta a incapacidade comunicacional (o que provoca o nosso desconhecimento de problemas, soluções, melhorias ou dificuldades). Convenhamos porém, que se podia ter sido melhor – pode sempre, não é? – a gestão que agora termina não foi nada má. Tem, objectivamente, resultados. Que se não foram exactamente a totalidade daqueles que eu gostaria de ver conseguidos, são, alguns deles, significativos (aumento de clubes, iniciação escolar, aumento de treinadores e árbitros, início de intervenções junto de bairros críticos ou carenciados, constância de patrocinadores, etc.). E se a crítica é sempre saudável porque sinal de participação activa, percebo mal muitas das críticas que – com recurso até a insinuações dispensáveis - assentam em visões parcelares ou de pensamento toldado (para referir linguagem do candidato da oposição) que relevam mais dos interesses do que do conjunto de valores que devem nortear a conduta de responsáveis da modalidade que se afirma de “gente bem-educada”.

Um conjunto de opiniões-críticas não faz um programa para um ciclo de quatro anos de gestão da modalidade. O programa proposto pelo candidato da oposição assemelha-se mais a um rol de críticas do que a uma proposta de acção – passem as frases de adesão corrente - para o governo da modalidade nos próximos anos. Aliás, a maioria dos pontos da lista final SÍNTESE DAS MEDIDAS PROPOSTAS nem sequer os vejo tratados e articulados na descrição programática. Ou seja: quase não existe correspondência entre as MEDIDAS PROPOSTAS e o suporte programático que as deveria materializar e incluir numa estratégia clara. Por muito que se escreva sobre a capacidade de fazer, não existe qualquer explicação do caminho a percorrer, ficando-se o programa da oposição por uma espécie de catálogo de boas-vontades voluntaristas. O que – tomando como boa a consideração do candidato da oposição de que a questão central é a da CREDIBILIDADE – parece significar que, ao invés de um compromisso concreto, se apela a uma aposta na crença subjectiva. Ou na eficácia do auto-convencimento. O que não é forma de convencer ou de garantir eficácia.

Sendo a Missão das federações desportivas com estatuto de Utilidade Pública, tal como desde sempre tenho defendido, a de criar condições para que as representações nacionais da modalidade em causa possam, de forma sustentável, competir ao nível internacional em plano de igualdade com as outras nações (o que exige uma organização e estruturação de todo o sistema federativo de grande qualidade e exigência), sou naturalmente favorável às propostas do programa de Dídio Aguiar. Pela consistência sistémica que as suas propostas apresentam e por um entendimento mais adequado ao desenvolvimento global do rugby contemporâneo. E se o rugby tem algo que o distingue de outras modalidades, a intransigência prometida de Dídio Aguiar na defesa dos valores que fazem do rugby um desporto diferente, é já, por si só, um valor. E uma mais-valia.

Declaração de interesse: sou membro da Comissão de Honra da candidatura à
Presidência da
Federação Portuguesa de Rugby de Dídio Aguiar.

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