domingo, 18 de julho de 2021

BELA VITÓRIA! QUE ENTRE A FANFARRA!

Com esta bela vitória de 49-26 (20-14 ao intervalo) sobre a Rússia no belo estádio de Nizhny Novgorod, os Lobos, porque se trata do último jogo da 1ª volta que definirá o acesso ao Mundial 2023 e que haverá ainda alguns meses de preparação da 2ª volta, podem desfraldar bandeiras e passar um Verão divertido e tranquilo. Construiram uma boa e importante vitória que mantém acessível o acesso ao apuramento para o Mundial de 2023.


É claro que nem tudo foi bom neste jogo como a perda do ponto de bónus pelo número excessivo de ensaios sofridos — alguns mais permitidos do que construídos pelo adversário; o mau jogo ao pé — pouco incisivo, com muita fácil entrega de bola — mais pontapés de alívio do que instrumentos de criação de problemas à defesa — e com pouco comprimento (questão táctica e técnica que treinos adequados permitem resolver); e, de novo, demasiadas faltas que permitiram ao adversário levantar a cabeça bem como 2 cartões amarelos escusados e que, durante a inferioridade numérica, permitiram 2 ensaios russos…

Mas bom, muito bom mesmo, foi a capacidade demonstrada nos alinhamentos - nenhuma perda e quatro conquistas ao adversário para além das notáveis combinações atacantes com ensaios de belo recorte e que encantaram portugueses e todos os outros que, apenas adeptos do rugby, assistiram ao jogo. Aliás estas combinações mostraram, pela escolha realizada nos momentos decisivos — havia mais do que uma possibilidade de escolha — o alto patamar que estes jogadores já frequentam: a escolha do intervalo a explorar e da linha de corrida do jogador e a eficácia da decisão não ficam nada a dever aos jogadores das melhores equipas mundiais.

Se o ataque tem sido brilhante — foram feitos 114 passes, o dobro dos passes russos para marcar 6 ensaios — já o mesmo não se pode dizer da defesa que, sofrendo 4 ensaios, mostra momentos de desarticulação e de desorganização havendo até alturas em que o entendimento “dentro-fora” parece não existir, ao contrário do processo atacante, entre os jogadores. Aliás os números não enganam: Portugal é, neste momento e neste grupo da Rugby Europe Championship 2021, com 196 pontos marcados (25 ensaios), a equipa mais realizadora; por outro lado e com 139 pontos sofridos (20 ensaios) e embora com mais jogos efectuados, mostra-se a pior defesa do campeonato. E daqui surgem os problemas e os desequilíbrios que pregam os sustos como os do início contra a Espanha, o desastre contra a Roménia e a perda de ponto de bónus contra a Rússia. Resolver este problema é uma absoluta necessidade para melhorar a consistência competitiva da equipa e, assim, o seu posicionamento mundial — hoje, lembre-se, no 19º lugar do ranking da World Rugby. A melhor demonstração deste desequilíbrio que parece resultar de dificuldades na necessária focagem permanente — resultado da falta de hábitos de contínua competição intensiva?  — foi o que se passou com Rodrigo Marta que foi autor, para além de ter “estado” no cartão amarelo russo, de duas intervenções defensivas, perseguição e placagem, de alto nível e que impediram dois ensaios russos para, numa situação sem grandes problemas mas atrapalhada por uma unidade de salto desnecessária, ter perdido duas bolas — deixadas fugir da mesma maneira pelo meio dos braços — vindas de pontapés-de-recomeço em que uma delas permitiu imediata redução do resultado.

E se as placagens baixas funcionaram bem, permitindo diversos turnovers — uma boa parte das 17 recuperações que a Rugby Europe atribui a Portugal devem-se à sua boa execução — os erros defensivos foram cometidos pela desarticulação colectiva e pela desfocagem. Isto é, pela alteração da atitude competitiva. E quando a atitude muda … Sendo evidentes as vantagens da placagem baixa — a dita chop tackle — porquê então desconcentrações que levam a alterar o seu uso?

De novo, Samuel Marques, esteve impecável na transformação de 4 dos 6 ensaios conseguidos (um deles foi ensaio de penalidade), concretizando ainda 3 pontapés de penalidade num total de 17 pontos (nos dois últimos jogos, o formação português conseguiu 33 pontos). E se os alinhamentos foram bons algo devem a Mike Tadjer que esteve primoroso, para além de diversas intervenções e algumas penetrações que o seu constante movimento permitiu, nos lançamentos. 

Que o jogo foi bom, foi. E interessante! Pena foi de facto a perda de um ponto de bónus que parecia à mão de semear… E infelizmente, numa última oportunidade em cima do final do jogo que mostrou o conhecimento das Leis do Jogo e a cabeça fria para perceber a relação do resultado, não fomos capazes de aproveitar o alinhamento próximo da linha-de-ensaio… e a hipótese do ponto de bónus esfumou-se definitivamente com o apito final do árbitro.

Nesta óptima vitória — em casa de um adversário que em 22 jogos nos tinha vencido por 16 vezes — os comentários da RTP2, de que se saúda a transmissão, não estiveram, infelizmente, á altura — palavrosos, distractivos, a ignorar, com estórias desnecessárias, as acções a decorrerem no terreno-de-jogo e incapazes de explicar fosse o que fosse que o jogo mostrava. Esta transmissão merecia outra qualidade e conhecimento — na histórica videoteca do canal público de televisão haverá material suficiente dos comentários de Cordeiro do Vale, o querido e saudoso Serafim Marques, que se recomenda sejam estudados como material demonstrativo de como se fazem comentários na modalidade.


sexta-feira, 16 de julho de 2021

A VITÓRIA DEPENDE DA ATITUDE, O RESTO TEMOS

Uma vitória será formidável — as perspectivas de estarmos no França 2023 aumentariam muito.
Mas como se pode ver nos gráficos apresentados, embora possível, não será nada fácil porque o passado pesa (pesará?!). Dos 22 jogos, Portugal conseguiu apenas 5 vitórias e sofreu 16 derrotas. Por outro lado, a equipa russa, com bastante mais internacionalizações (445) do que as portuguesas (276) mostra-se como equipa mais experiente onde o seu nº8 e capitão, Viktor Gresev, com os seus 112 jogos — nos quais marcou 110 pontos — se mostra como jogador a vigiar.

Com estas desvantagens será que Portugal pode vencer? 
A resposta é, sem grande favor, positiva: Portugal pode vencer!
No último jogo efectuado, em Kaliningrado em Fevereiro de 2020, Portugal perdeu apenas por um ponto tendo até perdido a possibilidade de vencer o jogo num pontapé final falhado. Em relação à experiência superior dos russos que as internacionalizações parecem demonstrar, veja-se no gráfico que os jogadores portugueses já têm experiência suficiente de jogos internacionais — o jogador com menor número de internacionalizações, Jean Sousa, já tem 31 anos, joga no Montauban da ProD2 francesa, o que lhe dá experiência suficiente para não se deixar surpreender. Parece assim que em matéria de vantagens da experiência estaremos conversados: não seremos inferiores e temos suficiente conhecimento das coisas.
Por outro lado a Rússia, com excepção do penúltimo jogo com a Roménia que venceu por 32-25 com 4 ensaios marcados, tem, nos outros quatro jogos feitos contra as equipas que disputam o REC, mostrado uma enorme dificuldade em marcar ensaios — nos últimos 3 jogos marcou apenas 1 ensaio. Portanto, não serão assim tão assustadores... desde que a formação-ordenada e a defesa dos mauls-penetrantes faça o seu papel. A que se deve juntar uma boa defesa com placagens baixas — chop tackles — que levem de imediato o portador da bola ao chão, permitindo assim que a mobilidade dos jogadores portugueses possa criar turnovers em vez da placagem alta com a preocupação de não deixar circular a bola mas que, permitindo ao portador ficar de pé, lhe permite também aguentar o tempo suficiente para que o seu apoio chegue. 
Repare-se que a quota de pontos portugueses dos últimos cinco jogos disputados no quadro do Rugby Europe Championship é de 53% e o número de ensaios marcados de 20, contra 6 dos russos. 
Dados estes números e o posicionamento das duas equipas no ranking da World Rugby o prognóstico final  é o de uma vitória russa por 4 pontos de diferença  — diferença que, como se sabe em rugby, nada significa e que mostra que, mesmo jogando fora — no excelente estádio de Nizhny Novgorod com 44.899 lugares, relvado híbrido (idêntico a Twickenham, Millennium, Murrayfield, Aviva ou Stade de France e construído para o Mundial de Futebol de 2018 — os Lobos podem trazer a vitória e marcar uma posição que lhes permita estar presentes no Mundial 2023.
Para além da consistência técnica defensiva e da boa articulação táctica do ataque, acredito que a entrada em campo com a atitude resiliente e de vencedores idêntica à mostrada na Holanda, trará um final com mais pontos do lado dos Lobos. Boa sorte! Comportem-se como vencedores! 

quinta-feira, 15 de julho de 2021

SETENTA INTERNACIONALIZAÇÕES NÃO O FAZEM CONCIDADÃO

As autoridades australianas não autorizaram, de novo, o pedido de naturalização de Quade Cooper, jogador profissional  de Rugby, hoje com 33 anos, porque, ao que se lê não terá correspondido à exigência —person engaging in activities of benefit to Australia — de serviços relevantes à Austrália. Ou seja um homem, nascido na Nova Zelândia e que, com 13 anos foi, com a família, viver  para a Austrália e que, em 2005,  partiu para uma digressão à Inglaterra com a equipa das Escolas da Austrália onde ocupava a posição de médio-de-abertura e pela qual jogou 9 vezes. Em 2008 jogou pela Austrália Sub20, 5 vezes. A partir de 2009 jogou 70 — SETENTA! — vezes com a camisola dos Wallabies — esteve presente no Mundial de 2011 —pelos quais marcou 154 pontos. Pertencendo à equipa de Sevens em 2016, não esteve presente nos Jogos Olímpicos do Rio porque não lhe tinha sido atribuída a cidadania australiana e não cumpria assim a exigência olímpica de nacionalidade. Portanto e ao que parece nada disto conta para que lhe possa ser atribuída a nacionalidade australiana — usaram-no enquanto puderam mas...foi-se...pouco importa.


Podem explicar o porquê do abuso desta decisão prepotente que se mostra — o que parece há-de ser —  de enorme falta de senso comum num desagradecimento despropositado? Não, não vão explicar e utilizarão toda a retórica que conheçam para justificar o injustificável.

Felizmente que em Portugal — por mais que demorem processos de naturalização —o mundo é outro e não é possível a existência de um caso destes: nenhum atleta que represente Portugal teria (terá) um problema de naturalização rejeitada. E porquê? Porque o Decreto-lei nº 248-B/2008 — proposta da responsabilidade de Laurentino Dias então Secretário de Estado da Juventude e do Desporto — determina, no ponto 1 do seu Artigo 63º, Selecções Nacionais que: A participação em selecção nacional organizada por federação desportiva é reservada a cidadãos nacionais.

Portanto, qualquer atleta que vista a camisola oficial de Portugal para uma competição desportiva é cidadã[o] nacional, é português(a). Venha de onde vier, antes de pertencer a uma selecção nacional @s atletas têm a nacionalidade portuguesa. O que impede que, por uma qualquer vontade enviesada de um qualquer político sentado à secretária da sua importância, exista um preconceituoso abuso. 

E por ser assim, os atletas das selecções portuguesas como os andebolistas Iturriza, Salina, Alexis Borges, o canoísta Antoine Launay, a cavaleira Luciana Diniz, @s judocas Jorge Fonseca,  Anri Egutidze, Rochele Nunes, Bárbara Timo, as mesatenistas Fu Yu, Jeni Shao, a nadadora Tamila Holub ou @s atletas Auriol Dongmo, Evelise Veiga, Lorine Bazolo, Nelson Évora, Pedro Pichardo, que estarão presentes nos Jogos de Tóquio 2020 com a camisola portuguesa, não terão a desfeita da ingratidão. E os seus resultados serão, genuinamente, nossos resultados. Resultados portugueses pelos quais ficaremos gratos.


segunda-feira, 12 de julho de 2021

ORA AÍ ESTÁ!

 Já quase não me lembro de ter visto um XV de Portugal a entrar para um jogo com a determinação, focagem e coesão como vi neste jogo entre os Países Baixos v. Portugal. E até o receio, pela paragem excessiva dos jogos competitivos em Portugal, de que a selecção nacional não estivesse capaz de se apresentar na necessária capacidade física, ficou de imediato afastada.

A equipa portuguesa entrou objectiva, com a lição bem estudada e apostada — aprendendo com erros de anteriores inícios de jogos — em não se deixar surpreender. Pelo contrário, procurou desde logo surpreender. O que conseguiu e de tal maneira que aos 13’ minutos de jogo ganhava por 21-0 com 3 ensaios marcados.

Para além da atitude competitiva que permitiu desde logo demonstrar as diferenças entre uma equipa que diz pretender estar no próximo Mundial de 2023 e outra que demonstrou estar ainda muito longe de constituir uma equipa competitiva para este nível, houve interessantes aspectos técnicos e tácticos que demonstraram — pesem embora algumas distracções que permitiram os pontos adversários — a diferença.

                                                                           Fonte: Rugby Europe
O jogo teve 13 ensaios — mais um do que o recente AllBlacks-Fidji! — com a particularidade de 5 deles terem sido marcados por Raffaele Storti que, tanto quanto possibilitam os dados disponíveis, ter-se-á tornado no melhor finalizador da Selecção Nacional. O mesmo aliás deve ser considerado, no campo das transformações de ensaios, para os 8 pontapés transformados por Samuel Marques.
A transformação que mais me agradou na equipa, para além da atitude competitiva demonstrada, foi a verificação que houve alterações em duas áreas — melhoria da capacidade técnica na disponibilização da bola na altura dos contactos, nomeadamente quando da ida ao solo e o facto de, ao contrário de jogos anteriores, ter havido uma superior concentração para evitar faltas — de uma falta resultam penalidades que se traduzem ou em perdas de muitos metros de terreno ou no aumento de 3 pontos no registo adversário…ou seja, custam demasiado para que não se evitem.
A melhor disponibilização da bola nas situações de contacto permitiu uma muito maior velocidade de utilização da bola que, por sua vez, permitiu o alargamento do jogo português — veja-se nas estatísticas que Portugal realizou o dobro de passes dos holandeses —  com a vantagem dos seus três-quartos jogarem, no mínimo, em igualdade numérica mas com intervalos defensivos suficientemente largos para que a ultrapassagem da linha-de-vantagem fosse mais fácil e mais constante. Explorando melhor as dificuldades de uma equipa que demonstrou enormes dificuldades em entender-se tacticamente na execução da defesa deslizante.
Outro factor interessante e extensível à concepção do jogo foi o de, apesar de uma posse de bola superior em 16% , que a diferença dos ensaios marcados (de 40%) se deveu, essencialmente, à boa utilização da bola. Factor que aliás é decisivo na construção das vitórias: a boa utilização da bola permite, como acontece em diversos jogos, vencer sem ter uma nítida maioria de posse da bola. Pôde aliás verificar-se que já houve, nas situações em que não era aconselhável o alargamento do perímetro do jogo, uma preocupação de manobrar o suficiente para que o avanço no terreno garantisse a ultrapassagem, por menor que fosse, da linha-de-vantagem — ultrpassagem que é a essência do ataque. E isso traduz um trabalho objectivo de treinadores e jogadores.
A esta capacidade atacante juntou-se uma boa capacidade defensiva com uma boa percentagem de placagens positivas nas 74 que foram obrigados a realizar — contra as 162 dos holandeses. Esta diferença entre o número total das placagens das duas equipas constitui uma demonstração evidente, como acima se referiu, da boa capacidade de uso da bola por parte do XV de Portugal.
A melhorar, para que a exploração dos três-quartos que se estão a mostrar suficientemente criativos para criar dificuldades a qualquer defesa, está a necessidade de conquistar um maior número de turnovers para que os desequilíbrios que a transformação do ataque em defesa estebelece possa ser eficazmente explorado — o que passa, antes do mais, pela compreensão dos jogadores das enormes vantagens que possibilita a utilização da bola nesta situações de desequilíbrio.
Com este resultado, Portugal atingiu o 20º lugar no ranking da World Rugby e coloca-se no 2º lugar da classificação da Rugby Europe Championship. E garantiu uma situação — sejam quais forem os próximos resultados, a manutenção na Championship está garantida. Olhemos, portanto e agora, para outro objectivo: apuramento para o Mundial 2023. 


sexta-feira, 9 de julho de 2021

A IMPORTÂNCIA DE UM JOGO

O Países-Baixos x Portugal é um jogo de enorme importância para o posicionamento futuro de Portugal. E não vai ser fácil... a realidade só tem uma palavra de ordem: GANHAR!
Tratando-se de um jogo contra um adversário que acabou de subir da divisão — ou seja, aquele que é considerado o mais fraco pelas vozes populares — tem um enquadramento particular: quem conseguir a vitória dará uma enorme passo para não ser a equipa condenada à futura descida de divisão. E esse é o primeiro objectivo da selecção nacional portuguesa que, conseguido isso, pode então pensar na possibilidade de se qualificar para o Mundial 2023. Ou seja: segurança primeiro, aventura depois!
Vendo os valores do gráfico abaixo apresentado — que determina e permite comparar, através do algoritmo Noll-Scully que é utilizado nas competições norte-americanas, o grau de “equilíbrio competitivo” das competições, definindo assim, não a qualidade do confronto entre as equipas, mas o nível de intensidade de cada jogo (quanto mais equilibrada é uma competição, mais exigentes são os meios para vencer cada jogo) — percebemos que o Rugby Europe Championship, com o valor de equilíbrio competitivo de 1,09 — o valor 1 determina o equilíbrio competitivo da competição — é uma das competições rugbísticas mundiais mais equilibrada: sabendo-se quem ganha quase sempre (Geórgia), nunca se sabe quem irá ocupar os outros lugares. O que significa que os Países Baixos são também candidatos a um dos lugares cimeiros que perseguimos.


Repare-se que, comparando diferentes competições através do referido algoritmo, podemos verificar que o Rugby Europe Championship é mais competitivo — isto é, existe uma maior dificuldade em “acertar” nas posições da tabela classificativa final — do que o Torneio das Seis Nações com 1,12 pontos (o SR Aotearoa neozelandez vale 0,84 pontos, sendo, porque abaixo de 1, uma competição que não permite pensar em vencedores ou posições antecipadas, tratando-se da competição rugbística mundial mais equilibrada). O que confirma a afirmação das possibilidades qualificativas de qualquer dos adversários, nomeadamente dos Países Baixos.
Ora num quadro desta natureza como é o equilíbrio da REC* que exige em cada jogo elevadas capacidades competitivas e de domínio técnico e táctico e até estratégico que permitam a vitória, o jogo contra os Países Baixos exigirá a melhor coesão e eficácia da nossa equipa nacional. Sem erros e sem faltas!
Se o nosso Grupo do Título da Divisão de Honra representa um equilíbrio competitivo de 1,64, o campeonato holandês (ainda não terminado e, por isso, com um valor que pode alterar muito) tem um equilíbrio competitvo menor, com 1,71. Mas a Holanda joga em casa e poderá ter público apoiante… e a pontuação do Rugby World Ranking, nesta situação, não ajuda — com 61,10 no 24º lugar contra os 62,10 do 21º lugar de Portugal, a Holanda faz figura de favorita. Felizmente que Patrice Lagisquet com “Pensar que este jogo será fácil, é um erro!” tem plena consciência das dificuldades a enfrentar. Repito a necessidade: GANHAR!
No quadro apresentado, com dados suficientemente interessantes para merecer reflexão, podemos ver o “equilíbrio competitivo” dos nosso adversários: 1,63 para a Roménia, 1,65 para a Rússia, 1,20 para a Geórgia e 1,02 para a Espanha depois da divisão principal (1,81 pontos) ter sido reduzida para dois grupos de 6 equipas.
Voltemos ao princípio: o jogo contra os Países Baixos será difícil, exigirá toda a capacidade e experiência dos jogadores portugueses e, dadas as circunstâncias, só tem o objectivo VITÓRIA!. Boa sorte! 

* — Veja-se o posicionamento das 6 equipas do REC no ranking da World Rugby: 12º - Geórgia com 73,73 pts; 18ª - Roménia com 66,22 pts; 19º - Espanha com 64,82 pts; 20º - Rússia com 62,71 pts; 21º - Portugal com 62,10 pts; 24º - Países Baixos com 61,10 pts.

 

quinta-feira, 8 de julho de 2021

A IGNORÂNCIA DAS LEIS DO JOGO

Sem um conhecimento aprofundado das suas Leis do Jogo, o Rugby não evolui. Porque são as Leis do Jogo que levam ao conhecimento táctico e técnico do jogo — ao que se deve ou pode fazer. E o rugby português tem — sejam jogadores, treinadores, dirigentes, adeptos ou mesmo árbitros — muitas carências nesta matéria.
Que os jogadores façam faltas, é normal e é para isso que estão lá os árbitros — para as marcar com conhecimento e equidade. Que os árbitros cometem erros na sua análise, é natural — nos décimos de segundo que têm para analisar e decidir, podem enganar-se sem que daí venha, na maior parte dos casos, mal ao mundo — e nos momentos que podem verdadeiramente prejudicar uma ou outra equipa, podem — quando se tratar também de árbitros qualificados — recorrer aos auxiliares.
Há dias, na meia-final da Taça de Portugal entre o CDUL e o Belenenses e no pontapé-de-recomeço que se seguiu ao primeiro ensaio do CDUL, o árbitro — o competente Pedro Mendes Silva — cometeu um erro.

Pontapé-de-recomeço com toque na área-de-ensaio

A Lei 12 que trata do Pontapé-de-saída, do Pontapé-de-recomeço e do Pontapé-de-22, diz assim no seu ponto 9: “Se a bola é pontapeada para a área-de-ensaio adversária sem tocar num jogador e a equipa adversária faz toque-na-área-de-ensaio sem demora, ou a bola sai pela área-de-ensaio, esta equipa pode optar pela repetição do pontapé ou por uma formação-ordenada com introdução própria.
O pontapé-de-recomeço efectuado por um jogador do Belenenses atingiu, sem que a bola fosse tocada por qualquer jogador, a área-de-ensaio e foi, de imediato como se pode ver no vídeo apresentado, feito um toque-na-área-de-ensaio por um jogador do CDUL. De acordo com a Lei, o árbitro deveria dar à equipa — que não efectuou o pontapé e que fez o toque na sua área-de-ensaio — a opção de repetição do pontapé ou de formação-ordenada no centro do terreno com sua introdução. Não foi assim e o árbitro cometeu o erro de ordenar um pontapé-de-22 favorável ao CDUL. Erro evidente do árbitro, portanto.
Mas nesta situação a maior gravidade não é a do erro cometido pelo árbitro que não passou de uma confusão momentânea ou até por ter sido apanhado de surpresa uma vez que a consequência ditada favorece tacticamente o infractor chutador — se assim fosse o ditame da lei, todos os pontapés-de-saída ou de recomeço seriam chutados para levar a bola a sair pelo fundo do campo que dariam a vantagem à equipa chutadora de vir a receber a bola do adversário, através de um pontapé-de-22 com uma boa possibilidade de juntar à possível conquista de terreno, a posse da bola…
O erro do árbitro não foi grave, foi só um erro. Mas grave foi o facto de ninguém da equipa prejudicada — onde existem jogadores internacionais, incluindo treinadores — ter tido o descernimento para dizer ao seu “capitão” para avisar o árbitro do erro da sua decisão. Que, chamado à atenção pelo “capitão”, admitiria — de certeza! — o erro e voltaria atrás na sua decisão, fazendo a obrigatória pergunta: “Repetição ou Formação?”.
Este exemplo é um entre muitos que demonstra, fim‑de‑semana a fim‑de‑semana, a ignorância das Leis do Jogo. Ignorância essa que leva, muitas vezes, a comportamentos de jogadores, treinadores, dirigentes ou público em geral, a comportamentos que não são admissíveis num terreno de Desporto. 
Conhecer as Leis, as suas consequências tácticas e suas exigências técnicas, é uma exigência para que a modalidade seja praticada com melhor qualidade e maior civismo.
 

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