segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

PARA AS LEOAS CAMPEÃS IBÉRICAS

Às Campeãs Ibéricas


To Kate and Harono

sábado, 22 de dezembro de 2018

BOAS FESTAS

Desenho a dedo iPad

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O RUGBY FEMININO DO SPORTING CONQUISTA A TAÇA IBÉRICA 2018

foto JPBessa iPhone
Cabe agora, aos actuais e futuros responsáveis federativos, olhar o rugby feminino com outros olhos, definindo objectivos de progresso e internacionalização

Com uma vitória por 26(4E,3T)-8(E,P) sobre a campeã espanhola Olimpico Pozuelo, a equipa feminina de Rugby do Sporting conquistou ontem, em Lisboa, a Taça Ibérica 2018.
O jogo partia de um desequilíbrio evidente: de um lado uma equipa, a portuguesa, habituada apenas aos jogos de Sevens e Tens; do outro a equipa espanhola que joga um campeonato nacional de XV num país onde os contactos internacionais são já uma realidade (9.ª classificada no ranking mundial). Uma diferença entre a descoberta e a experiência.
E como foi possível então a vitória e por números expressivos?
Acima de tudo com trabalho e com entrega. Durante o último mês, quatro treinos semanais foi o compromisso destas amadoras de dias cheios de estudos ou afazeres profissionais e/ou maternais. Pelo meio, um único jogo de XV contra uma selecção regional de Lisboa, formada por jogadoras de outros clubes.
Passar do jogo de Sevens ou Tens para o jogo de XV é muito difícil. Porque não há mais de comum do que as regras gerais e os gestos técnicos básicos. Mas nada é estratégica ou tácticamente idêntico ou sequer parecido. 
No Sevens e Tens o espaço existe, está lá e há que o aproveitar enquanto que no XV o espaço, recorrendo às mais diversas manobras, tem que ser criado para poder ser aproveitado e permitir chegar ao ensaio. E esta diferença entre espaço existente e espaço a criar faz toda a diferença entre os comportamentos colectivos e a sua complexidade síncrona.
E se este aspecto já seria o suficiente para definir realidades diferentes, junte-se o facto do XV exigir - com carácter fundamental - mini-unidades que não existem nas variantes como a terceira-linha e o três-de-trás, para se perceber as dificuldades ultrapassadas pelas capacidades e determinação das jogadoras.
As jogadoras do Sporting, desde logo entusiasmadas com a possibilidade de voltarem a jogar uma Taça Ibérica - disputada pela primeira vez no ano passado nos arredores de Madrid e entre as mesmas duas equipas mas com vitória espanhola por 27-15 - fizeram os esforços necessários à melhor adaptação possível, ultrapassando obstáculos, dúvidas, receios e procurando desenvolver os conceitos colectivos transformadores onde a regra básica para manter livre o espaço criado exige o ataque à defensora directa. E assim, tornando possível que o comprometimento, fixação e concentração das adversárias provocados pela estrutura 2-4-2, tenha a continuidade necessária para explorar os desequlíbrios conseguidos.
No jogo de disputa da Taça Ibérica o Sporting contou com os reforços neozelandeses, ambas Black Fernes, da Kate Matau e Harono Iringa. E naturalmente que estes reforços tiveram importante peso no desenrolar do jogo, possibilitando, com o acompanhamento de Tânia Semedo que se mostrou à altura das suas novas companheiras, uma capacidade de transporte, penetração e manobra do 4-do-meio que criou, como se pretendia, os espaços livres que permitiram a marcação dos ensaios que fizeram a diferença. Mas, clarifique-se, o modelo estrutural de suporte ao movimento utilizado exige uma coerência e sincronização colectivas enorme e permanente e foi a equipa, com a coesão e determinação das suas jogadoras, que impôs a eficácia e permitiu a vitória. 
Toda a estratégia leonina foi montada de forma a proporcionar, imediatamente a seguir à conquista da bola, as manobras necessárias para que as integrantes do 4-do-meio tivessem tempo de ocupar as suas posições no corredor central para, então, atacarem a defesa, concentrando, pelo seu avanço no terreno e transporte de bola, defensoras adversárias e abrindo espaços nos corredores laterais por onde um segundo movimento se pudesse realizar. As combinações seguintes far-se-iam de acordo com a situação – “jogando de acordo com aquilo que têm na frente” – apresentada pela defesa e encadeando, naturalmente, pelo lado mais fraco. O ensaio de Kate - já viral nas redes sociais - só na aparência se mostra como resultado único do seu trabalho individual  porque houve um trabalho anterior de manobra colectiva criador do desequlíbrio que possibilitou o seu “pick and go” e o caminho para o ensaio. E as jogadoras do Sporting tiveram sempre a qualidade demonstrativa de que o rugby é um desporto colectivo. 
O recurso a alinhamentos de cinco jogadoras - embora sendo a forma a que a equipa estava mais habituada pela variante Tens - estava inserida na mesma estratégia geral de manobrar antes de colidir para garantir superioridade territorial e numérica.
À superioridade colectivamente demonstrada nas formações ordenadas - treinadas na máquina e com os jogadores masculinos do CDUL - à rapidez de resolução dos rucks, à articulação na exploração dos desequilíbrios e espaços, a equipa juntou uma capacidade - e quantas vezes coragem - defensiva exemplar. Num verdadeiro espírito de “umas pelas outras” e superando-se permanentemente, as jogadoras sportinguistas mostraram uma notável capacidade de combate e foram defensivamente insuperáveis. Desde as placagens realizadas até à imposição de lentidão nas bolas adversárias. Umas leoas formidáveis a defender o seu território.
A equipa leonina teve momentos de demonstração exímia de qualidades técnico-tácticas em que o todo construído ultrapassou a soma das suas partes, levando assim a situações de superioridade numérica territorial altamente vantajosa - e daí os 4 ensaios marcados.
Ganhar este jogo, conquistar esta Taça Ibérica não foi um acaso. Teve uma preparação exemplar, organizativa, estratégica, táctica, técnica e psicológica com cada um dos envolvidos focados na vitória que queriam e transformaram em possível. Numa demonstração do somatório de competências - o elevado nível de intensidade dos treinos foi uma delas - que devem constituir uma equipa. Mas foram as jogadoras - as 23 da ficha de jogo mais todas aquelas que participaram nos treinos e ajudaram a preparar a equipa - e a sua determinação e exemplo que possibilitaram a convocação global das diversas componentes para o resultado procurado.
A equipa feminina de rugby do Sporting foi uma equipa notável. Uma equipa notável no tempo de treino e preparação, uma equipa notável durante a experiência da aventura de oitenta minutos. Esta vitória com a conquista da Taça Ibérica ficará a representar um marco histórico quer para o clube Sporting Clube de Portugal, quer para o rugby português. Ter participado nele foi um privilégio que agradeço.
As campeãs ibéricas 2018:
Daniela Correia, Thamara Rangel e Josefa Gabriel (E); Leonor Amaral, Francisca Baptista e Isabel Ozório (c) ( 3T); Antónia Braga; Maria Heitor, Catarina Pargana e Sara Saúde (E); Margarida Arriaga e Harono Iringa; Kate Matau (E), Inês Marques (E) e Tânia Semedo.
Suplentes utilizadas:
Filipa Gavinho, Maria Branco, Maria Teixeira, Mariana Sobrinho, Catarina Esaguy, Marcela Máximo, Ana Freire e Constança Serra.

Nota final: Conseguida a vitória a ninguém assiste o direito de afirmar ou tirar conclusões de que o Tens - como esta vitória prova como alguns ignorantes pretenderão - representa o bom caminho para atingir o XV. Não! Não é o bom caminho nem representa qualquer estádio de progressão. O Tens não serve para chegar ao XV como o sabem todas e todos os envolvidos na preparação da equipa do Sporting para esta vitória.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

FINAL DA JANELA DE NOVEMBRO



Ao contrário do previsível — ganhar por 4 pontos de diferença  — Portugal perdeu com a Namíbia pela diferença de 6 pontos, perdendo assim 3 lugares no ranking — de 24º passou para 27º — da World Rugby, sendo ultrapassado pela Holanda, Alemanha e Bélgica. Num jogo fraco, Portugal mostrou de novo as habituais dificuldades para jogar — apesar da Namíbia não ser suficientemente forte ao ponto de nos interrogarmos sobre qual o seu papel no próximo Mundial — a este nível mais elevado. Demonstrando incompreensões tácticas na necessidade de primeiramente verticalizar o jogo para só então lateralizar com o jogo de passes, resolvendo assim a aparente contradição de um jogo em que a bola se passa para trás mas o ensaio se marca lá na frente, a selecção portuguesa demonstrou ainda enormes deficiências no jogo ao pé que foi sempre pouco preciso e pouco objectivo. Consequências óbvias das competições internas onde se joga fracamente... Para que o jogo terminasse pior, deitando fora uma oportunidade única que poderia levar a vencer o jogo, uma decisão de erro táctico brutal no final do jogo ao jogarem à mão um pontapé livre que podia ter proporcionado um alinhamento a 5 metros da área de ensaio adversária com o consequente maul-penetrante. E não havia nada a perder para um risco inexistente! Para tudo não ser mau, louve-se o acerto — finalmente! — do número dos jogadores suplentes com as posições que ocupam.
Nos restantes jogos um excelente vitória de Gales sobre a África do Sul— o jogo deve ser visto e revisto pela demonstração de adaptabilidade e disponibilidade constantes numa demonstração de colectivismo da equipa galesa.
A maior surpresa, para além da diferença conseguida pela Inglaterra frente à Austrália, foi a vitória de Fiji sobre a França.Conseguida, aliás, com todo o mérito. Os franceses parece que deixaram de saber jogar rugby ao perderem-se no jogo dos interesses clubistas, cheios de estrangeiros a ocupar lugares que os jogadores mais novos não atingem e introduzindo conceitos diversos que se mostram perniciosos à coesão da equipa. A menos de um ano do Mundial não se percebe bem como poderá fazer a França para a tornar numa equipa competitiva e com perspectivas de poder atingir o título — muito trabalho há ali para fazer...
O Canadá qualificou-se, ao derrotar Hong Kong, para o Mundial ocupando  última vaga disponível. A Roménia perdeu com o Uruguai e a Geórgia ganhou a Tonga demonstrando as suas capacidades de equipa  em ascensão.

sábado, 24 de novembro de 2018

XV DE PORTUGAL PARA DEFRONTAR A NAMÍBIA


Apesar de ultrapassadas as 48 horas tradicionais de apresentação das equipas em jogos tradicionais temos finalmente o XV inicial com que Portugal vai defrontar a Namíbia.
Com este conhecimento já é possível relacionar o número de jogadores por clube nos 23 convocados com o mesmo número no XV principal, relacionando-os ainda com os pontos de classificação obtidos na Divisão de Honra por cada clube

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

PORTUGAL-NAMÍBIA


De acordo com o passado de cada equipa, Portugal, jogando em casa, deverá ganhar, nesta oportunidade única de participação na janela internacional de Novembro, por 4 pontos de diferença. Se assim for, os dois países trocarão de posições no ranking da World Rugby.
Com 7 mudanças em relação aos 23 convocados para o anterior jogo da Roménia — porque é que não se sabe o XV inicial a 24 horas do jogo? — os responsáveis da selecção portuguesa devem continuar, como referiu o Coordenador da Comissão de Gestão, Pedro Ribeiro, ao jornal A Bola, a ter que lidar com incompreensíveis escusas de alguns jogadores — em que país é que existe este tipo de comportamento, recusando a honra de vestir a camisola da selecção nacional?

Não havendo público acesso aos Boletins de Jogo dos campeonatos internos, pouco se pode dizer das escolhas para além da relação do número de jogadores presentes na convocatória por cada clube e da sua relação com o número de pontos de classificação. Saber portanto do número de minutos jogados por cada um, saber de pontos marcados por ensaios ou pontapés não é possível — e não há meio de se perceber que são estas inexistências de dados que fazem do jogo uma modalidade clandestina. Da qual poucos sabem alguma coisa e muitos não sabem nada...  

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

PREVISÕES PARA FIM-DE-SEMANA 24 DE NOVEMBRO

As previsões do XVcontraXV para os resultados do Japão-Rússia, HongKong-Canadá e Kenya-Alemanha estão determinadas para campos neutros. As células vazias significam que se tratam de equipas classificadas no ranking da Rugby Vision abaixo do 20ª lugar e, por isso, não têm valores disponíveis. 
Neste último dia de jogos da janela internacional de Novembro existe ainda expectativa suficiente pesem alguns jogos que se podem designar de "vencedor antecipado" como se pode ver no quadro. Mas não vai faltar para além da grande qualidade técnica, táctica e competitiva, a curiosidade de saber até onde poderão chegar as equipas do segundo grupo.
Neste fim-de-semana - sexta-feira à noite - ficar-se-á a saber qual, entre Canadá e Hong Kong, será a última equipa a apurar-se para o Mundial do próximo ano no Japão.
Aos vizinhos espanhóis caberá, depois da normal vitória contra a Namíbia, defrontar Samoa num jogo que mostrará da melhor forma as suas actuais capacidades depois do banho de culpas e disparates da sua eliminação da qualificação para o Mundial.
Na área portuguesa do terceiro escalão europeu — Portugal defrontará a Namíbia e as previsões do resultado serão dadas amanhã — interessa-nos o jogo Holanda-Suiça. A provável vitória holandesa — venceu a Polónia por 49-0 —  colocá-los-á como principal adversário de Portugal para a ascensão ao 2º escalão.
Dos restantes jogos, o Inglaterra-Austrália e o Gales-África do Sul serão de não perder bem como o França-Fiji que pode sempre, para além de mostrar  para que lado caminham os franceses, ter momentos inesquecíveis de habilidade técnica fijiana. Para além de que uma vitória fijiana levará à troca de lugares no ranking. O mesmo se passando, aliás, se acontecerem vitórias da Austrália ou da África do Sul que ultrapassarão os seus adversários directos, enquanto que a Argentina para trocar de lugar com a Escócia necessitará de vencer por mais de 15 pontos.

domingo, 18 de novembro de 2018

RESULTADOS E RANKING DO FIM-DE-SEMANA

Os jogos HKong-Kenya, Canadá-Alemanha e Uruguai-Fiji foram disputados em terreno neutro e assim foram contabilizadas as suas previsões
O principal resultado deste fim-de-semana foi, claramente, a vitória da Irlanda sobre a Nova Zelândia que embora — e ao contrário do afirmado em texto anterior e por erro que cometi na aplicação do algoritmo — não atingindo a primeira posição do Ranking da World Rugby passa, pela demonstração, a ter direito a figurar na pequena lista dos possíveis candidatos ao título mundial.

O jogo foi muito equilibrado como mostra o quadro de estatísticas, de grande combate e a vitória —merecida! — da Irlanda deveu-se sobretudo à coesão competitiva da sua equipa — foi esta coesão que permitiu o soberbo nível defensivo — e à sua superior criatividade. De facto e ao contrário dos neozelandeses, a posse da bola dos irlandeses tinha como propósito criar problemas constantes à defesa contrária através de combinações simples e feitas de acordo com a movimentação adversária, obrigando os neozelandeses a um esforço e concentração defensiva constantes. O que significa um elevado conhecimento da equipa adversária. Foi muito bom de ver este jogo do ano que coloca a Irlanda como a melhor equipa de 2018. Veremos como será no Mundial.

Surpreendente foi a vitória do Chile por 73-0 sobre os Maoris All Blacks. Nunca esperei uma expressão desta orNo que diz respeito a Portugal, o anterior adversário, a Roménia, que nos derrotou por 30 pontos de diferença, perdeu com os Estados Unidos, em casa, por 26 pontos de diferença num jogo que as previsões apontavam como equilibrado. O próximo adversário, Namíbia, perdeu com a Espanha por uma diferença de 21 pontos...

No apuramento para o Mundial do Japão o jogo Canadá-HongKong da próxima sexta-feira a realizar em Marselha definirá o participante.

SPORTING FEMININO VENCE TAÇA DE PORTUGAL DE TENS

Taça de Portugal, Tens, 2018/2019, Sobreda
Foto iPhone JPBessa
Ao vencer o SL Benfica por 31-0, a equipa feminina do Sporting Clube de Portugal venceu a Taça de Portugal na variante de Tens pela terceira vez consecutiva.
Os jogos desta Taça de Portugal de Tens feminino realizaram-se no Campo da Pista de Atletismo da Sobreda, sob chuva, com fraca iluminação e com um árbitro a ter que fazer a grande maioria dos jogos, demonstrando-se, mais uma vez, o pouco cuidado tido pelos responsáveis federativos na organização das competições femininas.
A equipa sportinguista mostrou-se sempre mais forte (ao intervalo já vencia por 17-0 com três ensaios marcados), melhor adaptada às condições meteorológicas, com maior eficácia atacante e uma excelente atitude defensiva.
Uma boa e merecida vitória a abrir boas perspectivas - pese a necessária e difícil adaptação (o Tens não é, de forma alguma, preparatório do jogo de Quinze - falta-lhe a terceira-linha, unidade de três jogadoras e essencial no jogo contemporâneo e falta-lhe ainda o contínuo desgaste do bastante superior tempo de jogo) - para a Taça Ibérica de 16 de Dezembro.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

PREVISÕES PARA O FIM-DE-SEMANA

                              Os jogos HKong-Kenya, Canadá-Alemanha e Uruguai-Fiji serão disputados em terreno neutro e assim foram contabilizadas as suas previsões
Em Dublin e no sábado, o jogo do ano entre as duas equipas melhores qualificadas do ranking da World Rugby. Com o aliciante, apesar do muito ligeiro favoritismo neozelandês dado pelos rankings, de que uma vitória da Irlanda garantirá o seu acesso ao 1º lugar, retirando assim os All-Blacks da posição ocupada nos últimos nove anos.
Neste jogo haverá ainda o interesse da disputa táctica entre uma equipa que tem na manutenção da posse da bola a sua arma fundamental, a Irlanda, e a outra, os All-Blacks, que são os melhores e mais eficazes exploradores de turnovers e que, não fazendo do tempo de posse de bola a sua preocupação estratégica fundamental, conseguem normalmente e pela continuidade do seu movimento, garantir o controlo do resultado. Veremos quem leva a melhor ou se surgirão surpresas tácticas a tentar explorar possíveis pontos fracos. 
Com interesse para Portugal, o Espanha-Namíbia para analisar a real capacidade dos africanos — adversários, em Taveiro, no próximo dia 24 — que foram, há oito dias, derrotados pelos russos pela diferença de 27 pontos e os jogos dos adversários no Trophy Europeu, Suíça-República Checa e Polónia-Holanda.
Interessante será também conhecer o último dos apurados para o Mundial do próximo ano que resultará do jogo Canadá-Alemanha e que se disputará em Marselha.
Há ainda o interesse comparativo do Chile-Maoris e de um Escócia-África do Sul de vencedor imprevisível na disputa do 5º lugar do ranking e um França-Argentina que coloca em jogo o 8º lugar do ranking.
Enfim, fim-de-semana em cheio que há falta da possibilidade da bancada terá no sofá de casa ou nos bares com os amigos e em frente à televisão a melhor solução participativa.

EMENDA - por erro na utilização do algoritmo que permite determinar os valores da diferença de pontos de resultado expectável graças ao posicionamento no Ranking da World Rugby bem como determinar a previsão dos pontos de ranking com que as duas equipas ficarão após o jogo, escrevi que a Irlanda, ganhando o seu jogo contra a Nova Zelândia, atingiria o 1º lugar do Ranking. Não é verdade e peço desculpa pelo enganou vez que, seja qual fôr o resultado do jogo, a Nova Zelândia continuará na posição que ocupa desde há 9 anos.

domingo, 11 de novembro de 2018

DO PORTUGAL NA MESMA AO EDDIE JONES DEVASTADO E A UMA ALEMANHA SURPREENDENTE

O quinze de Portugal ao perder por 30 pontos de diferença fez o que se esperava. Os jogos colectivos têm destas exigências: por mais que cada um dê o melhor de si, dificilmente a equipa se mostra capaz. Porque é preciso que a equipa seja capaz de ser maior do que a soma das partes. Não basta portanto ter jogadores capazes - ou aparentemente capazes - para fazer uma boa equipa. É preciso que ela se mostre coesa, isto é que, em simultâneo, cada um saiba de todos e todos de um.
Segundo os investigadores da Gain Line, o sucesso num desporto colectivo assenta no nível atingido pela multiplicação da capacidade técnico-táctica dos jogadores pela coesão que a equipa demonstra nas suas acções. Coesão essa que assenta no claro conhecimento de uma determinada forma de jogar e no conhecimento profundo - possibilitando antecipações e decisões - entre os indivíduos que formam a equipa. O que significa que uma equipa que tenha mais jogadores habituados a jogar juntos por mais tempo tende a ser mais coesa e, portanto, mais capaz de atingir patamares de sucesso.
Jogadores de 8 clubes para formar os 23 e de 5 para o XV inicial
Como habitualmente e de acordo com a prática em Portugal, a selecção demonstrou enormes dificuldades em verticalizar antes de lateralizar. E assim é muito difícil marcar pontos. A equipa de Portugal é jovem e não tem hábitos comuns para jogos deste nível — o XV inicial tinha 98 internacionalizações somadas, sendo a mais alta para um mesmo jogador de 28. E apresentou um cinco-da-frente que ainda não atingiu a maturidade necessária, tendo apenas 11 internacionalizações somadas. Pensar que o resultado poderia ser diferente é de um optimismo desmesurado.

Agora resta uma exigência: preparar um programa capaz de garantir o acesso ao grupo de cima, deixando de nos contentarmos com vitórias contra equipas mais do que fracas. E aproveitar a oportunidade para desistirmos de acções que não têm sentido: se um jogador que representa um clube estrangeiro é chamado - supondo que não estivesse por cá a passar férias — não fica sentado no banco; como os números das camisolas representam um código para que quer espectadores, quer comentadores, quer jornalistas saibam qual a posição que ocupam os jogadores na equipa, convirá adoptar a norma internacional e não continuarmos com “inventonas portugas” — a regra é esta: o nº 16 pertence ao talonador suplente, o 17 e 18 aos pilares suplentes e o 23 a um jogador das linhas atrasadas e não a que a selecção usa e tem usado, colocando um pilar com o número 17 e outro com o número 23.
A RugbyVision não tem previsões para equipas fora dos 20 primeiros classificados
Ia sendo o dia memorável de Eddie Jones. E só não foi porque o vídeo-árbitro (é para isso que ele serve) detectou fora-de-jogo no posicionamento de Courtney Lawes. Fiquemos com o desportivismo de Jones: "Foi um jogo fantástico de rugby e estamos obviamente devastados. [...] aprendemos muito e tivemos oportunidades para ganhar mas não as aproveitámos. (Sobre o fora-de-jogo marcado a Courtney Lawes) Deixo isso à responsabilidade do vídeo-árbitro porque ele tem o benefício de muitas câmaras e ângulos."
Nos restantes jogos a demonstração da Itália sobre o direito de se manter nas 6 Nações ficou, para já, feita e o grande resultado do fim-de-semana ficou com a Alemanha que surpreendentemente e em Marselha derrotou Hong-Kong para a repescagem do Mundial. Também surpreendente foi o muito aceitável resultado do Brasil contra os Maoris em frente a mais de 30.000 espectadores. Embora derrotada, a Argentina conseguiu um bom resultado em Dublin onde os All-Blacks irão no próximo sábado em jogo a não perder e em que estará em disputa o 1º lugar do ranking mundial.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

A FAVA DE PORTUGAL


Saiu a fava a Portugal!

Normalmente estes jogos de mantém-ou-desce costumam ser entre a pior equipa da divisão superior e a melhor da divisão inferior.  Jogos que existem para que a melhor equipa da divisão inferior possa demonstrar que, no mínimo e por se apresentar melhor, mantém o nível competitivo da competição que pretende disputar.

Desta vez aconteceu disparate e em vez de jogar contra a pior equipa da divisão superior, Portugal vai jogar contra o melhor ataque dessa divisão — 28 ensaios marcados em 5 jogos. E porque é que é assim? Porque a Roménia, ao fazer uma série de jogos com um jogador que não podia ser inscrito, foi castigada, perdendo 25 pontos de classificação, sendo portanto atirada para o último lugar. Ou seja, Portugal que nada fez para além de jogar e ganhar, acaba castigado e, caso tudo corra com a normalidade esperada, ficará mais um ano na divisão inferior.

Claro que não está em causa o castigo com perda pontual — bem pelo contrário e já o escrevi mais do que uma vez que a Federação deveria adoptar este sistema nos seus regulamentos competitivos evitando assim abusos que se sabem ter sido cometidos — mas sim o facto de poder haver prejuízo de terceiros. Como foi o caso.

A solução: retirar pontos na época seguinte ou, se aplicado na própria época, descida directa do último classificado quando resultante de castigo.

Assim, dizem as contas que Portugal terá um resultado normal perdendo por uma diferença de 26 pontos e não se vê bem como ultrapassar essa diferença. Somos prejudicados, ponto! (pergunta ingénua: alguém da direcção federativa anterior tentou que a Rugby Europe reconhecesse a falta de espírito desportivo da medida?).

Não utilizando mais nenhum jogador a jogar no estrangeiro para além de Rui d'Orey que joga - com estatuto de amador - pelo Richmond Rugby na Championship (2ª divisão) inglesa, os responsáveis portugueses, prescindindo dos jogadores com hábitos de maior nível competitivo, parecem entregar desde logo os pontos de uma possível subida.
Neste fim-de-semana da janela de Novembro, vai haver um jogo de arromba e outro interessante  — para além do sempre interessante Gales que obriga a vestir a camisola para ver na tv, independentemente do adversário (desta vez com a Austrália). De um lado o Inglaterra-Nova Zelândia onde e apesar do favoritismo neozelandês os ingleses querem deixar a marca que lhes dê confiança para o Mundial e do outro, o Itália-Geórgia numa espécie de tira-teimas em os georgianos querem demonstrar pertencer por direito à primeira divisão europeia mostrando-se Tiers 1.

Mas não faltam hipóteses de jogos a ver porque ainda há o França-África do Sul e o Irlanda-Argentina com provável equilíbrio no primeiro e nova demonstração de qualidade por parte dos irlandeses enquanto que os restantes jogos servem para esperar por surpresas para animar a malta.

De alguma expectativa para saber do resultado final será o Brasil-Maoris (como é que uma equipa que não existia há meia-dúzia de anos consegue já um jogo destes?...)  


segunda-feira, 5 de novembro de 2018

JANELA INTERNACIONAL DE NOVEMBRO. RESULTADOS 1º JORNADA

O resultado exacto da pontuação da África do Sul é, actualmente, de 83,036 que, arredondado, se traduz em 83,04. No entanto a World Rugby na sua tabela inscreve o resultado para os sul-africanos como 83,03
De acordo com as previsões quer do XVcontraXV quer do RugbyVision, o resultado mais inesperado do primeiro fim-de-semana da janela internacional de Novembro, foi a vitória da Inglaterra pela diferença de um ponto. Embora se reconheça que a rodagem da Inglaterra é muito inferior à da África do Sul — que não pode contar com o seu dinâmico médio-de-formação Faf de Klerk — seria expectável que o favoritismo da Inglaterra se traduzisse numa maior diferença de pontos — entre 9 e 10 pontos como se previra. Num jogo bastante desinteressante e onde a colisão imperou sobre a manobra, viu-se pouco das promessas de Eddie Jones e as suas linhas atrasadas - com um par de centros mais preparados para o combate do que para a criação problemas defensivos aos adversários — deixaram muito a desejar. O próprio Owen, no seu habitual lugar de abertura, mostrou grandes dificuldades com a pressão a que foi sujeito. Ou seja, o meio-campo inglês não mostrou nada que se visse...
O facto é que a África do Sul, não fossem os erros inexplicáveis do seu talonador Malcolm Max, normalmente referido como de grande categoria e, aliás, nomeado, juntamente com o ausente Faf de Klerk para Jogador do Ano, poderia ter vencido o jogo. Não lhe faltaram oportunidades mas os erros de lançamento de Max nos alinhamentos próximos da área inglesa, impediram a mais do que esperada marcação de ensaios através dos mauls penetrantes para os quais o pack inglês não mostrava possuir soluções. Sorte final dos ingleses que poderiam ter iniciado a época internacional que prepara o próximo Mundial, com uma derrota...
O jogo Gales-Escócia também não foi muito interessante e foi preciso esperar 47 minutos para que a criatividade colectiva das linhas atrasadas comandadas por Gareth Anscombe que tem feito uma excelente época nos Cardiff Blues e onde alinham Jonathan Davies (o melhor jogador da última digressão dos Lions) e George North, mostrasse a sua eficácia. E um bom bocado mais para ver uma excelente combinação dos irmãos George e Peter Horne com o formação a explorar ao pé o espaço vazio da área de ensaio e que, por pouco, não permitiu aos escoceses reduzir para 21-17 e mostrar uma diferença mais consentânea com o jogo desenvolvido.
No fundo, dois jogos muito ainda princípio de época internacional...
Nos restantes, a Nova Zelândia, apesar das diversas experiências realizadas — apresentou oito estreantes — não deu qualquer hipótese ao Japão que, no entanto conseguiu marcar 5 ensaios (!!!) aos All-Blacks com uma posse e ocupação territorial de 47%. Interessante para quem tem a responsabilidade de organizar o próximo Mundial. No jogo de Dublin a Irlanda, com uma diferença de 47 pontos, fez o esperado e não permitiu quaisquer veleidades à Itália.
Para se ter uma ideia da qualidade do rugby neozelandês refira-se que apresentaram a sua equipa dos Maoris, também em digressão, que venceram, sem apelo nem agravo e por 59-22, a selecção dos Estados Unidos, 15ª classificada mundial do ranking da World Rugby. Refira-se também que as Black Ferns, equipa feminina representativa da Nova Zelândia e de que faz parte a Leilani Perese que já jogou pelo Sporting (clique aqui), jogou contra a selecção feminina dos Estados Unidos e venceu por 67-6. 
... uma clara demonstração da qualidade da formação e da importância que o jogo de rugby tem para a sociedade neozelandesa.
A janela de Novembro continua no próximo fim-de-semana com um Inglaterra-Nova Zelândia, um Gales-Austrália, um França-África do Sul, um Irlanda-Argentina e um Itália-Geórgia que tem, este último, o aliciante de eventual demonstração das razões georgianas para assentar junto aos melhores europeus. 

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

PREVISÕES DOS RESULTADOS NA 1ª JORNADA DA JANELA DE NOVEMBRO


Abre, neste fim-de-semana, a "janela internacional de Novembro". Se o Japão-AllBlacks e o Irlanda-Itália têm, apesar da equipa de ensaio neozelandesa, vencedor antecipado, os jogos Inglaterra-África do Sul e Gales-Escócia terão o equilíbrio suficiente para serem jogos de vencedor imprevisível.
Apesar de, nas previsões do XVcontraXV ou da Rugby Vision, os vencedores estejam apontados como as equipas da casa, uma vitória de qualquer das equipas visitantes tem o aliciante de permitir uma troca de posição no ranking da World Rugby. O que eleva o moral das tropas...
A pouco menos de um ano do Mundial, estes jogos vão dar às equipas técnicas, mais do que aos adeptos, uma visão da sua actual situação e daquilo que terão de trabalhar para qualificar as suas equipas.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

REFORMA E TRANSFORMAÇÃO DA FP RUGBY (II)

(continuação)
A sustentabilidade de um clube mede-se pelo número de jogadores existentesdesde as classes
de formação até ao nível competitivo. O mínimo de garantias exige uma equipa de Sub-16
Pretender a cobertura da totalidade do país que mostra os desequilíbrios demográficos e as diferenças de produção de riqueza conhecidos, é uma utopia. Porque se uma equipa de Rugby é a mais difícil de construir entre as diversas modalidades colectivas ao precisar de, pelo menos, 10 morfo-perfis diferentes (um pilar não é um asa e este não é um ponta), a sustentabilidade de um clube exige ainda um elevado número de jogadores distribuídos pelas diversas equipas dos diferentes escalões etários ( cf. tabela acima) e o facto de ser uma modalidade amadora exige ainda disponibilidade temporal e financeira dos familiares dos jogadores mais jovens. O que não é, na realidade do país, conjugação fácil. 
Tão pouco para os clubes que são obrigados a demonstrar uma enorme capacidade de captação e de formação bem como dominarem a logística inerente.
Pelo que se pode retirar do quadro superior, o pretendido e necessário aumento de praticantes e adeptos exige uma diferente visão, devendo iniciar-se a pretensão de criação de novas equipas, masculinas ou femininas, pela variante de Sevens porque, exigindo um menor número de jogadores, também porque permite uma muito menor diferenciação de morfologias. E daqui, da criação de um espaço-rugby, poderá resultar em algumas das construções o desenvolvimento necessário para atingir o estatuto de XV - mas sempre com a clara ideia de que muitas delas não atingirão esse nível... 
Aliás o Sevens, com o estatuto Olímpico que possui, não pode mais ser considerado como uma variante secundária da modalidade e deve ser objecto de transformação competitva por forma a garantir o retorno das equipas portuguesas ao patamar onde já se encontraram. Ter perdido a sua posição na World Series foi um tremendo erro de estratégia que exigirá enormes esforços e capacidades para que possa ser ultrapassado. Mas desistir da sua transformação e melhoria é deitar fora uma das componentes do rugby português que pode permitir maior notoriedade e melhores resultados internacionais e, consequentemente, melhores condições financeiras.
Neste capítulo da sustentabilidade dos clubes deve também retornar – que interesses estiveram por trás da sua anulação? – a regra que limitava a 3 o número de jogadores em simultâneo e por jogo que estejam impossibilitados de jogar na Selecção Nacional. Porque numa modalidade que não tem receitas é um disparate gastar dinheiro na contratação de “estrangeiros” ... dinheiro que depois faltará para garantir a formação ou a inserção de jogadores que garantirão a continuidade da equipa dos clubes.
O caso do rugby feminino deve também ser olhado com outros cuidados garantindo a competição organizada e equilibrada quer em XV - com os clubes possíveis e com um quadro competitivo adequado - quer em Sevens e terminando, de uma vez por todas, com a variante de Tens que, ao contrário do que poderão julgar os menos informados, não constitui qualquer aproximação ao XV, não passando de um Sevens com esforço facilitado – ou seja é um desperdício desportivo sem quaisquer objectivos. E sendo as regras desportivas a comandar e tendo em atenção que as competições internacionais de prestígio se centram no XV e Sevens, fácil é perceber que não faz qualquer sentido despender grande parte da época com torneios que estão fora da estrada que transporta até à cena internacional.
A Federação Portuguesa de Rugby necessita, para que os resultados desportivos possibilitem proveitos superiores às despesas, de uma reforma profunda que coloque o Rugby português num patamar internacionalmente competitivo como consequência de uma prática interna interessante, sustentada e atraente. Reforma que é urgente, exigindo a vontade e compreensão de todos os agentes, sob pena de vermos o jogo de que gostámos definhar sem retorno.
E a primeira transformação passa, estatutariamente e de acordo com a permissão conferida pela lei que rege as Federações Desportivas (cf. preâmbulo do Decreto-Lei  nº 93/2014 de 23 de Junho que introduz alterações no Regime Jurídico das Federações Desportivas consubstanciado no Decreto-Lei nº 248-B/2008 de 31 de Dezembro) altera o ) da maior liberdade de decisão na sua organização interna, pela criação de dois domínios coordenados pela direcção federativa mas distintos e auto-geríveis: o de rendimento com o rigor das suas regras, compromissos e responsabilidades e o de lazer, menos rigoroso nas suas responsabilidades mas não menos divertido e apreciado.

REFORMA E TRANSFORMAÇÃO DA FP RUGBY (I)

 
Existem algoritmos que permitem analisar e comparar o nível de
competitividade das competições desportivas
O Desporto, com as suas características particulares, rege-se por conceitos e princípios próprios que, devendo estar sempre presentes, devem enquadrar qualquer decisão ou acção das federações desportivas. Sendo o Desporto caracterizado pela superação – como estabelece o lema olímpico de “mais alto, mais forte, mais rápido – tem no resultado um dos seus valores demonstrativos e decisivos de análise e da sua qualidade.
As Federações Desportivas não podem, portanto, ignorar esses princípios e a sua organização e as diversas decisões que são obrigadas a tomar devem ser articuladas e coerentes com esses princípios e conceitos.
O resultado é, como facilmente se compreenderá, um factor decisivo para que uma modalidade aumente a sua visibilidade, o nível da sua notoriedade e a possibilidade de aumentar a penetração territorial, patrocínios e receitas, nomeadamente, no caso do nosso Rugby, da World Rugby e Rugby Europe. Aliás e por falta de resultados internacionais de qualidade das selecções nacionais presentes nas principais competições, já se tem vindo, nos últimos tempos, a verificar uma diminuição das receitas resultantes dos envios das instituições internacionais.
Para que uma Federação Desportiva possa ter norte, necessita de um propósito claro, sabendo para que serve e como deve agir. Assim e em Portugal, uma Federação Desportiva deve definir a sua Visão como: Consolidar competitivamente a modalidade e atingir as competições europeias de topo. E deve declarar a sua Missão nestes termos: Criar as condições competitivas necessárias para que os seus atletas e as suas equipas se possam desenvolver qualitativamente e defrontar os seus adversários internacionais em condições tão próximas da igualdade competitiva quanto possível.
O que significa que uma Federação Desportiva deve estabelecer os seus objectivos de forma concordante com a Visão expressa e Missão definida. E esses objectivos competitivos, para o caso português, estabelecem-se no atingir, quanto antes, o nível da II divisão europeia no XV e em garantir a possibilidade de disputar o acesso aos Jogos Olímpicos na variante de Sevens. 
Objectivos que exigem, para além de uma formação capaz, o cumprimento de sub-objectivos de melhoria e sustentabilidade competitiva interna em ambas as variantes acompanhados de forte desenvolvimento técnico-táctico de jogadores e treinadores através do estabelecimento de programas adequados ao progresso e acompanhamento dos nossos adversários internacionais directos.
Esta necessária melhoria competitiva impõe um controlo cuidado do número de equipas presentes na competição principal por forma a que o seu equilíbrio seja conseguido com o propósito de garantir a possibilidade de qualquer das equipas participantes poder ser a vencedora final. 
Uma das formas com que se pode ampliar a situação competitiva de um campeonato é através da pontuação utilizada. Actualmente os campeonatos portugueses e à semelhança de outros, utiliza o ponto de bónus para premiar a equipa que marcar 4 ou mais ensaios, mantendo uma diferença de três, ou a equipa que foi derrotada por 7 ou menos pontos de jogo. Ora este sistema que privilegia, procurando fomentar a sua marcação, o espectáculo da marcação de ensaios não é muito entusiasmante para que a equipa derrotada tente diminuir a diferença de ensaios... porque a retirada do ponto de bónus beneficia apenas quem está na luta directa e a diminuta diferença de pontos, se premeia a derrotada não prejudica a vencedora. Ou seja, este sistema não está apontado para a melhoria competitiva da prestação das duas equipas envolvidas no jogo e pode até mostrar-se como injusto na classificação final - uma equipa com menos vitórias mas com mais pontos de bónus pode ficar à frente de outra com mais vitórias como, aliás, aconteceu na última fase regular do nosso CN1. Existem no entanto sistemas que, possibilitando vantagens a quem possa, mesmo se derrotado, encurtar a diferença do resultado estabelecendo um interesse competitivo para ambas as equipas até ao final do jogo. Como este:
Em cada jogo estarão em disputa 6 pontos que serão distribuídos de acordo com a seguinte diferença de pontos:a) empate: 3 pts para cada equipa;b) vitória por 7 ou menos pontos: 4 pts para vencedor e 2 para o vencido;c) vitória entre 8 e 15 pontos: 5 pts para o vencedor e 1 pt para o vencido;d) Vitória por mais de 15 pts: 6 pts para vencedor e 0 pts para vencido. 
Conseguido o equilíbrio competitivo – e que não é independente do número de equipas como se pode constatar pela relação Índice de Competitividade/Equipas em Competição visível no quadro abaixo – há ainda, para garantir a melhor capacidade competitiva internacional, que procurar formas de competição intermédias e próximas do nível competitivo internacional como sejam as competições ibéricas que exigirão uma melhor preparação técnico-táctica das equipas quer o modelo a seguir seja estabelecido através dos clubes ou de franquias. Exigência esta que, obrigando à melhor preparação técnica/táctica/física/psicológica das equipas e dos seus jogadores, obrigará também à evolução de conhecimento dos treinadores bem como da organização dos próprios clubes.
A esta necessária melhoria e equilíbrio competitivo terá que se juntar uma revisão, atenta e adequada, das regulamentos disciplinares das provas, introduzindo penalizações individuais determinadas por jogos e não pelo aleatório período temporal e ainda estabelecendo penalizações desportivas aos clubes prevaricadores, nomeadamente em questões de violência.
(segue)

terça-feira, 9 de outubro de 2018

ROSA MOTA NO RUGBY

A campionissima Rosa Mota foi ao Rugby e viu, no U Arena parisiense, o jogo entre o Racing 92 e o Lyon (13-19) a contar para o TOP 14 francês. Simpática e amigavelmente lembrou-se de mim e mandou-me a fotografia comprovativa.

domingo, 7 de outubro de 2018

UMA CARREIRA NÃO SE FAZ SOZINHO

AGRADECIMENTOS NA RECEPÇÃO DO PRÉMIO CARREIRA DESPORTIVA ATRIBUÍDO PELA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE RUGBY
Foto de Daniela Correia
Agradeço à Comissão de Gestão da Federação Portuguesa de Rugby esta distinção que muito me honra e a que posso juntar a lembrança de Duarte Leal, meu querido Amigo e figura cimeira do desporto português e agora também premiado a título póstumo e que foi o primeiro a desafiar-me para treinar, juntamente com o Olgário Borges, a Selecção Nacional de Juniores, abrindo-me assim as portas para a minha carreira de Treinador internacional. Agradeço-lhe reconhecido e com a amizade de sempre.

Agradeço também à minha família, aos meus filhos Raul e Mafalda e à minha mulher Ana que souberam conviver com esta minha vontade e me ajudaram a cumpri-la da melhor maneira.

Agradeço aos que me treinaram:
A Valdemar Lucas Caetano que me ensinou os fundamentos, a Serafim Marques que me trouxe para o CDUL e que esteve sempre presente na minha carreira de jogador, a Pinto de Magalhães, Barreira da Ponte, Luís Miramon, Pedro Cabrita e Pedro Lynce a quem, mais tarde, coadjuvei numa Selecção Nacional. E ainda a Joaquim Pereira — que, espantosamente, ainda treinei numa Selecção Nacional — e César Pegado, companheiros de equipa e que também me treinaram.
Agradeço ao CDUP onde iniciei a minha carreira de jogador e ao CDUL, o meu clube.

Aos meus companheiros de equipa no clube e na Selecção.

Ao Capitão e Presidente da FPR, Raul Martins, ao Presidente da FPR, José Trindade, ao Presidente da FPR, Carlos Amado da Silva. Ao Miguel Ferreira que me convidou para treinar o GD Direito, ao José Maria Vilar Gomes que me convidou para treinar o GDS de Cascais.

Agradeço aos "meus" treinadores: Raúl Patrício, António Coelho, Vasco Lynce, Bernardo Marques Pinto, meu irmão Luís Bessa, Nuno Mourão com quem fiz equipas coesas e determinadas.

Agradeço a todos os que seguraram as pontas para garantir que o trabalho se centrasse no treinar e seleccionar:
Os Directores de Equipa: Albano Rodrigues, João Ataíde, António Silvestre, Armando Fernandes, António Faím e Caleia Rodrigues; os médicos Pedro Granate e Dídio de Aguiar; os enfermeiros Graça Gordo e Manuel Carvalho; o Mário Ferreira, o Fritz.
Agradeço aos jogadores e jogadoras que treinei no Direito, Cascais, CDUL, Sporting e nas selecções nacionais que sempre deram o seu melhor pelos objectivos que nos eram comuns, sendo, naturalmente, parte importante da minha carreira.

Agradeço também aos treinadores que ajudei a formar e que me obrigam a manter-me permanentemente actualizado.

Agradeço ainda aos funcionários e funcionárias da FPR pela pronta, permanente e generosa disponibilidade que sempre me demonstraram.

Agradeço a todos os que colaboraram comigo nas diversas áreas desportivas em que trabalhei e ainda a todos que me me ajudaram em qualquer momento da minha carreira.

Ao receber nesta cidade esta distinção do prémio Carreira Desportiva não quero deixar de lhe acrescentar o valor da memória, lembrando Floris Van der Merwe da Universidade de Stellenbosh que, no seu texto "Rugby in Prisoner-of-War camps During the Anglo-Boers War, 1898/1902"*, admite a possibilidade — "In the case of Portugal, it appears that the Boers introduced rugby to the Portuguese" — de ter sido, precisamente aqui, nas Caldas da Rainha e em 1901, o local onde os refugiados Boers deram a conhecer, com o seus jogos, o Rugby aos portugueses, começando assim a aventura da bola oval que nos trouxe até hoje. Uma particularidade que juntarei ao prémio que recebi.

A todos a quem me referi e em particular aos meus amigos que cabem neste prémio da minha carreira, estou profundamente reconhecido e grato.

MUITO OBRIGADO!

* — texto que me foi dado a conhecer pelo David Evans.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

E O PONTAPÉ DE RESSALTO?

Num dos muitos artigos referentes ao Nova Zelândia - África do Sul, alguém escreveu que “a Nova Zelândia é a única mundial que não tenta o pontapé de ressalto numa situação destas.” De facto não se percebe como, com o domínio territorial dos últimos dez minutos e à distância de 2 pontos, não houve qualquer preparação para um pontapé de ressalto vitoriosa. Esqueceram-se?! Falta de confiança de Beauden Barrett? Exigência de ensaio do capitão, Kieran Read? Arrogância alicerçada nos notáveis resultados dos últimos anos?
Como perderam os AllBlacks um jogo em que tiveram a superioridade que as estatísticas demonstram? Como foi possível?
A resposta simples é a de culpar Beauden Barrett pelas suas falhas nos pontapés ou a precipitação do irmão Jordie ao lançar, tão longe, uma bola num alinhamento rápido que deu todo o tempo de mundo para Willie Le Roux interceptar a bola enquanto Rieko Ioane, em vez de “entrar no passe” esperava que a bola chegasse às suas mãos ou ainda que Lienert-Brown não tivesse permitido a intercepção de Kolbe.
Claro que estes erros, que na sua maioria constituem riscos do jogo que fazem dos AllBlacks a melhor equipa do mundo, são a face imediatamente visível da derrota mas não representam a verdadeira face da derrota. Porque no Rugby quem ganha ou perde é a equipa. que tem que saber, colectivamente, ultrapassar os erros individuais.
A verdadeira face da derrota está, portanto, nos erros defensivos colectivos que permitiram a marcação de 36 pontos pelos sul-africanos até porque, de facto, os neozelandeses marcaram 6 ensaios que deveriam chegar e sobrar para garantir a vitória.
Portanto as causas da derrota — a dar razão ao actual treinador dos Crusaders Ronan O´Gara que considera que em termos defensivos os europeus estão muito mais avançados do que os neozelandeses — foram os erros defensivos que a percentagem de apenas 80% de sucesso nas placagens demonstra. E as causas da vitória estiveram na capacidade defensiva inexcedível — 235 placagens tentadas para 196 conseguidas - e na coesão colectiva dos sul-africanos — os últimos dez minutos foram defensivamente épicos. No fundo a permissividade defensiva de uns e a coesa capacidade defensiva colectiva de outros como razão fundamental deste resultado surpreendente.
No final do jogo, o treinador neozelandês Steve Hansen dando como principal razão da derrota os 36 pontos permitidos e lembrando permissividades defensivas considerava que esta derrota, pelo que ensinava, iria permitir que a equipa se tornasse mais forte. Agora, garantiu, irão, no tempo de treino de que dispõem, trabalhar os factores que se mostraram demasiado fracos para o nível internacional. 

O ciclo de análise, avaliação, correcção e execução está lançado. E, estou certo, o recurso ao pontapé de ressalto, com a preparação devida e em situações idênticas à deste jogo não será esquecido.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

EXIGE-SE PERSPECTIVA ESTRATÉGICA

Num fim-de-semana desenhado para passar o tempo com os olhos nos ecrãs ora da televisão, ora do computador, foi possível ver o rugby dos jogos da Championship Nova Zelândia-Argentina (46-24) e Austrália-África do Sul (23-18) - os jogos de Portugal no Europeu de Sevens a procurar uma classificação para o apuramento da World Series de Hong-Kong, o jogo de Portugal para o 3º lugar, Medalha de Bronze, do World Rugby U20 Trophy - Mundial B - ou a final do mesmo torneio entre Fidji e Samoa e arbitrada pelo nosso Paulo Duarte. A que se juntava ainda a chegada ciclista aos 1100 metros de Lagos de Covadonga da 15ª etapa da Vuelta 2018 ou as duas finais tenísticas do US Open e que me relembraram o tempo, num resquício dos entendimentos da aristocracia inglesa, em que, no rugby, os treinadores não podiam contactar com os jogadores ao intervalo.
O jogo mostrado pelos AllBlacks — que utilizou sete jogadores diferentes do jogo anterior —mostrou à evidência a qualidade da formação e da competição interna dos neozelandeses. Sob a formação vale a pena lembrar que o desenvolvimento da técnica individual dos brasileiros que, durante anos espantou o mundo do futebol, se fazia com base em dois pontos: liberdade e divertimento possibilitado pelos jogos de rua de equipas e campo reduzido - o hoje dito futsal. Não é assim por acaso que a primeira etapa do programa Long Term Athlete Development (LTAD em que os irlandeses substituíram o A pelo P de “player” para um LTPD, mostrando a sua preocupação pela aplicação do programa às modalidades colectivas) se designa por FUNdamental, apontando para a sua essência de divertimento contra o exagero de grelhas controladoras e imposições de cartilha.
E é essa noção de divertimento organizado com objectivos controlados e com liberdade de experiência quer na tomada de decisão quer no uso da bola a que se juntam noções tácticas individuais e colectivas – a posse da bola tem como objectivos marcar ensaios! ou a equipa está primeiro! – onde a repetição individual muito elevada dos gestos técnicos  leva à facilidade de execução e à capacidade conjunta de leitura simultânea, transformando o espaço do jogo – como se diz do futsal brasileiro – num laboratório do improviso mas aproveitado para desenvolver o culto da camisola que se pretende deixar sempre em melhor posição. Ou seja, não é o talento individual da sorte de meia-dúzia mas o sistema de formação que fazem dos AllBlacks a melhor equipa do mundo. E nós portugueses deveríamos olhar para a formação rugbística dos antípodas com outra atenção e uso. Procurando copiar-lhe o modelo e o processo.
Também com sete jogadores diferentes dos utilizados na última etapa de Exeter a equipa nacional de Sevens – agora comandada pelo experimentado antigo jogador e anterior Director de Equipa, Diogo Mateus – conseguiu a melhor classificação da época, obtendo um terceiro lugar com vitórias sobre a Inglaterra e a França mas não conseguindo ultrapassar o adversário principal Alemanha. No entanto a equipa jogou de forma muito interessante, abandonando o cómodo movimento da bola de um lado ao outro para, procurando ultrapassar a linha de vantagem como de forma a libertar o espaço exterior e conseguir vantagem numérica, atacar os intervalos da defesa adversária – alguns dos ensaios foram de grande qualidade quer pelo jogo de passes permitido pela disponibilidade do apoio em tempo, direcção e linhas de corrida, quer pela leitura eficaz dos pontos fracos da organização defensiva adversária. 

QPM - Quota de pontos marcados- Percentagem dos pontos marcados sobre a totalidade de pontos marcados e sofridos
Esta equipa de Sevens mostrou que, havendo interesse e organização capaz, é possível colocá-la de novo em posição competitiva que possa permitir o retorno à World Series e olhar para a classificação olímpica de uma forma minimamente realista.
O terceiro lugar dos U20 na versão B do Mundial da categoria etária é um excelente resultado. E melhor resultado é se consideramos o jogo conseguido na maioria do encontro contra a Namíbia. E também aqui – coisa pouco vista quer nos jogos internos, quer noutras selecções portuguesas – a equipa tinha, na sua organização atacante, a preocupação permanente de atacar a linha de vantagem, reduzindo a largura e a profundidade da linha de defesa e conseguindo os intervalos de penetração necessários para a obtenção dos 11 ensaios para um resultado final de 67-36. A coesão da equipa, demonstrada na sua capacidade defensiva, permitiu a necessária confiança ao correr de riscos que dominou o movimento atacante da bola. Interessante de ver e eficaz na construção dos resultados. 
Principalmente o que esta equipa U20 – na sequência de outras equipas de Luis Piçarra – nos vem mostrar é que temos qualidade competitiva enquanto jovens. O que significa que a distância competitiva a que, na equipa principal, nos encontramos é motivada pela má organização e competitividade internas e ainda pela despreocupação sobre a importância dos resultados internacionais. Ora estes resultados vêm exigir à comunidade rugbística portuguesa que se mostre capaz de se integrar na lógica do desporto de rendimento, sabendo separar águas e não misturando mais interesses e propósitos distintos. No Desporto os resultados contam e são base da expansão, do interesse e da notoriedade. Aquilo de que o rugby português precisa para garantir a sua afirmação internacional.
Destas duas participações portuguesas em Sevens e Quinze, uma estranheza, dado, principalmente a importância relativa das duas provas: António Aguilar tido como treinador principal da selecção portuguesa de Sevens deslocou-se com o quinze dos U20 para a Roménia, ficando a equipa de Sevens, na Polónia, entregue ao anterior Director de Equipa, Diogo Mateus. E a estranheza resulta do facto da evidente prioridade dos Sevens — modalidade olímpica e que exige, por razões de adaptação competitiva, a presença de novo de Portugal na World Series —sobre a participação dos U20 no Mundial B onde a procura de um 1º lugar que permitisse o acesso ao WR U20 Championship se mostrava naturalmente de enorme dificuldade e sem maiores consequências imediatas para o futuro do rugby português. Não estando em causa a competência de Diogo Mateus – experiente antigo internacional com 75 internacionalizações em “quinze” e diversas em “sevens” e treinador qualificado de 3° grau e com enorme experiência no mundo competitivo dos Sevens enquanto Director de Equipa da selecção portuguesa – não se percebe a inexistência de uma explicação oficial das razões da mudança. Porque as exigências e responsabilidades da competição internacional não se compadecem com decisões voluntaristas. Tão pouco a organização que se exige a uma federação desportiva.
A final do Trophy entre Fiji e Samoa – vitória dos fijianos por 58-8  – teve como árbitro o internacional português Paulo Duarte que teve uma excelente prestação. Foi exigente, sereno, atento, focado, amigável e possibilitou aos jogadores presentes o clima ideal para a sua expressão rugbística. Num importante momento da sua carreira, Paulo Duarte que faz parte do grupo de árbitros sob observação para participarem nos Sevens dos Jogos Olímpicos do Japão, marcou pontos ao não deixar, agora no Quinze, os seus créditos por mãos alheias e demonstrando a necessária confiança e capacidade que distingue um árbitro de nível internacional.

Este Trophy foi jogado com a aplicação de uma regra experimental na placagem que só permitia o contacto entre adversários abaixo da linha do peito. Das impressões que obtive o resultado não foi brilhante e não possibilitou a análise pretendida uma vez que o pouco tempo entre a decisão e a sua aplicação não terá permitido, quer a árbitros quer a jogadores ou treinadores, a adaptação necessária. E assim a tentativa de solucionar o grave problema do aumento das concussões pelo choque na zona das cabeças, ficou-se por uma enorme subjectividade de decisões sem a homogeneidade que se exige na competição desportiva.
Pode dizer-se que neste fim-de-semana o rugby português mostrou perspectivas de qualidade interessantes. Resta saber como o trataremos a partir daqui e qual a estratégia que pretendemos aplicar para garantir que o seu desenvolvimento se faz com o propósito de atingir o objectivo de resultados internacionais futuros consequentes com o melhor historial da modalidade.

sábado, 8 de setembro de 2018

DE PROPÓSITO NÃO SE FARIA MELHOR

A selecção feminina portuguesa de Sevens, ao classificar-se em 12º e último lugar no final das duas etapas - Marcoussis e Kazan - que compuseram o Europeu de 2018 da variante, desceu à 2ª divisão europeia.

Dir-se-ia que, se fosse propositado, não se faria melhor.

Porque ninguém parece querer saber de uma competição interna capaz e em condições de permitir às jogadoras uma aproximação à exigência internacional.

A equipa portuguesa feminina de Sevens — ao contrário da masculina   lutou até à última pela classificação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016, atingindo o ultimo patamar classificativo ao disputar a Repescagem Olímpica Mundial, em Dublin depois de ter conseguido, em Lisboa, o 3º lugar na Repescagem Europeia através de 4 vitórias nos seis jogos disputados.

Ou seja, a equipa feminina portuguesa de Sevens, não sendo uma equipa de primeiro nível europeu ou mundial, mostrou-se sempre com a qualidade necessária para competir no quadro europeu principal da variante. O gráfico seguinte mostra as classificações obtidas desde 2003, ano em que o Europeu, ainda numa só prova — as etapas múltiplas tiveram início em 2011 — se iniciou.
E não se pense que as dificuldades dos resultados se deviam à pequenez ou leveza - perfil morfológico - das jogadoras nacionais. O quadro seguinte mostra a proximidade dos factores físicos com espanholas ou francesas. Não foi, portanto, por aqui.

Tão pouco pela atitude ou espírito de luta — quem se lembra do seu comportamento na etapa de Lisboa da Repescagem Europeia para o Rio 2016, percebe a que me refiro. Elas são lutadoras e determinadas.
Compacticidade:  distribuição do peso pela altura
As razões são outras e dizem respeito à incompreensão, à ignorância, à irresponsabilidade e á indiferença — os 4Is — de quem manda ou mandou.

Ignorar que a entrada dos Sevens nos Jogos Olímpicos iria transformar a variante é ignorar o domínio mundial do Desporto. Com o anúncio da sua entrada para a área olímpica, diversos países começaram a olhar de forma diferente - principalmente no feminino uma vez que o masculino já tinha assente, com a criação das World Series, a sua competição internacional para o intervalo entre Mundiais — para a variante e o seu desenvolvimento. O que significava que a competição internacional iria subir, como subiu, de nível. Com a certeza da continuidade olímpica, o aumento competitivo de cada torneio, etapa, prova, subiu ainda mais. O que exigia análise e estratégia para atingir um propósito definido e realista como a manutenção na divisão principal europeia com o objectivo, a médio prazo, de conseguir entrada para o circuito mundial.

E que fizemos nós em Portugal para seguir a tendência? Nada para além de aumentarmos erros que retiraram qualquer possibilidade de aproximação à competição internacional por parte das jogadores portuguesas.

É, portanto, esta a razão principal da descida: as jogadoras portuguesas não têm competição interna com o nível necessário à participação internacional. Ou seja, os responsáveis federativos não quiseram saber do cumprimento da sua principal Missão federativa que assenta na promoção das condições internas necessárias ao equilíbrio competitivo internacional d/o/a/s jogador/es/as portugues/e/a/s.

Mas ninguém se preocupou com nada disso. Pelo contrário, aos 5 torneios anuais mais a Super Taça de Sevens juntaram 6 torneios de Tens a que se acrescenta um jogo da Taça de Portugal. Não há aproximação competitiva que resista a um calendário de 5 etapas... para mais se tão desequilibrado que em cada etapa apenas um jogo — no descanso de todos os outros — atingia o nível competitivo com a intensidade necessária num mesmo cenário: uma final Sporting-Benfica.

Por indiferença e ignorância acrescentaram aos Sevens essa aberração que dá pelo nome de Tens e que não passa de um entretém sem qualquer interesse - conheci-o há muitos anos em Hong-Kong jogado por trintões que gostavam de Sevens e que já não podiam, chamando mais três para tapar as lacunas.

A entrada do Tens — que não se percebe a lógica porque o Rugby joga-se Quinze ou Sevens - teve como justificação que seria o bom percurso para atingir o patamar do jogo a quinze. O problema é que não é!

O Tens não serve nem para desenvolver os Sevens nem para proporcionar condições de acesso ao Quinze! Por um lado —Sevens — porque diminui o espaço, reduzindo a área por jogador e diminuindo o intervalo — facilitando a tarefa defensiva — entre os jogadores da linha _ e diminuindo o esforço de cada sequência; por outro — Quinze — porque nada ensina dessa essência do jogo completo que dá pelo nome de 3ª linha — a unidade decisiva da movimentação geral do jogo. E que o Tens não tem nem a Lei deixa ter — as Variações das Leis impõem que a/o/s d/ua/oi/s jogador/as/es da segunda-linha formem nos pilares mas ligados entre si (se ainda pudessem jogar formados na perna exterior de cada pilar... haveria alguns princípios de asas/flanqueadores que podiam ser aprendidos como linhas de corrida atacantes e defensivas, tempo de apoio exterior e interior ou des/co/locação nos corredores externos para apoiar segundos/terceiros tempos. E o Tens não abre lugar a perfis morfológicos diferentes do Sevens e que serão necessários no Quinze. Dito de outra forma: as gordas necessárias e fundamentais à primeira-linha do Quinze também não têm aqui lugar...

Mas de pior, há mais no Tens: possibilitando intervalos maiores do que os que irão ser encontrados no Quinze, permite uma maior facilidade de evasão individual e é menos exigente na formação e na distância do apoio. Ou seja: o Tens não serve! Não serve senão para o espanto de, na passagem para o jogo completo, existirem 3 jogador/as/es que não sabem que tarefa lhes cabe ou outras 3 jogador/as/es que dificilmente adquirem a experiência necessária às formações-ordenadas — o que, para além de mau, é perigoso!

O desenvolvimento do rugby feminino português passa pela criação de etapas de Sevens mais equilibradas e com mais competição — melhores treinos para melhores conhecimentos técnico-tácticos exigem-se — e que possibilitem resultados internacionais atractivos.  

Também por outro lado é preciso colocar o rugby feminino a jogar Quinze, jogando Quinze. Clubes que não consigam juntar as jogadoras necessárias para completar uma equipa de Quinze, jogarão Sevens; os que conseguirem jogarão entre si independentemente do número total de equipas que o consigam.

No actual estado, baixado que foi de divisão, o que se pode fazer para recuperar? Que propósitos definir? Que estratégia estabelecer para voltar à I Divisão Europeia do Rugby Feminino?

No fundo, no fundo, trata-se de responder a isto: como estabelecer condições internas de competição que permitam o desenvolvimento competitivo das jogadoras com o objectivo de igualar internacionalmente competências?

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