sábado, 14 de janeiro de 2017

TAÇA IBÉRICA 2017

Amanhã joga-se a 37ª Taça Ibérica entre os campeões de Portugal, Grupo Desportivo Direito, e os campeões de Espanha, El Salvador. Nas trinta e seis disputas realizadas a totalidade dos campeões espanhóis têm vinte vitórias e os campeões portugueses dezasseis. Entre os adversários de amanhã ambos têm o mesmo número de quatro vitórias.
Olhando os dados das duas equipas - são em muito maior número os dados da equipa espanhola acessíveis no site da federação espanhola - podemos considerar que, através da análise dos números dos campeonatos internos respectivos que disputam, um certo equilíbrio numérico embora se possa pensar que existem, para esta época, alguma vantagem para os campeões nacionais.
De facto o GDD apresenta-se nesta época só com vitórias nos jogos disputados - 82% de vitórias para o El Salvador - e com uma média de ensaios marcados de 8,2 contra 5 dos campeões espanhóis.
O El Salvador é uma equipa que conta nas suas fileiras com 11 estrangeiros - 26% do seu quadro sénior - dos quais 5 estão no clube esta época pela primeira vez. No último jogo realizado - contra o Barcelona e com uma vitória por 49-19 - a equipa alinhou, nos avançados, com 50% de jogadores estrangeiros e com 84% nas linhas atrasadas. Ou seja, jogaram apenas com 6 espanhóis correspondentes a 40% da equipa. 
Tendo como referência o último jogo disputado do campeonato espanhol, a equipa do El Salvador tem uma média global de idades de 27 anos. O que significa ter jogadores com experiência suficiente. O seu bloco de avançados apresenta-se com 860 quilos no total, com uma 1ª linha com uma média de 117 quilos e um cinco-da-frente com um total de 555 quilos. O que irá exigir dos avançados portugueses um permanente esforço para garantir que, por um lado, a sua equipa não assentará o seu jogo no pé de trás e, por outro, a equipa adversária não terá o embalo necessário que lhe facilite o vencer da inércia das fases estáticas. Os Bases e Nº8 espanhóis apresentam uma média de alturas de 192 cm - alturas que não devem constituir qualquer problema para os mais 10 centímetros de Gonçalo Uva... desde que as bolas sejam lançadas com a precisão devida...
Ambas as equipas, de acordo com as suas médias por jogo, mostram-se com capacidade para marcar ensaios, apresentando percentagens de jogos disputados com bónus ofensivos muito próximos: 66% para os portugueses, 63% para os espanhóis. O problema das linhas atrasadas portuguesas estará no confronto com o meio-campo espanhol que apresenta um índice de compacticidade (peso distribuído pela altura) médio de 48,2 que já se aproxima do que podemos encontrar no melhor nível internacional e que lhes criará dificuldades no confronto físico directo ou nas colisões.
Defensivamente qualquer das equipas se mostra, nos seus campeonatos, suficientemente capaz para, nesta época, terem, em média, sofrido menos de 2 ensaios por jogo com o Direito a ter uma média de 1,2 ensaios sofridos e o El Salvador com 1,6 de média.
Ora e de acordo com as investigações da empresa The Gain Line, a coesão da equipa - componente responsável por 40% do total da construção do resultado - tem tradução na qualidade defensiva e resulta, principalmente, do número de horas de competição conjunta. O que poderá significar que a existência do elevado número de estrangeiros do El Salvador (4 dos 9 estrangeiros são considerados já jogadores "formados" em Espanha) não corresponda a um problema de integração e coesão da equipa. O que, se assim for, se traduzirá num problema acrescido para a equipa portuguesa.
Dos diversos problemas que a equipa do GD Direito enfrentará o, provavelmente, maior dirá respeito à questão: como conseguirão os jogadores de Direito utilizar em condições de eficácia a sua capacidade de evasão fugindo áquilo que pode ser considerada uma vantagem espanhola como a colisão?
Neste aspecto a eficácia portuguesa dependerá da adaptação dos médios à mais que provável pressão que irão sofrer. Ao formação pede-se que seja capaz de libertar rapidamente a bola dos agrupamentos estáticos ou expontâneos; ao abertura que seja capaz de se posicionar da forma mais adaptada possível a cada situação para garantir tempo e espaço para que os seus companheiros exteriores possam evitar a pressão e atacar os espaços abertos.
O aparente equilíbrio resultante da tabela apresentada deve ser confrontado quer com o facto do  factor casa valer, para a World Rugby, 3 pontos ou mesmo 4 de acordo com estudos recentes - o que significa que o GD Direito entra, por um lado, em casa do adversário a perder por 4-0 e que ainda se tem de confrontar com o facto do índice de competitividade do campeonato português - onde os seus jogadores criam a experiência e os hábitos competitivos - valer cerca de três vezes menos do que o espanhol (ver UM FOSSO CADA VEZ MAIOR).
A tarefa dos campeões portugueses do GD Direito, nesta final da Taça Ibérica, é tremendamente difícil. Uma vitória será um resultado formidável enquanto que uma derrota será um resultado aceitável face à diferença de meios que separa as equipas e que vão desde a competitividade dos campeonatos internos que disputam até à capacidade financeira que aparentam.

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