domingo, 4 de dezembro de 2011
MOMENTOS INESQUECÍVEIS
A capa da última revista Exame trazia o médico dentista Paulo Maló e
relacionava-o com o tema "A ANGÚSTIA DE GERIR EM CRISE" - lá dentro outros dois amigos, António Afonso Cardoso Pinto e Artur Santos Silva e ainda o algesino António Câmara. Mas, para este caso, o importante é o Maló.
O Paulo Maló foi jogador de rugby da Académica e foi internacional. Numa das vezes em que fui treinador-seleccionador do XV principal de Portugal pude contar com ele - julgo que as suas internacionalizações foram todas da minha responsabilidade - e foi sempre uma mais-valia para a equipa: era um ponta rápido, poderoso e fazia muitas vezes a diferença sobre as defesas adversárias. Um dia - 13 de Abril de 1986, em Jesi - jogamos contra a Itália. E fomos com pretensões de vitória.
Muito próximo do final do jogo, dois ou três minutos, perdíamos por 26-24. Conseguimos colocar-nos dentro do meio-campo deles e muito próximo da linha de 22. Aprendido do basquetebol tínhamos, como eles, uma "jogada combinada" bem treinada e só para ocasiões desta natureza: resultado próximo e sobre o final do jogo. A jogada envolvia o ponto forte Maló que, depois dos iscos atirados à defesa, receberia a bola sobre o intervalo criado e só tinha que, lançado, correr para a linha de ensaio, evitando a pior das hipóteses de um último defensor.
Bola a circular, tudo a correr bem, auto-estrada aberta, Maló lançado no tempo exacto, bola passada e agarrada e, no banco, a vitória estava garantida. Maló isolado, colocou a bola no chão a seguir ao risco: ensaio! Mas não ouvimos o apito nem vimos o gesto do árbitro...
O ponta Maló fez tudo bem feito, viu um risco e colocou a bola no chão - só que o risco era da pequena área do futebol e estava um metro antes da linha de ensaio. Fosse pelo que fosse Maló confundiu as linhas... E os italianos ganharam o jogo por dois pontos. Vidas!...