O Grupo Desportivo de Direito é o novo - e de novo - campeão de Rugby de Portugal. Vencendo, com todo o mérito, o CDUL na final do campeonato, Direito conquistou o seu nono título.
A vitória de Direito é incontestável, fez o que se exige numa final: ganhar! Ao contrário do CDUL, adaptou-se ás circunstâncias: ás próprias da constituição da equipa e às das condições do vento. Dir-se-à que o Direito, equipa experiente e conhecedora, fez o que tinha a fazer, usando as suas armas. E fê-lo com determinação - a mesma determinação com que tinha vencido o Belenenses - e demonstração objectiva de vontade de ganhar: disponibilidade para a luta - foram excelentes no chão ora conquistando, ora atrasando o tempo de saida das bolas adversárias e arruinando assim qualquer tentativa de jogo eficaz das linhas atrasadas adversárias; mantiveram a preocupação em jogar penetrante no pequeno perímetro, possibiltando assim o apoio permanente dos mais experientes; impuseram um jogo defensivo suficientemente agressivo para cortar a eventual fluidez adversária; usaram os seus pontos fortes - como foi o caso do aproveitamento da mobilidade de Adérito sempre que foi necessário variar o jogo para penetrante ao largo - ou de manter, apostando na experiência dos "velhos", uma permanente pressão nas fases ordenadas de conquista, perturbando ou mesmo roubando bolas. E mostrou-se capaz ainda - para não falar na demonstração de Pedro Leal e a sua totalidade dos pontos da equipa - de tirar o melhor partido - com o experiente Malheiro - do vento pelas costas, conquistando o necessário terreno para se libertar da pressão e colocar o adversário em dificuldades.
O CDUL não foi capaz, durante a primeira-parte, de utilizar o vento pelas costas e no restante mostrou as mesmas dificuldades de que já tinha deixado indícios no seu jogo da meia-final contra Agronomia: dificuldades no jogo no chão, lentidão na libertação da bola, permitindo a reorganização defensiva adversária e, provavelmente mal maior, uma postura defensiva pouco eficaz no impacto, permitindo ao portador da bola entrar na placagem, avançando e mantendo a fluidez da continuidade dos encadeamentos. Incapaz de cortar a corrente ao adversário terá ainda caído na armadilha do pequeno perímetro, espaço táctico de eleição dos adversários, sem encontrar formas de a contrariar. E assim, impossibilitado de criar tempos fortes eficazes, o CDUL viu-se constrangido a correr atrás do resultado, acrescentando ainda mais pressão à pressão que a decisão do título já impunha.
No fundo, pode dizer-se, as duas equipas puseram em campo as capacidades - nas suas qualidades e defeitos - que já haviam mostrado nas meias-finais.
Apesar de alguns momentos de emoção, este jogo da final não foi um grande jogo. E para o perceber basta pensar no número de bolas que cada equipa conquistou e teve à sua disposição e as dificuldades mostradas na ultrapassagem das linhas defensivas ou de jogar-entre-linhas. Por falta de variedade ou capacidade de leitura, os ataques mostraram-se incapazes de vencer as defesas e o sal do jogo ficou-se num ensaio de oportunidade (de Pipoca, pois claro!). Pouco para as expectativas de ver as duas melhores equipas portuguesas.