quinta-feira, 8 de junho de 2017

OPORTUNIDADE DEITADA FORA?

Com a entrada para os Jogos Olímpicos, o Sevens transformou-se e é hoje um jogo de grande competitividade e com cada vez mais competidores. Iniciado o seu processo de candidatura ao mundo olímpico, o Rugby de Sete deixou de ser um simpático divertimento de final de época no seguimento da sua tradição nascida em 1883 na cidade de Melrose na Escócia para começar com provas da dimensão do Campeonato do Mundo (1993) e da World Rugby Sevens Series (WRSS) (1999/2000) que lhe dão cada vez maior autonomia.

O factor Olímpico levou diversos países a darem um outro nível de atenção a esta variante - na Europa, a Espanha estabeleceu um programa que lhe permitiu a presença nos Jogos Olímpicos para além da entrada nas WRSS, enquanto que a Irlanda ou a Itália começam a aparecer, numa demonstração do seu interesse quer pela qualificação para o Mundial, quer para o acesso olímpico, com equipas mais capazes enquanto que a Alemanha e Geórgia desenvolvem programas com o mesmo objectivo de também acederem às principais provas mundiais. Portanto tudo se alterou de um ponto de vista de dificuldades competitivas e as qualificações, agora cada vez mais exigentes, obrigam a uma cuidada preparação, organização e visão.

No passado fim-de-semana, em Moscovo, os dados foram lançados na primeira das quatro etapas que constituem o Grand Prix Series (GPS) europeu, e que apura, para além das quatro equipas europeias já qualificadas - Inglaterra, Escócia, Gales e França - duas equipas para o Mundial de 2018 em S. Francisco e permite ainda o acesso ao torneio de Hong-Kong que garante ao seu primeiro classificado a possibilidade de se juntar na WRSS às seis equipas europeias que são residentes para 2018 - Inglaterra, Escócia, Gales, França, Rússia e Espanha.

Como é normal neste ano anterior ao Mundial, as equipas já qualificadas - a Escócia nem participa - apresentam equipas experimentais. Para o ano, em vésperas do Mundial, aproveitarão o GPS para a sua rodagem final e em 2019, contando para o apuramento olímpico, será a presença em força de todas as equipas que não se encontrem já apuradas pela qualificação no World Rugby Sevens Series.

A equipa de Portugal Sevens foi - por erros estratégicos óbvios que estabeleceram decisões desadequadas - afastada do núcleo das WRSS no ano de 2016, ficando a sua participação reduzida à possibilidade de alguns convites - que não existiram - e ao GPS. O que significa que, para sair desta posição, será necessário obter resultados que a possam qualificar para, no mínimo, poder estar presente em Hong Kong a lutar pela reentrada na WRSS. Sem o que, o nosso crescimento competitivo tenderá a estagnar.

Se a classificação para o Mundial é muito difícil, a classificação para Hong Kong - uma vez que a Espanha e a Rússia já não contam - mostra-se mais acessível. E claramente este deveria ser o objectivo mínimo da FPR para possibilitar condições para que o rugby português possa ter acesso aos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020. Deveria ser um objectivo estratégico!

O Sevens internacional - desde que existam (como em tudo) resultados que o justifiquem - não  é dispendioso. Por um lado porque as despesas de viajens e estadas são por conta da organização e, por outro, porque a World Rugby ainda financia boa parte da preparação. A estes valores junta-se ainda a comparticipação do Comité Olímpico de Portugal desde que a selecção portuguesa esteja em condições de fazer parte dos programas de preparação olímpica. Vistos estes dados, a preparação da equipa para este GPS de 2017 deveria ter sido muito cuidada por forma a garantir a classificação pretendida. E não foi: nem cuidada, nem atempada.

Estava estabelecido que após o jogo (de muito má memória, aliás) contra a Bélgica, que a prioridade  de escolha de jogadores seria para o Sevens. Situação não cumprida por causa de um jogo contra o Brasil a realizar no mesmo fim-de-semana da segunda etapa (Lodz, Polónia) do GPS. Ora neste jogo contra o Brasil - com resultado “normal” de vitória de Portugal por 4 pontos de jogo de diferença - está apenas em causa a subida ou descida de um lugar (de 25º para 24º ou de 25º para 26º) com perda de 1,22 ou ganho de 0,78 pontos de ranking. Ou seja e dada a simultaneidade e a importância de nos Sevens estar em causa o momento adequado para um futuro maior, o “quinze” não deveria ter sido considerado prioritário! E deveria ter sido tomado em conta na devida importância estratégica!

Em Moscovo, Portugal classificou-se em 6ª lugar (10 pts) - pesem embora e apesar da igualdade entre vitórias e derrotas uns resultados que lhe permitiram uma diferença positiva de 14 pontos entre pontos marcados e sofridos. O que significa que um melhor cuidado na preparação e uma maior e mais ampla possibilidade de escolha de jogadores poderiam permitir uma maior conquista de pontos classificativos. Assim e logo à primeira, já entregámos aos nossos adversários para Hong-Kong, 10 pontos à Irlanda e 4 à Itália. Para alguma satisfação ficamos pela vantagem de 2 pontos sobre a Alemanha - finalista vencida pela Espanha no último apuramento de Hong-Kong -  de 4 sobre a Geórgia.

O problema na continuidade da competição de Sevens está que - tanto quanto julgo saber - alguns dos jogadores que estiveram em Moscovo não farão a viagem a Lodz onde, no Grupo A, Portugal defrontará a Alemanha, a Polónia e a Irlanda. E os substitutos serã escolhidos do que resta dos que se deslocam a S. Paulo. O que parece não ultrapassar o regime do disparate.

Depois, claro, não há patrocinadores, não há financiamentos, não há possibilidades para sair do plano rasteiro em que nos encontámos. Pela simples razão que não há resultados! E se o Desporto vive de resultados, os patrocinadores gostam de se juntar a bons resultados! Simples e elementar.

Arquivo do blogue

Quem sou

Seguidores