sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O RUBICÃO

Começa amanhã a nova época competitiva portuguesa e inicia-se, assim e pela primeira vez, o ciclo olímpico da variante de Sevens no qual o rugby português pretende marcar presença.

Para Portugal é uma época muito exigente pela importância do que está em jogo: o caminho para as proximidades da elite com a qualificação para disputa do Mundial de XV em Inglaterra em 2015; o comportamento da selecção de Sevens no World Series onde, enquanto selecção residente, disputará todo o circuito com o objectivo de manter o actual estatuto para que a visão da presença nos Jogos do Rio de Janeiro em 2016 não se esfume de imediato.

Estas duas frentes vão com certeza implicar uma maior especialização de jogadores e irão introduzir novos hábitos – os jogadores de Sevens, pelo próprio calendário internacional, não poderão jogar muitas vezes pelos seus clubes nos campeonatos internos – que representarão um outro tipo de desafio para o sistema do rugby português. Uma nova fórmula de campeonato pretende responder a essas exigências, libertando, mais do que datas, “espaços” para que a selecção nacional de XV possa utilizar convenientemente a “janela” de Novembro – as vitórias serão essenciais quer para garantir os níveis de confiança necessários quer os pontos que precisamos para subir no ranking e ocupar uma posição mais assertiva que nos garanta confrontos com adversários mais categorizados – e ainda uma boa participação nos indispensáveis jogos de preparação para um bom primeiro passo no “6 Nações B” cujos resultados a partir de agora contam para o acesso ao Mundial de Inglaterra.

Não há participação de bom nível internacional sem uma competitividade interna que dê aos jogadores hábitos e ritmos adequados. Um bom aproveitamento desta nova fórmula de campeonato pode proporcionar, neste quadro de crescimento das competições e responsabilidades internacionais, um muito aceitável nível competitivo, proporcionando mais oportunidades a jogadores para demonstrarem as suas qualidades e agarrarem as possibilidades de carreira que se podem assim abrir. Se imediatamente a “armada luso-francesa” pode colmatar as dificuldades dos Lobos, o desenvolvimento do rugby português necessita – cada vez mais – de jogadores formados em Portugal mesmo se – e daqui não virá mal ao mundo, pelo contrário – a sua carreira mais elavada se fizer no estrangeiro. Mas a sua ligação ao rugby nacional, mais directa e de contacto mais fácil do que aquela que existe hoje com os nossos compatriotas que aprenderam as bases noutras andanças, irá permitir mais facilmente que a modalidade se desenvolva – e se forme – em articulação com as metodologias mais avançadas de que serão conhecedores e transportadores. E embora sendo verdade, como diz Miguel Portela, que há uma enorme diferença entre treinar como os melhores ou treinar com os melhores, a nossa responsabilidade interna é a de proporcionar treinar como os melhores. E se assim fosse, já não seria mau…

A época que agora começa é decisiva para o posicionamento do rugby português no quadro internacional: ou junto dos melhores ou a ver a banda passar. E não haverá repetição de oportunidades que, cito o treinador australiano Alan Jones, são como as setas: se atiradas, não voltam mais.

Que seja uma boa e divertida época rugbística!

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