4 Nations: Celebração da vitória All-Black,
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Em teoria e de acordo com o valor das duas equipas expresso no seu posicionamento no ranking da IRB, a Argentina perderia em casa e em jogo com a Nova Zelândia por vinte pontos de diferença.
Não foi assim, perdeu pela diferença de 39 pontos, sofrendo sete ensaios – mesmo marcando dois – e aparentemente os argentinos não terão nada para se vangloriar.
Não penso assim.
Paradoxalmente e apesar do peso do resultado, acho que os Pumas mostraram capacidades que ainda não lhes tinha voltado a ver depois da disputa do 3º e 4º lugares que lhes vi em Paris para o Mundial de 2007.
Por razões que se compreendem – necessidade de se mostrar à altura do desafio – a Argentina apresentou-se anteriormente em campo com elevadas preocupações defensivas, procurando garantir que perderia por diferença reduzida e, assim, mostrar que pertencia ao grupo por direito. Nesses jogos o uso da bola não era o mais importante, a conquista de terreno para garantir espaço de recuperação nas costas sobrepunha-se a qualquer romantismo de ataque longo. Desta estratégia terá feito parte também a necessidade de adaptação ao elevado ritmo e nível de contacto – mesmo colisões como se começam a designar…- que estes jogos exigem.
Mas ao mesmo tempo, sei-o de boa fonte, o campus argentino estava preocupado e trabalhava arduamente a procura da melhor utilização da bola – o objectivo do jogo é marcar mais pontos que o adversário e como não há no rugby – como diz o meu irmão Luis – golos na própria baliza, é preciso avançar no terreno, conquistar a bola e transportá-la até à área de ensaio. E foi isso que os Pumas mostraram, neste jogo contra os notáveis All-Blacks, que sabiam fazer e que estavam dispostos a fazer. E por isso jogaram as bolas de que dispuseram. Com uma muito apreciável qualidade, diga-se.
Falta ainda uma maior assertividade no apoio? Falta. Falta uma maior capacidade de leitura e compreensão da situação com a adequada adaptação à acção do portador da bola? Falta. Falta a capacidade de linhas de corrida complementares que permitam criar dúvidas à defesa, obrigando-a a diminuir os seus índices de agressividade? Falta. Falta a capacidade de lançar contra-ataques que garantam a continuidade da posse, conquista de terreno e jogar em superioridade numérica? Falta. Mas já faltou muito mais nos jogos anteriores do que faltou neste.
A defesa como base estratégica de uma equipa – e os argentinos sabem-no – pode permitir resultados aproximados mas dificilmente garantirá vitórias. Limita-se ao perder por poucos… Procurando ganhar um dos jogos, os Pumas tinham que se testar na capacidade de utilizar a bola. E conseguiram movimentos interessantes e desequilibradores a que terá faltado uma maior resiliência na continuidade do jogo. Mas o jogo era contra os All-Blacks…
…E os All-Blacks são só a melhor equipa do mundo. As suas capacidades – donde ressalta, pela muito elevada cultura táctica individual conseguida desde os tempos da sua formação, a enorme capacidade de compreensão e adaptação às situações com que se confrontam durante o jogo: seja qual for o número da camisola o gesto escolhido para solucionar a situação é o adequado. Um gozo de ver.
Mas a Austrália não vale o mesmo e, ao contrário do que parece ser a voz corrente, esta prestação argentina, porque motivadora na demonstração de capacidade, vai ajudar ao resultado do próximo jogo. Que não se deve perder.