segunda-feira, 1 de junho de 2015

ONDE ESTAVA NO 24 DE MAIO?


Azulejo comemorativo do WR U20 Trophy
Desenho a ponta de borracha em iPad
JPBessa 

De manhã estive no Jamor e à tarde no Universitário a ver os jogos que estabeleciam a classificação final do World Rugby U20 Trophy. E se no primeiro jogo da manhã - jogava a equipa portuguesa - se viram espectadores portugueses (na maioria familiares e amigos dos jogadores), no restante do dia pouco mais houve do que apoiantes das equipas estrangeiras. E porque os jogos não foram nada maus, foi pena que a comunidade rugbística portuguesa não tivesse curiosidade pelo estado das coisas da modalidade que as selecções presentes mostravam. E, principalmente, porque vendo, seria mais simples perceber os saltos qualitativos que o rugby português tem que dar para poder, de forma consistente, manter-se com os melhores. 

Estando lá, poderiam perguntar-se como é que a Geórgia, em meia-dúzia de anos, se transformou tão positivamente? De uma equipa com conceitos tácticos de brutamontes tornou-se, como demonstrou, numa equipa de movimento onde todos os jogadores são capazes de avançar com a bola, garantir - com um passe ou um bem defendido contacto - a sua posse, manter continuidade, atacar intervalos. E assim ganharam o Trophy e apuraram-se para jogarem o U20 Championship.
Outra equipa interessante que poderiam ter visto, para além do portentoso manuseamento de bola dos fijianos, seria o Uruguai, uma equipa de dimensão mediana - o seu abertura e um dos centros não atingiam 1,80m de altura e pesavam 70 e poucos quilos... - mas de imenso querer com enorme capacidade de combate, sem desistências, pela bola e território como fizeram para vencer Tonga e conseguir o 3º lugar na prova. Dois excelentes exemplos para os jogadores e equipas portuguesas a demonstrar que a inteligência, cultura táctica e domínio dos princípios fundamentais e das técnicas de base são a essência do caminho do sucesso. E nem é preciso ser enorme... é preciso é ser eficaz com a velocidade de gestos e de recolocação a comandarem as acções e a deixarem no conhecimento da cultura táctica o alerta para tomar as decisões adequadas.
A equipa portuguesa, dentro das limitações do contexto competitivo em que se move, não esteve mal. Mostrou-se razoavelmente competitiva contra as equipas mais fortes - lembre-se que, como se viu no último dia, o Grupo de Portugal a jogar no Jamor venceu todos os respectivos jogos, era constituído pelas equipas mais fortes - que colocaram a intensidade do jogo acima dos seus hábitos e foi capaz, no único jogo em que a intensidade se estabeleceu no seu nível, de mostrar capacidades, conhecimentos do jogo e ganhar a Hong-Kong - a segunda, depois da inglesa, federação mais rica da modalidade - sem margem para dúvidas. Ou seja, mostrando efectivamente as capacidades que tinha deixado adivinhar no primeiro jogo contra Fiji. Agora resta tirar ensinamentos para melhorar e tornar a equipa mais eficaz. Jogo ao pé objectivo e com a-propósito, capacidade de jogo de passes em cima da linha da defesa, linhas de corrida a impedir o deslizamento dos defensores, um maior e mais atempado apoio, melhor reconhecimento simultâneo das oportunidades, decisões mais efectivas e, claramente, melhor placagem, serão as melhorias necessárias para garantir uma melhor capacidade na prestação internacional. E, acima de tudo, acesso a competições de bom nível.
Mas o mais interessante deste último dia da competição foi a positiva capacidade mostrada pelas 
equipas em competição pelos melhores lugares. Ao contrário do habitual refúgio na defesa à espera dos erros adversários, as equipas mostraram uma vontade atacante que fez de cada jogo um excelente espectáculo. Qualquer das equipas entrou em campo com a clara noção de que, embora tendo que garantir qualidade defensiva, venceria o jogo quem marcasse mais ensaios. E assim assistimos a jogos de ataque, com a preocupação de explorar as oportunidades, de recuperar e transformar as bolas conquistadas, de garantir um apoio permanente para que a continuidade do movimento, explorando os desequilíbrios defensivos, garantisse o toque na área de ensaio. Os resultados finais foram muito interessantes: cada equipa derrotada - numa demonstração transformadora - marcou, pelo menos vinte pontos e um mínimo de 3 ensaios. O que pode traduzir, nesta forma de jogar positiva, um maior optimismo para o espectáculo futuro da modalidade. E esta qualidade foi reconhecida como uma marca do torneio de Lisboa.
E também, no que diz respeito aos bastidores, a World Rugby, com o seu dirigente John Jeffrey - The Great White Shark, internacional escocês da década de 80 - a garantir, no jantar final, o seu descanso porque, havendo problemas no Mundial inglês, indicará os organizadores portugueses para os irem resolver, deixou largos elogios à organização.

Arquivo do blogue

Quem sou

Seguidores