quarta-feira, 2 de junho de 2021

EMOÇÃO SUFICIENTE PARA POUCO JOGO

A aridez das dezenas de milhares de cadeiras vazias nas bancadas do Estádio Nacional não prometia nada de desportivamente excitante. E assim foi, o jogo da final da Divisão de Honra do Campeonato Nacional de Rugby não passou de emotivo. Teve de facto emoção, principalmente para os adeptos das equipas em confronto, mas foi técnica e tacticamente fraco. Com poucas soluções ou momentos interessantes se exceptuarmos a bela combinação de movimentos do 2º ensaio do Técnico.

O Direito, primeiro classificado da fase regular, mostrou-se incapaz de transformar em assertivo domínio as bolas disponíveis: bolas caídas, passes incapazes e um jogo ao pé de entrega e muito pouco perturbador do “três-de-trás” adversário. A exploração dos corredores laterias foi nula por inépcia de uma linha de três-quartos que, não atacando em tempo útil a linha-de-vantagem, preferiu a comodidade de jogar “lá atrás”…

… e obviamente que a defesa do Técnico agradeceu esta possibilidade de defender — e a sua defesa está suficientemente bem organizada para não ser ultrapassada por meros passes laterais que ignoram a verticalização — em cima do “pé da frente”.



No fundo, as equipas jogaram de acordo com as tendências dos ensaios marcados e sofridos —  verificar esta tendência de ensaios, pela capacidade transformadora de resultados que os pontos de jogo que cada um permite (um mínimo de 5 e um máximo de 7), dá uma ideia interessante sobre as capacidades quantitativas de cada equipa — que vinham a mostrar no desenvolvimento da fase regular.  


Direito, com tendência negativa quer em ensaios marcados quer em ensaios sofridos — aqui uma enorme queda demonstrativa de incapacidades defensivas, mostrava-se tendencialmente e neste final de época em queda na sua competência competitiva.     


O Técnico embora fosse perdendo também capacidades atacantes, demonstrou sustentadas melhorias defensivas bem patentes no único ensaio sofrido durante a final.


Um factor que distinguiu absolutamente as equipas foi a capacidade da rapidez de reciclagem da bola onde o Técnico deu uma clara demonstração do conhecimento táctico das suas vantagens — se bola rápida, os defensores no ponto de quebra são colocados fora do jogo, sendo assim retirado tempo de reorganização à defesa; se a bola é lenta, existe uma maioria de jogadores atacantes no ponto de quebra, os defensores, libertos do ponto de quebra, organizam-se e o ataque faz-se em inferioridade numérica. A primeira decisão faz-se então a partir dessa velocidade de reciclagem: se rápida, jogo largo de passes a atacar o primeiro intervalo encontrado; se lenta, reinicia-se o movimento com jogo curto e de contacto/colisão para voltar a conter defensores. A esta capacidade técnico-táctica demonstrada pelo Técnico, respondeu Direito com uma lentidão exasperante que não lhe permitiu, nos seus melhores momentos de pressão “em cima” da linha de ensaio adversária, ser eficaz e transformar em pontos o território conquistado.


E o jogo foi isto: um mais consistente e adulto Técnico a merecer a vitória sobre um Direito, mais inexperiente e que terá mostrado necessidade de um maior crescimento e conhecimento táctico do jogo.


Numa época muito perturbada com a pandemia, o Técnico mostrou, nesta parte final do campeonato, que conseguiu, como mostra a sequência VDVDVVVVVVVV de resultados, adaptar-se às dificuldades, desenvolvendo as capacidades técnico-tácticas da equipa e  terminando a época com um merecido triunfo.

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