sábado, 25 de janeiro de 2025

ACABOU E FOI MÁ

Terminada a Fase de Apuramento da Divisão de Honra com o Belenenses e CDUL no Grupo A, o Cascais e S.Miguel no Grupo B e o Direito e Benfica no Grupo C apurados para o principal grupo de seis equipas que vão jogar a Fase Final, fica claro o desequilíbrio entre as equipas com a óbvia responsabilidade na fraquíssima competitividade que, numa altura que temos uma oportunidade muito especial de acesso ao Mundial de 2027, constitui um erro desportivo-organizativo sem sentido pelo risco que implica.

Ao analisar os algoritmos utilizados e que se apresentam acima, vemos a enorme distância a que se encontram os resultados de um equilíbrio necessário para “obrigar” as equipas a subir o seu nível competitivo, aumentando a intensidade das suas prestações e conseguindo uma muito maior eficácia das suas capacidades nas exigências que impõe.


Para se ver que estas coisas da competitividade contam e permitem acesso a níveis elevados de eficácia, olhe-se para o Andebol português que está a fazer uma prova notável no actual Mundial e que tem na sua equipa nacional 22% dos jogadores a jogar em clubes estrangeiros —a selecção portuguesa de Rugby teve, no jogo com os USA, 48% e contra a Escócia 44% de jogadores, que competem no estrangeiro — atinge, na análise Noll-Sculy do campeonato português, o valor de 1,36 — bastante mais baixo do que os valores de 2,11, 1,54 e 2,03 que resultam da competição portuguesa. 

Se analisarmos a distribuição dos ensaios em cada grupo vemos que os dois clubes apurados — com a percentagem de 74% (84+29), 66% (44+23) e 82% (68+15)— dominam completamente o objectivo “marcar ensaios” do jogo. O que também demonstra o desequilíbrio e a pergunta só pode ser uma: quando mudamos isto? 


O erro é enorme — veja-se a relação dos jogos com diferença de resultados final superior a 15 pontos (24 jogos) e os resultados inferiores a 8 pontos (6 jogos) ou a existência de resultados como 97-7, 94-12, 105-3, 70-15, 64-14, 40-7, 54-5, 57-10, 50-0, 45-0, 56-3, 53-5 ou 56-14. E não vale a pena justificar com um “é assim que os clubes querem”. Primeiro, por que não é assim que se atinge um nível internacional eficaz e porque quem tem a responsabilidade da organização da modalidade é a Federação e a sua direcção. Porque são as federações que têm a responsabilidade da organização e por isso têm o estatuto de associação de Utilidade Pública Desportiva que lhe permite o acesso e uso de direitos estatais— o que, naturalmente, obriga ao cumprimento de deveres específicos —  e possibilitam o  recebimento de dinheiro dos portugueses por via do Estado. E portanto o que conta são os interesses de Portugal no mundo da competição internacional e não os dos clubes na sua visão de bolha bairrista.

E a realidade é esta: para desenvolvermos o rugby português quer no domínio da competição internacional quer na atractividade nacional precisamos de um campeonato competitivo em que não existam jogos de vencedores antecipados e que tenha a exigência de uma melhoria continuada das equipas.

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