Estádio do Restelo, 1/2/2025, Portugal-Bélgica |
Embora não garantindo a devida diferença de pontos entre as duas equipas, Portugal cumpriu a sua obrigação mais importante: a vitória!
De facto, com poucos treinos, não é fácil conseguir a coesão colectiva de uma equipa formada por quantidade meia de jogadores que jogam o campeonato português e outros tantos que jogam o campeonato francês, na sua grande maioria o PROD2. O que foi possível conseguir em 4 meses de trabalho como na preparação do Mundial 2023, não é possível conseguir numa semana ou em quinze dias de treinos. E assim, para além de eventuais dificuldades linguísticas, o facto de treinarem de formas diferentes, criando hábitos diferentes e de participarem em jogos com intensidades distintas, não permite que o “nós” tenha a articulação que ultrapasse os “eus”. E a eficácia, perde-se…
E essa falta de articulação colectiva vê-se na defesa que, por exemplo, parte tarde e não impõe a pressão necessária para cortar tempo e espaço aos movimentos adversários. Acontecendo também no ataque onde a bola é recebida com as linhas muito paradas, permitindo à defesa a adaptação às eventuais combinações e levando a uma constância de choque que, para além de, pelo cansaço que provoca, retirar lucidez, muito pouco desorganiza a defesa. E no jogo-ao-pé (uma relação em jogo de 29/27 pontapés para Portugal) também existe muito desacerto que, aliás, permitiu que os belgas acabassem por ter um total de 65% de posse. Vale que de facto, a equipa belga, apesar de todo o trabalho que possam estar a realizar, não mostra as capacidade necessárias para tirar partido do jogo.
Mas nós, Portugal, se pretendemos atingir um nível internacional constante e consistente e não nos situarmos apenas como segunda ou terceira equipa do segundo grupo europeu, temos muito, que alterar para que os nossos internacionais ganhem os hábitos competitivos, técnicos, estratégicos e tácticos que o nível internacional exige. Começando assim por compreender que o Desporto de Alto Rendimento, tendo como objectivo o Sucesso, exige formas que o distinguem de forma absoluta da mera prática desportiva. E a primeira garantia de atingir o patamar necessário é a participação em campeonato competitivo com um elevado nível de intensidade que, juntando à Vontade as próprias Capacidades, permita a eficácia que obrigue a uma constante Superação. E o segredo para o êxito desta formulação faz-se com um conceito simples: juntar os melhores jogadores num pequeno número de clubes. O que obriga a diminuir o número de clubes da divisão principal.
Também poderia ser possível criar equipas/selecções regionais (não sujeitas a qualquer ideia de cobertura geográfica da totalidade do país) que fizessem um campeonato que incluiria os melhores jogadores portugueses, deixando para os clubes uma maior preocupação de formação, preparando os mais aptos para uma carreira de nível elevado, permitindo a todos os outros o divertimento de um jogo mais apropriado ao seu conceito social.
Para a semana há mais e Portugal, jogando contra a Alemanha que perdeu com a Roménia nesta primeira jornada por 48-10, pode estar a um passo mínimo de se qualificar para o Mundial da Austrália. No outro grupo a Geórgia pisou a Suiça por 110-0 e a Espanha venceu os Países Baixos por 53-24.
No Seis Nações os resultados foram, no fundo, os esperados. Como melhores surpresas a demonstração italiana de melhorias de capacidades e o facto da Inglaterra, aproximando-se do modelo de jogo dos seus clubes, ter conseguido aproximar-se competitivamente da Irlanda. Mau, mau, foi mesmo o jogo do País de Gales que não conseguiu ainda ultrapassar os problemas que a pandemia lhe deixou. Veremos o que conseguirá contra a Itália no próximo fim‑de‑semana.
A França, por seu lado, mostra-se capaz de atingir o seu objectivo principal: vencer o Torneio.
No próximo sábado teremos jogos como Itália-Gales, Inglaterra-França e Escócia-Irlanda em que o equilíbrio competitivo será o ponto quente de cada um deles. E como o Potugal-Alemanha é no domingo, o fim‑de‑semana vai ser em cheio.