terça-feira, 19 de novembro de 2024

OLHAR A ACTUALIDADE COM VISÃO DE FUTURO

 

O jogo de Portugal mostrou mais uma vez — para além de termos perdido um lugar no ranking em favor dos Estados Unidos — que são necessárias mudanças internas se pretendemos competir com os melhores Tier 2 do ranking. Os factos são estes — mesmo tendo em atenção a absurda demonstração de ignorância do jogo e das suas Leis pelo árbitro japonês Takehito Namekawa — e devem ser levados em conta: estamos longe de estar capacitados para a intensidade dos jogos deste nível. Ou seja: é absolutamente necessário que os jogadores sejam habituados a jogar a um nível de intensidade muito superior ao que lhes oferece a actual competição interna — não é igual jogar com a defesa “em cima do nariz” ou distanciada um metro… Como fazer? Não é difícil o aumento da qualidade competitiva da designada Divisão de Honra portuguesa, basta que haja uma diminuição do número de equipas que o disputam — 6 equipas a 3 voltas, por exemplo, acrescentando ainda uma segunda divisão — mais equilibrada e competitiva — de também outras seis equipas. E os clubes têm que perceber esta necessidade de aumentar a competitividade interna, via equilíbrio entre as equipas em prova, ou então serão responsáveis directos pela falência a curto prazo de um projecto que é a sua razão de existir. E o actual “deixa andar” é incompreensível!

Lembre-se também que não há competição de qualidade sem qualidade na arbitragem. E é preciso encontrar soluções para um recrutamento capaz e para garantir a permanente adaptação às formas de arbitrar internacionais. Escritas estas linhas a solução é só uma: deitar mãos à obra

Por outro lado e como se sabe, a maioria dos portugueses que jogam em França, fazem-no no ProD2 e como esta divisão não interrompe jogos durante os fins-de-semana de jogos internacionais, contar com eles absolutamente não depende de nós mas da vontade dos dirigentes dos seus clubes (são eles que lhes pagam de acordo com os contratos em vigor). Portanto, a selecção nacional será formada de cada vez em acordo com interesses de clubes que a Federação não controla… O que significa, colocando em causa o objectivo de constância de resultados, decisões de gestão dependentes!

Portanto, se pretendemos manter o rugby português num nível internacional que nos aproxime dos melhores, temos que tomar a decisão de tornar o principal campeonato interno suficientemente equilibrado para que possa ser competitivo e habitue os jogadores aos conceitos tácticos e capacidades técnicas adequadas ao nível de intensidade que caracteriza a competição internacional, permitindo então que os jogadores se desenvolvam no sentido até, se o pretenderem, de ao seguir a carreira no estrangeiro, de serem pretendidos pelas divisões de melhor nível. 

Neste fim-de-semana, em que Gales mostrou, nesta sua 11ª derrota consecutiva, as dificuldades que atravessa, houve jogos notáveis com intensidades de cortar a respiração. No entanto também houve arbitragens francamente más e, em algumas situações, a lembrar a velha ideia de que “os árbitros fazem os resultados”... O árbitro japonês do Escócia-Portugal não é aceitável neste nível e o promissor georgiano deitou fora, no França-Nova Zelândia e com uma arbitragem errada e até tendenciosa, a imagem de competência que tinha conseguido. Enfim…

Vejam-se os jogos Irlanda-Argentina e França-Nova Zelândia — também é interessante ver o Itália-Geórgia para ver a transformação, para melhor, do jogo georgiano notável até nas decisões da sua organização defensiva — bem como o Inglaterra-África dos Sul. Em todos eles se apreendem as novas tendências do rugby actual. 


sábado, 16 de novembro de 2024

MAIS UM FIM-DE-SEMANA DE SOFÁ


É uma enorme felicidade poder assistir a um jogo como este Irlanda-Argentina. Teve tudo aquilo de que se gosta e foi um óptimo aperitivo para os jogos deste fim-de-semana. Até serve para demonstrar que o exagero de faltas pode, como quase aconteceu, pregar sustos no finsl do jogo. Também se viu a importância da velocidade de disponibilização da bola nos reagrupamentos. E que no alto nível a intensidade é uma constante, bem como a organização defensiva.  Tudo lições — incluindo a arbitragem de Paul Williams — com excelentes movimentos de circulação da oval.

A equipa de Portugal tem uma tarefa muito difícil — não que pensemos em qualquer obrigação de vitória — mas na obrigação de demonstrar a capacidade de utilizar tácticas, técnicas e tomada de decisões exigíveis a este nível e que não foi capaz de mostrar contra os Estados Unidos. Dado o facto de entre as duas equipas o intervalo de pontos ser superior a 10 pontos, Portugal não perderá pontos (se ganhasse juntava mais 2 pontos ao seu actual pecúlio). Esperemos que o jogo seja interessante e que os nossos Lobos nos mostrem que de facto estão em boa preparação para atingir o Mundial 2027.

O jogo que está a levantar maiores expectativas é, naturalmente, o França-Nova Zelãndia que se joga hoje logo a seguir a outro jogo que pode ser muito competitivo, o Inglaterra-África do Sul. Para domingo fica-nos o jogo Gales-Austrália cujo principal interesse será o de ver se existe alguma recuperação do jogo galês. 

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

PORTUGAL DERROTADO

 

A uma boa vitória da Espanha seguiu-se uma derrota não esperada de Portugal num jogo que, aliás, não vi porque e embora o Boletim Informativo federativo anunciasse que haveria transmissões em dois canais — RugbyPass e BolaTV — não consegui ver. Porque no primeiro caso não houve qualquer transmissão e como o segundo não é universal — ninguém verificou? — não foi possível aceder através da NOS. Assim não faço a mínima ideia do porquê da derrota… Enfim…mas que é um alerta, é!

Nesta jornada da Autumn Nations Series houve alguns aspectos — para além de dois excelentes jogos no Irlanda-Nova Zelândia e Inglaterra-Austrália — bastante interessantes:
1º - com excepção da França, todas as equipas visitadas perderam;
2º - Fiji vence Gales mas marca menos ensaios;
3º - Gales jogou 3’ contra 13 e 15’ contra 14 fijianos; 
4º - A Escócia não marcou nenhum ensaio mas sofreu 4;
5º - Apesar de derrotada a Escócia subiu um lugar (de 7º para 6º) no ranking WR
6º - Em seis jogos houve 2 cartões vermelhos e 6 amarelos e pudemos presenciar pela 1º vez na Europa a nova Lei dos cartões vermelhos  — o fijiano Radrada foi, ao fim de 20 minutos, substituído por Maqala.



sexta-feira, 8 de novembro de 2024

FIM-DE-SEMANA EM CHEIO


Tendo como último resultado entre as duas equipas o empate (16-16) do Mundial que apurou Portugal, este jogo de Coimbra terá à partida o interesse de duas equipas que querem ganhar o jogo e mostrar, uma, que a sua passagem no Mundial foi justa e, outra, a querer demonstrar o contrário. Boa luta portanto em perspectiva.

De acordo a classificação no ranking e com a visão dos adeptos e embora nada se saiba enquanto escrevo da constituição da equipa (e tão pouco se haverá transmissão televisiva…) Portugal é o favorito. Melhor classificado e com mais pontos terá, naturalmente, um passado que justifica uma vantagem competitiva. Por outro lado os USA estão a preparar-se para terem acesso ao Mundial 27 e, uma vez que terão o Mundial de 31 em casa, precisam de vitórias e de trepar no ranking da World Rugby

No jogo que opõe Espanha ao Uruguai, a vitória — embora se preveja apertada — deverá pertencer aos do outro lado do mar. Mas é também bom lembrar que a Espanha apresentará alguns jogadores que actuam no TOP14 e que poderão fazer a diferença.

A jornada dos Autumn Nations Series abre com um jogo de grandes expectativas: Irlanda-Nova Zelândia. Com a sua habitual tenacidade e jogando em casa, os irlandeses fazem figura de favoritos mas, seja qual fôr o resultado, o jogo deverá ser muito interessante e veremos qual das duas equipas demonstrará melhor rapidez na disponibilidade da bola nos breakdowns. Aos AllBlacks caberá ainda mostrar uma maior disciplina, adaptando-se melhor à arbitragem.

O jogo que está a causar muitas expectativas — todos, com excepção do Itália-Argentina que pode ser muito equilibrado e com momentos muito interessantes na procura de movimentação da bola e da continuidade do jogo que ambas as equipas procuram, têm vencedor declarado — é o Gales-Fiji. O jogo é muito importante para os galeses que necessitam, depois de 5 derrotas nos cinco últimos jogos, de conseguir uma vitória. Mas vai ser um combate intenso neste fim-de-semana de sofá.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

UM BELO JOGO…


 O jogo de abertura deste Autumn Nations Series foi muito bom. Para além dos dez minutos finais de cortar a respiração teve excelentes jogadas com adaptações de grande nível dos diferentes companheiros de equipa. Mas acima de todos fica a super-combinação do Beauden Barret com Wiil Jordan para o 2º ensaio dos AllBlacks um tratado com Bauden Barret colocado do lado direito do breakdown que depois da bola conquistada se lançou para a esquerda com a perfeita compreensão do seu médio-de-formação e numa corrida em diagonal, teve a corrida de Jordan numa diagonal contrária para a realização de um cruzamento que lançou o defesa num intervalo que lhe permitiu parar apenas na área-de-ensaio. Uma obra prima de boa percepção, adaptação e nível técnico para além da alta velocidade a que tudo foi feito. O colectivismo acima de cada indivíduo. A ver mais vezes… se bem analisado, aprende-se muito.

No entanto e apesar de boas manobras a terminar em ensaios também houve erros só aceitáveis pela intensidade que as duas equipas puseram no encontro. A disciplina, ao fazerem 11 penalidades de que resultaram 15 pontos adversários, não foi a melhor das armas dos neozelandeses. Mas a capacidade técnica e táctica dos seus jogadores permitiu-lhes a “compensação” de 3 ensaios transformados para conseguirem a vitória — graças aos falhanços finais de Ford, diga-se e que terá tido, provalmente, uma boa ajuda na substituição de Marcus Smith — no que talvez tenha sido a pior decisão do treinador da Inglaterra, Steve Borthwick.

Embora derrotada em cima do final, a Inglaterra mostrou que está no bom caminho, de acordo, aliás, com o excelente campeonato interno que temos visto. Ao que parece o jogo de colisões permanentes sem capacidade de movimento e sem o apoio de contiuidade, acabou. A Inglaterra de hoje é outra. Mais interessante e mais competitiva internacionalmente.

O segundo jogo do dia mostrou o que se esperava: uma total superioridade finalizadora dos escoceses  mas com menos domínio que o resultado deixaria adivinhar com os seus 8 ensaios marcados com 7 transformados ao conseguirem apenas 50% de posse de bola e 43% de conquista territorial. Mas a eficácia objectiva funcionou… e o resultado prova-o







sábado, 2 de novembro de 2024

AUTUMN NATIONS SERIES

 

A abertura deste novo Autumn Nations Series que permite jogos entre países que só costumam encontrar-se em digressões ou combinações especiais fora dos jogos de Mundiais, começa com um jogo — Inglaterra-Nova Zelândia — que está a levantar as maiores expectativas e que coloca uma enorme incógnita no possível vencedor, prevendo-se um resultado muito cerrado como se pode ver pela previsão da diferença apresentada.

 Este primeiro jogo tem a particularidade de tornar oficial, num jogo-teste internacional, o recente conceito — com o qual, devo dizer, não estou de acordo e onde sou acompanhado pela França… — do “cartão vermelho”, impondo a saída do jogador prevaricador por 20 minutos e que, embora não podendo voltar ao terreno, pode ser substituído por outro que esteja no banco.Isto é e apesar da falta grave de um seu jogador a equipa pode, passado o tempo de 20 minutos, voltar aos quinze jogadores iniciais e anular a inferioridade numérica.

No entanto, felizmente e depois de muitas análises e propostas, esta nova proposta de Lei do Jogo não retira, ao contrário de muito do que foi dito, o castigo absoluto — isto é, não impede a expulsão com diminuição do número de jogadores da equipa prevaricadora atá ao final do jogo quando se trata de agressões ou comportamentos que atinjam um elevado nível de violação dos valores e ética do desporto. No fundo a diferença entre o resultado da apresentação do cartão vermelho será entre uma falta técnica grave e uma falta grave de comportamento com implicações directas num ou nuns adversários.

No outro jogo, a Escócia é a favorita com uma percentagem de 75% de prognósticos dos adeptos.


sexta-feira, 18 de outubro de 2024

COM ZERO NA BAGAGEM

 A derrota dos Lusitanos no Avchala Stadium em Tbilisi contra a franquia georgiana dos Black Lion é uma clara demonstração dos erros que formatam a competição interna do rugby português. Senão, vejamos.

Se o jogo fosse disputado pelas selecções nacionais dos dois países com a Geórgia no 12º lugar e Portugal no 15º lugar do ranking da World Rugby, a vitória normal pertenceria à Geórgia por uma diferença de 13 pontos. Se assim é porque que é que neste jogo entre as respectivas franquias, a diferença se estabeleceu em 36 pontos? E com a bagagem dos Lusitanos vazia de pontos!

Como explicar este péssimo resultado?

Há muito que o rugby português deveria ter percebido que existe uma relação directa entre a competição interna e a capacidade internacional e que a nossa competição interna não tem qualidade competitiva suficiente — como o demonstram a análise conjugada da  Noll-Scully e do Princípio de Pareto — para aproximar os hábitos dos jogadores portugueses das exigências do jogo internacional. De facto a competição nacional do nível interno mais elevado não é competitiva — tem nitidamente duas divisões numa mesma como se pode verificar na análise do Princípio de Pareto de que resulta o facto de que 50% das equipas detêm 73% dos pontos marcados e 72% das vitórias. E como o valor do Índice de Competitividade de Noll-Scully é um enorme 2,41 de desequilíbrio — o pior resultado dos campeonatos europeus dos nossos adversários — as virtudes da competição são baixas no seu equilíbrio, na sua decisão, na intensidade, nas exigências técnicas, tácticas, estratégicas. Ou seja, na expressão do jogo.


E assim sendo, não é possível criar as condições para o progresso dos jogadores. E o resultado vê-se: erros tácticos de que resulta nula exploração das situações de possível vantagem, ignorância da importância da Linha-de-Vantagem, apoio perceptível pela defesa, jogo-ao-pé denunciado e incapaz da devida exploração. E isto sem falar naquilo que o treino individual nos clubes deveria resolver: formações-ordenadas e alinhamentos que se têm mostrado muito pouco eficazes com causas que vão desde o facto de trabalho pouco objectivo com situações, como nos alinhamentos, em que os jogadores parecem desconhecer-se uns dos outros. E depois há uma incapacidade brutal e indisculpável de jogar de acordo com as Leis do Jogo, demonstrando pouca preocupação em treinos e jogos — de que resulta quer perdas de terreno, quer pontos adversários. Tudo de borla… E aqui também não existe um reconhecimento da importância dos árbitros para o desenvolvimento do jogo e dos jogadores.

E a solução com que se pretende resolver o problema não é brilhante, sendo mesmo perigosa: porque assenta na disponibilidade dos jogadores portugueses que jogam no estrangeiro. Principalmente aqueles que jogam em França. E é perigosa porquê? Porque depende de decisões que não controlámos. Explico-me: se os jogadores que alinham no TOP 14 são os menos problemáticos — são 2 os internacionais portugueses que aí alinham — uma vez que, no calendário internacional, os jogos internacionais do 6 Nações fazem parar o campeonato francês e, portanto, libertam os portugueses, já no PROD2 não é assim e ficaremos dependentes da vontade dos dirigentes dos clubes franceses. O que pode resultar bem ou mal… não falando já nos problemas de comunicação — alguns dos portugueses que jogam em França não falam português e os portugueses já não falam — ao contrário do meu tempo — francês. E esta situação — antes de se descobrir que Hasse fala as duas línguas — até já provocou derrotas à equipa…

E para que o rugby português cresça, se desenvolva e garanta mais jogadores, mais público e mais patrocinadores é necessário que a Selecção Nacional seja uma absoluta atracção. E isso exige que haja lugares para os jogadores que actuam por cá — e para essa atracção não chegam os Lusitanos, menos ainda se continuarem com resultados negativos. Ou se não servirem, como parece acontecer, para ganho de experiência competitiva e, portanto, para o fim que foram criados.

A solução é óbvia e está de acordo com a nossa dimensão: reduzir o número de equipas no campeonato principal— já fiz a proposta de duas divisões de 6 equipas cada e a 3 voltas — 15 jogos contra os 18 actuais — com ou sem  playoffs. Criando assim duas divisões equilibradas e competitivas que exigiriam uma superior organização colectiva e individual de cada equipa e possibilitando a melhoria contínua dos jogadores. No entanto e sendo este processo uma evidência para a melhoria do nosso Desporto com as vantagens da atracção envolvente que criaria, ninguém terá ligado algum à proposta…enfim…

É que não vale acreditar na ida ao Mundial se é pouco o que se faz para isso — e os adversários directos estão
cada vez mais organizados e a prepararem-se melhor. Esperemos que haja ainda tempo para a mudança…
… e que o jogo deste fim-de-semana contra os ditos Iberians nos mostre alguma melhoria. A ver vamos.




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