sexta-feira, 25 de julho de 2025

PRIMEIRO TESTE B&I LIONS


Na véspera do 2º Teste Austrália-B&I Lions olhemos para o quadro da Comparação de Capacidades demonstrada no 1º Teste.

Com quase o dobro das bolas disponíveis para utilizar, os australianos não conseguiram ser suficientemente eficazes na ultrapassagem da Linha de Vantagem e menos ainda nas Entradas de 22 conseguidas. Apesar de marcarem o mesmo número de ensaios (3) os australianos mostraram-se, perante a melhor defesa britânica — 90% de eficácia — incapazes de utilizarem eficazmente a sua enorme vantagem de bolas utilizáveis. E essa ineficácia é bem definida pelo baixo valor — 46% — obtido no Índice de Eficácia do Uso da Bola

Aliás, alguma coisa estranha se estaria a passar no mental colectivo da equipa que levou grandes nomes rugbísticos como Woodward (treinador campeão mundial da Inglaterra em 2003 e treinador dos B&I Lions de 2005) e  o australiano Campese, que dispensa apresentações,  a interrogarem-se sobre o que se teria passado na cabeça do capitão australiano, Harry Wilson, para terminar o jogo, aproveitando o vermelho do relógio, com um pontapé para fora num à-vontade perfeitamente deslocado, demostrando uma atitude de entrega com raríssimos — ou nulos — precedentes.

Dada a situação, o jogo de amanhã reune todas as condições para um grande combate — do lado dos australianos porque querem garantir ainda a possibilidade de vencer as séries, enquanto que os britânicos têm a oportunidade de vencer já as séries com um 2-0. 

A ver, claro!

terça-feira, 22 de julho de 2025

NZELÂNDIA-FRANÇA. ANÁLISE


 Este terceiro e último jogo da digressão francesa à Nova Zelândia teve, como os outros dois, a derrota francesa como resultado final. Apesar de se encontrar a vencer ao intervalo por 19-17, o XV da França — que não pôde contar com uma grande parte dos seus habituais titulares por não poderem ultrapassar as 2000 horas de jogo sem parar para recuperar — não conseguiu, apesar do espantoso número de 270 placagens (os AB só fizeram, comparativamente, 111),  aguentar a maior capacidade de movimento e conquista dos All-Blacks. 

Com 180 bolas conquistadas e utilizáveis, os neozelandeses ultrapassaram a Linha de Vantagem por 120 vezes, entraram na área de 22 por 22 vezes e marcaram 4 ensaios, contra apenas 1 francês — que, aliás, não marcou um único ponto na 2ª parte. 

É claro que em França a contrariedade é enorme — o que fomos lá fazer? que raio de equipa é esta? — mas houve coisas boas desta equipa muito jovem e inexperiente. Com a demonstração defensiva realizada e que impediu, em cima da linha, a marcação de 4 ensaios — como resultado de uma técnica treinada durante a semana pelo conjunto Edwards (defesa) e Servat (colisões) e que se baseava em placar tão alto quanto possível e em deixar-se empurrar para conseguir colocar o corpo entre a relva e a bola — luta greco-romana, dizem. 

Diga-se também que, ao contrário dos que nos habituaram, os AllBlacks recorreram muito mais à colisão do que à manobra, facilitando a vida à previsão francesa que, assim, evitando os tais quatro ensaios e, apesar da derrota, tendo conseguido conquistar aos neozelandeses o Índice de Eficácia do Uso da Bola (IEUB). O que mostra que, apesar de tudo, esta equipa tem potencialidades e muitos destes jogadores estarão presentes no Mundial da Austrália.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

SEM SURPRESAS


 Os B&I Lions venceram a Austrália por 27-19 (3E,3T,2P/3E,2T) no primeiro jogo-teste da digressão quadrienal da  equipa europeia. Num jogo com 342 placagens e 333 passes que permitiram 153 ultrapassagens da Linha de Vantagem e que vale a pena telever.

A África do Sul é, ao derrotar a Nova Zelândia por 23-15, campeã mundial de Sub-20 2025.

Neste 21 de Julho a World Rugby encerrou o seu Ranking Mundial da época 2024/2025. Portugal está em 18º lugar com 66,44 pontos tendo à sua frente a Geórgia no 11º lugar e com 74,69 pontos e ainda a Espanha (15º, 69,12), USA (16º, 68,45), Uruguai (17º, 67,52). Atrás de si estão, entre muitos outros, Tonga (19º,65,46), Chile (20º, 63,83), Roménia (21º, 62,67), Bélgica (22º,61,20), Canadá (25º, 57,75), Países Baixos (26º, 57,01), Brasil (28ª, 55,90); Suiça (29º, 55,26), Polónia (30º, 54,06), Suécia (31º, 52,93), Chéquia (33º, 50,89), Alemanha (34º, 50,37)…

sexta-feira, 18 de julho de 2025


 Enorme expectativa neste terceiro Nova Zelândia-França — com duas vitórias dos All-Blacks, os franceses vão apostar tudo na hipótese de vitória para não voltarem de mãos a abanar.

 Para além destes jogos que encerram os Jogos-Teste de Julho 2025, haverá ainda o primeiro dos testes Autrália/B&I Lions. SportTV, 11h00 deste sábado, 19 de Julho. A não perder.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

MUDEMOS OU ACABOU-SE



O Rugby é, no domínio dos Desportos colectivos europeus mais conhecidos, o Desporto mais complexo entre todos eles. Porquê? Porque tem quatro formas, das quais três distintas, de marcar pontos — ensaio, transformação, penalidade e ressalto —, outras quatro formas organizadas de luta pela conquista da bola como formações-ordenadas, alinhamentos, pontapés de 22 ou pontapés da linha-de-ensaio e é o único que permite derrubar o adversário portador da bola. Situações que, embora obrigando a uma agilizada articulação permanente, só por si criam aspectos individualizados e distintos de adaptação a cada fase e que vão permitir a disputa corpo-a-corpo no chão. Definindo-se como um Desporto Colectivo de Combate, o Rugby é uma modalidade muito exigente nos diversos aspectos físicos, técnicos, tácticos e mentais. O que exige formas de treino muito cuidadas e bem articuladas tão próximas quanto possíveis da realidade dos jogos, da sua intensidade e da sua constante oposição. E se a competição é fraca, a natural inércia adaptativa vai fazer com que os treinos fiquem longe das melhores exigências. E depois…

…depois é a má tradução prática de que foi exemplo este Portugal-Irlanda com a tradução do facto de a um já negativo 41% de posse da bola só ter correspondido 27% de ultrapassagens da linha de vantagem.


Já se percebeu que a nossa equipa teve uma prestação fraquíssima. Culpa dos Jogadores? Culpa do Treinador? Nem por isso! Culpa, fundamentalmente do sistema competitivo e organizativo em que estamos rugbísticamente inseridos com ainda o enorme defeito de assentar, dando-nos a ilusão de um nível de constância inexistente, numa errada leitura da qualidade dos resultados mundialistas.


Para se ganhar jogos de rugby, para além da conquista da bola, é preciso marcar pontos — o ataque, que é, como se diz, a melhor defesa, tem que  se superiorizar! —  mas para que o ganho seja efectivo, é necessário que a defesa se imponha. E Portugal não conseguiu fazer frente a qualquer das necessidades. Portugal conseguiu fazer 111 placagens das quais falhou 71 com um sucesso de 63%. Mas o pior problema terá sido a má distribuição por jogador: como é hábito, Nicolas Martins realizou — para além do ensaio — 16 placagens, distribuindo a sua acção por todo o campo — grande nº7!! — seguido de Diego Pinheiro com 13 e de Simão Bento com 8.. Mas nos centros houve apenas 5 placagens portuguesas contra 13 irlandeses…


A falta de hábito competitivo “desprovocada” pelo desequilibrado campeonato nacional não treina os jogadores para uma eficácia defensiva que se aproxime ao exigido no nível internacional. E é claro que com a capacidade de manobra dos grupos atacantes na aproximação à linha defensiva demonstrada pelos irlandeses, os jogadores portugueses quando chamados a defensores, mostraram-se incapazes de lhes fazer frente.


E é assim: se nós portugueses não alterarmos a forma como encarámos o exercício competitivo da modalidade — a que se tem que juntar uma alteração profunda da legislação sobre as federações desportivas — a amostra do futuro ficou dada no Jamor. Chama-se desastre!


Nota pós-tristeza pior) Dois aspectos que revelam a pouca importância dada a pormenores que valem pormaiores:1)o fraquíssimo contraste entre a cor das camisolas portuguesas (vermelho) e a cor (um pretencioso dourado) dos números identificativos dos jogadores impossibilitando um bom e necessário reconhecimento de cada um por parte dos espectadores; 2) quando ouvi nos altifalantes da organização que Nuno Sousa Guedes iria realizar a sua 50ª internacionalização, fiquei estarrecido. Porquê? Porque estaria longe da verdade (faria a sua 42ª) e eu próprio avisei, com o envio de uma lista correcta, à FPR — que confirmou, ao que dizem, com a World Rugby — que o dado estava errado. Então porquê os gritos iniciais de festejo? Felizmente desistiram a tempo de qualquer comemoração visível… No entanto, grave foi o esquecimento de uma uma palavra de saudade em homenagem ao Carlos Moita, antigo internacional (18 vezes), recém~falecido e figura reconhecida do Rugby.

Super boa nota) Boa nota do fim‑de‑semana foi a vitória de Gales sobre o Japão (31-22) e que terminou com a sequência de 18 derrotas consecutivas. No meio de tanta tristeza, um boa alegria!

terça-feira, 15 de julho de 2025

ASSIM NÃO VAMOS LÁ


 A diferença entre as duas equipas pode ver-se, no quadro acima, no resultado do Índice de Eficácia de Uso da Bola (IEUB) que mostra uma diferença de capacidades de quase o dobro favorável aos irlandeses. Dispondo de 57 bolas utilizáveis, Portugal — para além da indisciplina de 9 contra 4 penalidades provocadas — só ultrapassou 39 vezes (contra 108 irlandesas) a Linha de Vantagem para entrar nos 22 adversários por 11 vezes (contra 30 irlandesas) para, no final de contas, conseguir marcar apenas 1 ensaio contra os 16 obtidos pelo adversário. O que demonstra bem a fraqueza da produção realizada pela equipa de Portugal. E seria possível ser de outra maneira? Duvido!

E duvido porque muito pouco daquilo que se exige a uma equipa de alto-rendimento esteve presente ao longo dos últimos meses no Rugby português. Começando mesmo pela análise — que considero abusiva como já o afirmei por diversas vezes — dos resultados do Mundial que não foram, para os mais conhecedores, o que podem aparentar. Nem permitem a confiança, que diria serôdia, que parece ter-se instalado globalmente — porque a realidade é esta: o rugby português não equilibrou nem tem equilibrada a sua equipa representativa com as equipes que se movem no Tier 1 — e um ou outro resultado aceitável ou mesmo interessante devem ser analisados numa acertada perspectiva. E se olharmos para os resultados deste fim‑de‑semana da Espanha e da Bélgica que venceram os Estados Unidos e o Canadá (ambos fora), é bom também que nos preocupemos com o Tier 2. 


Porque, sejamos realistas: o Desporto de Alto-Rendimento tem exigências de organização e rigor que  envolvem bastantes mais aspectos do que o mero campo. Tudo tem que ser coeso, desde a envolvente até à equipa, com os objectivos de competitividade pretendidos. E, pelo contrário, o nosso campeonato nacional — que o algoritmo Noll-Scully mostra ser, no domínio competitivo, um dos piores, se não o pior, campeonato europeu na sua comparação com o dos nossos adversários directos — não tem a qualidade competitiva capaz. E assim não é possível dar aos nossos jogadores as capacidades necessárias que são exigíveis no elevado nível da competição internacional. Tão pouco treiná-los de forma adequada.


A juntar a este campeonato desequilibrado em que são raros os jogos em que não se adivinha antecipadamente o vencedor, existe um calendário desfasado da necessidade sequencial com intervalos que a existência de jogos internacionais não justifica necessariamente a obrigação de parar todos os outros — para o evitar basta inventar um outro tipo de competição que obrigue à actividade uma vez que os clubes, por si, não a conseguem garantir.


Com esta visão em que vale mais o interesse de cada um do que o interesse geral de desenvolvimento do rugby português, a capacidade técnico-táctica das equipas e dos seus jogadores tem, como se tem visto nos jogos internos, descido de forma evidente. Jogámos de acordo. com um modelo que não tem saída. E viu-se isso mesmo neste jogo contra a Irlanda.


Mostrando que nunca perceberam a estratégia que Nun’ Álvares Pereira estabeleceu para ganhar Atoleiros ou Aljubarrota com um “No combate, a manobra impõe-se à colisão.”, os jogadores portugueses continuam a insistir —levando a que a forma se repita pelas diversas categorias inferiores portuguesas — no passe para o jogador do meio de um trio — o losango está esquecido — que nada mais constrói do que uma colisão, entregando a vantagem àquele que, à partida; é o mais forte, deixando o factor decisivo da inteligência fora do campo. E o que faz (fez) a Irlanda? Aproximou-se sempre da linha defensiva adversária, realizando manobras colectivas que, desequilibrando a organização defensiva, criavam os espaços necessários para estabelecer as rupturas que levam à Área de Ensaio. Impondo a manobra à colisão…


Temos portanto  que rever organização e métodos, estabelecendo a competitividade necessária aos níveis internacionais ou o Mundial da Austrália não vai ser uma alegria…


Nota pós-tristeza) Duas coisas boas que aconteceram durante o jogo Portugal-Irlanda: o responsável pelo quadro de marcação do resultado — mal a bola tinha tocado no solo, o marcador estava adaptado (e não faltaram momentos para o verificar…); como estávamos envolvidos por irlandeses, a cerveja a que tínhamos acesso na tribuna era a formidável Guiness.Estes dois aspectos, podem repetir-se no futuro— o resultado, NÃO!

quinta-feira, 10 de julho de 2025

JOGOS-TESTE 12/13 JULHO

 
Portugal joga no sábado pelas 19 horas com a Irlanda — 3ª qualificada do Ranking da World Rugby — no sábado, no Estádio Nacional do Jamor, num jogo que será um teste interessante que permitirá perceber o grau de evolução que os nossos internacionais apresentarão. É claro que o jogo não será fácil — a Irlanda, no passado sábado, venceu, em Tbilisi, a Geórgia por 34-5 com 4/1 em ensaios. Dada a diferença de pontos de Ranking — só haverá modificação da actual pontuação se Portugal vencer e aí, conquistará 2,00 pontos   — a vitória da Irlanda, sem conquistar pontos, por uma diferença próxima dos 40 pontos será o resultado mais provável. Mas um bom resultado para Portugal será, mesmo derrotado, se conseguir uma diferença menor do que 41 pontos — e se nos lembrarmos que existem 16 jogadores irlandeses em digressão com os Lions, o encurtamento da diferença de pontos no resultado é uma possibilidade.

Mas o mais importante será que a equipa portuguesa mostre capacidade de manobra — Nuno Álvares Pereira ensinou que “no combate, a manobra domina a colisão” — e neste combate que é o jogo de rugby, a regra deve ser a mesma, subordinada ao “comando do objectivo” cuja decisão resulta da visão e leitura da organização adversária que se apresenta na frente do portador da bola e que deve levar o apoio — quer seja o “losango”, o posicionamento “ao largo” para garantir a circulação da bola ou a preparação para perseguir os “pontapés de pressão” — a adaptar-se para garantir a continuidade do movimento e a exploração da vantagem. Mostrar que se consegue agir desta forma para ultrapassar a linha de vantagem será uma boa demonstração de qualidade evolutiva  dos portugueses nesta oportunidade de jogar contra uma equipa de óbvio nível superior.

Nos outros jogos expostos — alguns deles com transmissão televisiva, incluindo os dos B&I Lions, pela SPORT TV — serão, como se pode ver pelas previsões, jogos muito cerrados e cujo final pode levar à troca de lugares no Ranking.

Enfim…fim‑de‑semana de sofá com ida ao Estádio Nacional.

Como notícia importante e motivo de orgulho  para o Rugby português, o facto da Maria Heitor, tendo sido já o 1º Match Official português chamado a participar num Mundial de Rugby de XV, ser agora nomeada  Árbitra Assistente para o Jogo de Abertura do Mundial Feminino 2025 que terá na sul-africana Aimee Barrett-Theron a árbitra principal e com a neo-zelandesa Natarsha Ganley como outra Assistente. Boa sorte e bons jogos, Maria Heitor!

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