O jogo de Portugal mostrou mais uma vez — para além de termos perdido um lugar no ranking em favor dos Estados Unidos — que são necessárias mudanças internas se pretendemos competir com os melhores Tier 2 do ranking. Os factos são estes — mesmo tendo em atenção a absurda demonstração de ignorância do jogo e das suas Leis pelo árbitro japonês Takehito Namekawa — e devem ser levados em conta: estamos longe de estar capacitados para a intensidade dos jogos deste nível. Ou seja: é absolutamente necessário que os jogadores sejam habituados a jogar a um nível de intensidade muito superior ao que lhes oferece a actual competição interna — não é igual jogar com a defesa “em cima do nariz” ou distanciada um metro… Como fazer? Não é difícil o aumento da qualidade competitiva da designada Divisão de Honra portuguesa, basta que haja uma diminuição do número de equipas que o disputam — 6 equipas a 3 voltas, por exemplo, acrescentando ainda uma segunda divisão — mais equilibrada e competitiva — de também outras seis equipas. E os clubes têm que perceber esta necessidade de aumentar a competitividade interna, via equilíbrio entre as equipas em prova, ou então serão responsáveis directos pela falência a curto prazo de um projecto que é a sua razão de existir. E o actual “deixa andar” é incompreensível!
Lembre-se também que não há competição de qualidade sem qualidade na arbitragem. E é preciso encontrar soluções para um recrutamento capaz e para garantir a permanente adaptação às formas de arbitrar internacionais. Escritas estas linhas a solução é só uma: deitar mãos à obra
Por outro lado e como se sabe, a maioria dos portugueses que jogam em França, fazem-no no ProD2 e como esta divisão não interrompe jogos durante os fins-de-semana de jogos internacionais, contar com eles absolutamente não depende de nós mas da vontade dos dirigentes dos seus clubes (são eles que lhes pagam de acordo com os contratos em vigor). Portanto, a selecção nacional será formada de cada vez em acordo com interesses de clubes que a Federação não controla… O que significa, colocando em causa o objectivo de constância de resultados, decisões de gestão dependentes!
Portanto, se pretendemos manter o rugby português num nível internacional que nos aproxime dos melhores, temos que tomar a decisão de tornar o principal campeonato interno suficientemente equilibrado para que possa ser competitivo e habitue os jogadores aos conceitos tácticos e capacidades técnicas adequadas ao nível de intensidade que caracteriza a competição internacional, permitindo então que os jogadores se desenvolvam no sentido até, se o pretenderem, de ao seguir a carreira no estrangeiro, de serem pretendidos pelas divisões de melhor nível.
Neste fim-de-semana, em que Gales mostrou, nesta sua 11ª derrota consecutiva, as dificuldades que atravessa, houve jogos notáveis com intensidades de cortar a respiração. No entanto também houve arbitragens francamente más e, em algumas situações, a lembrar a velha ideia de que “os árbitros fazem os resultados”... O árbitro japonês do Escócia-Portugal não é aceitável neste nível e o promissor georgiano deitou fora, no França-Nova Zelândia e com uma arbitragem errada e até tendenciosa, a imagem de competência que tinha conseguido. Enfim…
Vejam-se os jogos Irlanda-Argentina e França-Nova Zelândia — também é interessante ver o Itália-Geórgia para ver a transformação, para melhor, do jogo georgiano notável até nas decisões da sua organização defensiva — bem como o Inglaterra-África dos Sul. Em todos eles se apreendem as novas tendências do rugby actual.