segunda-feira, 19 de abril de 2010

ACUSAÇÃO IRRESPONSÁVEL

O Código do Jogo atribui – em Princípios do Jogo/ Espírito - a treinadores, capitães de equipa, jogadores e árbitros a responsabilidade do Rugby ser jogado de acordo com a letra e os espírito das Leis do Jogo. O que significa que o cumprimento da ética, do desportivismo e da boa-educação é responsabilidade de todos os participantes no jogo.

Contrariando este princípio, o treinador do Belenenses, Francisco Borges, justificou, para o som e imagem da SPORT TV, a derrota da sua equipa com Direito (24-13) assim: “Eu acho que foi uma arbitragem vergonhosa de um árbitro que tem qualidade. Não quis demonstrar esta qualidade hoje em campo. Não sei porque razão, prejudicou deliberadamente o Belenenses. Sem tirar mérito ao Direito, acho que o Belenenses foi prejudicado por uma arbitragem vergonhosa que como há muito eu não via no rugby português. Vergonhoso!”

Não foi esta a opinião que os responsáveis pelos comentários na SPORT TV deixaram no ar. António Henriques disse: "Não me parece que Rohan tenha feito uma arbitragem má, quanto mais vergonhosa…”. Luís Claro, confirmou: “Roham Hoffman, no meu ponto de vista, faz uma arbitragem capaz.”.

Pessoalmente também não acho que a arbitragem de Rohan fosse vergonhosa, tão pouco que tenha havido prejuízo do Belenenses e que o putativo deliberadamente tivesse sequer existido. Mas já acho que as afirmações do treinador do Belenenses são deslocadas, indecorosas e abusivas. E que consubstanciam uma grave e ilegítima acusação.

Se um treinador pode discordar da arbitragem e dos seus critérios, se pode, até, entender que algumas das decisões da arbitragem terão sido prejudiciais para a sua equipa, já não pode – de maneira alguma – pôr em causa, sem qualquer prova, a dignidade de um árbitro, declarando que eventuais prejuízos foram deliberadamente provocados. Que, no fundo, serviriam interesses inconfessáveis. E não pode porque, ao fazê-lo e não mostrando provas, está, ao colocar uma enorme suspeição no ar, a atingir todo o sistema da modalidade e, ao contrário do que julgará, a prestar-lhe um péssimo serviço. E um treinador responsável não tem este tipo de comportamento – quaisquer que sejam as frustrações das suas expectativas. Uma acusação desta natureza, nos termos e circunstâncias em que foi feita, é irresponsável e inadmissível.

Rohan Hoffman é um antigo e exemplar jogador internacional por Portugal. Hoje é um árbitro internacional também por Portugal. Merece mais respeito e maior tempero na linguagem.

Claramente o Belenenses não perdeu o jogo e a impossibilidade de se qualificar para a final do campeonato por causa do árbitro. Perdeu por culpa própria!

No início do jogo, marcando um ensaio – que colocava a diferença de pontos entre as equipas em 9 – e com o vento favorável, tudo parecia decidido. Mas era preciso inteligência táctica para o conseguir. Que não teve e, pelo contrário, teve erros. Que pioraram quando Direito mudou de médios e alterou o até então jogo previsível com que se vinha apresentando. Faltas desnecessárias, decisões erradas, erros primários sucederam-se e Direito limitou-se a aproveitar o pontapé curto mas certeiro de Pedro Leal que, quase no final, aproveitou ainda dois ataques pelo lado fechado para explorar a incompetência defensiva belenense e marcar os dois ensaios que garantiram a vitória absoluta à sua equipa.

Jogo perdido por culpa do árbitro? Nem um pouco! O jogo foi perdido porque o Belenenses não soube ”segurar” a diferença, jogando pelo seu ponto forte – um cinco-da-frente de boa categoria – porque decidiu mal em momentos importantes – optando por pontapés aos postes em vez da conquista de terreno – e ainda, porque a isso juntou erros técnicos e tácticos. Como pode uma equipa pretender ganhar um campeonato se não sabe organizar a defesa do “lado fechado”?

E a culpa é do árbitro?!...

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