quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

JOGO DE MOVIMENTO

O jogo com o quinze da Universidade francesa se teve o desagradável da derrota portuguesa, teve o mérito de nos mostrar a qualidade da representação do “rugby de movimento”. O que para os mais interessados no desenvolvimento e treino do rugby foi uma boa oportunidade para retirar algumas lições que poderão ajudar na compreensão e ensino do método.

Sendo o modelo de jogo que melhor pode servir as características do jogador português, o jogo deu uma excelente perspectiva das suas possibilidades e potencialidades.

Mesmo sabendo que se tratam de jogadores de alguns melhores clubes franceses – o excelente abertura joga no Stade Toulousain - a selecção francesa surpreendeu pela maturidade demonstrada no domínio das componentes que permitem o “jogo de movimento”.

Começaram por surpreender no elevado nível de cultura táctico demonstrado. O que, desde logo permite a adaptabilidade necessária à continuidade eficaz do movimento – notou-se, por mais de uma vez, a capacidade de ler as tentativas portuguesas de surpreender – os alinhamentos, com “contras” muito eficazes, foram um bom exemplo disso.

Se os jogadores correspondiam com linhas de corrida eficazmente adaptadas ao movimento da bola quer em ataque, quer em defesa, mostraram sempre um capacidade de passe que tinha a velocidade adequada ao comprimento pretendido, permitindo algumas vezes a intercepção atacante – à semelhança de passes tensos do voleibol – do jogador que percebia ser o melhor colocado para atacar o espaço. E aqui uma outra lição a reter: a capacidade de atacar intervalos, procurando – e fazendo-o por diversas vezes – manter a bola viva através de passes heterodoxos mas adaptados às circunstâncias. Ou a capacidade de jogar em cima da linha-de-vantagem, passo primeiro para a eficácia do movimento. Houve de tudo a possibilitar momentos atacantes muito interessantes: passes antes do contacto, passes-em-carga, passes do chão, passes antes da defesa, passes dentro da defesa. Só possíveis aliás pela qualidade do apoio suportado em linhas de corrida em permanente adaptação ao movimento da bola e dos adversários. E nada desta capacidade pôs em causa a sua eficácia defensiva - por se atacar bem não significa que se defenda mal...

Seria interessante que os treinadores portugueses, evitando a armadilha do desconhecimento da língua, olhassem para a escola francesa do movimento de forma mais atenta. E ensinassem as suas bases técnicas, os seus fundamentos tácticos essenciais, a sua estratégia global, esse conjunto de instrumentos de estar de encarar e de utilizar o jogo de rugby, aos seus jogadores. Ganharíamos todos com isso num rugby mais interessante e, simultaneamente, mais eficaz

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