Como é que se sai de duas derrotas contra selecções universitárias - mesmo que sejam as francesa e inglesa - e se vai ganhar á Roménia? É possível a transformação?
Em primeiro lugar, se pretendemos a transformação temos que acreditar que ela é possível. E para que o seja, são necessários dados que permitam a transformação. E quais são? Antes do mais os jogos realizados e a sua análise: que erros foram cometidos, porque o foram e como evitá-los, como não os repetir. Perceber assim porque estivemos abaixo do nível devido nos alinhamentos, porque tivemos comportamentos erráticos na formação ordenada ou, ainda, porque fomos pouco eficazes na utilização das bolas conquistadas, é a chave para transformar a equipa no prazo desta semana. E chega?
Não, claro que não. Mas pode transformar a atitude, o espírito colectivo e a forma de jogar. E principalmente mostrar o caminho, mostrando o que não se pode fazer, para aqueles que irão formar o XV de Portugal no próximo sábado. E que não serão todos os mesmos que foram derrotados. No próximo sábado, irão juntar-se a alguns dos jogadores que jogam o nosso campeonato, os jogadores portugueses que jogam em França e em Inglaterra, habituados, como é óbvio esperar, a um outro ritmo e com uma atitude diferente na forma de encarar os jogos. O que, aumentando a confiança e motivando a procura em troca da espera, poderá fazer toda a diferença.
O que, aliás, terá que fazer toda a diferença se queremos garantir o apuramento para o Mundial de 2015: vencer todos os jogos em casa é essencial para uma oportunidade de apuramento directo. O que significa que teremos de saber impôr as nossas capacidades, os nossos pontos fortes. Impondo mais, muito mais, do que esperando que a sorte dos deuses nos sorria.
De França, com o excelente Bardy à cabeça, chegam jogadores habituados ao grande combate que é o jogo de rugby. Jogadores tacticamente conhecedores da vantagem da conquista de centímetros de terreno, do jogar em cima da linha de vantagem. O que pode transformar tudo e garantir uma equipa diferente, mais eficaz, mais conquistadora e, por fim, ganhadora.
Os romenos não são pera doce. Fisicamente bem constituídos estão a procurar jogar um rugby diferente do choque, do combate directo. O que significa que saíram da zona de conforto que a sua cultura rugbística produziu quase desde sempre. Situação que pode ser uma arma a explorar se conseguirmos exercer a pressão desejável, retirando-lhes confiança, minando-lhes a crença e obrigando-os a recorrer a esteriotipados planos B ou C que já não reconhecem. Mas que estão lá, no seu genes rugbístico, como casa segura de recurso. Embora ineficaz.
A chave está na nossa mão. Na nossa atitude. Na forma como nos apresentarmos para o combate. De sermos um todo de antes quebrar que torcer. Os romenos serão adversários difíceis mas não imbatíveis.