quarta-feira, 29 de maio de 2013

COMEÇAR A PERDER

Mau jogo de Portugal S20 na estreia do IRB Junior World Rugby Trophy. Contra um adversário acessível, os jogadores portugueses entraram muito mal no jogo. E se o rugby é uma corrida pela linha de vantagem, Portugal perdeu todas as corridas e cedeu, desde o início e apesar de ser o primeiro a marcar, espaço, bola e tempo para os adversários. O que, mesmo das poucas vezes que conseguiu ultrapassar a primeira linha de defesa adversário, lhe causou problemas insolúveis na continuidade do jogo-entre-linhas por demasiado atraso na composição do apoio.

É um facto que o jogo de preparação que a selecção portuguesa realizou - contra uma paupérrima France Agrícole - pode, pelo nome do adversário, ter contribuído para uma errada postura competitiva dos jogadores que se terão deixado cair na ilusão de que seriam melhores do que o são efectivamente. O ter marcado primeiro pode ter sido, no caso, factor de ainda maior ilusão...

Mas seja como for a questão central é esta: como é possível entrar em jogo como entraram os jfogadores portugueses, falhando a agressividade necessária, facilitando a vida ao adversário por falta de determinação, preparando-se mais para ver do que para agir, errando nos Princípios do Jogo? Como se por nada tivessem que lutar... sem ambição.

A maior parte das bolas conquistadas tiveram pouco uso e foram deitadas - em jogo ao pé pouco consistente - fora em favor do adversário. Ou seja, a selecção portuguesa parecia não ter soluções para usar a bola de forma eficaz para criar desequilíbrios na defensiva adversária - e quantas vezes se ouviam vozes exteriores a gritar chuta! chuta!... Por outro lado as saídas de terceira-linha, foram apenas de nº8, o 6 e o 7 nunca lhe deram continuidade... E com a distância a que as linhas atrasadas jogavam da linha-de-vantagem - o ponto de contacto realizou-se sempre dentro do meio-campo português, o esforço foi sempre inglório e improdutivo.

E pior é que não é a primeira vez que selecções representativas portuguesas, independentemente da categoria etária, entram em jogo desta forma quase displiscente, de espera para ver o que dá, e que os obriga a passar o resto do jogo a correr atrás do resultado num "de trás para a frente" que parece já ser património da cultura desportiva portuguesa. O que se passa e como alterar? O que está por tráz da errada atitude? Como transformar?

Pelo que se tem visto nos jogos de melhor nível dos últimos tempos dois domínios são essenciais para ganhar jogos: uma forte formação-ordenada que permita ou conquistar bolas a avançar, atrasando a subida da defesa, ou que obrigue o adversário a cometer faltas; capacidade de jogar em cima da linha-de-vantagem impedindo a desmultiplicação defensiva e permitindo a organização do apoio em tempo útil.

Se o Portugal S20 não melhorar estes dois pontos, impondo-se ao seu próximo adversário - a Namíbia - a nossa presença no Torneio não deixará nota e apagará da memória o excelente resultado de Outubro passado.

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