Foi um interessante resultado conseguido pela equipa portuguesa nesta importante participação na Amlin Cup. E foi o de melhor resistência: ao intervalo havia um empate total, uma penalidade, um ensaio e uma transformação, num total de dez pontos para cada lado. Como no fim do jogo concordavam diversos jogadores: é com jogos destes que nos podemos habituar a níveis mais elevados e já estamos melhores. E é precisamente para isto, com este objectivo, que a Federação decidiu participar nesta competição, para permitir uma maior experiência aos jogadores que estão limitados à competitividade da nossa Divisão de Honra.
E muito se pode aprender destes jogos apesar da natural diferença de capacidades entre o Lusitanos XV e as equipas adversárias. Mas pode aprender-se e melhorar o futuro internacional.
Logo na primeira parte os parisienses - com alguns jogadores conhecidos da cena internacional - mostraram e aplicaram princípios essenciais da competição rugbística: quando se conquista terreno e entramos na área de 22 do adversário, só de lá saímos com pontos na bagagem. E fizeram por isso, criando a pressão necessário para que à equipa portuguesa não restassem senão uma de duas: sofrer um ensaio ou fazer falta. Os portugueses, menos experientes, também estiverem durante algum tempo na área de 22 adversária com alternâncias interessantes mas, embora com condições de continuar à procura de pontos, limitaram-se a deitar fora a oportunidade com uma tentativa de pontapé de ressalto sem sentido.
Francamente mau, por inofensivo, foi o nosso jogo ao pé, deitando fora bolas gratuitas recebidas do adversário e dando-lhes a borla de constantes contra-ataques que, a juntar à entrega de terreno - por má perseguição - nos colocavam em posição de grande dificuldade defensiva. Ao contrário do habitual no nosso campeonato em que o jogo-ao-pé é simplesmente usado como forma de alívio, o pontapé deve ser utilizado com propósito de colocar problemas ao adversário. E para isso mostra-se essencial o cumprimento de duas regras: a primeira, de acordo com o princípio Barry John, estabelecendo que um bom pontapé obriga os adversários a mostrarem o número que trazem nas costas das suas camisolas; a outra, definindo que um bom pontapé é aquele que permite uma boa perseguição. E só assim vale a pena "largar" o controlo directo da bola que, na maior parte dos casos, custou bom esforço na sua conquista.
Problema, problema, surgiu na formação-ordenada - fase onde se pôde ver o ridículo do toquezinho do árbitro a autorizar a introdução. E não há como dizê-lo de outra forma: temos que trabalhar em muito maior profundidade quer a técnica, quer a atitude - que se mostradas uma ou outra vez não têm a continuidade necessária para a competição deste nível. E aqui, neste nível, não se conseguem bons resultados sem uma formação-ordenada resistente e capaz. Mas mesmo aqui alguma lição pode ser tirada - os parisienses usaram sempre o empurrão-de-oito-homens, quer na introdução própria, quer na adversária.
Na próxima sexta-feira o já habitual jogo com os England Students terminará a preparação
para os jogos da selecção de Portugal no importante "6 Nações B". Aí então já poderemos ver que perspectivas nos deixam os jogadores portugueses depois desta excelente experiência proporcionada pelos seis jogos disputados na Amlin Cup.
Mau, seriamente mau, foi o facto de no Universitário de Lisboa se encontrarem mais adeptos franceses do que portugueses! Não se percebe como é que a comunidade rugbística portuguesa, dizendo-se amante da modalidade, não aparece para ver um dos melhores jogos de rugby que podemos ter em Portugal. Porque a hipótese de vitória era mínima? Porque se tratava de uma equipa de clube como adversária? Ou simplesmente porque não gostamos do jogo sem a pimenta da clubite? E mais uma vez quem diz gostar de rugby perdeu uma oportunidade. De ver rugby!