quinta-feira, 11 de junho de 2020

PORQUE NADA ALTERAM AS ALTERAÇÕES?

"Só se deveria jogar quando fosse 100% seguro"
Rafael Nadal, tenista

Porque é que as alterações às Leis do Jogo propostas pela World Rugby nada alteram?

Por uma razão simples: porque não eliminam o risco de infecção — ou sequer diminuem — não passando assim de areia atirada aos nossos olhos para contrabandear uma outra coisa.

De facto estas propostas de alterações têm um único objectivo: aumentar o tempo de jogo útil. Porque o que realmente resulta não é mais do uma diminuição do número de repetições de FO — algumas atingem 3' — ou das possibilidades da sua escolha  e uma proposta de um outro tipo de Maul que permitirá um jogo mais dinâmico e, logo, mais interessante para os espectadores.

Então isso, só por si, não altera nada? Altera...

...mas não altera nada do que era suposto alterar: a criação condições para que o Rugby seja jogado na actual situação de pandemia do COVID-19.

Ou seja, a World Rugby — nunca clarificando que jogar Rugby representa um enorme risco na actual situação — serviu-se de um truque baixo para nos enganar.

Sabendo que todos nós — jogadores, treinadores, dirigentes, agentes —  estamos ansiosos por ver o jogo voltar, lançou-nos uma armadilha em que alguns, eventualmente mais distraídos, caíram.

Analisando as alterações propostas tendo como pano de fundo a pandemia COVID-19 e as suas consequências, percebemos que não valem nada porque não servem o objectivo principal que permitirá abrir os campos ao rugby: redução absoluta do risco de infecção.

E continua claro como água pura que o rugby não é jogo possível sem que os casos infecciosos atinjam, pelo mundo fora, o nível zero. Porque, para além da infecção por infectados existe o tenebroso inimigo dos assintomáticos — aqueles que, não fazendo a mínima ideia que estão infectados, são "transmissores clandestinos". Que sendo desconhecidos, são os mais perigosos. A Organização Mundial de Saúde é clara: os jogos de contacto são de Alto Risco!

E agora imagine-se o que se pode passar dentro do campo de um jogo de permanente contacto em placagens, formações-ordenadas, mauls ou rucks...

Claro que existem excepções para esta impossibilidade de jogo. São excepções de grupos de elite, altamente profissionalizados que se podem organizar por forma a garantir todos os necessários controlos para detectar, junto de todos os intervenientes e das suas famílias, eventuais infectados. O que exige uma enorme capacidade organizativa e financeira das organizações desportivas...

De facto, não vale a pena, enquanto a situação pandémica não estiver controlada, analisar as propostas da World Rugby porque elas pertencem a um outro quadro. O importante mesmo é salvaguardar possíveis cadeias de transmissão, não autorizando a abertura da enorme maioria dos jogos da modalidade.Porque a saúde colectiva está primeiro!...

Arquivo do blogue

Quem sou

Seguidores