quarta-feira, 22 de dezembro de 2021
sexta-feira, 10 de dezembro de 2021
PORTUGAL-BÉLGICA FEMININO: 2º jogo internacional
quinta-feira, 9 de dezembro de 2021
FALTA DE RESPEITO!
… e sem desculpas!
sábado, 4 de dezembro de 2021
OPORTUNIDADE PERDIDA, OPORTUNIDADE DE REFLEXÃO (PARTE I)
Todos nós gostamos de ver, em Coimbra, os Lobos (19º lugar no ranking) a baterem-se contra uma equipa superior no quadro internacional com muito maior experiência como o Japão (10º lugar no ranking). Lutaram, tiveram uma boa atitude — muito superior, diga-se, ao dia seguinte, na Luz, ao que mostraram os futebolistas portugueses (7º lugar do ranking) contra a Sérvia (23º do ranking) — e tiveram sempre a possibilidade da vitória na cabeça.
Para uma previsão de derrota por 19 pontos, a diferença final de 13 pontos estabelece um resultado melhor do que o esperado. Mas, por melhor que seja o contentamento de uma consequência de apenas 0,03 pontos de ranking perdidos, este jogo contra o Japão não foi mais do que uma esplêndida oportunidade deitada fora. E como tal deve ser olhada.
Seria o melhor resultado de sempre do rugby português e deixámo-lo fugir por entre os dedos. E não foi apenas pelo erro de ansiedade da última jogada — um passe feito numa situação que, se lida convenientemente, resultaria na decisão de uma finta-de-passe. Mas houve mais desperdício: que exige análise, pensamento e correcção.
Também não se pode falar de falta de experiência — os jogadores que actuam no campeonato português têm já, fora os feitos pelos Lusitanos, mais de 10 jogos internacionais efectuados enquanto que os outros, jogando no campeonato francês que, mesmo sendo o PROD2, lhes dá a experiência necessária. Não sendo portanto falta de experiência, será falta de conceito na sequência de jogos anteriores que entregaram a vitória por entre os dedos?
Desperdiçada esta oportunidade mandam os princípios do desenvolvimento competitivo permanente que não se disfarcem as falhas e erros com o contentamento despropositado por a derrota não ter sido tão má como isso. O que se deve fazer é proceder à análise conjunta do sistema competitivo em que nos movemos e encontrar as mudanças estratégicas, tácticas e técnicas que serão necessárias promover.
Como se pode ver pelo gráfico "Conquista", existiu, em todos os parâmetros deste domínio e com excepção das formações-ordenadas que se equilibraram na conquista, vantagem da equipa portuguesa. E com mais vantagem nos rucks, turnovers e penalidades conseguidas — 15, sendo 6 no meio-campo adversário, contra 8 consentidas pela equipa portuguesa. Com esta vantagem global, como se perde o jogo? E não, a resposta não foi o azar do último minuto. Foi o desperdício... até porque, para além da vantagem da posse, tivemos ainda a vantagem de jogar durante 15 minutos, nomeadamente os 5 minutos finais, contra 14 japoneses por dois amarelos aos 41 e 75 minutos.
E esta pior relação de eficácia — e os japoneses tiveram dois cartões amarelos — deve-se muito ao facto de, por um lado, continuarmos a ir demasiadas vezes para o chão em situações de contacto, esquecendo-nos que a ida para o chão representa a vitória da defesa que assim ganha tempo para se reorganizar — manter a bola viva, seja com passes-em-carga, seja com o dar-as-costas ao adversário antes do contacto, procurando o apoio de um companheiro, deve ser a marca do nosso jogo. Ou seja um permanente jogo de movimento em que a circulação da bola vai comandar as linhas, ângulos e direcções do apoio dos jogadores com o objectivo de chegar ao ensaio como propósito.
Por outro lado, continuamos, ao recorrer ao bloco de 3 jogadores, normalmente avançados, para procurar uma entrada que desorganize a defesa, entregando a tarefa ao jogador central do trio sem qualquer movimento — como um passe que permita jogar para o interior ou uma dobra para atacar o exterior — que possa surpreender o adversário. Com o resultado habitual do chão para tudo se ter reiniciar outra e outra vez porque a desorganização defensiva não existiu. E a isto junta-se ainda uma linha-de-três-quartos a manobrar muito longe da linha-de-vantagem, não conseguindo a necessária verticalização e sem qualquer recurso a movimentos — como se viu ainda recentemente a dobra irlandesa continua e permitindo assim que a defesa possa deslizar sem problemas e equilibrar a relação defesa/ataque, garantindo com facilidade o cumprimento da lei-do-espelho. E a regra aqui é simples: se vamos ao chão, o tempo de libertação da bola para a voltar a fazer circular continua no limte do “1-2-3” — se a rapidez de disponibilização for desta natureza, o movimento pode continuar e os três-quartos podem ser chamados a intervir, se a demora ultrapassa os três segundos é necessário, como se já se viu, voltar a atacar junto do reagrupamento seja por “apanhar e andar”, seja por passes curtos. Com uma vantagem: poder ultrapassar a linha defensiva e criar uma boa oportunidade atacante. Mas tudo exije movimento — da bola e dos jogadores — e uma boa leitura que deve assentar numa boa comunicação.
Outro dos factores que não tem melhorado ao longo dos jogos tem sido o jogo-ao-pé que não garante a criação de situações de desconforto ao adversário nem tão pouco o obriga a tomar decisões de risco. Com a 50:22 e o normal recuo da terceira-linha de cobertura defensiva torna-se necessário, para explorar as novas situações espaciais, utilizar também novos processos que provoquem mossa na organização defensiva adversária. Chutar por chutar não corresponde mais do que a um jogo ao pé de alívio e a uma entrega fácil da bola ao adversário. Isto é, a deitar fora bolas que permitiriam uma utilização atacante e, pelo menos e na grande maioria dos casos, exigiriam ao adversário esforços de conquista. Chutá-las assim é, dir-se-ia, dar uma borla…
[CONTINUA em OPORTUNIDADE PERDIDA, OPORTUNIDADE DE REFLEXÃO (PARTE II) ]
OPORTUNIDADE PERDIDA, OPORTUNIDADE DE REFLEXÃo (PARTE II)
[ CONTINUAÇÃO DE OPORTUNIDADE PERDIDA, OPORTUNIDADE DE REFLEXÃO (PARTE I) ]
Ao nível internacional, o jogo-ao-pé tem um enorme importância e, se bem explorado, pode ser uma arma que transforma um jogo, alterando as suas circunstâncias e colocando o adversário em difíceis situações... e muitas vezes, principalmente com a área-de-ensaio perto, recorrendo ao pontapé-rasteiro, como teria sido o caso numa das situações do jogo, em vez do escolhido curto pontapé-de-balão. Porque no pontapé-rasteiro, para além de ser corrida pura e os atacantes terem a vantagem de ir de frente, ao defensor cria-se uma mais difícil situação de pontapear a bola e, com a nova regra, uma difícil opção se lhe coloca: ao fazer toque-no-solo o defensor fica — de acordo com a responsabilidade da colocação da bola na área-de-ensaio — com a possibilidade de recomeçar o jogo com um pontapé-de-ressalto da linha-de-ensaio ou a de entregar a bola ao adversário para uma formação-ordenada a 5 metros. Em qualquer das situações as vantagens do atacante são óbvias — se a bola for pelo ar a possibilidade de um pontapé-de-alívio é de maior facilidade de execução…
Onde se notou a maior diferença entre a suas selecções foi nas placagens. Os jogadores portugueses falharam, para 105 tentativas, 24 placagens enquanto que os japoneses em 137 tentativas apenas falharam 14 placagens numa diferença de 30% para 11%. E aqui terá estado uma das razões da derrota portuguesa que terá permitido a marcação de ensaios que construíu a vitória nipónica.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2021
O QUIM PEREIRA FAZIA ANOS HOJE
O Quim fazia hoje 84 anos. Infelizmente, deixou-nos antes de o podermos comemorar...
Tive com o Quim uma relação de profunda amizade construída na relação de jogadores de uma mesma equipa — CDUL —e com uma mesma visão rugbística, entre o treinador que ele era e o jogador que eu fui e entre o treinador que sou e o jogador que ele foi. Ou seja: jogamos juntos, ele foi meu treinador e eu fui seu treinador num ciclo invejável. A sua última selecção foi, comigo a seleccionador, contra a Espanha em 1984 — tinha então 46 anos! E jogou pelo CDUL até aos 50. Uma força da natureza.
E tivemos diversas aventuras nas viagens pelo país fora. Numa delas, numa vinda de um jogo em Coimbra já depois do jantar e de uma cervejolas no clube, ficámos sem gasolina no carro — o Quim tinha-se esquecido de verificar o depósito... Já era noite e com o carro parado na estrada, só víamos faróis aos quais acenávamos a ver se alguém parava... Parou um e quando explicávamos que éramos dos rugby e tínhamos ficado sem gasolina ouvimos um "Do Rugby?! Você é o Quim Pereira, não é?" e tivemos a oferta do Joaquim Meirim, treinador de futebol, que, com toda a simpatia, nos disponibilizou toda a gasolina que precisássemos. Uma sorte!
Recordo também e sempre os seus telefonemas quando estava na tropa: “Podes vir jogar no domingo?”. E quantas vezes, de serviço, mas com o apoio do “sargento-de-dia” vinha de Tancos a Lisboa numa ida-e-volta com jogo pelo meio. Belos tempos passados em treinos, em viagens, em jogos, em recuperações à mesa e sempre com o Rugby como tema.O Quim foi, no rugby português e numa longevidade ímpar, um “homem dos sete ofícios”: jogador internacional, formador de centenas de jogadores, jogador-treinador, treinador-jogador, treinador de selecções jovens, adjunto de selecções nacionais.
Como jogador, foi 17 vezes internacional a ponta, terceira-linha e pilar (a ponta foi uma maldade que lhe fizeram: como era grande e forte podia parar os “monstros” dos romenos...). No CDUL, onde participou na conquista de 11 campeonatos nacionais, tinha a qualidade de obrigar os companheiros a darem o seu melhor nem que fosse com uma palmada disfarçada — pedagógica, dizia — numa qualquer molhada, de “agressão do adversário” — “Então já te deram e tu ficas-te?!” perguntava com um ar mal disfarçado de brincadeira. E nunca saiu do campo zangado fosse com quem fosse.Nuns tempos em que ainda havia muito de “postes às costas”, o Quim Pereira foi, pelos processos e métodos utilizados, um modernizador do rugby português. Com ele houve um salto do “vamos lá
jogar” para uma organização relacionada com o Desporto de Rendimento que o Rugby português haveria de percorrer.
O Rugby Português em geral e o CDUL em particular devem muito ao Quim. O CDUL porque foi ele que, durante anos e alguns deles muito difíceis no pós-revolução de Abril, o manteve vivo, na permanência como clube rugbísticamente qualificado. A sua mala do carro foi, ao longo de anos, a secretaria do clube. Aí se guardavam todos os documentos como as fichas e licenças dos jogadores, os equipamentos e as bolas. Em dia de jogo era, depois de ter passado na lavandaria e de definir a equipa, abrir a mala, retirar as licenças, preencher o boletim-de-jogo, distribuir os equipamentos, pegar nas bolas, fechar o carro e ir para o campo para jogar. Mas os trabalhos do Quim não acabavam aqui, se ao sábado eram seniores, ao domingo eram juniores. E os treinos, para uns e outros e numa sequência constante, eram quase todos os dias da semana...Uma vida dedicada ao Rugby.
Nuns tempos em que ainda havia muito de “postes às costas”, o Quim Pereira foi, pelos processos e métodos utilizados e para além do contributo para a formação humana, desportiva e cívica de centenas de jovens, um modernizador do rugby português. Com ele houve um salto do “vamos lá jogar” para uma organização relacionada com o Desporto de Rendimento que o Rugby português haveria de percorrer.PRIMEIRA SELECÇÃO FEMININA DE XV DE PORTUGAL
Agora que se vai jogar o Portugal-Bélgica a contar para o Women’s Trophy 2021/22 mostro, 26 anos depois, a fotografia, com os nomes das pioneiras dos treinadores Henrique Rocha e Vasile Constantin da primeira selecção feminina de Portugal que jogou contra a Alemanha em 15 de Maio de 1995.
Esperemos que desta memória isolada se encontre agora a continuidade necessária da representação nacional feminina.