A Fase de Apuramento da Divisão de Honra disputada por 10 clubes a duas voltas, atingiu a 18ª Jornada e portanto terminou. No entanto não foi isso que se passou — a dois clubes falta um jogo, aos outros oito faltam dois jogos para completar a prova num total de 9 jogos em atraso. E assim o campeonato continua e, pode ler-se no site federativo, irá disputar-se a 19ª jornada nas 20 que querem atingir. Um disparate absoluto e que subverte as regras normais de uma competição de regularidade pela introdução — vá lá saber-se porquê e com que vantagens competitivas — de um jogo de folga para duas equipas quase jornada a jornada.
E o rigor manda dizer que não há 19ª ou 20ª jornadas mas sim que existem jogos em atraso que, aliás, deviam ter sido — por razões de ética desportiva — resolvidos antes de se atingir a 18ª jornada final. Os campeonatos de todos-contra-todos têm como regra que os seus jogos que compõem a mesma jornada, sejam disputados com grande proximidade temporária entre eles. E as consequências resultantes desta invenção não são brilhantes com folgas que fizeram parar equipas em situações que podem criar vantagens indevidas a uma ou outra das equipas, ao se conhecerem posicionamentos que não seria suposto conhecer-se se o jogo fosse disputado na altura certa.
Com esta organização, um campeonato que já não era competitivo ter nas condições de desenvolvimento do rugby português um campeonato com dez clubes — a diferença de pontos entre o 6º (último a apurar) e 7º classificados é de 12 pontos a dois jogos do fim… —significa que existirão jogos que não terão qualquer proximidade competitiva como se pode ver analisando os resultados globais — tornou-se ainda menos competitivo. E veja-se o resultado…
Faltando ainda disputar 9 jogos, já existem, num evidente desequilíbrio, 17% dos jogos realizados que permitiram Bónus Defensivos e 51% dos jogos disputados obtiveram Bónus Ofensivos que se atribuem à equipa que marcou 4 ensaios, garantindo uma diferença de 3 ensaios em relação ao resultado do adversário. Noutra demonstração do desequilíbrio competitivo desta competição da Divisão de Honra está no facto de que 54% dos jogos efectuados tiveram resultados com diferença de 15 pontos — valor que o ranking da World Rugby considera elevado e que, por isso, é premiado com aumento de pontos.
Este desequilíbrio é demonstrado pelo factor Índice de Competitividade traduzido pelo algoritmo Noll-Scully que, tendo o valor de 1 como equilíbrio da competição, vê a competição portuguesa atingir o desequilibrado valor de 2,26 ao atingir a 18ª jornada.
E o problema maior é que este valor de 2,26 é o pior resultado dos resultados europeus entre nossos adversários directos e adversários que são referências.
Com os objectivos que estão definidos — subir no ranking e participar no Mundial da Austrália de 2027 — é óbvio que não podemos continuar a ter um campeonato que não prepara minimamente os jogadores portugueses para o nível internacional. Porque é decisivo e elementar, por todas as razões organizacionáveis e competitivas, que os jogadores portugueses que jogam no nosso campeonato interno, possam aproximar as suas capacidades às dos jogadores portugueses que jogam no estrangeiro. E há formas de organizar campeonatos internos competitivos. Que permitirão a aproximação.