O Mundial de Setembro promete. O jogo deste sábado da TriNations junta-se ao anterior para mostrar que o jogo muda e muda para melhor. A demonstração é clara: os ataques encontraram forma de reduzir o reino ditatorial da defesa, jogando de outra forma - na cara da defesa - e com maior risco. Obrigando a defesa a cometer erros, provocando-os mesmo. E o jogo de movimento garantido pela continuidade dá outra dimensão ao espectáculo. No próximo sábado o Nova Zelândia-Austrália dará uma melhor mostra da provável dimensão que teremos no Mundial.
É muito mais fácil defender do que atacar, sabe-se. Porquê? porque no rugby a bola é passada para trás, exigindo um sentido altamente colectivo na corrida de estafetas a que obriga para conquistar terreno; porque o único jogador atacante placável é o que transporta a bola, podendo, ao contrário, ser placado por qualquer defensor - o que lhe exige uma atenção particular, mas simultânea, a companheiros e adversários para evitar ser surpreendido; porque obriga os companheiros a focalizarem-se no portador, procurando, nos sinais, adivinhar a sua leitura e esquecendo, muitas vezes, outras possibilidades; porque os defensores, focalizando o mesmo portador, têm menos incógnitas na equação - sabem onde está o perigo e podem seguir regras simples. Não é fácil atacar no rugby: exige constância, treino e adaptação às mudanças para sobreviver (como estabeleceu Darwin).
Todo o exemplo, nestes jogos do Sul, do jogo de movimento e das suas relações com o domínio do espaço, o uso da bola - mantendo-a permanentemente viva - a tomada de decisões, a relação com a linha de vantagem e a procura de pontos exige uma formação distinta da habitual. Exige uma plena compreensão estratégica e táctica do que é o jogo e a adaptação, a novas noções de tempo e espaço, dos gestos técnicos para a resolução eficiente dos problemas que se enfrentam. O que, significando uma superior relação entre o ensino do gesto e a realidade do jogo, impõe os constrangimentos que o jogo transporta na exigência do treino. A começar desde os primeiros passos do ensino e sem que isso signifique a desistência do divertimento na aprendizagem do jogo... o que exigirá mais criatividade e imaginação aos treinadores.