terça-feira, 8 de novembro de 2011

VENCEDORES E PERDEDORES PARCELARES

O único resultado que importa - que é verdadeiramente importante - num Mundial é ganhá-lo. Ser Campeão do Mundo. Foi o que conseguiram os All-Blacks e por isso serão lembrados. Dos outros, dos lugares conseguidos, dos resultados obtidos, lembrar-se-ão os próprios e poucos mais. Mundial é o campeão, o campeão mundial.


Mas há vencedores parcelares. Equipas que fizeram o que não se esperava e que foram capazes de superar as mais optimistas expectativas. E vale a pena lembrá-los.



O primeiro de todos, a equipa que conseguiu melhores vantagens pela disputa do Mundial foi Tonga que subiu três posições no ranking IRB. Com pouco mais de 100 mil habitantes, 82 clubes e 3 mil jogadores seniores masculinos, o rugby de Tonga iniciou o Mundial no 12º lugar do ranking para terminar em 9º lugar atingindo, pela primeira vez um lugar entre os dez primeiros, e juntando mais 4,15 pontos aos seus pontos de ranking. Um feito!


A segunda equipa, pelo inesperado, nestes ganhos parcelares foi o nosso adversário directo Geórgia. Com pouco mais do que 4,5 milhões de habitantes, 46 clubes e 878 jogadores seniores masculinos, a Geórgia subiu do 16º lugar de entrada no Mundial para o 14º, acrescentando 79 centésimas de ponto aos seus pontos de ranking e consolidando de forma muito segura a posição de sétima equipa europeia e com, ao que se vê, uma rectaguarda segura - apurados (com a Russia) em Sub-19 para o Junior World Trophy 2012 e em sub-18 (com Portugal) para o europeu 2012 - Troféu Justin Bridou.
Quer a Argentina, quer a Irlanda conquistaram duas posições; os Estados Unidos, a Namíbia, o Canadá e a França conquistaram uma posição.


Do lado dos perdedores, embora a Escócia, perdendo três posições, seja a que maiores custos teve com a presença no Mundial, é Gales o grande perdedor ao descer duas posições no ranking da IRB - entrou como sexto e terminou em oitavo - quando fez figura de potencial finalista. Com esta descida Gales perdeu a possibilidade de ser cabeça-de-série em 2015 - chegou a estar assim qualificado antes do jogo das meias-finais com a França - e surge - pelo que mostrou em jogo - como uma espécie de injustiçado pela lógica implacável das regras que estruturam o ranking. O Japão (com 53 mil jogadores seniores masculinos!), sempre a prometer mais do que aquilo que atinge, perdeu também duas posições e deixou-se ultrapassar pelo Canadá (cerca de 9 mil jogadores seniores masculinos) e Geórgia. A Russia, perdendo também duas posições, caiu fora dos vinte primeiros lugares do ranking, posição que há muito desconhecia.


Perdedores foram também a África do Sul, Samoa, Itália, Fiji e Roménia que perderam uma posição.


Mas há ainda um vencedor extra-competição. Por mais paradoxal que pareça - primou pela ausência - Portugal foi um dos beneficiados do conjunto de resultados (e da formação dos grupos) que resultaram deste Mundial. Pode mesmo dizer-se que a sua não qualificação - por erros diversos e demasiado elementares na disputa dos jogos de qualificação - possibilitou melhor resultado do que a sua presença permitiria. Não estando, não jogando, não ganhando mas também não perdendo, Portugal conseguiu o melhor resultado com o mínimo esforço: subiu um lugar e encontra-se na vigésima posição do ranking. Sortes da vida...


Destes reposicionamentos, um dado: a capacidade e eficácia do rendimento desportivo das equipas de rugby por esse mundo fora é bastante mais complexa do que as receitas triviais e fáceis do aumento de número de praticantes e alargamentos das participações. Pelo que se observa, a formação e o nível da competição permanente que moldam os jogadores parecem ter uma palavra mais importante a dizer. A anotar.

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