Os dois fins-de-semana de Glasgow e Londres não foram propriamente brilhantes para o VII português que deu mostras de debilidades preocupantes numa altura em que se disputará - Algarve, Julho - a qualificação europeia para o Mundial 2013 a disputar em Moscovo. E se a localização nos dá a vantagem de tirar a Rússia da disputa dos previsíveis cinco lugares que estarão atribuídos para a qualificação das equipas europeias, as dificuldades serão evidentes.
Com Gales, Inglaterra e Rússia já apurados para a fase final, Portugal terá como adversários mais qualificados - e mais adaptados à variante - a Escócia, a França e a Espanha. E provavelmente ainda a Irlanda, a Itália, a Geórgia - todos presentes no Dubai 2009 - a Roménia, a Bélgica e todos os outros que começam a olhar para os Jogos Olímpicos de 2016 e de que saberemos a condição e as pretensões no Torneio Europeu já no início de Junho próximo.
Comparação com os nossos adversários mais fortes
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Mas algo é preciso mudar para manter a esperança nas presenças.
Nestes últimos jogos da equipa portuguesa pareceram feitos para fazer voltar à baila uma velha dito: a diferença entre o rugby e a pesca é a placagem e quem não placa, deve dedicar-se à pesca... e não se pode jogar sevens sem placar.
O sevens é um jogo diferente. Claramente! Menos jogadores e mais campo para cada um com grande incidência em 1x1 a transformar-se em sprints por campo aberto. O que, quando mal percebido, tende para um individualismo descomprometido e, quantas vezes, inconsequente. Mas se a variante pretende manter-se no campo da mesma família, deve também manter um mesmo carácter identitário. Mesmo com menos jogadores e com mais espaço, o VII continua a ser um desporto colectivo onde o todo tem que ser sempre superior à soma das suas partes.
E se o carnaval entremeado de músicas para assentar as litradas de cerveja e garantir a distração das horas de quietude não me incomoda minimamente, já o estilo star system que parece implantar-se no circuito - e de que a simbologia da personalização individualizada das camisolas ou os gestos bizarros de criatividade kitsch (quando não desrespeitosos) com que se comemora a marcação de ensaios - não me agrada de forma alguma. Porque deslocam o jogo da dimensão desportiva para uma dimensão circense, individualizando e descolectivando o jogo e as equipas. Desfocando os jogadores do essencial espírito de equipa. E a sensação que o VII português deu, foi essa: a de se ter perdido enquanto equipa.
Durante dois fins-de-semana de fracos resultados, quer a organização colectiva defensiva, quer a defesa individual - a placagem - estiveram abaixo dos mínimos exigíveis. Na organização colectiva porque ela nunca ultrapassou o individual; na placagem porque nunca o foi. O que se viu: falta de atitude e de solidariedade naquilo que traduz um individualismo viciante e preocupante. E só nos jogos com equipas do nível inferior foi possível ver algumas ideias arrumadas - o jogo ao pé contra a defesa 7:0 e de que resultaram ensaios foi um dos momentos de boa demonstração das vantagens do jogo colectivo da equipa, mas souberam a pouco.
Há ainda tempo para preparar a mudança e emendar o que está mal - começando por introduzir a humildade necessária para o reconhecimento do verdadeiro posicionamento do VII português, das suas capacidades e necessidades e preparando-se para, reconhecendo as fraquezas preparar os pontos fortes. Processo que deve poder garantir a passagem de um VII de nível Shield com presenças pela Bowl para um VII Bowl com presenças na Plate. E, naturalmente, a qualificação para o Mundial de 2013.