The creative coach invites his players to make mistakes. Adventure and error go together. Carwyn James, treinador
Fico sempre admirado quando vejo espanto por uso eficaz de ataques em 1ª fase. Seja de uma formação-ordenada ou de um alinhamento ouve-se sempre: impossível! grande erro defensivo! se não mesmo, frango defensivo!. Não penso que assim seja, tão pouco que haja demérito defensivo mas, na maioria dos casos, mérito ofensivo pelas técnicas utilizadas e coragem de enfrentar riscos.
Vejamos: fala-se de 1ª fase quando se trata de um reinício de jogo - no caso e normalmente quando se realizam formações-ordenadas ou alinhamentos. E que significam tacticamente estas formações? uma mão-beijada de um trunfo que procuramos durante grande parte do jogo: a concentração de jogadores. Ou seja, sem grande trabalho e sem grande dispêndio de energia, as Leis do Jogo oferecem-nos uma concentração, em área localizada do terreno-de-jogo, de um grupo de 18 jogadores - formação ordenada - ou entre oito até aos mesmos dezoito - alinhamento - deixando o restante espaço à imaginação e capacidade de 6 atacantes contra outros seis defensores. Não é um bónus?
Há anos (bastantes já...) um dos responsáveis de um dos curso que frequentei em Inglaterra definia o rugby como "um jogo de concentrações e dispersões". Aplicando à situação de primeira fase, pode dizer-se que à concentração da FO, ou do alinhamento, deve corresponder uma dispersão das linhas atrasadas - garantindo, pela exploração da largura, que existem intervalos e espaço de manobra suficientes na defesa adversária.
Ora este conforto de que dão mostras é uma questão de treino: treino dos gestos, treino das técnicas, treino do apoio, treino da continuidade, treino da atitude. Mas passa também pela tremenda atitude dos seus responsáveis que sabem que o ataque exige a capacidade e a liberdade de correr riscos e tomar decisões - tal como o grande treinador galês Carwyn James, citado no início, o sabia.
O ataque é a base do jogo de rugby - por isso se define Avançar sempre! como o seu primeiro princípio estratégico fundamental. Se fosse a defesa a sua base de jogo, a primeira preocupação seria, provavelmente, Aguentar! E não é! Para além de que a posse da bola, se utilizada competentemente, dá uma maior vantagem temporal - só a equipa que a usa sabe o que vai fazer, os defensores apenas tentam adivinhar... - que pode criar nos defensores uma constância de Cisnes Negros desvastadores.
Claro que uma equipa para ser de bom nível tem que saber defender. E bem! Mas não faz disso a essência do seu jogo. Citando Pierre Villepreux: a defesa não é um fim em si mesmo mas a base de uma estratégia que visa recuperar a bola para a utilizar ofensivamente.
... e não há equipa que consiga grande resultados desportivos quando assenta o seu jogo e a sua atitude numa estratégia defensiva. Como se diz popularmente, o ataque é sempre a melhor defesa e embora seja mais difícil treinar as capacidades atacantes de uma equipa e mais longo o trajecto da sua eficácia, é o ataque que faz do jogo a alegria que lhe reconhecemos. Ataquemos então!