Depois da derrota, ainda mal digerida devo dizer, do primeiro jogo contra o Chile a vitória portuguesa neste segundo jogo, era decisiva. Agora, parece-me, é gerir contra a Itália - tendo em atenção o resultado não vá haver um empate de três equipas para o segundo lugar - para preparar o jogo da classificação final. No mínimo e com esta vitória a honra do convento - apesar do desperdício, volto a repetir, da primeira jornada - fica salva.
Em França terminou o campeonato com a vitória surpresa do Castre Olympique por 19-14. O jogo, como aliás já tinha acontecido nas meias-finais, não foi nada de especial excepto para quem seja adepto de uma das equipas. Dois heróis do jogo e ambos do Castre: o formação sul-africano Rory Kockott que, para além de marcar um ensaio saído de um buraco de agulha, se tornou no melhor marcador de pontos de todo o campeonato e o abertura Rémi Talès que marcou dois pontapés de ressalto que, abrindo o fosso no resultado, consolido a vitória. No Toulon, muito erro, muita precipitação e um Michalak, como formação, desastroso - lento e pouco preciso - durante o meio-tempo que jogou. Wilkinson fez o que pode, mas não chegou. Bem como as cargas previsíveis de Bastareaud que não conseguiram surpreender fosse quem fosse.
Apesar da pouca qualidade geral do jogo, uma preocupação de qualquer das duas equipas: conquistar terreno antes de passar a bola para o lado - mas nem sempre daqui resulta, embora alguma eficácia seja garantida, espaço suficiente para explorar. Seria preciso mais qualquer coisa de criatividade e, infelizmente para o espectador neutro, os jogadores não se mostraram capazes de surprender, limitando-se ao rigor do xadrês pré-estabelecido. De qualquer forma e se alguém merecia ganhar, o título ficou bem entregue: vinte anos depois e, então, graças a um ensaio impossível que fez primeira página do L'Equipe com um "Il n'y avait pas essai!", o Castre Olympique ganha com toda a justiça e sem margem para dúvidas, controlando praticamente todo o tempo do jogo.
E o facto é que as equipas capazes de expressar um jogo mais interessante, mais volumoso e com maior capacidade de movimento ficaram pelo caminho: Toulose e Clermont. E com o maior número de internacionais franceses no seu colectivo...
O treinador do Toulouse, Guy Novés, tem uma explicação interessante para a incapacidade que a sua equipa demonstrou para chegar à final: nós temos internacionais franceses que tiveram que jogar o Seis Nações com o desgaste que daí resultou; as outras equipas (como o Toulon ou o Castre) estão cheias de antigos internacionais de diversos países que hoje podem ficar completamente e apenas à disposição do Clube. E como conclusão diz que o Stade Toulousain, se pretende ganhar no futuro, tem que alterar a sua política de contratações e, fazendo como os outros, ir buscar ao hemisfério sul antigos internacionais.
Ou seja: qualquer dia, nesta necessidade profissional de garantir receitas, ninguém vai querer jogadores internacionais... Ou então o modelo do sul terá que ser importado. Com um enorme senão: a cultura rugbística francesa não tem nada a ver com esse modelo franchisado...
Há um cada vez maior problema de calendários, os jogos internacionais são cada vez mais - são esses que permitem receitas e patrocínios - e os clubes também querem cada vez mais jogos internos. Mas como os fins-de-semana não ultrapassam 52 em cada ano... só o bom senso de compromissos adequados e favoráveis aos jogadores pode resolver o problema de jogos, receitas e qualidade do jogo.